quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pedaços de um pensamento (45)


Passos tranquilos, sem responsabilidade alguma sobre sua direção. É possível sim ir a algum lugar sem sair do lugar. Complexo e um tanto inimaginável porém, quando percebe-se estar vivendo sem que isso pareça de fato algo que possa ser chamado de vida, a racionalidade do mover-se estando parado perde a completa validade. As leis que regem a matéria física não se encaixam, sob hipótese alguma, no desenrolar de... coisas, podendo ser sonhos, objetivos, desejos íntimos ou mesmo nada. Paralelo àquela inexistência da necessidade de padronizar vem essa simplória e cômoda vontade de dizer que não existe nada quando, em uma realidade nada convencional, o que existe já está em estágio avançado de construção. E vivência na realidade.

Desconsiderando toda e qualquer possibilidade - existente, diga-se de passagem - de que no final da obra ela venha a cair por terra, terá sido valioso, de maneira quase inaceitável aos olhos humanos, assim como foi valioso tudo o que até então havia sido trabalhado e que, por uma brincadeira sem muita graça do que agentes da existência, como tempo, espaço e momento, acabou por não ser nada visível aos mesmos olhos que tanto instigaram e conduziram o corpo, e a mente, ao que pareceu muitas vezes ser idiota ou mesmo desnecessário.

Sem ritos banais, sem contar gotas de chuva ou analisar a parte como um todo. Considero que os momentos, hoje, são um grande presente por tudo o que foi superado. Não que tenha méritos indiscutíveis porque, não há como esquecer, sou apenas um pequeno grão de areia, insignificante, em um deserto e, assim como todos os outros grãos de areia, estou longe do ideal.

Estou aproveitando isso. Sem certeza alguma quanto ao que, até mesmo amanhã, poderá acontecer. Talvez seja esse o grande diferencial desse presente para todos os outros que já recebi. A incerteza não atrapalha, não tira a paz. Ao contrário, faz querer viver cada vez mais em cada vez menos e sentindo uma felicidade que está muito a frente da alegria e, apesar de não haver motivos para tal, um tanto perto do que chamam de indescritível.

Ou, assim como foi por alguns instantes, horas atrás... sublime. Nada próximo do sublime é em vão, ruim ou decepcionante.

Mesmo que sejam somente instantes de pouca razão e nenhuma explicação.

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