sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nostalgia e silêncio


O tom baixa, o som beira o silêncio e a serenidade faz-se presente. Em absoluto, sem vontade e motivação, permanecer aqui, isolado, acaba não sendo a pior das ideias. Parte do que era, deixou de ser e, sem qualquer ligação, outras grandes partes que eram o deixaram. Seja qual for a explicação, não há definitivo quando ao menos um dos pontos quer ser parte de reta. Se não é com um ponto específico, o será com outro porém, a matemática explica, a inclinação será diferente porque, no final das contas, é uma outra reta, é uma outra ligação, é uma outra direção.

Todas dentro de um mesmo caminho.

Alguém escreveu, com alguma sabedoria, que o importante não é saber ao certo para onde se vai, e sim acreditar que se está indo para o lugar certo. As ferramentas para isso, no entanto, incluem abdicação de desejos e compreensão com o que é externo. Ninguém, por mais que insista em dizer o contrário, quer chegar a lugar algum sozinho. Ninguém, também, pode ser egoísta o suficiente para, ao chegar em algum lugar, não querer que outros cheguem a esse mesmo lugar, ou a algum outro muito semelhante a aquele.

Transitório é tudo aquilo que passa. Passageiros são transitórios, em qualquer viagem.

O destino final acaba sendo somente um capítulo como qualquer outro. O final dos relatos, de qualquer história, é sempre decepcionante porque, querendo ou não, encerra, dá um fim a alguma coisa. Os jornais - e isso são poucas pessoas que reparam - se preocupam muito mais em descrever a situação, os elementos e tudo o que está envolvido como introdução do que como finalização. O final das reportagens é, em quase totalidade, sempre insignificante diante da introdução. Não há desenvolvimento nesse caso - o que confunde ainda mais a escrita dos vestibulandos.

Acaba sendo tudo muito vago porque não há como não sê-lo quando, por consequências externas, faltam motivos para escrever que os pontos que dão origem a retas optaram por manterem-se pontos, ao menos nesse caminho específico. A nostalgia surge quando sente-se falta do que eram, do que era. É difícil lidar com essa sensação.

A nostalgia é serena, é madura. E exige silêncio.

*não é só a frase. A música é, para mim, nostalgia.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Histórias de uma vida não vivida (43)


*O delírio do som só pode existir se a imagem tornar-se secundária. Quando não vejo, foco minha atenção para a audição. Quando não ouço, foco minha atenção para a sensação. Se nenhum dos sentidos estiver funcionando, ainda poderei, com ou sem sentido, imaginar. E em todos os pensamentos, vindos do irreal à partir de uma realidade pontual, o impossível toma forma. Deliro com aquilo que não existe, pois a realidade nada mais é do que uma imaginação que foge dos meus pensamentos e passa a ser vista pelos meus olhos, ouvida pelos meus ouvidas e sentida, pelo meu corpo, e pelo coração.

Você gritava, berrava, quase cuspia seus pulmões para fora de tanta força que fazia. Agia como uma criança quando encara algo que a faz sentir medo. Sua voz estava praticamente irreconhecível pois seu tom não era grave, agudo, nem qualquer outro listado na música. Eram uivos, berros, gritos e muitos outros termos que não consigo listar. Seu rosto pouco dizia, ou melhor, não conseguia ver o que estava querendo mostrar, além dos gritos, para mim. Você estava longe porém sua voz parecia estar perto, muito perto. Se meus olhos se fechassem, jamais diria que estava tão longe de mim que nem correndo muito conseguiria lhe salvar, caso estivesse correndo perigo.

Senti medo. Você poderia mesmo estar correndo perigo. Entretanto, poderia estar brincando com a minha preocupação. Você seria capaz, sim, admita. Incrível como não conseguia acreditar, de fato, que era apenas uma brincadeira. Não entendia porque não aceitava isso, era tão... estranho. Se estivesse em perigo, por que não me falaria claramente? Você gritava de um jeito que não conseguia compreender uma frase clara.

Eram nomes, verbos, adjetivos, nada que se encaixasse. O receio de que estivesse em perigo também não era tão forte então... era estranho. Nem bem, nem mal. Nem precisando, nem ironizando. O que você estava fazendo? Estava com medo? Não via movimentação dos seus braços, sequer conseguia ver o seu corpo. Era como se apenas a sua cabeça estivesse... mas não, não era só a cabeça porque...

Não era.

O que estava acontecendo? Por que estava gritando? Por que não dizia uma frase completa com algum sentido? Por que não se aproximava? Pensando bem... por que eu não me aproximava?

Tentei caminhar e... mais estranho ainda: eu não saía do lugar. Ou você acompanhava o meu movimento, indo para trás? Não sei dizer. Via você, em algum momento pude ver seu corpo inteiro, seus braços balançando como... um boneco de posto. Sério, você parecia estar dançando de maneira ridícula. Por que fugia de mim? Alguém estava forçando você a fazer isso? Eu havia feito alguma coisa que você não tinha gostado?

O que estava acontecendo?

Por que você nunca me respondeu?

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O vazio de viver e só (25)


Esqueci, em algum lugar, a volatilidade para escrever. Liberdade que fluía na hora de escrever, de transformar pensamentos, geralmente desconexos, em uma sequência, se não boa, ao menos coerente de frases. O querer, com finalidade, não entra na lista de razões para as palavras que surgiam, assim como desapareciam, do nada. Entre tantas coisas vagas, entre espaços ocupados tão somente por melodias desgastantes, conseguia, tempos atrás, encontrar na fluidez de letras embaralhadas algum sentido para toda e qualquer decisão. Enquanto o tempo passa e nada volta a encaixar-se, resta-me simplesmente confiar que tudo isso, assim como toda intolerância e irritabilidade excessiva, irá passar sem deixar possibilidade de ser lembrado em algum futuro, próximo ou distante. Esperar que algo não seja lembrado é o primeiro passo para lembrá-lo algum dia, mesmo que sem querer - e muitas vezes sem o efeito imaginado de outrora. Cansa não conseguir emplacar nada que não seja fruto do acaso, e esse cansaço, notoriamente, traz a sensação de fracasso, não por falta de conquistas e sim por falta de desenvolvimento, de projetos concretos. Falta de sonhos. 

Quem não sonha não tem perspectivas, disse alguém bem mais inteligente do que eu, décadas - ou talvez séculos - atrás. Me encontro sem perspectiva. Inclusive para escrever.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ecos da sinceridade - Para com as escolhas dos amigos

Sinto-me incomodado, de verdade, por ter de admitir que algo que defendi, e no qual insisti por tanto tempo, cada vez escorre mais para o esgoto. Antes que inocente-me, assumo minha parcela de culpa. Quando tentei tratar algumas pessoas com excessiva paciência - e nisso inclui-se as diversas culpas de outros assumidas como minhas, as relevadas para com os erros alheios e a tolerância com as escolhas idiotas, também alheias - acreditei estar fazendo o certo por entender que algumas pessoas, bem ou mal, valiam à pena. Achei que superar essas... incoerências de pessoas cuja companhia quero muito por perto, seria também uma maneira de crescer como pessoa, superando limitações e ajudando no convívio futuro com pessoas difíceis de lidar. O erro, então, é acreditar que o ser humano, independentemente de qual, é capaz de aprender com paciência, tolerância e insistência, sem radicalidades, críticas ou reclamações. O ser humano, de maneira quase geral, insiste em querer aprender quando come pedras no chão e, bom, isso nem sempre ajuda. Alguns insistem em não querer aprender, e continuar a viver sem qualquer perspectiva de evolução, apanhando do mundo diariamente apenas por não sair do comodismo e virar páginas passadas. Errei, mesmo, por ter tolerado tanto desrespeito para com a amizade em si e por ter acreditado que alguns erros não se repetiriam, quando ficava bem claro que iriam repetir-se, cedo ou tarde. Não sei se conseguirei ver algumas pessoas da mesma maneira, se terei força para resgatar laços que parecem fazer parte tão somente do passado. Já escrevi, dia desses, que amizade não é via de mão única, é preciso que ambas as partes façam um esforço, mesmo que apenas de vez em quando, para que isso se mantenha. Essa história de que velhos amigos ficam anos sem se falar e, quando se reencontram, conversam como se nunca tivessem se separado só funciona porque não há o problema da rotina, não há a amizade colocada como opção ao lado de outras... "mais atraentes".

Sinto falta dos meus amigos. E parece que esse sentimento de ausência só tende a aumentar. Infelizmente.

Pedaços de um pensamento (37)


Se contasse por cima, a história seria igual a uma já escrita. As semelhanças são muitas, principalmente de onde partem as palavras. A diferença está nos motivos. Enquanto a pseudo-nulidade mental pode ser uma causa - embora seja doloroso admitir isso - de um dos lados, do outro, ou seja, na outra história, a arrogância e uma busca por alimentação do ego podem ser as causas de tal situação. Desconhecida e não bem explicada mas, não importa agora o que, quem, como ou quando. Apenas faz-se necessário entender que optar, por qualquer razão que seja, por alguém virando-se de costas para tantos outros alguéns, não é muito fácil de se compreender. Pelo sim ou pelo não, no fundo o motivo disso não passa de uma grande sede por admiração, por ser centro da atenção, por ser personagem principal quando, mantendo a escolha anterior, esse papel não fazia-se necessário, por haver alguma unidade, mesmo em meio às diferenças. Colocar-se como correto quando não há ninguém errado acaba sendo um erro crasso e banal, uma vez que não leva a nada significativo ao longo prazo. A pura e simples amamentação maternal do vício - considerando todos os vícios como negativos - de querer estar posicionado um degrau acima dos demais acaba sendo ridícula e, a longo prazo, explicação para grandes decepções. Claro, quando admitidas. Viver aparentando um sucesso que não se tem, um dinheiro que não se tem e uma felicidade que, de verdade, não se tem, não é difícil. Vejam por aí, inclusive próximos a nós, muitos que não podem olhar nos olhos e afirmar que, sim, há sucesso, felicidade e dinheiro - sendo esse último o mais fácil de disfarçar, inclusive em discursos. Enquanto se esquece do todo e pensa-se somente no individual, pelo motivo que for, não se chegará a lugar algum senão a um quarto vazio, escuro e silencioso. Falar consigo não é solução. Nem mesmo acender a luz traz alguma sensação que a escuridão não seja capaz de fazer sentir.

Difícil.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Histórias de uma vida não vivida (42)


*Tentei conversar numa boa, argumentar, dar inúmeras razões e mostrar todos os poréns do que você escolheu. Tentei também uma abordagem mais agressiva, não menos sincera, não menos preocupada mas, diferente da rotineira passividade. Eu tentei, de várias formas, mostrar que você está errado quando age dessa maneira. Já são anos assim, olhando para trás - junto com você - e revendo os seus erros, uma vez que os meus nunca entram em questão. Você admite, confessa que foram muitos os erros, e como graves foram eles. Porém, insiste também em ir contra isso, em pegar para si erros que não foram seus... sem motivo algum. Você gosta de sofrer, gosta de se afastar das pessoas que querem o melhor para você, dedicando sua atenção, seu tempo e a sua grande companhia a tantas pessoas que já demonstraram ser nada além de turistas. Elas não vão ficar, eu e você sabemos disso, por que então você ainda insiste em escolher errado? Só estou dizendo isso porque me preocupo com você e porque, tantas e tantas vezes, ouvi você dizendo que estava cansado de todas essas pessoas passageiras. Você quer pessoas definitivas porém insiste em tentar efetivar quem é tão somente provisório. Isso dói, ainda mais, quando você deixa na mão quem nunca mediu esforços para que você não ficasse se matando aos poucos, com lágrimas e lamentos desnecessários. Quando você me diz que 'agora vai ser diferente' eu começo a rir, e sabe por que? Porque eu sei que não vai ser diferente. Porque você não quer aprender. Porque você gosta de sofrer. Queria ser covarde o suficiente para virar as costas para você da próxima vez, para cobrar o racionalíssimo 'eu avisei e você escolheu errado, agora fique sozinho' mas... nós sabemos que não vai ser assim. Bem feito para mim, idiota, que insisto em viver essa história de amizade.

Apesar de ver, e perceber, que muitas vezes parece que essa amizade é uma via de mão única.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Constatação pessoal

Toda palavra intencionada, toda tentativa de escrita pretendida foi, desde o começo do blog até hoje, um fracasso. Nada saiu com alguma intenção, clara e manifestada, anteriormente por pensamentos gerados por... qualquer motivação humanamente racional. A aceitação de motivos diversos, restritamente lógicos e pseudojustificáveis, não entra nessa questão. Toda e qualquer ideia de que 'sim, eu preciso fazer isso' vai contra o princípio do espontâneo que sempre controlou as minhas palavras aqui. Querer que alguém veja ou tenha a possibilidade - sempre remota - de entender acaba, sem exceção, derrubando qualquer continuidade de palavras. Dizem que tudo aquilo que não deve ser visto, não será visto - salvo persistência idiota no erro - portanto, com as minhas palavras não é diferente. Fica fácil entender quando não consigo escrever e, em metade dessa vezes é por querer que alguém, específico ou não, leia - a outra metade é por falta de motivação ou inspiração.

Não que toda a inspiração do mundo me faça escrever melhor.

Entretanto não duvido que a razão certa no tempo certo consiga melhorar o que há tempos não é bom.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ecos da sinceridade - Publicar, gostar e respeitar


Na mesma medida em que busca seu espaço, o ser humano tem a tendência de querer limitar o espaço dos outros. Espaço, nesse caso, não condiz muito com o significado físico da palavra mas sim com a interação dele com o meio, em si. É proporcional essa busca por demonstrar quem se é e aquela vontade de fazer com que o outro seja o mais parecido consigo e, portanto, limitado dentro de um ponto de vista que não o dele.

A prova disso está na enxurrada descomunal de atualizações e postagens em redes sociais. É tão bom mostrar aos outros coisas engraçadas, gostos e fotos, músicas e links que levam a páginas que mostram um pouco de como sou e do que gosto mas... é tão ruim ver que tantas e tantas pessoas não gostam das mesmas coisas, preferindo fotos, tipos de humor em forma de atualizações que destoam daquelas que publico. Por que eles não podem gostar da mesma coisa que eu gosto? Essa é a pergunta que muitos se fazem e, em um surto de sabedoria inacreditavelmente egocêntrico, ainda complementam com um 'eles seriam melhores se gostassem das mesmas coisas que eu e, portanto, deixassem de postar toda essa porcaria que tanto me irrita'.

Nunca ouviu alguém comentar algo próximo disso? Tenho certeza, absoluta, que sim, mesmo que apenas uma vez. Existem os que não deixam isso transparecer, existem os que criticam as pessoas publicamente, existem os que não se importam com isso e aqueles que optam por não ver tais atualizações - com bloqueios, cancelamento de assinaturas, unfollows e afins.

Quem pensa que o seu gosto é melhor do que o do outro - sinceridade, todos pensamos dessa maneira algum dia - deveria se perguntar, ao invés 'por que ele não gosta das mesmas coisas que eu?', alguma coisa como 'por que eu não posso gostar do que ele gosta?'. Isso vai contra a sua personalidade? Duvido, novos gostos, novas experiências e novas ideias são bem-vindas sempre, desde que haja consciência de que elas não podem fazer mal algum para você. Experimentar faz parte da vida - e dizer na frase anterior que não deve haver malefício algum nesses gostos, experiências e ideias, deixa bem claro que drogas e situações que vão contra o que é melhor para você não precisam ser vividas para saber que são ruins - e, então, não faz mal se algum dia você ouvir, por conta própria, a música que o seu amigo ou conhecido ouve e que, por algum motivo, você julga detestar. Gostar de rock e não de pagode quer dizer que rock é melhor do que pagode para mim, mas não é, necessariamente, melhor em absoluto, um conceito com o qual todos deveriam concordar.

Não quer fazer aquilo, não quer alimentar a si mesmo com novidades? Tudo bem, a maioria convive com preconceitos bobos e arrogantes, não há nada de muito grave nisso, a não ser a perda de boas oportunidades em pró da manutenção - desnecessária - do meu alter ego. Essa situação passa a ser problema quando você é intolerante com gostos, palavras, atitudes e, nesse século XXI, atualizações alheias. Discriminar, irônica, sarcástica ou diretamente, vai contra a ideia de liberdade de expressão que todos, direta ou indiretamente, defendemos. Se eu posso, por que alguém específico não pode?

Odeio o que ele publica? Bloqueie, cancele as atualizações e pare de achar que o que você gosta é melhor do que o que aquele sujeito gosta. Aceitar as diferenças é, além de um gesto de maturidade, uma necessidade para manter o equilíbrio racional em uma sociedade intolerante.

Discorde, sim, toda forma de expressão que vai contra os seus ideais e as suas convicções porém, respeite, de qualquer forma, o que a outra pessoa está publicando. Ter opinião e mostrá-la ao mundo não é errado - muito pelo contrário, é o que fortalece as nossas crenças. Errado seria, sem dúvida, dizer que uma pessoa é idiota, estúpida e coisas piores apenas por acreditar em Deus, gostar de Madonna ou achar que 'A turma do Didi "é o melhor seriado de comédia já feito.

Você discorda, não acredita ou prefere outra coisa? Tudo bem mas... aprenda a respeitar.

Canso de ser tachado de tantas palavras por ser católico e ter fé em Deus. Canso de ser tachado de radical quando digo que é preciso abrir mão de várias coisas para viver de maneira coerente com aquilo em que acredito. Quase perco a paciência quando me dizem que Big Brother não é um programa patético. Porém, há muito tempo, deixei de inferiorizar pessoas que discordam de mim. Discordo, sim. Argumento, também. Só não tenho direito algum de querer obrigar as pessoas a serem como eu sou, a pensarem da mesma maneira que penso.

Entender tudo isso me fez aceitar, numa boa, ser chamado de velho e antiquado quando digo que gosto de Beatles, Who e Creedence. Algum dia atiraria uma pedra na pessoa que me dissesse que Luan Santana é melhor do Foo Fighters. Hoje, dou risada e aceito numa boa ser um ancião em meio a uma geração de jovens 'livres'. Até porque, meus amigos gostam de muitas coisas que não gosto e, por aceitá-los e respeitá-los, como amigos e indivíduos, vejo que essas amizades só cresceram quando abdiquei de colocar meus gostos como superiores ou corretos. O são para mim mas, como já escrevi, essa superioridade não é absoluta, não é senso comum, não é toda a paisagem. É apenas o pedaço que eu vejo da imagem.

Por fim, não há sinceridade na verdade quando ela é vivida por obrigação. Escolher a verdade, o amor e a sinceridade, de maneira coerente, foi opção minha. Se as pessoas escolhem outros valores, desvalores ou me acham um completo idiota por isso, tudo bem, cada um é livre para pensar e, se for um pensamento próprio - livre de influências obrigatórias, como tantas que aparecem por aí - haverá até mesmo vontade de conversar sobre essas diferenças.

Desde que não me digam... rhá, brincadeira.

*só, por favor, não coloquem brincadeiras
relacionadas a gostos nessa história de seriedade.
Até porque, assim como faço brincadeiras com
os gostos alheios, ironizo e tiro sarro dos meus próprios gostos.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pedaços de um pensamento (36)


Coisas estranhas costumam acontecer comigo, principalmente quando envolvem pessoas. Na mesma medida que algumas não valorizam parte de passado meu dedicado a elas, outras decidem não querer mais que eu faça parte de suas histórias e outras, bom, outras não estão muito interessadas em fazer parte da minha, há também pessoas que ressurgem depois de anos e, indo contra a lógica racional, vem ao meu encontro, para um cumprimento educado, simpático e de muito bom gosto. Bem ou mal, não sei, não passa disso e... isso não me preocupa nem um pouco porque, afinal, não é de ocasionais que quero viver. O legal desses acasos, ilógicos, é que consigo rever pessoas bem legais, que há tempos não via e que duvidava que fossem lembrar da minha existência. Tempos passam, pessoas vão e vem e ainda assim algumas pessoas lembram-se de mim como se fosse um grande amigo há tempos distante. Talvez um dia venha a sê-lo porém, antes disso, há uma certa satisfação por ter, mesmo que de forma ínfima, significado em lembranças dessas pessoas. Várias vezes isso aconteceu e hoje, ou melhor, ontem, foi mais uma delas. Sem segundas intenções, sem qualquer fantasia boba e imatura e, muito menos, sem o desejo de que aquilo seja muito mais do que foi. O que é bom em reencontrar pessoas há tempo não vistas é que, querendo ou não, há sempre o que dizer, o que perguntar, mesmo que, de uma maneira ou outra, já se conheça todas as respostas. Incrível também acaba sendo cada pequeno fragmento que passa a existir pois, depois disso, tenho mais uma pequena soma às histórias de reencontros inesperados.

Que não são nada além de reencontros inesperados, divertidos e muito satisfatórios.

Saindo desse pensamento e mudando, rapidamente, para outro, creio eu que mais importante, e significativo.

Estranho também acaba sendo que, em todos os momentos do dia, uma lembrança diferente, uma saudade um tanto inexplicável, acaba se fazendo presente. Quanto mais tento entender o que é, mais tenho receio da resposta, por toda impossibilidade aparente. Não que esteja reclamando da possibilidade de loucura que isso poderia gerar na minha vida e sim porque, afinal de contas, hoje, é loucura por ser improvabilíssimo.

Ainda mais complexo é sentir que, no fundo, essa sensação inexplicável é boa. Muito boa. Tão boa quanto as lembranças.

*Kinks é muito, muito clássico.