sábado, 14 de abril de 2012

Pedaços de um pensamento (43)


O que prende e segura à sanidade? Nem sempre a noção, ou mesmo o profundo conhecimento, são capazes de manter no lugar o racional. Há momentos e, somando-se a outros momentos passados, que pesam e tentam induzir à fuga completa de tudo isso, ao isolamento do tudo que resta, também. Não é justificável porém é compreensível quando há desistência. A razão deixa de existir e a busca passa a ser fundamentada por... a busca não é mais fundamentada. A vida deixa de ter razões, motivos e mesmo emoções. As sensações tomam conta e tudo passa a ser banal, tudo passa a ser ridículo e o importante é 'ser você mesmo', embora não se saiba mais quem se é. 'Aproveitar a vida' é o lema de todos, 'curtir a liberdade que tentam nos tirar' vem logo em seguida.

Nada disso tem qualquer sentido, qualquer significado, qualquer valor. É compreensível, porém inaceitável que alguém jogue tudo o que tem fora por... nada.

Tantos já vi desistindo... do que mesmo eles desistiram? Se perguntasse a eles, não obteria resposta. Porque ninguém sabe. É uma ideologia vazia, superficial e... bom, não é uma ideologia de fato. O mundo transforma aqueles que desistem em alienados, viventes à parte do mundo, do pensamento e da emoção. Não, não há emoção, há apenas sensação. E sem nenhum valor. Muitos passaram por perto. Todos esses estão longe, agora. De mim, de tudo. E por que? Por nada.

Ou melhor, por covardia.

Disse alguém, algum dia, que não há vitória sem dor. Como não há valor sem sofrimento. Crescimento sem tristeza. Felicidade sem superação. Não existe honra sem coragem. É como querer tomar um café sem ter água. Mais do que importante, é essencial. Fundamental. Não existem sem.

Fiquei por algum tempo pensando em vocês, que hoje sequer devem lembrar-se de mim. Um medo aproximou-se de mim, disfarçado, e por alguns instantes tomou conta dos meus pensamentos. Medo de que a história se repetisse, com outras pessoas. Com outra pessoa. Não que vá acontecer alguma coisa, mas o esse medo surgiu ao natural. A simples possibilidade o fez surgir. Ainda mais por saber ser incapaz de fazer qualquer coisa para impedir. Fui e seria incapaz de fazer alguma coisa. E, hoje, certamente teria consequências terríveis, para mim também, apesar de ser totalmente secundário, nesse caso, o que viria a acontecer comigo.

Não escolho pelos outros. Não sou eu quem vive outras vidas senão a minha porém, independentemente do que aconteceu ou acontecerá, há sempre chance de recomeço. Sempre. Do Amor vem a fé, a sabedoria. Da coragem vem a vontade, incessante vontade de continuar, e toda a razão, a explicação do porque continuar, ou do porque não desistir.

O medo incomodou. A lembrança machucou. Acredito, mesmo, que tenha sido somente um pesadelo.

Um comentário:

k. Ferreira disse...

É dificil quando existem estas situações... Se pelo menos pudéssemos abrir os olhos dos outros. Se nossos conselhos e textos fossem entendidos e aceitos.. Não sei porque e nem como as lembranças conseguem dispertar em nós os sentimentos e sensações, as mesmas de antes.. Esse medo que você se refere, ele vive comigo. Talvez o tempo mostre o pq de tudo. O pq que tudo tem que ser dificil..