sábado, 28 de abril de 2012

Ecos da sinceridade - Com o que quis esconder

Quero viver tudo o que a Sua criatividade irá me oferecer.

Pode rir, mesmo, de verdade, dê gargalhadas como uma criança ao ver seu pai se molhando ao jogar água na grama. Você sabe que não vai me irritar, que não vou me decepcionar com isso. Você pode, deve, precisa rir. De mim, dessa minha fantasia infantil de achar que...

... que você não... sabia!

Pode rir, mesmo.

Por mais que, no fundo, saibamos os dois que eu tinha consciência de que não adiantava esconder, é engraçado que tenha, de maneira superficial e boba, acreditado na possibilidade de conseguir esconder algo. De Você. Dos Seus olhos. Da Sua sabedoria. Que estranho, até eu comecei a rir disso. Está vendo, rir por isso é o mínimo.

Você poderia muito bem xingar, dar um esporro daqueles em mim. É, com críticas ofensivas. Poderia derrubar-me para provar-me que, por tudo isso, estava errado. Eu sabia, Você sabia. E daí? Nada disso impediu-me de querer esconder, de querer viver como se nada acontecesse, como se nada fizesse, como se os meus outros pecados, os meus outros erros e todas as minhas outras limitações fossem as únicas, os únicos, como se todo o resto fosse tudo.

Mas havia isso. Há isso.

Eu ri, agora, por imaginar o quão infantil e inocente fui achando que poderia esconder isso, viver fazendo de conta como se nada tivesse acontecido e, então, algum dia em um ano distante desse, lá no futuro, revelaria como se fosse novidade, como prova de superação, de vitória. De uma vitória que, mesmo que conseguisse conquistar às escuras, não seria minha.

Porque nada é, propriamente, meu.

Você também sabe disso e, por mais que tenha tentado fugir dessa verdade - que é a única - não consegui mais. Inocente e relevando coisas levianas, falhas bobas e rotineiras, deixando de lado tudo que saber que está Me vendo traz, fui carregando e disfarçando, tentando colocar no bolso o que todo mundo viu, fazendo um furto da minha história e colocando o que fora roubado... dentro de mim!

Pode rir, sério, eu mereço.

Você vê o que eu não consigo ver dentro de mim. Você sabe o que nem analisando tudo a todo momento, com um desejo inacabável de auto conhecimento, conseguirei saber. É assim com todo mundo, por que não seria comigo? Você vê, e ri. Da minha incapacidade, do meu receio...

Da minha vergonha.

Como o filho tem vergonha de mostrar à mãe que quebrou um vaso caro, que sujou um tapete novo, que cortou uma camisa bonita, tinha vergonha de mostrar-Lhe isso. Essa coisa toda que incomoda-me como nada mais o faz. Vergonha de ser deixado de lado, de ser excluído diante de todos. 

E medo de perder o que ganhei. De perder tudo o que ganhei.

Sei que não Faria isso. Sei que sequer seria punido se tivesse contado tudo, deixado claro desde o primeiro dia. Dito que com isso não posso lidar sozinho. Você não faria nada que me fizesse sentir pior. Não me tiraria nada. Não me xingaria. Não me mostraria que sou menos que um grão de areia no deserto, mesmo sabendo que sei que essa é uma pequena verdade. Sou insignificante e, Você sabe, não considero demérito nenhum nesse caso.

Por isso sei que, assim como eu, Está rindo. Sorrindo por me ver reconhecer, por me ver deixar de lado o meu orgulho, a minha vergonha e o meu medo. Disso tudo.

Porque, cada vez mais, confio em Você e, com isso, a cada dia que passa, consigo viver um pouco mais a minha escolha na sinceridade, sendo coerente com as minhas convicções.

Nossas convicções, certo?

Sinceramente, obrigado.

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