terça-feira, 29 de junho de 2010

O vazio de viver e só


O vento lá fora faz barulhos semelhantes aos uivos dos lobos. Sei que a culpa não é dele, vento, pois não faz barulho, é discreto, solitário. Ah sim, aquela fresta da janela que não consigo fechar. Por sua causa ouço ruídos de alguém que não faz ruídos. As leis da Física podem explicar por que pequenas frestas geram tantos ruídos, não eu. Não vem ao caso. Decido parar de escutar essa barulheira do mudo vento e saio de casa. Caminho sozinho pelas ruas desertas da capital. Inacreditável mas real. Não por ser feriado, por alguma greve ou bobagem semelhante. Ninguém está presente na rua porque o vento, novamente ele, é forte, é consistente e, mesmo solitário, é decidido e voraz. Ninguém quer estragar o cabelo, a roupa, deixar que ciscos entrem em seus olhos, ninguém quer, exceto eu. Pouco importa a mim o que importa aos outros, meu corpo é apenas corpo. Pouco importa também que o vento leve o meu calor consigo, dissipando-o e esparramando-o até que não haja mais vestígio do calor que antes era meu. Insisto, pouco importa-me não ter mais o calor que meu próprio corpo, com o qual também pouco importo-me nesse momento, gerou. Quando percebi, havia levado além do meu calor, parte importante da minha felicidade, sem que eu pudesse vivê-la concretamente. Mas sei que o vento não tem culpa. Pouco importa a chuva iminente, o vento cada vez mais vigoroso, o cansaço cada vez maior. Pouco importa-me eu, no meu caminho inconstante, nos meus aprendizados inúteis, em mais uma tristeza velada e enterrada, em todas as lições reaprendidas seguidamente e sem necessidade. Sem importar-me com coisa alguma, luto contra o vento que nem sabe que existo, mas que levou parte de mim. Sem forças, luto contra mim, contra meu passado enterrado, contra mais uma dor que tira de mim o sorriso, a força, a vontade e, céus, a espontaneidade. Não sei por que o vento não leva, ao invés do meu calor, o meu coração, uma vez que não sei por que ainda o guardo.

domingo, 27 de junho de 2010

Histórias do Billi J. - Todos os caminhos levam à Roma. Ou melhor, à porrada.



Mais uma vez relembrando os velhos tempos de criança do Billi J., paramos no ano de mil novecentos e lá vai cacetada, em um dos maiores escândalos de arbitragem da história do futebol.

Era um torneio inter-série do colégio onde o Billi J., na época com 7 anos, estudava. Só que, como vocês bem sabem, o Billi J. nunca foi um grande futebolista, embora volta e meia acertava uma bola no ângulo do portão de sua casa. Só que treino é treino e jogo é jogo, em uma linguagem bem futebolística. Pois é, dada uma certa falta de habilidade, que só seria desenvolvida anos depois, e também falta de massa tamanho, uma vez que o Billi J. era baixo, franzino e usava óculos, o Billi J. foi escalado para apitar o jogo que decidiria qual das equipes da sua sala disputaria o campeonato.

O Billi J. gostava de futebol, mas não entendia muito as regras. Também a sua falta de tamanho seria prejudicial já que seus colegas eram todos maiores do que ele. Outra questão levantada foi o porquê de o professor de educação física ou a professora da turma não terem apitado o jogo. Dias depois surgiram boatos de que os dois tinham um caso, mesmo que ambos fossem casados, fato que foi confirmado após outros dias, gerando uma confusão na cabeça dos alunos, já que o filho da professora era colega do Billi J.. Sem mais enrolação, o Billi J. pediu para sua mãe pintar faixas verticais finas em uma camisa branca velha, recortou, pintou e montou cartões, até colocou as... bom, chuteiras não porque o torneio era de futebol de salão.

E aí? O dia chegou e o primeiro jogo seria qual? Exato, o apitado pelo Billi J.. Então as arquibancadas estavam lotadas já que a lista de presença só era passada depois do quinto jogo. Todos estavam lá para assistir ao jogo, pensou o Billi J., então ele teria de ser um bom árbitro.

Passou tempo e tal, Billi J. apitou e o jogo começou. Menos de três segundos e um dos jogadores do time com os coletes pretos deu um chute na canela de um adversário. Falta bem marcada pelo Billi J. e cartão... opa, muita reclamação por parte do time de colete preto, que faz pressão severa sobre o árbitro nanico. Os narradores da rádio do colégio já comentavam "esse árbitro não tem o controle do jogo". Pobre Billi J., esse era o começo apenas.

Cartão confirmado pelo fato de a maior pressão exercida ter sido a do time que jogava sem camisa. Jogo continou e a pancadaria comeu solta. Mas também burra a professora que separou os times de acordo com as 'gangues' da sala. Ah, vocês sabem, crianças querem mais é montar gangue, pegar um pedaço de pau e fazer de conta que é uma arma, ter um cumprimento secreto enfim, coisas desse tipo. O pau comeu solto no jogo, era chute para lá, soco para cá e o Billi J. marcando, ou tentando marcar o que desse.

Bola chutada, goleiro segura em cima da linha, jogador do time que chutou a bola dá um soco no Billi J que aponta para o centro da quadra, é gol. O comentarista da rádio aos berros "esse juiz precisa de óculos", ao passo que uma colega do Billi J. respondeu ao comentarista "ele precisa mesmo de óculos, não deixaram ele apitar com os seus".

E mais quatro gols ilegais foram assinalados, sendo dois marcados com as duas mãos, como em jogada de basquete. Dois gols legais foram mal anulados, escanteios revertidos em tiro de meta, e vice-versa. Tudo pela pressão que os grandalhões dos colegas do Billi J. exerciam. E nem um professor fazia coisa alguma. Eles até fizeram um bolão "quem baterá mais no juiz?", mas esse foi anulado por empate técnico, pois o Billi J. apanhou parelho, dos dois lados.

A sua escalação como árbitro indicava que seria algo complicado demais. Só que o Billi J. não pensou que fosse apanhar tanto. Jogadores de ambos os times acertavam socos e pontapés no Billi J. sem bola. A situação dele só piorou quando resolveu expulsar um jogador por repetidas faltas, uma vez que este já tinha cartão amarelo. Aí o Billi J. foi pressionado e cancelou o cartão. Aí depois confirmou. Cancelou, confirmou, e por aí vai.

Ninguém até hoje, nem mesmo os repórteres que estavam fazendo a transmissão para a rádio do colégio sabem dizer se o tal jogador foi expulso mesmo. Nem sabem dizer de qual dos dois times era.Também não sabem por que alguns torcedores, de séries mais avançadas, entraram em quadra para ajudar a bater no Billi J. E sequer sabem dizer como foi que o Billi J. arrumou carona quando jogadores dos dois times se uniram e correram atrás dele para bater-no mais.

O Billi J. decidiu que aposentaria seu api... bom, apito, só que o apito do Billi J. sumiu no tumulto. Decidiu também que jamais praticaria algum esporte que não fosse o xadrez. Claro, depois de duas ou três semanas para recuperar-se dos machucados.

sábado, 26 de junho de 2010

Frase e pergunta do dia:



Em certos momentos só existem duas maneiras de entender uma frase: 
eu entendo o que eu quero entender 
ou entendo o que a pessoa quis dizer. 

A pergunta que surge é: 
a pessoa quis dizer o que eu quis escutar?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Questão de esclarecimento. Ou mais uma embaralhada.


Antes de mais nada, eu não queria escrever isso aqui. Mas eu vou escrever. Escrevi, pronto. Não leia isso, leia outros textos, não esse.

Eu teria inspiração para escrever mais uns dez ou doze(10 ou 12) textos do tipo de alguns parágrafos ditos textos que postei há alguns dias atrás. Só que, sério, eu não aguento mais reler esse tipo de coisa que escrevo. Não aguento porque é muita enrolação, é muita subjetividade, muita coisa insana saída de uma cabeça... bom, é um retrato da minha situação presente, mas não quer dizer que eu deva extravasar isso sempre. Pelo menos não aqui. Pelo menos não daquele jeito.

Queria que fosse mais simples. Não só a escrita. O tempo, os pensamentos, sonhos e toda imaginação que parte de uma realidade inexistente, infelizmente. Curioso não é porque não desperta curiosidade, ânsia na busca por uma resposta que, sinceramente, não deve existir. Perdi o rumo, as palavras, a ação aqui em frente a esse emaranhado de letras do meu teclado. Perdi tão facilmente por algumas palavras que soltas e não muito claras voam nessa coisa que chamam de monitor. Alguns poetas mais empolgados a chamariam de portão do paraíso, ou algo do tipo. Pois é, eu chamo, também, de monitor do computador. Tá bom assim? Consegui ser bem claro, nem um pouco subjetivo?

E é por aí. Por lá. Aqui. Não sei onde está. Que a ventania que quase levou-me embora enquanto voltava para cá leve também essas rimas bobas de poetas tão bobos quanto eu. Inspirados, apaixonados ou iludidos, tanto faz. Poetas são poetas e essa frase é desnecessária, também, porque o que é, é. Não e vocês sabem que é verdade quando digo que nem tudo o que é, é de fato. Por si só ou acompanhado. Variáveis instáveis que hora são algo, outrora são algum e outrora deixam de ser algo ou algum que talvez algum dia tenham sido.

Subjetividade, baaaaaaaah, isso cansa. Até escreveria mais, entretanto não quero reescrever que a insanidade bate à mente e tira a concentração durante boa parte do meu dia. E por um motivo que age de maneira tão estranha quanto encantadora.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Histórias do Bandiolo - Um olhar, uma intenção. Várias vezes.



Entrei no ônibus que vai para a universidade e sentei na última fila, naquela em que ao invés de um ou dois, são cinco assentos. Sentei no do meio, uma vez que o ônibus estava quase vazio. Parada vai, chega e passa, só havia dois lugares no ônibus. Adivinhem onde? Sim, um à minha esquerda e outro à direita. Pois então, do meu lado direito, sentou um gordinho. Nada contra os gordinhos, mas aquele tinha cara de quem fazia coisas ditas 'gordisse' ou 'gordice'. Tranquilo, o gordinho pegou os fones de ouvido, começou a ouvir o seu Guns em um nível no qual todos do ônibus poderiam escutar e assim o ônibus foi. Na parada seguinte começou essa história.

(Os acontecimentos à seguir ocorreram entre 08:11 e 08:17)
Subiu apenas um sujeito. Alto, musculoso, loiro. Típico delírio das mulheres, mas só daquelas que não sabem que o cara toma bomba para ter aqueles músculos. Esse cara sentou ao meu lado, não sem antes receber um olhar do gordinho, daqueles olhares que querem dizer "aiaiai, bombadão, deve ser gay". A interpretação disso se dá porque o gordinho tinha uma cara de nerd, e vocês sabem bem que os nerds acham que todo homem que não é nerd, ou melhor, todo homem que tem mais músculos do que eles(ou seja, todo homem mesmo), é gay. Em contrapartida, o bombadão percebeu que o gordinho tinha olhado para ele e então soltou um olhar de quem diz "tá com inveja né seu pançudo, comeu bacon no café da manhã?".

Não parou por aí. O gordinho então, como resposta à palavra dita no olhar do bombadão, aproveitou-se de uma lombada passada pelo ônibus para inclinar a cabeça para frente e soltar um olhar de "garanto que o meu bacon é mais saboroso que o seu ovo cru com bomba para cavalo". Ah, mas o bombadão não parou por aí, como quem faz de conta que procura algo na mochila, ele olhou para o gordinho de canto de olho como quem diz "eu tomo bomba mas pelo menos eu pego qualquer mulher que entrar nesse ônibus.

(Os acontecimentos seguintes ocorreram entre 08:18 e 08:23)

Então o gordinho ficou irado, tanto que baixou o som da música e até guardou o celular, como quem procura alguma prova, na mochila, para mostrar que o bombadão estava errado. Nisso o sujeito que estava ao lado dele desce e uma loira, com um metro e sessenta e três de altura, quarenta e oito quilos, corpo escultural, senta ao seu lado. Aí o gordinho não deixou por menos e, com um olhar de canto de olho direcionou ao bombadão alguma coisa do tipo "duvida que eu consigo o celular dessa loira?". O bombadão percebeu que o gordinho queria guerra e retrucou o olhar com um "eu duvido, ela é gostosa demais para dar o celular para um gordinho". O gordinho então usou sua nerdisse e perguntou à loira:

-Não estou encontrando meu celular, poderia ligar para meu número para ver se eu o deixei cair ou o esqueci em casa?

Maldito pança de hipopótamo, pensou e quase sussurrou o bombadão. De fato o gordinho conseguiu o telefone da loira, pois ela o ligou. Mas ele, o gordinho, sabia que não tinha coragem para ligar para uma loira daquelas e ouvir um fora daqueles bem grandes.

O clima ficou calmo, o bombadão havia perdido a disputa, mesmo sabendo que aquilo era improvável demais para se tornar realidade mesmo e o gordinho, numa gordisse sem igual vangloriava-se, sussurrando Gloria Gaynor. Ah não, aquilo pedia uma resposta imediata, pensou o bombadão.

(Os acontecimentos a seguir ocorrem entre 08:27 e 08:31)

O bombadão movimentava levemente a cabeça, para frente e para trás, para ver o gordinho e sua gordisse sussurrada. Eu, ao ver que ele tentava ver o gordo,movimentava a minha cabeça em sentido contrário, pois começava a gostar daquela briga visual, embora estivesse desconfortável sentar entre um gordo e um bombadão. O dito cujo, bombadão, resolveu que a próxima parada seria a hora de recomeçar a luta, perdera a luta, não a guerra.

Parada veio e foi, deixando a loira escultural. O bombadão então inclinou a cabeça para o lado do gordinho, ou seja, na minha frente, como quem olha uma loja que havia do outro lado da rua. Na volta desse pretexto mentiroso, ele olhou para o gordo como quem diz "nerd burro, acha que vai mesmo conseguir alguma coisa com aquela loira". O gordinho retrucou no mesmo instante com um olhar "e você acha que consegue mais do que eu, seu semi-analfabeto". O bombadão, ainda com a cabeça inclinada para o lado mandou um olhar de "posso ser semi-analfabeto, mas pelo menos não sou um gordo sedentário que fica sentado na frente de um computador o dia inteiro, olhando videos no youtube, twittando e jogando counter strike".

Nesse instante um clima de guerra fria foi sentida no ônibus. Pelo menos eu senti essa guerra anunciada. O twitter e o counter strike haviam despertado no gordo uma revolta descomunal. Talvez porque fosse um pouco verdade. Talvez porque fosse muito verdade. Talvez porque fosse a verdade. Não sei, acontece que...

(Os acontecimentos a seguir ocorreram entre 08:32 e 08:35)

O gordinho buscava uma resposta para aquele insulto, aquela agressão, buscou no seu dicionário mental e então, inclinando a cabeça para baixo, como quem vai amarrar os tênis, olhou para o lado e lançou um olhar de "você é um inepto vagabundo que só fica tomando bomba e malhando, assim como o vagabundo do seu pai". O bombadão, sentido pela ofensa ao seu pai respondeu "sou desejado pelas mulheres e você não é desejado nem pelos computadores e pela porca gorda da sua mãe". Aaaaaaaaaaaah não, ofendeu a mãe, pediu pra levar. O gordinho então, com muita raiva nos olhos respondeu com um olhar "a minha mãe pode ser gorda, pelo menos não é uma prostituta como a sua".

Um clima de guerra nuclear havia surgido e eu comecei a temer pela minha própria vida e, claro, pela minha própria mãe. Então...

(Os acontecimentos a seguir ocorreram entre 08:36 e 08:38)

Não havia outra coisa a acontecer. A troca de olhares começou a dizer muito menos do que dizia. Felizmente os palavrões diminuíram, mas a raiva e as ofensas não. O gordinho olhou e nada disse. O bombadão, idem. O bombadão, segundos depois, olhou novamente sem dizer nada e essa foi a brecha para o gordinho...

(Os acontecimentos à seguir ocorreram entre 08:39 e 08:46, ou próximo disso)

...recomeçar a troca de olhares ofensivas. Para não ficar muito chato, retratarei aqui como um diálogo, mas que fique claro que foi dito apenas através de olhares isto aqui:
-Idiota.
-Nerd.
-Você toma anabolizante para cavalos.
-Você é um gordo que come hambúrguer todo dia.
-Você é um burro que não sabe o valor de Pi.
-Você é um gordo que não tem amigos.
-Você só tem amigos bombados e burros como você.
-Pelo menos eu tenho amigos, nerd cdf que fica chupando hardware.
-Pelo menos eu não serei estéril por tomar anabolizantes.
-Mesmo não sendo estéril você não terá filhos.
-Vou ter sim.
-Não vai não porque nenhuma mulher vai querer você.
-Depois da primeira palavra que você disser, nenhuma vai querer você também.
-Todas as mulheres vão querer, sim.
-Não vão não, porque você não sabe dizer 'inconstitucionalissimamente'.

Ditas mais duas ou três frases que não me recordo, entrou no ônibus um... sujeito, vestindo roupas escuras, com uma franja metade vermelha que caía sobre um olho, com um jeito todo... enfim, e o pior de tudo é que aquela coisa ouvia 'restart' em um volume audível por todos do ônibus, mesmo com todas as buzinas fazendo barulho lá fora. O gordinho e o bombadão pararam de se olhar e olharam para o sujeito.

(Os acontecimentos a seguir ocorreram entre 08:47 e 08:56)

Olhando aquele sujeito, que olhou para os dois como quem diz "parem de brigar meus lindinhos", o bombadão olhou para o gordinho como quem diz "até que deve ser legal ser um nerd gordo. À propósito, você nem é tão gordo assim.", ao passo que o gordinho olhou para o bombadão como quem responde "você faz bem em praticar esportes e, poderia me dar umas dicas de saúde".

Então não trocaram mais olhares, uma vez que perceberam que alguém os olhava. O sujeito, aquela coisa toda... enfim, que chamam de emo. E aquele emo os devorava com os olhos. Olhava para eles como quem dizia "vocês querem o meu telefone? Vocês querem alguma coisa de mim além do meu telefone, gatinhos?".

Incrível. Aquele sujeito não parava de olhar para eles e, antes que ele começasse a olhar para mim, eu desci na parada seguinte.

Não, eu não sabia discutir com olhares, então qualquer coisa que eu dissesse através de um poderia ser mal interpretada por aquela coisa, digo, aquele emo.

Logo, não sei o que aconteceu com o gordinho e nem com o bombadão, mas tenho certeza de que o emo não daria trégua para eles. Afinal, aquele emo os comia, ou queria... enfim, o emo os olhava com... é... deixa pra lá.

*baseado em observações reais

domingo, 20 de junho de 2010

Uma enchente de loucura tomou conta de mim(mais uma vez)


Vivi horas dentro de minutos. Sim, pasmem, uma grande enchente de loucura* tomou conta de mim sem que eu percebesse. Não houve noção de tempo, de espaço, de direção ou sentido. Não haviam vetores estúpidos e inúteis. Havia apenas o que era preciso. O meu dia, um sábado nublado, quase chuvoso, tedioso e com cara de gripe. O meu sábado, triste, deprimente. O meu sábado, sem noção de qualquer coisa. O meu sábado, fantástico. Eu sei, não foi nada de mais. Sete quebrado antes que se somassem mais sete. O que também não importa, eu já nem sei mais contar. Lembrando do que não foi, paranoiando bobagens simples, coisas de criança. Fantasiando e identificando um eu que não era eu, que não estava em mim, que não fazia parte da minha vida. Preciso transpor a frase pós última vírgula para o presente, sem a negação. Porque faz sim, parte da minha vida, parte de mim. Incrivelmente, um grande enchente de loucura, insana, sincera e espontânea, tomou conta do ser humano impulsivo, verdadeiro e sentimental que existe em mim. Foi como se a vida fosse irreal, como se o céu caísse sobre a minha cabeça e eu não tirasse-o mais de lá, daqui. Insisto, foi tudo isso sem ser nada. Insignificância real que destoa dos acordes da bela e deleitosa canção que algo não canta, mas sim faz vibrar. Vibrações irreais que partem de uma realidade tão alternativa quanto supervalorizada. E é mais incrível porque no que seria o fim, um nunca surgiu do meio do nada. Quando pensei ter atravessado a ponte percebo que caí no desfiladeiro enorme e bati a cabeça no chão. Eu estava próximo do céu e voltei ao chão bruscamente. Quer saber, o céu caiu mesmo sobre a minha cabeça, ou estou morto, pois nem o nunca conseguiu tirar de mim esse... isso... enfim, o que sinto agora.

Ótimo, se alguém conhecer um psiquiatra, um padre ou um vivente disso que seja inteligente e que entenda plenamente o que sinto agora, me avise. Mas se não for padre, psiquiatra ou alguém que já passou por isso, não precisa nem chamar. Obrigado.


*O título e a frase surgiram aqui, sendo fundamentais hoje.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Histórias do Billi J. - O perdão é doce como um sorvete


A infância seria a fase de maior aprendizado com os erros se as crianças tivessem a capacidade de aprender com os erros. Levando em conta que a maioria dos adultos não consegue aprender de fato com seus erros e crescer, não se pode querer que as crianças o façam. Felizmente as crianças tem essa capacidade de perdão ilimitado, de pouca lembrança das lágrimas e das decepções e sempre recomeçam as coisas de onde as fizeram parar. E o Billi J. não foi diferente, embora...

Diferente de tantos outros dias, o Billi J., então com uns 8 anos, foi bem recebido na escola. Seus colegas o cumprimentaram e tudo mais, chamaram-no para brincar e correr sem responsabilidade pelos gramados imensos e vivamente verdes da escola onde cursavam... bom, uma das séries do ensino fundamental. Mas aquela recepção calorosa, contrariando o rotineiro desprezo pelo Billi J., tinha uma explicação: se a turma respondesse à uma pergunta do professor de Matemática, ele os levaria para brincar na praça da cidade. E como o Billi J. era, provavelmente, o único capaz de responder à pergunta, ele fora bajulado durante toda a manhã por seus colegas.

O Billi J. sentia-se tão bem com toda aquela atenção que demorou segundos para responder ao difícil teste proposto pelo professor. Incrível até mesmo para ele, acostumado com desafios escolares. Pois então aqui e lá, almoço, janta e felicidade e no dia seguinte o Billi J. estava novamente na escola. A recepção não fora tão boa, mas ainda recebeu uns três ou quatro cumprimentos, dentre os quais o de uma menina... enfim, vocês sabem quem acabou sendo. E pelo cumprimento dessa menina ele foi ao céus, do alto do seu metro e pouquinho de altura. Como estava feliz...

Então tá e tá, formaram duas filas, uma de meninos e outra de meninas, para irem até a praça. Só que o seu melhor amigo Borongo(insisto que não lembro o nome dele) precisaria parar na loja de seu pai para pedir o dinheiro do sorvete, porque claro, criança que não come sorvete não é criança. E o Billi J. tinha combinado de esperá-lo para que ele não tivesse de ir até o centro sozinho, longe da turma.

Passos e tá, cantos de criança para passar o tempo mais rápido, professor que manda ninguém atravessar a rua sem olhar para os dois lados, aqui e lá e o Borongo então entrou na loja do seu pai e disse 'já volto Billi". Só que o Billi J., no alto da sua inocência ouviu um "não espera ele, pensa bem Billi J., dois amigos valem mais do que um". O Billi J. pensou, pensou e pensou. Sua cabeça era tão matemática que tinha lógica aquilo. 2>1 e problemas resolvidos.

O Borongo ficou decepcionado e o Billi J., sem perceber a gravidade da escolha que fizera, seguiu seu caminho como se fosse a coisa mais certa do mundo, afinal, não havia nada de errado em seguir a matemática. Chegando na praça, o Billi J. viu sua vida voltar ao normal. Seus colegas pegavam seus óculos e enterravam, atiravam pedras nele como se ele fosse um pássaro, uma latinha vazia ou algo do gênero e tudo mais  que crianças ruins fazem com crianças inocentes, como o Billi J. . Ao ver que Borongo chegava, ele o chamou, mas ouviu um "dois amigos valem mais do que um né Billi, fica com esses dois, ou quatro, ou seis".

Aquilo doeu. E doeu muito no Billi J., embora não tivesse a consciência completa do que acabara de acontecer, de fazer, de ouvir. Não entendia como aquilo, aquela história de amizade funcionava. Seu professor de matemática ali, sentado lendo um jornal e vendo ele ser humilhado pelos colegas sem sequer pronunciar uma palavra. Seu melhor amigo não querendo lhe ajudar porque... é. E ele ter deixado seu melhor amigo por amigos que não eram seus amigos, nunca foram e nunca seriam, decidiu.

Não era raiva, não era ódio, não era nada. O Billi J. só estava triste e nem o gesto daquela menina morena, com olhos lindos, rosto de anjo e voz tão doce quanto sorvete de chocolate poderiam fazê-lo feliz.

Estava triste por não ter sido amigo de seu melhor amigo. Não adiantou pedir desculpas, ficar próximo, chamar para conversar, brincar ou estudar o comportamento das formigas que carregavam migalhas de casquinha de...

Sorvete. Comprou um e o ofereceu a Borongo, entretanto só daria-lhe se ele lhe desculpasse.

O que aconteceu? Alguém chuta?

Pois é. Os colegas deles chegaram, tomaram o sorvete do Billi J., deram uma mordida e jogaram na cabeça do Billi J.. Borongo riu e, após mais um insistente pedido de desculpas de um arrependido Billi J., disse "tá bom Billi".

Quem dera os adultos perdoassem assim como as crianças perdoam, por um sorvete ou por um sorriso. Ou pelos dois.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Incontáveis dias contados


Mais sete dias. Menos sete dias. Da ansiedade para o temor. O que teria acontecido? Nem uma palavra relacionada, nem um comentário perdido, dito sem dizer, ouvido sem intenção inicial. Nada. Em um imenso baú de dúvidas antigas, porém remodeladas e atualizadas para os dias de hoje. Mais sete dias e, literalmente, menos sete dias. De vida, vivida, ansiada e perdida. Eu não quero pensar que de sete em sete os dias passarão e eu continuarei aqui, esfregando poucas lembranças entre as mãos como se isso fosse transformar a minha ansiedade, o meu desejo, isto tudo em realidade, ou ao menos em visão. Um grande desânimo bate-me, fazendo-me sentir como se fosse um velho fraco que apanha de um jovem. Porém estou sozinho e nem ao menos sou velho. Do vento não apanho, com o corpo não movimento, com os olhos não vejo e com a mente apenas imagino. Dias e dias aqui, e perto daqui. Diretamente proporcional à distância em que tento encontrar o que me tira a concentração, o sorriso completo, a lembrança vivida e, claro, os sete dias a cada semana assim.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Frase do dia



Não se perca no passado, 
a vida é o duplo presente.



*sem muita complicação, 
afinal, 
estou mais simples do que algum dia posso ter sido

domingo, 13 de junho de 2010

Eu sei que você sabe. Eu sei que você lê.


Você sequer abre a boca e pronuncia as palavras. Você não fala comigo. Como pode então me propor um desafio? Quer que eu prove que aquilo que eu disse é verdade? Está bem, acabei de aceitar o desafio. Desafio positivo. Você não precisa dizer, consegui entender os gestos. Consegui assimilar a história. Você não precisa falar ou mostrar, eu ouço e vejo tudo o que preciso. Você é tão simples de se entender.

O cansaço me puxa para um repouso, quem sabe, tranquilo. A mente me puxa para... lugar algum. É sinal de que preciso dormir. O corpo, a mente, quem sabe até o coração. Eu, num todo, preciso de descanso, de algo que há tempos busco.

Não precisava propor. Não minto, sou sincero. E vou provar que é verdade. Ou ao menos tentarei, e muito. Porque eu quero isso. Quero esse desafio, essa nova proposta, esse vigor da luta e toda a conquista obtida como recompensa. Recompensa que não peço, mas sei que virá, de um jeito ou de outro.

Também não vou impor  condições. Sem regras, sem parágrafos únicos ou não. Você propôs, eu aceitei. Sim, está bem. Muito bem. Muito bom assim. E eu nem preciso saber tudo o que esse desafio envolve.

Quem sabe, no calor do momento, na espontaneidade do impulso eu tenha ou esteja precipitando alguma coisa. Quem sabe não deveria ser assim. Quem sabe? Você sabe. Isso é o suficiente para mim. Você sabe, e muito. Eu, nada. Nada sei e, se essa busca por saber, por conhecimento e vivência já me traz tanto, o que poderá vir quando, ao menos uma vírgula eu tiver de conhecimento?

Obrigado, de qualquer forma. Talvez eu não consiga, eu não vá longe. Mas não menti. Porque eu sinto a verdade, eu sinto essa verdade. Muito mais do que algum dia já senti outra verdade.

Entretanto preciso relembrar que eu também tenho vontades e desejos. Tenho sonhos e, quem sabe, algum sentimento todo diferente.

Está certo, você sabe do que eu estou falando. De quem estou falando.

Isso conforta meu cansaço, tira as dúvidas que estão sumidas e enterra de vez todo o passado que tanto me atrapalhava.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Histórias do Bandiolo - Tem culpa lá eu?


Afinal de contas, homem de poucos neurônios mas muitas ideias, quem manda nesta coisa que algum biólogo burro ousaria chamar de corpo? Você ainda não decidiu se é você, seja lá quem for, ou aquele que você diz que divide a sua vida com você? Você, ou é louco ou finge ser louco. Não consigo acreditar que você continua com essa fixação em uma segunda pessoa dentro de você. Se você não consegue ser você mesmo, em você, por que acha que alguém, que não é você, conseguiria ser você em você? Arrogante, não quer psiquiatras, psicólogos ou filósofos. Não quer nada nem alguém, ninguém, quem? Ele não é você, ou é. Viu só, começo a ficar confuso. Mas se você é você, ninguém mais pode ser você, na sua vida, no seu corpo, em você mesmo. Não, filmes não retratam a realidade, então acorda. O que, você já está acordado há dias? E por que não dorme? Ele tomar a sua vida para si? Não, isso não vai acontecer. Chega, eu já disse que não existe outro você de você, ou outro eu de você. Agora vai dormir vai.

Ao virar as costas para o filho, que já tinha 26 anos, o pai, que tinha 62, levou uma punhalada nas costas e morreu. Não, não foi o seu filho. Foi o outro eu dele. O eu-lírico talvez. Era ele mas não era ele, entenderam?

Pois é, acho que nem eu entenderia se não visse isso na prática. Tirando os 26 anos, o pai de 62, a punhalada e toda a paranoia semi-paranoica que... tá, chega.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Estou onde não sei o que dizer


Tantos passaram e esse é que gerou o vazio mais lamentado. Entristece saber que passou o tempo que previ e continuo pensando longinquamente, distante demais dos olhos. E de algo mais. Lamúria, lamento, sei lá mais o que. Vento frio que entra e nada derruba, nada leva ao chão, nada traz ou leva. Ele apenas passa por mim, frio, seco, puramente passageiro. Em um corte desatento, a prova de que não está aqui o que aos quatro cantos desse lugar vazio grito estar. Um grande mentiroso, um completo idiota. Merecedor dessa vaga não preenchida, por quem quer que seja, pelo que quer que seja. As ameaças não surtem efeito, a sala continua vazia, com aquele vento irônico e frio que passa por mim e leva o meu calor, leva as minhas palavras, leva a minha vontade, leva o meu...

Não é o fim. Sempre digo, muitas vezes incoerente com a realidade que, passa o tempo, o vento e todo lamento, acaba sendo igual às minhas palavras, presente no todo que o sempre mente possuir, e real. Tanto quanto a razão de ser de frases escritas, jogadas para fora com raiva. De si, do muito possível e do nada concreto, do sempre mentiroso e nunca tão abrangente quanto parece e de pensamentos, planejados ou... sonhados.

Devo estar ficando maluco, louco, pirado, doido, insano. Há tempos não sentia tanto por isso.  E ainda penso estar acostumado. O problema é que, ao que isso e aquilo indicam, eu estou errado. O termo não é maluco. Nem doido. É...

É, por enquanto ele apenas é.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Histórias de bergamota(13)


Olhou para um lado, olhou para o outro. De um lado um carro, do outro um touro. Olhou para um lado, olhou para o outro. Pensando bem alto, feito um bobão. Olhou para um lado e depois para o outro. Primeiro a esquerda, segundo a direita. Primeiro um lado, depois o outro. Do lado esquerdo o touro não saía. Do lado direito o carro tremia. De um lado pro outro, do outro pra um, esquerda direita, cima baixo... tá tá tá, parou por aqui.

Parou com aquela frescura, colheu algumas bergamotas e voltou para seu carro. E seguiu seu caminho, comendo bergamota enquanto dirigia, quase arrancando a cabeça do touro que pastava com a dita cuja fora da cerca.

Ah, como é difícil essa vida de comedor de bergamota!



*esse texto surgiu enquanto a música citada tocava

domingo, 6 de junho de 2010

Antes alguma coisa à você no chão


Escolha razões, motivos, lembranças e fatos. Faça isso enquanto bebe café com leite e bolachas de água e sal. Selecione o que eu já disse e comece a dar pesos diferentes para cada uma em cada ramo desse pensamento. Você define critérios, o que importa mais ou não importa, o que importa menos ou importa de verdade. Pensa, lembra, pede ajuda a alguém. E no fim, constata e...

Comete injustiça. Você fez um julgamento e jamais lembrará de tudo. O que há de injusto nisso? Você está bebendo café, então acorda de uma vez. Pensa bem, quais lembranças vêm primeiro à mente? Não são as lágrimas que contam mais? A raiva, o rancor e toda aquela porcaria que você insiste em guardar no seu seleto espaço de lembranças. Vai dizer que não lembrou das coisas ruins antes de lembrar das boas? Vai dizer que o mais pesado não foi colocado primeiro na balança? Vai lá, admite que eu estou certo ou se mostre um ou uma anormal.

Esperarei pelos anormais. Mas só porque aprendi a ser um.

Não por pesar primeiro as coisas boas, menos pesadas e depois as coisas ruins. Não. Anormal por deixar de lado julgamento de pessoas, ambientes com ou sem pessoas, e locais, com e sem pessoas. Anormal mesmo, daquelas coisas bizarras que você só vê em programas sensacionalistas de emissoras de televisão que são patrocinadas por sites de venda e novos produtos inúteis mas que vendem muito quando são lançados apenas por serem novidades inúteis.

Não é? Não, eu já disse, você está bebendo café, por que ainda não acordou? Eu não estava mais falando sobre os produtos de emissoras (ronc) que... ah sim, acordar para a vida. Vida? Vida não, café. Viu só o que você fez, boba. Você me faz perder o raciocínio. E tudo porque? Porque eu não tenho más lembranças de você. Nem de você nem de ninguém. E nada de 20 e poucos anos aqui, porque nenhum de nós os possui. Chega de carregar pesos em costas doloridas por cadeiras duras que escolas e universidades disponibilizam. Por si só é ruim, imagine quando você pensa e suas costas doem no pensamento. Imagine não, pense e sinta essa dor. Progressiva, silenciosa e que quando torna-se insustentável, você cai e chora arrependida por não ter pedido ajuda, por não ter sido ajudado(a) ou mesmo por não ter aceitado ajuda.

Deixa de lado essa rotina de achar que tudo pode-se em si, sendo que a origem da força é deixada de lado. Você não pode esquecer dessa força. Você não precisa carregar o peso dessas mágoas. Afinal, as mulheres não gostam que a balança indique muito peso, não é? E você também não precisa julgar ninguém, contar e medir pesos leves e pesados para então decidir que atitude tomar. Que tal fechar os olhos, já que o café não adiantou mesmo, e deixar que aquela força que você tanto deixa de lado te guie.

Essa força pode ser o amor. A amizade. A confiança. O reconhecimento pelo que já se recebeu. Pode ser Deus. No fim, é tudo farinha do mesmo saco. Ou café do mesmo bule.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Reflexões de um maluco(10)


A síndrome de perdedor é passado. Recente, próximo e por vezes presente através de lembranças ainda intensamente vivas. Porém é, sim, passado. Página virada de um livro que eu, olhando hoje para trás, não gostaria de ter escrito com as palavras que modelaram o talvez mais triste livro que eu, ou alguém, poderia escrever. Passado. Tão legal perceber que estou em uma constante indefinida, uma variável em módulo, ou seja, importa apenas o positivo, o para cima, o exponencial par. Ter recebido uma indireta desnecessária para facilitar a evolução demonstrada em frases curtas foi, no mínimo, interessante. Aconteceria de qualquer jeito, mas foi facilitado, e muito. Obrigado a você, pequena pessoa que tantos extremos racionais colocou na minha cabeça, indiretamente dando-me o direito de centralizar a responsabilidade por um jogo onde você era apenas reserva. Estranho, interessante, produtivo. Voltei e reescrevi uma página de um livro que foi fechado e guardado, sem publicação, embora esta fosse capaz de fazer sucesso. Quem sabe você venha a fazer parte da história continua, deixando de lado de uma vez por toda esses anexos que só servem para desviar a atenção do livro em si.

Com humildade digo que tive uma atitude grande, humilde de fato. Nunca duvidei ser capaz disso.Talvez tenha duvidado que você receberia aquelas minhas palavras. Um tanto quanto desconexas, provavelmente, mas sinceras. Legal, um nó a menos para desatar.

O bom é que a síndrome se foi. Hoje tive plena certeza disso.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Histórias de uma vida não vivida(21)


*Como indescritível é aquilo que faz a língua enrolar, a garganta gaguejar e as frases subjetivar sem objetivo, hoje, algum ontem e por aí vai, estão sendo dias de não confuso, de sim incluso em alguma cláusula quase invisível e de descrição boba, infantil. Sem nada definido, sem imaginação, muito menos conclusão. Porque não há nada, provavelmente nunca haverá nada em um lugar que não existe, um sonho que ninguém sonhou, uma palavra que ninguém quer dizer, uma vontade que ninguém quer expressar. Felizmente isso não tira esse não mentiroso que tanta alegria tem me trazido.

Queria dizer muito mais do que te disse. Falando nisso, eu disse alguma coisa? Não lembro. Ah, sim, pedi desculpas por algo que não fiz, só para não deixá-la sozinha como culpada em uma situação da qual nem você e muito menos eu temos culpa. Quem aponta o dedo e com ele empurra críticas sobre alguma coisa não sabe de nada. Você não fez nada. Você é assim, diferente. Bem diferente. E isso lhe torna ainda mais especial.

Pouco importa se você me chama de coisas que as pessoas consideram ofensivas. Até eu considero, mas não vindas de você. Porque você me xinga, me chama de idiota, de grosso e até de monstro, mas sem maldade alguma. Você sente raiva de mim. Não, você diz sentir raiva de mim. Eu olho nos seus olhos e vejo que não há maldade, não há raiva, não há remorso ou qualquer outro sentimento ruim. Da boca para fora e até isso é exagero. Você diz porque... ainda não consigo entender ao certo a razão.

Deixei em aberto, após pouco falar, uma possível explicação. De alguma coisa que nem lembro mais o que poderia ter sido se eu tivesse dito. Curiosidade é razão para ansiedade e busca por um novo dia, no meio de um grande plural, por motivos, por vezes, invisíveis. Apenas uma vez no meio de tantas e tantas possibilidades, de tantos novos dias. No quase fim de um meio bem definido de sete em sete.

Perdi as palavras que poderia transcrever além das que escrevi dizendo sem conseguir dizer muita coisa. Sério, você me faz esquecer muita coisa. Disso você não sabe, talvez nunca saberá. Não importa. Se a grande escada para a felicidade passa pelo caminho que se escolhe e por tudo o que ele possui, você está no meu caminho. E não quero pensar em quanto tempo continuará, uma vez que não vivo o amanhã. Entretanto, admito que penso no próximo pós-sete. Penso muito. Até ensaiaria algo para explicar algumas coisas mas não, que seja como tem sido, espontâneo, impulsivo, momentâneo.

Momentaneamente prazeroso. Seja lá o que for, como for, por quanto tempo for ou puder ser. Sem sonho algum. Porque você me faz pensar na realidade. Um antes, no amanhã. Um depois, no ontem e no amanhã pós-seis. Tão confuso quanto específico. Queria poder entender você melhor, o que pensa, o que acontece na sua vida. Apenas queria, pois não tenho mais do que alguns poucos minutos para conversar com você. Ainda por cima você insiste em implicar comigo, por alguma coisa ou por nada. Critica-me paranoiando uma feiúra que não possui quando deveria ter visto o quanto esse olhar suave e digno de elogios acaba sendo observado por esses olhos humanos que possuo.

Por você, por mim, por alguma coisa a mais ou a  menos. Sim, posso dizer que você me confunde, também.