sábado, 28 de abril de 2012

Ecos da sinceridade - Com o que quis esconder

Quero viver tudo o que a Sua criatividade irá me oferecer.

Pode rir, mesmo, de verdade, dê gargalhadas como uma criança ao ver seu pai se molhando ao jogar água na grama. Você sabe que não vai me irritar, que não vou me decepcionar com isso. Você pode, deve, precisa rir. De mim, dessa minha fantasia infantil de achar que...

... que você não... sabia!

Pode rir, mesmo.

Por mais que, no fundo, saibamos os dois que eu tinha consciência de que não adiantava esconder, é engraçado que tenha, de maneira superficial e boba, acreditado na possibilidade de conseguir esconder algo. De Você. Dos Seus olhos. Da Sua sabedoria. Que estranho, até eu comecei a rir disso. Está vendo, rir por isso é o mínimo.

Você poderia muito bem xingar, dar um esporro daqueles em mim. É, com críticas ofensivas. Poderia derrubar-me para provar-me que, por tudo isso, estava errado. Eu sabia, Você sabia. E daí? Nada disso impediu-me de querer esconder, de querer viver como se nada acontecesse, como se nada fizesse, como se os meus outros pecados, os meus outros erros e todas as minhas outras limitações fossem as únicas, os únicos, como se todo o resto fosse tudo.

Mas havia isso. Há isso.

Eu ri, agora, por imaginar o quão infantil e inocente fui achando que poderia esconder isso, viver fazendo de conta como se nada tivesse acontecido e, então, algum dia em um ano distante desse, lá no futuro, revelaria como se fosse novidade, como prova de superação, de vitória. De uma vitória que, mesmo que conseguisse conquistar às escuras, não seria minha.

Porque nada é, propriamente, meu.

Você também sabe disso e, por mais que tenha tentado fugir dessa verdade - que é a única - não consegui mais. Inocente e relevando coisas levianas, falhas bobas e rotineiras, deixando de lado tudo que saber que está Me vendo traz, fui carregando e disfarçando, tentando colocar no bolso o que todo mundo viu, fazendo um furto da minha história e colocando o que fora roubado... dentro de mim!

Pode rir, sério, eu mereço.

Você vê o que eu não consigo ver dentro de mim. Você sabe o que nem analisando tudo a todo momento, com um desejo inacabável de auto conhecimento, conseguirei saber. É assim com todo mundo, por que não seria comigo? Você vê, e ri. Da minha incapacidade, do meu receio...

Da minha vergonha.

Como o filho tem vergonha de mostrar à mãe que quebrou um vaso caro, que sujou um tapete novo, que cortou uma camisa bonita, tinha vergonha de mostrar-Lhe isso. Essa coisa toda que incomoda-me como nada mais o faz. Vergonha de ser deixado de lado, de ser excluído diante de todos. 

E medo de perder o que ganhei. De perder tudo o que ganhei.

Sei que não Faria isso. Sei que sequer seria punido se tivesse contado tudo, deixado claro desde o primeiro dia. Dito que com isso não posso lidar sozinho. Você não faria nada que me fizesse sentir pior. Não me tiraria nada. Não me xingaria. Não me mostraria que sou menos que um grão de areia no deserto, mesmo sabendo que sei que essa é uma pequena verdade. Sou insignificante e, Você sabe, não considero demérito nenhum nesse caso.

Por isso sei que, assim como eu, Está rindo. Sorrindo por me ver reconhecer, por me ver deixar de lado o meu orgulho, a minha vergonha e o meu medo. Disso tudo.

Porque, cada vez mais, confio em Você e, com isso, a cada dia que passa, consigo viver um pouco mais a minha escolha na sinceridade, sendo coerente com as minhas convicções.

Nossas convicções, certo?

Sinceramente, obrigado.

O vazio de viver e só (27)

Alongar e, por instinto desbravador ou meramente persistente, prolongar a tentativa de entendimento desse pequeno trecho do contexto atual é, por algum motivo, ilógico. Há coisas que você simplesmente não tenta entender ou o faz e não obtém resposta alguma. A opção não é por achar ou não algo que faça compreender o que está acontecendo e sim, por mais bobo que pareça, quanto tempo você perderá para se dar conta que não há muito o que ser compreendido.

Estranhamente, não há muita confusão nisso tudo. Nada está por trás, implícito em algo dito ou demonstrado e, por menor que possa aparentar ser a vantagem disso, tem-se então, de alguma forma, um nada interessante e ironicamente instigante.

Parar por aqui não é somente deixar na mão um par de olhos ou outro que dispendeu tempo, e atenção, para chegar ao fim e nada entender, compreender e, com alguma incompetência, sequer imaginar. O grande motivo para não escrever mais é que tenho receio de não conseguir subjetivar tudo até o fim, da mesma maneira direta e singela como o tenho feito durante esses muitos últimos dias. Perspectiva de esclarecimento inexiste em mim e, portanto, tampouco nas minhas palavras.

Se o fizesse, estaria admitindo algo por alguém que não é eu e assim, regredindo, estaria tornando real uma imaginação que, por melhor que possa parecer, não condiz com a realidade atual, do hoje.

Olhei para Lua, há pouco. Lembrei. Pensei. Sorri. Não pela Lua ou mesmo pela lembrança ou pelo pensamento. Apenas sorri. Espontâneo, despreocupado, indiferente ao que pode vir a ser. Sorri destemidamente, por mais que pareça um exagero. Por mais que nada pareça ter.

Lembrei, pensei, sorri. E veio a saudade, ponto.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ecos da sinceridade - O ímpeto e a justiça

Sinto-me muito mal por tê-la chateado.

Duvido que consiga fechar um número redondo. Com essa foram quantas, cem, duzentas, talvez trezentas... mil bobagens ditas para alguém? Entre mentiras, comuns antes do período de sinceridade, bobagens sem nexo, piadas sem graça e futilidades irreais, devo estar bem próximo disso. Para piorar, o problema não é nem esse.

Tantas vezes fui mal interpretado. Outras, em número próximo, me expressei da pior maneira possível. Ainda existem aquelas em que pequenas coisas tomam grandes proporções. Não sei em qual dessas opções, ou de alguma outra não citada, está a de hoje. O ponto comum entre elas: eu.

Sempre fiquei com peso na consciência e, por algo que demonstra o mínimo de humildade, nunca foi por minha causa ou pelo que estava ligado a mim. O problema, então, não é que alguém tenha vontade de nunca mais, sequer, lembrar de mim. A questão está no que causei nesse alguém. Todas as vezes passadas trouxeram noites em claro - algumas exageradas, claro - e dias seguintes horríveis, cheios de auto decepção e outros sentimentos próximos disso que geram mau humor, desânimo e intolerância para com tudo que é meu.

Hoje não será diferente. Apenas será pior. Muito pior. Porque nunca, em tão pouco tempo, consegui perder tanto ânimo e trazer à tona tantos grandes e infelizes pensamentos sobre mim e, o que é pior do pior do pior, a imaginação daquilo que possível, e provavelmente, deixei como marca. Se fosse o caso, moveria o infinito para simplesmente deixar de ser assim. Parar de fazer piadinhas, falar bobagens inconsequentes e tudo mais.

Alguém deve estar rindo, com alguma satisfação, lendo isso. E não tiro a sua razão.

Difícil querer, e esperar, que alguém conviva numa boa comigo por muito tempo. Tenho momentos de infelicidade bestial que surpreendem-me - sempre tempos depois - do quanto alguém que tanto aprendeu e, de fato, sabe sobre tantas coisas, é capaz de provocar por não saber controlar um ímpeto animal de transformar tudo o que se diz em motivo para coisa alguma.

Tomara que eu tenha o pior dos dias possíveis, amanhã. Tomara mesmo, que consiga ser agredido de todas as maneiras possíveis e que caia ao chão, secamente, sem qualquer piedade. Não é masoquismo nem algo do tipo, é apenas a minha sede de justiça que, mesmo que esteja contra mim, deve existir.

Tenho certeza de que Deus, de alguma forma, aliviará para mim porém, não gostaria que fosse assim. Dos dias, o pior, é justo, certo? Sim, certo.

Que o céu caia sobre a minha cabeça e que, pela graça do bom Deus, eu aprenda, definitivamente, a controlar meu ímpeto idiota e, assim, possa evitar que outras pessoas fiquem, de alguma forma, mal com isso e, por fim, eu possa dormir em paz na certeza de que nenhum mal fiz.

Sinceridade também é reconhecer erros. Talvez principalmente.


Histórias de uma vida não vivida (45)

*Queria poder muito mais, fazer muito mais, falar muito mais. Queria superar todas as limitações que tenho e que me impedem de ser o melhor que posso ser. Parece tudo tão banal, tudo tão dito por todos, então, para ser diferente, sinto que preciso ser mais. Porque cada pedaço de tempo é diferente, cada pedaço de história parece ser tão único, tão singelo, com tanto significado. Porque eu sinto. Mesmo estranho, em silêncio, eu sinto.

A minha idade a poucos interessa e a ninguém importa. Sou filho do tempo, como qualquer outro que por aqui passou. A minha existência já vagou pelos quatro cantos do mundo e fui do inferno ao céu diversas vezes, por pecados e virtudes que escolhi, ao acaso ou convicto.

Tenho o poder de decidir, de escolher, de fazer acontecer. A presença viva das minhas escolhas na sua vida pode significar não menos que experiência. Fujo dos padrões, não me escondo perante o mundo e suas falsas aparências. Defino quem e o que estão na minha caminhada.

Sou forte, tenho o que poucos tem, todos querem e ninguém tem coragem suficiente de viver. Covardes são vocês que fogem do básico de suas essências existenciais pois não há pessoa ou situação que possa tirar da sua vida o que é seu por origem. Não é o mundo e a sociedade que jogam em você coisas que você não quer e lhe obrigam a aceitar. É você que, por comodismo, covardia ou medo da rejeição que as aceita como se fossem suas.

Eu não, não sou assim pois passei por tudo e nada ficou em mim. Daqui a pouco você entende o que quero dizer com isso.

Tenho o poder, e a vontade, de mover o mundo. E sei que sou capaz de fazê-lo, com braços, ideais, fé e coração. Todos o são quando possuem essas coisas porém poucos sabem. Entretanto, de que vale ter a capacidade e querer mover o mundo se não há lugar onde colocá-lo? Digo, por que fazer o que está, normalmente, longe do alcance se, em outro lugar, estará na mesma condição que aqui, agora?

Entenda como quiser, não tenho tanta paciência para descrever passo a passo o que posso fazer e onde quero chegar. Depois de algum tempo tentando e, por razões que fogem das minhas, permanecendo estacionado aqui, criei uma certa arrogância dentro de mim.

Isso me impede de ser plenamente quem sou. Mas me afasta das pequenas e desnecessárias coisas alheias àquilo que é meu.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pedaços de um pensamento (45)


Passos tranquilos, sem responsabilidade alguma sobre sua direção. É possível sim ir a algum lugar sem sair do lugar. Complexo e um tanto inimaginável porém, quando percebe-se estar vivendo sem que isso pareça de fato algo que possa ser chamado de vida, a racionalidade do mover-se estando parado perde a completa validade. As leis que regem a matéria física não se encaixam, sob hipótese alguma, no desenrolar de... coisas, podendo ser sonhos, objetivos, desejos íntimos ou mesmo nada. Paralelo àquela inexistência da necessidade de padronizar vem essa simplória e cômoda vontade de dizer que não existe nada quando, em uma realidade nada convencional, o que existe já está em estágio avançado de construção. E vivência na realidade.

Desconsiderando toda e qualquer possibilidade - existente, diga-se de passagem - de que no final da obra ela venha a cair por terra, terá sido valioso, de maneira quase inaceitável aos olhos humanos, assim como foi valioso tudo o que até então havia sido trabalhado e que, por uma brincadeira sem muita graça do que agentes da existência, como tempo, espaço e momento, acabou por não ser nada visível aos mesmos olhos que tanto instigaram e conduziram o corpo, e a mente, ao que pareceu muitas vezes ser idiota ou mesmo desnecessário.

Sem ritos banais, sem contar gotas de chuva ou analisar a parte como um todo. Considero que os momentos, hoje, são um grande presente por tudo o que foi superado. Não que tenha méritos indiscutíveis porque, não há como esquecer, sou apenas um pequeno grão de areia, insignificante, em um deserto e, assim como todos os outros grãos de areia, estou longe do ideal.

Estou aproveitando isso. Sem certeza alguma quanto ao que, até mesmo amanhã, poderá acontecer. Talvez seja esse o grande diferencial desse presente para todos os outros que já recebi. A incerteza não atrapalha, não tira a paz. Ao contrário, faz querer viver cada vez mais em cada vez menos e sentindo uma felicidade que está muito a frente da alegria e, apesar de não haver motivos para tal, um tanto perto do que chamam de indescritível.

Ou, assim como foi por alguns instantes, horas atrás... sublime. Nada próximo do sublime é em vão, ruim ou decepcionante.

Mesmo que sejam somente instantes de pouca razão e nenhuma explicação.

Pedaços de um pensamento (44)

Atemporal, somente aquilo que foge das mãos e dos olhos. O entendimento de passageiro ser adjetivo para tudo que se pode tocar e ver é necessário para que haja libertação de tudo que os prende e que, no final, não é o que define quem se é. A mais importante das produções, já disse um filósofo, é a intelectual porém, indo além do intelecto raso, onde se encontra a base para todas as criações modernistas, tem-se o que não é compreendido ou que, em uma desesperada atitude de medo do fracasso, procura-se explicar com teorias que usam daquele superficial intelecto.

Não há nada que se desenvolva de fora para dentro, assim como não há rio que comece a correr pela superfície. Acreditar que o conhecimento raso, que descreve o que se vê e define o que se pode tocar, possa também ser capaz de explicar aquilo que os olhos não veem, as mãos não podem segurar e somente o coração é capaz de sentir é acreditar em qualquer coisa.

Qualquer coisa que não tenha um verdadeiro significado e que, por conveniência, não precise de nada além de frases vagas e desconexas.

sábado, 14 de abril de 2012

Pedaços de um pensamento (43)


O que prende e segura à sanidade? Nem sempre a noção, ou mesmo o profundo conhecimento, são capazes de manter no lugar o racional. Há momentos e, somando-se a outros momentos passados, que pesam e tentam induzir à fuga completa de tudo isso, ao isolamento do tudo que resta, também. Não é justificável porém é compreensível quando há desistência. A razão deixa de existir e a busca passa a ser fundamentada por... a busca não é mais fundamentada. A vida deixa de ter razões, motivos e mesmo emoções. As sensações tomam conta e tudo passa a ser banal, tudo passa a ser ridículo e o importante é 'ser você mesmo', embora não se saiba mais quem se é. 'Aproveitar a vida' é o lema de todos, 'curtir a liberdade que tentam nos tirar' vem logo em seguida.

Nada disso tem qualquer sentido, qualquer significado, qualquer valor. É compreensível, porém inaceitável que alguém jogue tudo o que tem fora por... nada.

Tantos já vi desistindo... do que mesmo eles desistiram? Se perguntasse a eles, não obteria resposta. Porque ninguém sabe. É uma ideologia vazia, superficial e... bom, não é uma ideologia de fato. O mundo transforma aqueles que desistem em alienados, viventes à parte do mundo, do pensamento e da emoção. Não, não há emoção, há apenas sensação. E sem nenhum valor. Muitos passaram por perto. Todos esses estão longe, agora. De mim, de tudo. E por que? Por nada.

Ou melhor, por covardia.

Disse alguém, algum dia, que não há vitória sem dor. Como não há valor sem sofrimento. Crescimento sem tristeza. Felicidade sem superação. Não existe honra sem coragem. É como querer tomar um café sem ter água. Mais do que importante, é essencial. Fundamental. Não existem sem.

Fiquei por algum tempo pensando em vocês, que hoje sequer devem lembrar-se de mim. Um medo aproximou-se de mim, disfarçado, e por alguns instantes tomou conta dos meus pensamentos. Medo de que a história se repetisse, com outras pessoas. Com outra pessoa. Não que vá acontecer alguma coisa, mas o esse medo surgiu ao natural. A simples possibilidade o fez surgir. Ainda mais por saber ser incapaz de fazer qualquer coisa para impedir. Fui e seria incapaz de fazer alguma coisa. E, hoje, certamente teria consequências terríveis, para mim também, apesar de ser totalmente secundário, nesse caso, o que viria a acontecer comigo.

Não escolho pelos outros. Não sou eu quem vive outras vidas senão a minha porém, independentemente do que aconteceu ou acontecerá, há sempre chance de recomeço. Sempre. Do Amor vem a fé, a sabedoria. Da coragem vem a vontade, incessante vontade de continuar, e toda a razão, a explicação do porque continuar, ou do porque não desistir.

O medo incomodou. A lembrança machucou. Acredito, mesmo, que tenha sido somente um pesadelo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Histórias de uma vida não vivida (44)

*Desperte da escuridão, pedaço reprimido pela sensatez. Saia de mim, agonia amaldiçoada por tudo que é correto. Os pequenos detalhes que transcrevem essas palavras são insignificantes perante o que existe, de verdade. É como se estivesse disfarçando tudo aquilo que incomoda, escondendo tudo o que irrita e transformando tudo o que atua com a adrenalina em poeira miseravelmente passageira. O que surge logo desaparece, levado por um vento estranho, lento vento, inexplicável com palavras. Até mesmo as lágrimas ele leva. E, com tudo mais que passa do inevitável para o desnecessário, desaparece, sem deixar resquícios de sua existência, ou da existência daquilo que um dia pareceu ser porém não passou de mera sensação.

Há dias em que a violência toma conta de mim. Sério, não consigo ter paciência sempre com tudo e todos, ainda mais quando surgem idiotas, óbvios ou irônicos, que conseguem fazer com que a minha vida passe do aceitável para o insuportável. Eis que, hoje, decidi me rebelar contra isso de uma maneira bem simples, usando de um artifício estúpido. Desci ao nível dos ridículos, caí ao nível dos idiotas e, digo mais, o abismo é tamanho que não há nível positivo que condiga com o que quero fazer.

Fiquei louco. E serei violento.

O mais irônico disso é que, mesmo quando decidi que acabaria dando um esporro, verbal ou físico, em tudo que acabasse com o meu estado de espírito equilibrado, acabei condicionado a alguns detalhes:

1 - A polícia. Sair batendo em todo mundo até vai, mas na frente da polícia, não. O arrependimento por semanas, meses ou anos na cadeia, por bater em civis, ou policiais civis, seria grande demais. O politicamente correto age mesmo quando tento deixá-lo de lado. Fico pensando na resposta que daria se me perguntassem o porquê de estar batendo pra valer em todos esses infelizes. Talvez fosse algo como 'alguém te chamou aqui?' ou 'você sabe com quem está falando?' ou, talvez a melhor, 'se você não sair daqui vai ser o próximo'. Pensando bem, é melhor evitar o confronto, não quero ser alvo daquelas máquinas imobilizadoras com choque elétrico, o cara fica todo retardado depois de levar uma  daquelas;

2 - Os sensacionalistas defensores dos animais. Dar um chute naquele cachorro imundo que estava prestes a mijar nos meus pés seria bom para o meu propósito de violência para libertação de raiva porém tenho consciência de que sempre tem um idiota parado na rua sem fazer nada que pega o celular e filma tudo. Meu rosto apareceria na internet e seria alvo de fanáticos defensores dos animais até mesmo enquanto estivesse no banheiro. A vontade de mandar essas bichinhas hipócritas, que não querem violência contra cachorros mas não pensam duas vezes antes de pisar em baratas e atirar pedras em pássaros, para a p...onte que partiu é tão grande que eu mesmo queria ser capaz de arremessar um deles para lá. E ainda colocar no youtube depois;

3 - Dona Matilde Ferrari: minha sogra. Aquela jararaca dos infernos me puxaria para o mundinho quente e amaldiçoado dela se descontasse minha irritação, de maneira violenta, na filha dela. Amor, é brincadeira tá, em você eu não desconto nem uma pena :)(mas a sua mãe é sim uma cobra perigosa, só você não vê);

4 - Ronald Twinquer, meu professor de jiu-jitsu. Se aquele monstro disfarçado de professor de lutinha descobre que saí usando golpes que ele ensina até para aqueles pirralhos de 7 anos, não sobraria muita coisa de mim. Talvez alguns ossos da mão ou do pé. Talvez. Pacifista hipócrita, dá a entender que é a favor da paz, que as técnicas de luta não podem ser usadas na rua e tal mas só ele não sabe que todo mundo nesse inferno de cidade sabe que ele já agrediu 20 pessoas em um bar. Naquele dia, o tele-entulho recolheu 612 quilos de vidro quebrado. Mesmo assim, não posso competir com ele;

5 - João Panás Gonzáles, o mendigo. As minhas ações estão condicionadas a não reações dele sobre mim por um simples motivo: ele sabe usar um canivete como ninguém. A vontade é de, à noite, ir lá e roubar aquele canivete, quebrando-o em mil pedaços mas... alguém já fez isso e o infeliz conseguiu consertar. Para piorar, já vi ele furando dois plaiboizinhos que tentaram queimá-lo vivo. Também entra nessa lista porque não aguento mais a sua mania de me pedir, todos os dias, 'um trocado pra mim comprá leite pras criança'. Eu juro que se ele falasse a verdade e dissesse que queria dinheiro para comprar cachaça, eu dava dinheiro para ele (mas só uma vez);

6 - A lista continua com a Doutora Janice Quadros, a vaca gorda. Tenho feito algumas comparações visuais e, se alguém tiver uma trena suficientemente grande para medir a barriga dela, olha, o valor dessa medição passaria o da circunferência da Terra. Sério, e ela ainda teve coragem de, dia desses, me dizer com um sorriso no rosto: "Você precisa fazer academia, está começando a ficar com barriga de cerveja". EU NÃO BEBO CERVEJA! Inferno. Ela é psiquiatra, não nutricionista ou personal trainer. E ainda por cima me diz, toda maldita semana, que ' é fraco o homem que cede a seus impulsos '. Eu queria mesmo ser muito fraco para dar umas livradas bem dadas naquelas bochechas  inchadas;

Minha raiva contra essas pessoas idiotas só aumenta na medida em que o meu contato com eles se mantém ativo. Estender a uma atendente uma nota de 100 reais e ainda ouvir um 'vai pagar à vista?' me faz desistir de ser uma pessoa sociável. Queria poder comprar tudo pela internet mas... ah, os atendentes de telemarketing, preparados pelo próprio encardido, não fazem outra coisa senão ligar para o meu CELULAR às 7 da manhã do sábado para perguntar se não quero colocar no débito automático as minhas contas que... estão no débito automático. E depois, para completar, a pessoa da tele-entrega ainda me pergunta 'quer que entreguemos na sua casa o seu almoço?'.

É impossível. I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L.

Chega dessa baboseira, preciso traçar um caminho para levar a minha fúria ao extremo. Talvez um bastão de... porcaria, no brasil ninguém joga baseball. Ou um taco de... é, 'não temos tacos de hóquei', já me disse um atendente afeminado. Se bem que... não, o João fedido não me emprestaria o canivete e... sem as técnicas de luta, não me sobram muitas opções.

Sacanagem, preciso me conter por mais alguns dias até achar uma solução. Mais alguns dias... ah, inferno.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ecos da sinceridade - Logo e longe


As poucas dúvidas que ainda tinha, e que escondia por medo de me perder por completo em convicções não-convictas, passaram a ser também somente passado. O medo de que cada escolha levasse a lugar nenhum, deixando nada além de tempo perdido como consequência era, embora pequeno, existente. Escolhi passar por cima, por muito tempo, de receios provocados por não serem essas as escolhas que a maioria, ou seja, quase todos que conheço, optariam. Porque, além de ter paciência por uma longa espera, não havia muita possibilidade de boas consequências a curto prazo - falta de consequências a curto prazo que tornou-se uma realidade.

Tudo aquilo que não se tem como certo acaba sendo um problema a mais que, ao contrário da grande maioria, não possui solução por, de fato, não se tratar de um problema real. A imaginação do que está por vir nos faz engrandecer monstruosamente fatos, palavras e situações que não acontecem e que virão a acontecer só por um acaso excepcionalmente pontual, sem qualquer lógica ou, em miúdos, só acontecerão se tiverem mesmo de acontecer.

Não entro no mérito, agora, de uma possível coragem existente em decisões nem sempre possuidoras de notável convicção. Achar que é o certo a fazer é bem diferente de fazer o que é certo fazer e não há dúvidas de que o fator que distingue por si só essas duas situações é o mesmo que diferencia aquilo que é de curto prazo e, portanto, pontual daquilo que é contínuo - sem levar em conta possíveis integrais ou derivadas feitas sob o mesmo.

Deixar palavras no ar, ao entender acordado à capacidade de cada um, também não quer dizer que tudo esteja uma bagunça, não há nada a ser dito de fato ou, a melhor e mais engraçada possibilidade, que estou querendo elevar-me por escolhas bem feitas. Tornar subjetivo sem imagens claras - com exceção de derivadas e integrais matemáticas - quer apenas dizer que ninguém precisa, de fato, saber do que se trata, quais foram as escolhas ou mesmo porque coloquei em jogo possíveis, e de fato existentes, convicções sem muita convicção.

Por fim, não foi fácil pensar na possibilidade sem relacioná-la à alguma imagem, como não é fácil ver uma imagem de perto, hoje, e não pensar na continuidade da mesma, diante dos olhos, por um longo prazo. Ainda que por muito tempo tenha duvidado que isso aconteceria, embora tenha feito o que estava ao alcance para que isso fosse possível.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Ecos da sinceridade - Para com as responsabilidades passadas


Há hoje, em mim, a convicção de que tanto tempo buscando entender e compreender tudo o que foi algum dia e que, por ventura, está sendo, é válido também por trazer certezas que contrariam antigas ideias. Dos pontos que fortalecem a certeza da busca por conhecimento pessoal, o que chama a atenção hoje é o fato de carregar menos peso conscientemente, deixando de levar atado a escolhas passadas uma certa responsabilidade por tantos fracassos - independentemente do tamanho ou da ressonância provocada pelos mesmos.

Assumir a responsabilidade por erros que não foram seus pode ser, sim, uma nobre atitude porém, quando feita por si só, ou seja, apenas por achar que é o correto a fazer - sem contar na possibilidade da escolha por força do hábito - traz consequências que demoram muito tempo para serem desconsideradas. Levar consigo responsabilidades por decepções e desilusões é, antes de qualquer outra coisa, um tormento inútil. Não que deva ser evitado sempre - e, portanto, colocado sob responsabilidade de qualquer um - mas sim que deva ser deixado de lado quando não houver mais a necessidade de guardar para si algo que não é - e talvez nunca tenha sido - de alguém, muito menos de si.

A nobreza do tomar as dores de alguém, tornar-se responsável por erros para amenizar a dor de alguém acaba sendo inútil quando tem-se isso como empecilho para coisa qualquer por um tempo além do aceitável. Depois desse curto período, a insistência leva a arrependimentos que sequer tem sentido em sua existência. Chegando-se ao ponto em que nada do que foi dito ou feito tem importância mais porque cada caminho foi seguido de maneira diferente e, que bom, está sendo vivido sem ligação qualquer com o que antes era pesado, difícil. Em outras palavras, com o que era culpa.

Ter consciência hoje de que poucas foram as vezes em que pensei no que a minha mania de assumir erros alheios poderia trazer-me tira de mim a culpa sobre todo e qualquer arrependimento que possa ter carregado, justa ou injustamente, por motivo nobre ou hábito protecionista. Não se pensa no que vai acontecer nessas situações. Paralelo a isso, não há mágoa para com alguém que fugiu daquilo que era seu ou foi omisso consciente de que eu receberia algo que não deveria sequer passar perto da minha vida.

Responsabilidade alguma está sendo jogada das minhas mãos para as de alguém. Porque não há mais responsabilidade por aquilo que ficou no passado. Mais uma vez sinto-me livre de algo que há tempos oscilava entre idas e vindas, e no que acarretava psicologicamente.

Mais um fim.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O vazio de viver e só(26)

Acordar e renovar, revigorar o que está cansado. Independentemente de sol ou, como agora, chuva lá fora. Restabelecer a tranquilidade depois de um pedaço de noite preocupante. Quando um ponto médio parecia ter sido alcançado, voltam os mesmos medos, acentuados pelo inexplicável e em formas diversas pela grande variedade de situações a serem consideradas. O que era insegurança voltou a desaparecer, a convicção está acima e sempre estará diante daquilo que é somente passageiro. O medo inconsciente, humanamente inevitável, que se manifesta com duvidas condicionadas a outras respostas, tem seu fim sendo sobrepujado pela verdade, por aquilo que é sinceramente verdade.

Incondicionalmente verdade.

Retratos de uma sociedade patética(10)

*o título desse conjunto de textos era condizente
com a fase vivida quando comecei a escrevê-los.
Hoje, não há tanto sentido em colocar o patético.
Até porque, isso não é um retrato em si de um
grupo de pessoas e sim um desabafo por sentir-me
colocado no meio de um grupo qualquer, sempre
e sempre.

Por mais que faça sentido e seja, também por escolha, a opção pela coerência é difícil e oferece riscos enormes. O primeiro envolve a manutenção da coerência pois é preciso sempre levá-la em conta em cada escolha habitual. Sem paranoia ou radicalidade, apenas tentando manter uma linha de pensamento, de certeza. Propor-se coerência sem ser coerente nas escolhas diárias é estar sem guarda-chuva, embaixo de chuva, e reclamar por estar se molhando.

Não tem sentido.

O segundo ponto, igualmente importante, envolve aquilo que não se deve fazer para manter-se coerente com o que se quer, pensa, enfim. Isso destoa da primeira questão, a das escolhas, porque vem antes, é específica e independe de possibilidades. Ter consciência do que não se deve fazer, falar ou mesmo pensar é importante para evitar erros tidos como naturais mas que, por não condizerem com a proposta inicial própria, o que acarreta em sentimento de culpa, decepção e o inevitável: ser tachado de hipócrita por outras pessoas. Embora, no final das contas, essa última seja a menos importante de todas as consequências.

Ainda sobre isso, e sem mais alongamentos desnecessários, ter de evitar alongar pensamentos para impedir que maus costumes voltem à tona, que palavras vazias saiam por impulso, mesmo que sem qualquer intenção. Errar com as mesmas palavras, com a mesma intenção egoísta é renegar tudo que passou, tudo o que foi aprendido, tudo o que demorou muito tempo para ser assimilado. Ter uma recaída, por assim dizer, agora é fingir que nada aconteceu e, depois, passar pelas mesmas situações ruins de outros tempos - que, por terem sido feitas outra vez, serão piores.

O contraponto, que pesa muito, é perceber que, assim como das outras vezes, é preciso provar por mim algo que nunca fez parte de mim. O que se tem por geral e acaba sendo jogado como parte de mim irrita e cansa. Por que, sem fazer parte de um grupo de pessoas com atitudes específicas, sou julgado da mesma forma? Não faço parte dele, não tenho as mesmas atitudes que aquelas pessoas. E não é julgamento de uma ou outra pessoa. É de todas elas. Desde que me conheço como alguém mental e socialmente ativo, tenho de tentar provar algo que, por justiça, seria desnecessário.

É como se tentasse dizer que não fiz algo mesmo que não estivesse presente no lugar onde a ação ocorreu. Nem coloco o termo injusto aqui porque talvez seja exagero, embora não deixe de ser uma. Além disso, apesar de ser coerente com o projeto de sinceridade na maioria absoluta dos momentos, tenho de conviver com suposições quanto à veracidade das minhas palavras.

Eu sou um tanto radical com isso, faz parte da minha personalidade, construída ao longo dos anos, ser bem rígido comigo mesmo nessa vivência coerente daquilo em que acredito. A sinceridade como ponto chave - e que está presente inclusive no nome do que tento viver a cada dia - sendo encarada com coerência tranquila e até mesmo espontânea, não será desvirtuada tão facilmente. Não estou, e nem pretendo estar, acima do bem e do mal porém, não tenho medo algum de concluir que, por tantos e tantos motivos, não transformaria a minha sinceridade em algo banal somente por achar conveniente para com outra pessoa.

Cansa ter de, tantas vezes, fazer mais do que o suficiente para ser entendido, para ser respeitado e para ter aquilo que é próprio meu aceito como verdadeiro. Enquanto tantos ganham chances sem fazer esforço algum, tento encontrar brechas em alguns espaços minúsculos para conseguir provar o que não deveria sê-lo feito. 

De certa forma é sim, uma reclamação. Não por birra ou para querer mostrar que sou isso ou aquilo. Apenas estou cansado de precisar compensar erros alheios somente por ser julgado pelo todo, e não especificamente por mim. Tantos o fazem e outros tantos ainda o farão. Provavelmente a maioria. Poucos, de fato, conseguem compreender a grandiosidade da singularidade de caráter.

E talvez ninguém consiga entender o quanto isso é importante para mim. Com sinceridade, coerência e verdade.