quinta-feira, 3 de julho de 2008

Um retrato mal tirado de um país sem cultura

Tantas fórmulas, tantas frases, tantos métodos, tantas regras. E saber que menos, e bem menos, de 1% da população mundial usa mesmo isso, mesmo que seja para o bem de todos, ou quase todos. E saber que preciso disso saber. É a Química, assim como é a Física, como é a Matemática. O Português até se faz necessário, mesmo que sejam poucos que falem, ou ao menos, saibam escrever corretamente. Admito que não gosto de aprender, mas tenho a consciência de que sem isso, seria muito pior. Ler um livro, mesmo que sobre reações químicas, é melhor do que ler o resumo das novelas no jornal da cidade.

Somos, eu e os estudantes, obrigados a aprender, ou pelo menos fingir que aprendemos, conteúdos que talvez não viremos a usar nunca em nossas vidas. É uma questão de despache e carimbo. Nos é enviado o conteúdo, para que carimbemos em nossas mentes, embora todos saibam que guardar tanta informação, de certa forma inútil, é tão difícil quanto comer uma melancia sozinho. Claro que depende do tamanho da melancia, mas peguemos uma padrão. Tamanho grande. Tá, mesmo assim tem gente que devora fácil, como o meu tio, mas exceções.

Temos, eu e os estudantes, capacidade para aprender tudo isso. Só que ao invés de nos aprofundarmos em conteúdos realmente úteis, como troca de resistência de chuveiro e de canos quebrados, insistem em nos jogar poemas do Mário de Andrade e ligações de Van der Waals, apenas para nos exigir isso em um exame futuro, que na verdade, muitas vezes não mostra se o aluno sabe, mas sim se ele decorou o conteúdo.

Num país com tanto ignorante(desculpem-me o tom agressivo, mas enfim...), simplesmente jogar matéria, conteúdo, seja lá o que for, na cabeça de alunos, que muitas vezes não querem nem ao menos saber como nascem. O método de ensino é fraco, tanto que temos um dos piores ensinos do mundo. Jogar gente na escola e nas universidades, apenas para mostrar ao mundo que aqui sim, as pessoas vão à escola, é inútil, e desnecessário.

Não apóio a vadiagem, o analfabetismo e coisas do gênero. Muito pelo contrário. Gostaria que as pessoas lessem mais, estudassem mais, mas não depende de mim. E não é forçando-as a isso que elas o farão. Talvez sim, mas não saberão o que e nem o porquê de estarem fazendo-no. Precisamos mudar a situação, e não é ensinando meiose e mitose que deixaremos o nosso povo mais inteligente.

Português e matemática, tirando algumas funções realmente desnecessárias para as pessoas em geral, são o básico. Mas porque não, ao invés de simplesmente socar conteúdo por socar, ou melhor, tentar socar conteúdo apenas para dizer que algo é feito, não aumentar o número de cursos técnicos e profissionalizantes? Porque não incentivar, ainda mais, as crianças a ler? Porque não mostrar aos jovens que saber o valor de Pi é mais importante do que o resumo da novela?

Porque investir na educação não traz retorno. Infelizmente é a verdade. Não se investe em educação. Se investe em aparência. Sim. Escolas cheias de alunos, é aparência. A grande maioria nem sabe porque vai à escola. Só que não dá também, para jogar a culpa em cima de superiores, eleitos pelo povo. A culpa é do povo também. Que entre pagar 30 reais comprando um livro, prefere gastar os mesmos 30 reais com alguma extravagância desnecessária, como... sei lá, algo realmente desnecessário que custe 30 reais.

Infelizmente não tenho uma solução para um problema, que está em todos os lugares. Em todos nós talvez. Talvez, não haja uma solução a não ser a própria educação. Eu acho certo, eu farei isso. Não esperarei que alguém me incentive a tal.

Claro, que é muito mais fácil, ver a... bom, alguma lá, na cama com o marido da outra na novela. É muito mais fácil...

E muito mais cultural, é claro.

Diga-me o que vês, que te direi, que cultura tens... se é que sabes o que é cultura.


Bom, era isso. Eu acho.

Tão tá!

4 comentários:

Juliana Dacoregio disse...

É verdade. Investe-se em aparência de educação na maior parte das vezes. Agora, útil mesmo, além de trocar resistência de chuveiro, seria aprender linguagem html e programação nas escolas. E recomendar que os alunos lessem George Orwell, Carl Sagan, Mark Twain, e não José de Alencar, nas escolas.

Caio Rudá de Oliveira disse...

Vou entender aquele comentário lá no meu blogue como piada...


"gostei disso, mas não deixo de escrever bobagens, que talvez possam ser consideradas como "curtindo uma de filósofo", porque acho legal
escrever
me faz bem"

Li somente a última postagem, mas já deu pra ver que a única coisa que não tem lá é bobagens. Sério, as idéias são muito interessantes, o estilo de escrita é bacana, leve, do humor inteligente. Vou ficar pra ler mais, se bem que com a quantidade de postagens...

Só pra esclarecer, não inferiorizo outros tipos de textos que não contos e afins. Prezo muito qualquer tipo de escrita, desde que seja de qualidade.

Não é aniversário, mas parabéns pelo blogue. Tem coisa legal por aqui.

Anônimo disse...

Realmente, você tá com a razão. Mas, encarando, há uma solução sim, aliás, há várias e você mesmo citou uma: a melhor dos profissionais. Pra que tanta escola se não tem professor pra ensinar? Daí, pega um qualquer, que sabe assinar o nome e se diz "alfabetizado" e põe pra ensinar. Não é assim. Há melhoras, como já disse, o problema é encontrar quem as faça.

Muito bom e, bem, respondendo seu comentário:
Eu moro em João Pessoa, ou seja, Nordeste e aqui é frio, mas aposto que não tanto quanto aí. Ainda dá pra suar na rua e não tem névoa - e a praia tem o sol lá pra fritar os hambur.. ops, as pessoas hehe :)

;*
té mais e favoritei.

Unknown disse...

bem-vindo ao neo-liberalismo, quantidade vale mais do que qualidade, precisamos formar proficionais com capacitação técnica e incapacitação para pensar