quinta-feira, 17 de julho de 2008

Histórias do Billi J. - uma rua não muito familiar (parte 2)

(continuando...)
Bom, voltando ao rapaz que sempre visitava a senhora da casa amarela, deve ser dito que aquela era uma senhora mesmo. O irmão do Billi J. descobriu que ela tinha mais de 70 anos. Aquele rapaz devia ser neto dela, ou filho, ou namorado da neta, enfim, alguma coisa racional. Nunca pensaram besteira, até o dia em que, ao se despedir, a senhora e o rapaz olharam para os lados, não viram ninguém na rua, luzes todas apagadas e se beijaram. Com fúria, com amor, com paixão e com sei lá mais o que. Só não contavam que Billi J. e seu irmão estavam caçando vaga-lumes ao lado da casa. E viram a cena.

Sentiram-se perdidos no mundo. Como poderia uma mulher tão velha beijar um cara tão novo? São os novos tempos, pensaram. Logo, a imagem de bondosa que aquela senhora lhes deu ao, no momento em que se mudaram para a rua, dar-lhes um bolo, daqueles tipo tortinha que só senhoras velhas sabem fazer, aquela imagem, havia desaparecido. Porque a senhora não se continha e estava pressionando o rapaz contra a parede. Sim, passaram-se os comentários, o espanto de Billi J. e seu irmão, e a velhinha continuava beijando o rapaz, que não negava nada e continuava no aperto também. Algum tempo depois descobriram que ela se julgava novinha ainda porque tinha sido miss bairro em mil novecentos e lá vai paulada. E sempre estava se arrumando, para o seu amado rapaz. Todos os vizinhos desconfiavam dele. Tinha bem o tipo de ser um golpista. Será que ele não queria dar o golpe do baú na velha?

Essa dúvida durou por muito tempo até que todos os moradores da rua sem saída, incluindo Billi J. e seu irmão, foram convidados para o casamento da velha, digo, daquela velhinha simpática, porém safadona, que morava na casa amarela, a única casa amarela da rua. O casamento seria lá mesmo. Trancaram a rua e o altar ficava ao final da rua, onde havia um muro, do qual a poucos metros, passava um imenso duto por onde passava todo o lixo da indústria de bonecas loiras polacas. O altar, o padre, os noivos, todos prontos. O casamento aconteceu com muitas interrupções, pois os convidados conversavam muito sobre o golpe do baú. Nunca acreditaram que ele amasse-a mesmo. E aquela velha, que tonta, cair num golpe desses. Casaram-se então os dois. A festa, realizada ali mesmo, contou com a animação de uma banda, que ninguém sabe ao certo qual era. Especula-se que eram os Detonautas, porém, outros acham que era o NX0, mas outros ainda diziam que não passava do Mano Lima camuflado. O fato é que durante toda a tarde a banda tocou tudo quanto é tipo de música.

Ninguém sabe ao certo como, mas os dias se passaram e o casal não se desgrudava. Saíam juntos todas as manhãs. Dividiam até bombons no meio da rua. Jantavam fora de casa, e aquela cena em que as pessoas comem do mesmo prato de macarrão, e de repente vão chupando o macarrão até se beijarem, era rotineira. Chegava a ser engraçado. Porque eram apenas eles que faziam isso. Tinha o Pedrão Pneumático, dono de um mercado, que era rabugento e se julgava bom demais para o estabelecimento e para tudo o que tinha, inclusive bom demais para os vizinhos.

O professor da universidade, que dava aula de música só para dizer que tinha emprego, porque queria tocar em uma orquestra fora do país, era outro morador daquela rua sem saída. Tinha a esposa dele, que se julgava tão boa empresária quanto o milionário do Roberto Justus. Tinha a Ritinha, negrinha ligeira, que só não roubava mais porque na sua casa não cabiam mais coisas. Só que ela roubava em outros bairros, o que deixava os outros vizinhos tranqüilos. Tinha o vereador gordinho que puxava o saco de todo mundo e criticava o atual prefeito, já que era época de eleição e ele iria ser candidato a prefeito. Mas queria ser mesmo era presidente do país, isso sim era cargo para alguém como ele. O vereador era casado, mas sofria com acusações da imprensa de que ele traía sua mulher com uma coveira, o que era sempre negado pelo mesmo.

(continua...)

Um comentário:

Vini Manfio disse...

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grande Billi J.