domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento (7)


Depois de muito tempo aprendi que listagem e ordenação são valiosas apenas para a matemática e algumas outras coisas não muito importantes nessa história de vida vivida. Sequer as listas de músicas favoritas são significativas. O momento muda, o gosto aprimora-se, novas experiências são acrescentadas e lembranças são ratificadas ou esquecidas e as músicas favoritas mudam. Não há dia inesquecível. Não há momento inesquecível. Não pela eterna lembrança que parte do passado e atravessa a eternidade, sim por não haver somente um dia, um momento, uma lembrança e uma pessoa inesquecível. Tentar colocar em ordem as pessoas mais importantes da sua vida também não faz muito sentido pois pessoas novas surgem, desbancam as antigas donas das primeiras posições e... um dia também saem lá do topo, ou lá de baixo. A organização, nesse caso, não é muito válida pois é momentânea, passageira, torna-se motivo de risos ou lamentações, dependendo do que trazem consigo, em um futuro que nem sempre é distante. Novas promessas geram quebras e colocar um momento ou uma pessoa como os mais importantes, significativos ou, sei lá, engraçados, também são quebras que geram não só dúvidas e arrependimentos como também risos e a certeza de que felizmente as coisas mudam. Passageira é a vida assim como passageiros são as pessoas e os momentos nessa vida. Querer lembrar da primeira vez em que você viu seu amigo agindo desprendidamente e demonstrando felicidade espontânea é um momento incrível de felicidade inesquecível, apenas pelo fato de vê-lo sentindo-se tão bem, porém, haverão momentos melhores e piores, sem dúvida. 

Pode ser que o segredo do inesquecível seja justamente essa momentaneidade. O que é repetitivo cansa. O que é relembrado sempre passa a ser banal. É costume não dar o valor às pessoas que vemos ou com quem conversamos todos os dias da mesma maneira que valorizamos pessoas que aparecem em momentos esporádicos, de alegria ou tristeza. Perseverar na certeza que se tem faz algum momento, alguma lembrança, uma música e, mais importante, uma pessoa ser inesquecível. Certeza não é algo que se tem de um dia para a noite, de uma madrugada tardia para um nascer do sol. As pessoas são diferentes e não acredito que alguém tenha certezas da mesma maneira que eu. Sou simplista em lembranças e muitas vezes deixo passar despercebidos hoje detalhes que amanhã lembrarei convicto de suas importâncias.

No meu pensamento, as minhas certezas trazem outras coisas consigo. Para música, uma lembrança. Para uma lembrança, um sorriso. Para um sorriso, um momento. Para um momento, uma pessoa. E para uma pessoa, uma música, uma lembrança, um sorriso, um momento e, talvez principalmente, a sensação de que o meu dia não teria sido tão bom se ela não fizesse parte dele, mesmo que minimamente.

Na eternidade do passado e do presente.


*e na certeza de que sem o Amor nem um dia seria significativo.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Histórias do Billi J. - Essa não é a minha vida


Cansado das provocações e incessantes ironias quanto ao seu desempenho nos esportes, Billi J. resolveu que deixaria de ser bom apenas nos estudos, no entendimento da vida e na arte de sonhar com Renata. Seria bom também em esportes. Para isso, deveria começar adquirindo preparo físico. Quando descobriu que o verbo adquirir, nesse caso, era usado de maneira não-literal, pensou estar progredindo bastante. Sorria a cada nova descoberta sobre condicionamento físico e equipamentos básicos para a prática de uma simples corrida. Deixou o chinelo e o tênis de ir à missa de lado e comprou um bem simples porém recomendado pelo vendedor da loja. No começo estranhou, pois não havia nada entre a palmilha e o solado do tênis, mas se o vendedor havia dito é porque deveria ser verdade.

Um adolescente que não sabe muito sobre esportes e atividade física não é bem aceito em muitos grupos sociais. A turma do Billi J. era formada por jovens que faziam academia, julgavam-se futuros jogadores de futebol e basquete, sempre andando com camisetas regata que deixavam à mostra seus braços musculosos demais para suas idades, porém bons para atrair a atenção de meninas igualmente jovens. Felizmente Renata, infelizmente ainda apenas sua amiga, não achava aquele exibicionismo barato e fútil interessante. Era estranho que uma menina como ela, com cabelos tão livres ao vento, com olhos tão belos, com sorriso tão reluzente e com uma alegria que contagiava até o seu tédio modorrento, preferisse ficar ao seu lado, sendo ele tão... Billi J. como era. Então, para justificar essa estranha preferência de Renata, Billi J. foi em busca de qualificação esportiva.

Começou com algumas caminhadas, muito mais porque Renata disse que era bom começar aos poucos, para não se machucar. Não entendia aquela preocupação toda, mas aceitou os conselhos, até porque qualquer coisa que a Renata pedisse, Billi J. faria sem pensar duas vezes. Ah, como ela era linda, e como seus cabelos balançavam enquanto caminhava... ah, Renata! Na primeira vez em que ela não pode ir com ele caminhar, Billi J. decidiu intensificar aquele treinamento esportivo. Afinal, apenas caminhar não melhoraria sua condição física, impedindo-o de fazer frente aos colegas no esporte. Então ele fez um ou dois alongamentos rápidos, para não cansar muito, e saiu correndo. Não sabia onde estava indo, apenas estava... indo. Correndo. Até tirou o óculos para evitar algum imprevisto. Passou por dois ou três senhores de idade e sorriu quando ouviu deles um 'essa juventude está sempre com pressa'.

Continuou correndo, sem cansar. Estranho, estava correndo há meia hora e nada de cansar. Subia e descia ruas, passava sobre asfalto, calçamento e até estrada de terra batida. Até que, para não pechar em uma senhora que acabara de atravessar a rua, pisou em um buraco e caiu. Infelizmente, na frente de alguns colegas que, como era de se esperar, riram e no dia seguinte espalhariam a notícia para todos poderem rir de Billi J.. Era o de menos. Levantou e, caramba, que dor no tornozelo! Deveria ir para casa afim de...

- Billi!

Ir para casa não deveria demorar, pois lera ser bom iniciar um tratamento o mais breve possível do momento em que a lesão é sentida, mas não poderia deixar de falar com...

- Meu aluno preferido, como você está?

Professora Jussara! Sim, sua professora da terceira série, uma das poucas que o defendeu em todos os seus anos de vida escolar. Não poderia deixar de falar com ela.

- Acabei de cair um tombo por tropeçar nesse buraco após ter evitado o choque com essa senhora. Machuquei o tornozelo, mas estou bem.

- Billi, o esporte nunca foi seu forte mesmo...

Não gostou muito daquilo, mas ainda assim tinha boas lembranças daquela senhora, um pouco mais nova do que a causadora do tropeço. Foram trocando frases, palavras, lembranças. Ela perguntou de Renata, como quem faz uma insinuação. Perguntou retoricamente se ele ainda era motivo de chacota. Se sua mãe havia tido mais algum filho, enfim, perguntas comuns em conversas entre aluno e ex-professora, ou vice-versa.

O tempo passou e o céu escureceu, quando se deu conta do momento, Billi J. se viu só, olhando para um joão-de-barro que construía seu lar em cima da parada do ônibus e... com dor no tornozelo. Nos dois tornozelos. Estranho, agora também doíam-lhe as pernas, os joelhos e até os braços. Como podia sentir tanta dor assim? Enquanto corria estava tudo bem, estava indo melhor do que as expectativas mas... agora sentia-se tão machucado quanto na vez em que viu Renata abraçando um menino afetuosamente. Ah, aquilo doeu muito durante dias, até descobrir que eles eram irmãos.

Não conseguia caminhar direito. Um passo com a perna direita e até a perna esquerda doía. Um passo com a perna esquerda e toda a perna direita doía também. Não conseguia pensar em mais nada. Nem Renata conseguia manter-se em seus pensamentos por mais do que dois passos. A dor era grande. Muito grande. Muito variada. Muito intensa. E não podia avançar sem sentir mais dor. E mais dor. E mais dor. Cada passo era uma vitória, uma conquista, estava mais perto de casa. Mais longe da vontade de continuar vivendo, pois não conseguia sentir direito suas pernas, tamanha dor. Talvez aquilo fosse cãibra, talvez fosse distensão, talvez tivesse, como dizem os boleiros, aberto a virilha. Não sabia o que era, sabia que sentia dor, muita dor. Até seus ossos, se fosse possível sentir, doíam.

De onde havia surgido aquela maldita ideia de virar um esportista, de ser bom também nos esportes? Quem é bom só nos estudos vai longe, não se machuca, não corre o risco de derrubar uma velha que acaba de atravessar a rua, não corre o risco de encontrar uma antiga professora que, apesar do respeito, não parava de debochar de seu tropeço, suas atitudes tímidas, antissociais e seu amor platônico por uma menina que nunca sentiria o mesmo por ele. Professora boba, colegas bobos, ideia de sair correndo por aí boba, muito muito boba. Quem foi que inventou o esporte mesmo?

Até seus neurônios pareciam doer naquele momento, tudo por causa daquela ideia boba de sair correndo por aí, para tentar ser um atleta. Decidiu que ser estudioso bastava. Prometeu a si mesmo nunca mais correr, sequer fazer exercícios, menos ainda ser bom em esportes. Não faria mais isso nem pelo esporte, nem pela saúde, nem pelos seus pais, nem para mostrar aos colegas que era muito mais do que um bom aluno, nem por Renata.

Bom, por Renata ele quebrou a promessa, dois anos e alguns meses depois, como foi relatado aqui.*

*é engraçado reler as antigas histórias do Billi J.. 
Era tudo tão... simples.
Uma maneira de escrever comumente encontrada em livros infantis.
Não que hoje seja muito diferente quando não há uma grande inspiração.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Histórias de uma vida não vivida(32)



*Em algum momento daquele dia, pensei que deveria ter ficado em casa. Não porque tudo havida dado errado, a chuva estragara a única cópia daquele jornal antigo, nem porque a mulher da farmácia me vendera um remédio que não era o da receita. Deveria ter ficado em casa porque nada que pudesse ter acontecido naquele dia colocaria um sorriso no rosto, um ânimo nos pensamentos, uma vontade naquele corpo que parecia de um morto-vivo dos filmes. Nem um céu azul esplêndido, uma árvore rica em detalhes que faziam dela a mais espetacular já vista, nem a possibilidade de realização pessoal ou profissional. Nada naquele dia poderia me fazer sentir vida em mim. Por mais que o pensar fosse, e ainda seja, a prova do existir, eu não estava satisfeito, feliz ou mesmo vivo com e por nada. Deveria ter ficado em casa. Fiquei em casa. Naquele íntimo de sonho platônico e invisível a todos, encontrei alguma coisa e descobri que deveria ter ficado em casa mesmo, pois somente ali descobriria em um sonho uma vida. A minha vida. Pelo menos parte dela.

"-Você me conhece?" era a única frase que nem seu pior pesadelo, nem sua depressão superada e muito menos uma amiga poderiam fazer surgir na mente dela. Como ele pode não se lembrar de mim? - pensava, inquieta, decepcionada, arrasada, caída no chão estatelada e, como dizem lá para os lados do interior de Bagé, de paleta na terra seca. Seus três anos de ensino médio só poderiam ser considerados bons porque ele estava lá. Não ao seu lado, não perto de seus olhos, mas no caminho de casa. Foram colegas antes de saírem dos anos do fundamental e agora ele lhe dizia que não sabia quem ela era.

"Você me conhece?" ficou na mente de Bianca por dias. Não conseguia comer pois aquilo tirava sua fome. Não conseguia estudar porque aquela pergunta tirava sua concentração. Se ainda tinha bilhões de neurônios, todos foram designados a tentar entender como ele não se lembrava. Ele pode ser ruim de memória, pensou, à princípio. Hipótese descartada quando lembrou do concurso que ele havia ganho de jogo da memória. Talvez fosse com ela, havia mudado um pouco, crescido alguns centímetros e seus cabelos agora eram mais longos. Não, essa ideia desapareceu em menos de 15 minutos.

Obcecada por uma resposta, foi ao encontro dele, mais uma vez. Vendo-a, perguntou o que havia acontecido dias atrás, quando ele lhe fizera uma pergunta e ela saíra correndo e chorando para lugar algum. Aquilo era o fim para ela. Não bastava não reconhecê-la e ainda tinha a cara-de-pau de colocar-se como inocente. 

- Eu fui sua colega por dois anos, 4 meses e 3 dias, totalizando 485 dias letivos em que estivemos na mesma sala, sem contar as 12 horas e 13 minutos de atividades extra-classe que fizemos juntos. Tudo bem, nunca fizemos trabalho em dupla e sequer trocamos cumprimentos mas, com todo esse tempo, você esperava que eu reagisse como à sua total falta de consideração para comigo, ein?

- Fomos colegas mesmo?

- E tem mais, desde que saímos do fundamental, eu vejo você saindo dessa escola todos os dias. Você caminha do lado direito da rua e eu do lado esquerdo. Você está sempre com dois ou três colegas seus e eu fiquei todo esse tempo te olhando enquanto caminhava sozinha. Sei que você gosta de salada de quiabo com suco de abacate porque é isso que você comeu nas 43 vezes em que almoçamos no mesmo lugar. Mas claro, você nunca percebeu que eu sempre sentava atrás de você e ficava lhe olhando com cara de boba. Eu também sei que você mora só com seu pai, pois sua mãe morreu enquanto ainda éramos colegas, e que ele lhe leva na escola todos os dias naquele Ômega preto lindo que você tanto gosta. Mas claro que você nunca me viu de dentro daquele carro maravilhoso. E tem mais, quando éramos colegas, sempre achei você muito bacana, porque nunca foi arrogante com nossos professores, nunca saiu no soco com os marginais e nem usou correntão de ouro como os riquinhos mas agora vejo que você é uma mistura de todos esses idiotas, pois nunca reparou que eu sempre quis que você ao menos me cumprimentasse, notasse a minha presença ou fizesse de conta que estava me olhando para tentar descobrir quem eu era. Você não sabe o quanto magoa saber que alguém por quem eu sempre guardei uma admiração incondicional faz de conta que eu não existo, que não me conhece e que não sabe que eu tirei 112 fotos enquanto não estava prestando atenção. Sim, 112 fotos suas eu tenho guardadas, sei do que você gosta, os seus horários e ainda assim você tem a petulância de dizer que não sabe quem eu sou, que não me conhece, que o que poderíamos ter tido não foi nada, que eu sou feia, desinteressante, chata e tudo mais. Você é um idiota, não passa de um idiota metido.

Bianca nem esperou a resposta. Virou as costas e, novamente, saiu correndo, chorando, sem direção clara. Quase foi atropelada. Quando cansou, sentou na calçada e percebeu o quão boba fora sua atitude. Como ele poderia lembrar quem ela era, saber que ela o admirava, que gostava dele sem que ela tivesse ao menos dito um oi e tentado se aproximar? A resposta para essa pergunta marcou o definitivo término da presença daquele rapaz em seus pensamentos, em sua vida.

- Não importa como, ele deveria saber que eu sou a Bianca.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Frase do dia


Se existe uma chave para o sucesso, é aquela que não abre apenas as portas que se quer. 


*nada inteligente ou significativo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento(6)


Às vezes um detalhe faz diferença. Uma minúscula engrenagem a menos e o relógio não funciona direito, quando ainda funciona. A contagem do tempo passa a ser errada, pelo atraso ou pela parada completa. Certas coisas de vida, em dias que nunca retrocedem, também são assim. Uma palavra que muda tudo. Uma frase que muda tudo. Um gesto que muda tudo. Ou muda pouco. E essa mudança então passa a ser o detalhe que desencadeia uma série de reações inacabáveis. Não há sentindo na imaginação da vida naquele momento sem certos detalhes. Não há como voltar e deixar de lado ou fazer o detalhe ser diferente, acontecer de uma maneira diferente. Novos detalhes não corrigem, não compensam, não tranquilizam. Erros com consequências boas são impensáveis em um primeiro momento entretanto podem ser um conforto com o passar do tempo. O que não é lembrado não foi significativo, para sorriso ou lágrima. O que não traz arrependimento não é importante para mudança de pensamento, sendo esse um detalhe que pode fazer a diferença em momentos futuros, para um tempo muito adiantado que não deve ser imaginado. O que não traz uma vontade de ser revivido não é digno de lembrança por ser um bom momento, com uma boa pessoa em um tempo bom. Ou bom tempo, indiferente. Detalhes em decisões nem sempre pesam. Pode ser bom, pode ser terrível. Hoje você não sabe, apenas imagina ser o certo afinal, ninguém em boa consciência erra por querer. Não há passos para trás no tempo da vida como também não há certezas futuras nele.

Só resta fechar os olhos e ter a certeza de que não são apenas os olhos, os ouvidos, as mãos e a mente que definem quais são os detalhes que poderão fazer diferença em algum momento. Principalmente porque é aquele pedaço pulsante de vida que sente angústia pelo arrependimento ou dá intensidade a sorrisos e tudo o que vem de boas lembranças.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento(5)


O que é lido talvez não interesse, talvez não seja nada além de frase. Agora, frases escritas não significam nada. Pequenos deslizes demonstram que há longo caminho a ser percorrido e uma ideia precisa ser corrigida. Detalhes são pequenos. Frases escritas são pequenas. Momentos foram, nesse caso, pequenos. O que mais importa é ter um, dois, vários motivos para sorrir e esquecer de uma frase, de uma lembrança, do que aconteceu ontem e foi motivo de algo próximo à raiva. Queria desenvolver tudo que veio à mente, antes e durante esses pequenos momentos que, juntos, acabaram sendo pouco mais de uma hora. Momentos assim são estranhos porque acabam sendo raros. Lamentar isso é trazer à tona a utopia de que as coisas nunca mudam ou nunca devem mudar. É mais uma bobagem. Porque sou grato a cada um. Pela espera, a paciência, a alegria, todos os detalhes que fazem de cada pequeno momento e de sua hora e meia futuramente resultante em lembrança carregada de risos e sorrisos em conversas nostálgicas sobre um passado que foi muito mais do que parece ser no presente. Presente Divino é poder ter momentos assim, com vocês.

Mesmo que fique uma dúvida

Pedaços de um pensamento(4)


A espera pelas lágrimas do céu foi em vão. Passos lentos e rápidos, alternadamente, alongaram-na mas, não havia como aguentar mais. Agora que o céu, sombrio e sonolento, começa a chorar, meus passos não são lentos, tampouco rápidos. Meus passos não são mais passos. O que poderia ser culpa não passa de constatação do que é óbvio: quando precisei, quis e esperei, não choveu, agora, que estou prestes a dormir, começou a chover. Tão simples e ao mesmo tempo tão bobo. Se não explicasse, poucos talvez fossem entender, principalmente por estarem buscando muito mais do que podem encontrar. Estranho, essa frase poderia definir muita coisa. Conturbado, muito ou pouco, é aquilo que não segue um padrão, uma lógica, aquilo que muitas vezes não é coerente, com nada. Como passos dados à espera da chuva é estranho tentar ver além do horizonte, da montanha ou mesmo da própria vontade. Algumas vezes você consegue. Pessoas passam a te chamar de diferenciado, o que muitas vezes apenas quer dizer que você não passa de um retardado sortudo. Nada além de bobagem. Como caminhar e correr esperando por chuva. Como buscar mais do que se pode encontrar. Como tentar ver a verdade que difere do que você realmente quer, e com um pouco de inocência e muita incoerência, espera ver. Há certos padrões que indicam coerência. Novelas e filmes acabam com um final feliz, com raras exceções. Não importando se é para o vilão, a mocinha ou o cachorro. Também levando em conta que a morte, em um mundo como o que vivemos, não deixa de ser um final feliz. Coerente é ter, quase sem exceções, finais felizes em histórias que não existem. Iludem as pessoas para que pensem que terão sim, na maioria absoluta de suas histórias, finais felizes. Ninguém consegue definir direito o que é um final, até porque, deveria ser fácil compreender que o final de uma coisa indica o começo de outra. É a lógica da compensação. Regra que, no fundo, não é tão lógica. Nada de mais, de menos. Queria que o céu chorasse enquanto estive na rua, pensando em histórias e seus finais. É bobo tentar entender porque uma história tem um ponto final mas não tem um ponto inicial. Como também é bobo tentar encontrar o ponto final dessa história. Ou novela.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento(3)


Um grande erro cometeu quem teve a ideia estúpida de inventar um vidro que somente refletisse as imagens: o espelho. Sinceramente, admirar-se frente a ele é uma atitude que, para a grande maioria, apenas serve para inflar o ego. As pessoas não sabem lidar com egos inflados. As pessoas não sabem mesmo. Dias vão, voltam e em alguma dessas passagens param e as pessoas não querem então, em específica passagem, ver a sua imagem refletida. Por vergonha, tristeza ou lamentação. Por remorso ou qualquer outro motivo externo. As pessoas não sabem lidar também com egos vazios. Entre beirar a arrogância e necessitar encarecidamente de alguém para colocar algumas moléculas de oxigênio humano no seu ego está a posição onde essa coisa chamada 'eu' deveria estar. Quantos conseguem? Não importa. Sei que hoje eu não quero me olhar no espelho, mas também não quero que alguém venha me ajudar a encher esse ego. Cada vez mais longe da arrogância, no meio desse marasmo de bondade que penso em tachar de patético, estou com a certeza de que deveria aconselhar todas as pessoas a nunca esperarem por outras. Não que terminaria o conselho com um 'vá à luta', muito menos com um 'não fique esperando, tome uma atitude, coragem(cão covarde)'. Nada disso. Nunca espere de alguém porque você sempre vai errar, sempre vai querer nunca mais esperar e, por ser, como diria meu avô, burro e bobo, voltará a cometer esse erro. Esperar. É sina, é hábito, é erro e é burrice. Não espere de alguém alguma coisa. Uma palavra que seja. Ou menos, uma simples menção de que há uma vida do outro lado, na outra pessoa, que pelo menos faça de conta que você é mais do que parece ser. Não seja arrogante, não seja egoísta, não viva sozinho. Conviva com as pessoas mas não espere alguma coisa delas. Viva. E, por favor, tenha discernimento para não ficar achando que eu quero levar mais pessoas para o estilo de vida pseudo-antissocial que levo.

No mais, espere apenas pelo que Deus lhe reserva. Esse sim não decepciona, não infla e nem deixa murchar aquela parte que eu insisto em chamar de ego.

*escrito no impulso

*esqueci de mencionar antes,
em 12 de Fevereiro este blog não comemorou 4 anos.
4 anos!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Histórias do Billi J. - Logo eu!


Gotas d'água vindas do céu indicavam chuva iminente. Felizmente estava perto de casa. Distraído, pensando na vida ou em qualquer outra coisa mais importante, gelou quando um carro parou ao seu lado. A violência das cidades faria dele mais uma vítima. A janela do carro se abriu e então ouviu uma voz:

- Entra Billi, vai começar a chover, te dou uma carona.

Não fazia sentido algum sujeito lhe oferecer uma carona. Quando virou seu olhar para o carro, a janela e o motorista, se deu conta de que não era um assalto, tampouco uma simples carona. Sem entender o motivo daquela generosa oferta, respondeu:

- Obrigado mas estou perto de casa, moro na próxima rua.

Viu que a feição do rosto do homem quase careca mudou, parecia brabo, incomodado com a recusa. Ele insistiu.

- Não tem problema, vou passar na frente da sua casa mesmo.

Billi J. não acreditou mas continuou tranquilo, parado, conversando com o homem, declinando a proposta de carona e, óbvio, molhando-se, uma vez que a intensidade da chuva aumentava.

- Não precisa se incomodar, eu caminho rápido e um banho de chuva não é ruim em um dia como hoje.

Sim, pessoas que insistiam em fazer dele mero objeto de uso, desconsiderando sua vontade, seus sentimentos, sua paciência e a qualidade de suas ideias. Pessoas assim atordoaram-lhe o dia inteiro, dando ao possível banho de chuva a oportunidade de ajudar a descarregar todas essas coisas ruins.

- Estou falando sério, entre nesse carro que preciso conversar com você.

Tons de suspense, possível de drama ou comédia, surgiram naquela conversa. Billi J. decidiu lembrar-se da boa educação cega dos tempos de criança e aceitar a carona do sujeito. Embora... ah, sim, ao entrar no carro e reparar bem no homem lembrou quem era ele. Mário, como o do vídeo game. Mário era um bom sujeito, nunca ouviu algum escândalo, briga familiar ou crime ligado ao seu nome. Era o pai de sua amiga...

- Acho que você se lembra de mim Billi, sou o pai da Raquel.

Exatamente.

- Billi, sendo bem franco, quero saber quais são suas intenções com minha filha.

Pronto, se não havia nada contra o homem era só até aquele momento. Era amigo da filha dele e nunca passara disso mas...

- Pode ser sincero comigo, não vou bater em você, mandar bater em você, quebrar suas pernas, depredar sua casa, machucar seus familiares ou acabar com o seu futuro profissional...

(como se aquele homem pudesse ter tanta influência assim)

-... mas quero que me diga o que você quer, realmente, com a minha filha.

Pensando bem, não era só a parte do futuro profissional que mostrava o quanto aquele homem pensava ser poderoso. Enfim, não havia nada a fazer senão...

- Nada. Absolutamente nada. Sua filha e eu somos apenas amigos.

Mário suspirou. Billi J. temeu que aquilo pudesse ser um indício de que a história do 'não vou bater em você', mesmo que sem motivos, pudesse vir a ser verdade.

- Eu estou falando sério, senhor. Nunca me aproximei da sua filha com segundas intenções, nunca beijei-a, nunca saímos sozinhos e muito menos guardo algum sentimento além de amizade por ela.

- Você está dificultando as coisas.

Teimoso feito uma porta, uma mula ou burro quando empaca perto do trigo.

- Eu não sei por que estou sendo interrogado.

- Porque a minha filha sai todas as noites para se encontrar com alguém. Fala com esse alguém por horas e horas e horas no meu telefone. Quando desliga, vai para o computador e fica lá por horas e horas e horas. Eu sei que é você o novo casinho dela. Você é um bom rapaz, não tem ficha na polícia...

(além de teimoso e arrogante era paranoico aquele homem)

-... trabalha e não usa drogas. Seria bom tê-lo na família, só quero que você seja sincero comigo e dica que sim.

Billi J. pensou em rir. Era melhor evitar a possibilidade de aquele homem acelerar o carro e jogá-lo contra um poste para matá-lo. Quem sabe só ele seria salvo pelo airbag.

- Eu já lhe disse que somos apenas amigos e admiro a sua preocupação. Se fosse eu o sujeito que o senhor procura, diria-lhe. Eu não saio todas as noites, pouco uso telefone e internet.

A chuva aumentou. Muito. Parecia tempestade e agora eles estavam muito mais longe da casa do Billi J. do que quando ele entrou no carro.

- O que você estava fazendo ontem à noite.

Ah sim, ontem à noite. Poderia dizer que tinha limpado todas as tampinhas de garrafa de sua coleção mas poderia parecer mentira. Levaria-o então para sua casa, mostraria a coleção e provaria que estava falando a verdade mas, e se ele pegasse duas tampinhas e furasse seus olhos?

- Dormindo.

- Antes de dormir.

- Escovando os dentes.

- Antes de escovar os dentes.

- Número dois no vaso sanitário.

- Antes disso.

- Bebendo um copo de leite.

- Antes.

- Não sei, abrindo a porta de casa.

- Que horas eram quando chegou em casa?

Ah, inferno! Aquele homem não pararia enquanto Billi J. não assumisse uma relação da qual não fazia parte ou não indicasse quem poderia ser o tal sujeito, embora não soubesse quem poderia ser o (in)feliz a namorar a pessoa com o tom de voz mais inconstante.

- Pouco antes das 8 e meia da noite.

- Você foi dormir perto das 9 e meia, suponho.

- Provavelmente.

O carro virou à esquerda. Atravessou a quadra. Chegando na esquina, avistaram dois jovens se beijando, sob forte chuva. Billi J. logo identificou Raquel mas ficou calado, não queria ser dedo duro. Mário não a viu. Iriam virar à direita quando alguma coisa bateu na janela. Mário baixou o vidro e ficou perplexo.

- Pai, o que você está fazendo com o Billi J. no carro?

Então ele percebeu que ela estava acompanhada com...

- O que você está fazendo na rua com um temporal desses?

- Estou aqui com o meu...

Raquel deu-se conta que havia, como dizem por aí, dado com a língua nos dentes. Seu pai descobriria seu namoro com Joel, o filho do Agenor, ex-sócio seu, e não permitiria que aquilo continuasse.

- Billi, saia desse carro!

O ouvido de Billi J. ardeu com aquele berro. Estava aliviado com a resolução da situação, não precisando provar que não era nada além de amigo de Raquel, mas sair do carro com aquele temporal, longe de casa. Qual o problema com o Joel? Era um bom rapaz. Não era drogado, o alcoolismo do pai fez com que ele tivesse repulsa a bebidas alcoólicas, trabalhava todos os dias das seis da manhã até as seis da tarde. Qual o problema com ele?

- Saia logo desse carro, preciso ter uma conversa muito séria com a minha filha.

Ah sim, sair do carro. Estava perto de casa quando começou a chover. No pior da situação, teria que sair do carro, molhar-se, quem sabe pegar uma gripe que se transformaria em uma pneumonia, podendo levar-lhe à morte pois estava, agora, longe de casa. E tudo por que? Porque um velho careca, berrão, teimoso, arrogante e paranoico não queria permitir que a filha namorasse o filho do ex-sócio que quase levou sua empresa à falência. Só por isso ele tinha que sair do carro e...

Saiu do carro. Ouviu um meloso pedido de desculpas de Raquel. Nada mais do seu pai. Cumprimentou Joel e seguiu seu caminho.

Ah, aquela história chuva que descarrega raiva e outras sensações ou pensamentos ruins era balela. Pelo menos não quando se esta há duas quadras de casa e é levado para o outro lado da cidade, ficando há umas duzentas quadras de casa, número exagerado pelo inconformismo com aquela situação.

Só não entendeu uma coisa: por que o pai de Raquel achou que ele, logo ele, Billi J., fosse o namoradinho de sua filha?

Depois não entendem o porquê de alguém ter mania de perseguição.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento(2)


A água é passageira, independentemente do lugar onde está. Como chuva, rio ou oceano, ela se move, cai, sobe, evapora, condensa e eteceteras mais. Por isso dizem que uma onde segue a outra e lá lá lá lá LÁ! Sim, ondas no mar refletem tão bem a passagem do tempo quanto um relógio, digital ou analógico. Tanto faz para o oceano a onda que sobe e desce, surgindo e desaparecendo em instantes próximos. O mar continua ali assim como a história continua a ser vivida, sem restrição temporal. O tempo não acaba e a história... bom, a história menos ainda, porque enquanto houver tempo, haverão palavras, sons ou mesmo um silêncio terrível para pensamentos inquietos e vidas nem sempre vividas. Pessoas passam como ondas, rapidamente ou não. Elas podem ter sido grandes ou pequenas, deixando lembranças inesquecíveis ou nada, absolutamente nada em sua passagem nem sempre percebida. Há escolha pessoal sobre qual onda se surfa ou não, mas o surgimento, duração e intensidade das ondas não é escolhido por pensamento ou vontade humana. Assim como as pessoas, você até escolhe com quem quer conversar, quem quer ter ao seu lado mas nunca consegue escolher a duração ou a intensidade dos momentos vividos com essa pessoa. A insistência um dia cansa, desgasta, leva à exaustão ou coisa pior. Não adianta jogar água em um diamante, você não vai viver o suficiente para conseguir furá-lo com um simples jato de... água! Insistir à teimosia em querer ter alguém por perto pode ser perda de tempo, pode ser crescimento pessoal, doação, caridade ou burrice. Exceto amor sincero, difícil aceitar uma teimosia que prive o pessoal em busca de algo em uma terceira pessoa. Doação é para o bem, teimosia nem sempre reflete isso. Depende do contexto. Depende da pessoa. Depende do tempo.


Aliás, tempo? Onda? Pessoa?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento


Se a vida fosse futebol, seria muito fácil descrevê-la. Há dias em que você é craque, acerta tudo, até o que ninguém, nem mesmo você, imaginava que pudesse. Assim como em alguns jogos a bola não entra, você tenta e não consegue nem acertar o mais simples dos passes. Brigas com o técnico, o presidente do clube, a torcida e com os companheiros. Tudo errado. Ou tudo certo, dependendo das razões, do ponto de vista, do objetivo. Mercenários, empresários interesseiros, e outros sinônimos presentes no dia da vida futebolística que também poderiam descrever a vida por si. Treinar com sol de rachar para, no dia do jogo, a chuva levar você a uma gripe como nenhuma outra que já tivera. Mundo injusto, dentro e fora de campo. Fazer gol para aquele espetáculo em forma de mulher também entraria como boa analogia descritiva. Quem se importa com o que você faz fora de campo se dentro dele você joga bem e resolve? Ah, isso não poderia faltar. A coerência entre palavras, discursos de amor à camisa e à torcida também passariam a ser exigência do relatório da vida através da visão futebolística dos fatos. Quem quer que possa fazer isso, com um pouco de bom senso, amor ou tempo livre, faria um bem a muitos, um mal a tantos outros e um nada na história.

E por que? Ninguém se importa com descrição da vida, muito menos em uma visão futebolística. Ou vai dizer que você colocaria uma estátua da pessoa que fizesse isso na frente do seu estádio?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Algumas frases


"...Mas existe um método ainda melhor para explorar os momentos de baixa, que é através dos próprios pensamentos do paciente sobre eles. Como sempre, o primeiro passo é afastá-lo do conhecimento. Não o deixe sequer suspeitar da existência da lei da ondulação. Deixe-o pensar que seria natural que o estado inicial de sua conversão durasse e que deveria ter durado para sempre, e que o seu atual estado de aridez é um estado permanente.(...) Distraia a atenção dele da simples antítese entre o Verdadeiro e o Falso. Ponha em sua mente algumas expressões bem vagas - "foi só uma fase"(...). " - Cartas de um diabo para seu aprendiz(C.S.Lewis)


*Por mais que seja difícil, complexo, estranho 
e que não consiga encontrar explicação,
ficar sem palavras e parecer ver que 
o que se espera em um todo não existe, 
isso é passageiro e, significativamente, irreal. 

Reflexões de um maluco(14)


Há momentos esporádicos em que fico convencido de que preciso de um tratamento. Os olhos, o sistema nervoso, o coração ou a mente. Talvez mais de um precisem de um tratamento, mesmo. Porém, em certos momentos, parece que é apenas um, o que não tira a necessidade de tentar resolver problemas que não deixam de ser casuais. Estar louco, ou beirando essa loucura insana que pode levar a um lugar como um manicômio, não é nada demais para quem nasceu louco mas cresceu preso por regras que fizeram com que essa loucura não parecesse nada além de uma fase passageira. As pessoas gostam de dizer que problemas, características incomuns ou atitudes estranhas, muitas vezes espontâneas, são fase passageira. Porque afinal, a vida de todos está ligada, indiscutivelmente, ao tempo. Ele passa, a vida passa. A loucura com suas atitudes já citadas, então, também passam. Reles objetividade. Um pensamento, um sentimento e uma característica só passam quando não há mais sentido em sua existência. Ou quando seu dono deixa-se convencer de que não é isso o melhor para si. Ou não. Tornar isso objetivo com uma analogia boba é querer impor mudança. É como se estivessem tentando convencer alguém que tem o sonho de ser piloto de avião que aviões são perigosos, eles podem cair, tudo mais e menos. Usar o tempo como crítica nada construtiva para conseguir realizar uma mudança alheia pode ser tudo, menos prova de preocupação, de sentimento, enfim.

Não sei onde as minhas ocasionais conclusões sobre a necessidade de um, ou vários, tratamentos físicos e psicológicos possa estar associada ao que escrevi. Entretanto, é claro que há coisas em que encontro uma resistência de pessoas próximas quanto às minhas atitudes com relação a elas, mas não encontro nenhuma resistência em mim. E enquanto acreditar, em pensamento, sentimento ou movimento, continuarei.

Independentemente de o tempo passar, de perder a razão ou ir mesmo que todos, ou quase, queiram que volte.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Histórias de bergamota (14)


Como uma nuvem que cruza o céu em busca do lugar certo, das condições ideais, do momento propício para precipitar e fazer-se chuva, busca-se estar no lugar certo, em contexto ideal para, quem sabe, viver. Da alimentação à proteção, das vantagens e benefícios ao puro e simples bem estar. Todos os detalhes contam na hora de manter-se vivo, saudável, em paz. O mundo exterior e aquele cuja mente é o seu todo são semelhantes nas ofertas, positivas e negativas. São tantas opções, são tantas cores, sabores, tantos desejos e tanto chove e não molha que a árvore chega a ficar confusa. Por isso é sempre bom escolher bem onde plantar o seu pé de bergamota, pois você não vai querer, nunca, perder de vista as folhas verdes da árvore. Ah sim, e as bergamotas alaranjadas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dias vão, foram


Os dias, marca determinística de tempo, passam e levam consigo acontecimentos, sentimentos e emoções que serão lembrados sempre, ocasionalmente ou cairão no esquecimento, não deixando de existir, necessariamente, por isso. Aconteceu, é fato, faz parte da história, mesmo que seja a gigantesca que descreve tudo e todos de um mundo onde não há número determinístico de páginas de história contada, vivida, presenciada ou não. Pessoas passam por você na rua, passam pela sua história. E são muitas, a maioria. Algumas, poucas, conseguem deixar algum registro, alguma lembrança, ou ficam por tempo, determinado ou não, na sua história. Porém, passa tempo, definido por dias ou contagem maior, e o espaço, sendo esse aumentado ou diminuído, e uma, tão somente, pessoa consegue fazer algo mais do que passar ou permanecer. Sem presença, apenas palavras escritas que fazem o que dias nublados, quase que completamente, impediam. Um sorriso sem motivo, sob a chuva que caía, para ninguém ver.

Não importa a possibilidade de presença, não importa a quantidade e nem o que pode acontecer. Saber que está por perto faz com que coisas estranhas, como o sol brilhar em um dia de chuva torrencial, tornem-se menos impossíveis.

*Uma grande enchente, 
de loucura ou simples alegria por um pequeno motivo de uma grande verdade, 
tomou conta de mim. 
Novamente.