terça-feira, 16 de abril de 2013

Pedaços de um pensamento (75)

Isso vai incomodar. Sim, muito. Sim, por bastante tempo. Também, porque acaba maltratando um orgulho que, por estar enraizado, acaba maltratando a mim. Incontáveis serão os dias e as vezes em que a minha alegria ficará retida para evitar que um pouco de raiva, um tanto de decepção e um bocado de sentimento de injustiça - aqui vale deixar claro que não estou dizendo ser essa uma injustiça verdadeira, apenas sentimental - venham à tona e estraguem sorrisos, abraços e o brilho de uma luz.

É sim inegável o quanto isso perturba e mais ainda o porquê.

Orgulho, no sentido mais podre, egoísta e íntimo que possa existir, sempre que ferido ataca, tenta derrubar, destruir, luta para tirar a paz, a felicidade, para destruir as fontes externas disso. A saída é reconhecer-se fraco, incapaz de lutar sozinho e pedir Ajuda.

Tantos diálogos que jamais chegarão perto de sequer começarem. Tantas frases diretas, sinceras e, na solidão, espontâneas. Palavras que, caso viessem a ser ditas, derrubariam do céu o par de asas que tanto mostra ser possível a liberdade no sentir, no viver, no sonhar. Essa seria uma injustiça. O erro de quem não se dá conta do quanto o orgulho é ruim para si é pensar que essas palavras - que em vidas que não a minha existiriam por outros motivos, também - apenas ferem o exterior.

O próprio coração daquele que é levado pelo orgulho é golpeado violentamente pois onde impera o orgulho ausenta-se a humildade. Onde não há humildade também não há caridade.

E onde não há caridade, não há liberdade de amor. Não há Deus.

É irônico, no mínimo, pensar nisso tudo como uma punição. Chega a ser engraçado dar-se conta de que tanto quanto foi errado hoje tem-se diante dos olhos, atrás do presente, algo que assombra mais do que qualquer lembrança pessoal, íntima e dolorosa.

Faz sentido entender, como consequência e, então, porque estamos aqui, no presente, que a grande cartada - que provavelmente será a final - deve ser jogada nisso tudo como a grande estratégia para vencer ao menos a pior das partes dele, o chato, teimoso e miserável orgulho.

Que luta há em meu coração, cansado de tanto tentar sem conseguir.

O que motivará esse confronto definitivo está por trás daquilo que é fonte de forças para querer que tudo isso acabe. E lá, no passado, haverá de ficar. Sepultado com tantas outras misérias que foram vencidas com esforço e sacrifício.

Assim com essas, aquela grande miséria, alimento de orgulho, será vencida com o tempo. Com Ajuda. Com a Verdade. Com a Humildade. 

Com o Amor.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ecos da sinceridade - O sentimento


Estou exausto, suado e mentalmente desgastado mas não posso esperar para escrever.

Enquanto caminhava, com o corpo quente por causa do futebol e sendo lentamente resfriado pela chuva - e olha que, nessa parte do dia, meu guarda chuvas estava bem seguro na mão direita - muito veio ao pensamento e, entre indas e vindas do mesmo, uma certeza, muitas maneiras de dizer e... a sensação de que só escrevendo conseguiria transcrever tudo o que, de alguma forma, aperta desde às 7 horas da manhã meu agora ofegante peito.

Toda poética de gritos, gemidos e palavras vindas de uma banalização boba e superficial de sentimento é desprezível quando há, de fato, sentimento. E não há palavra bem encaixada em frase rimada e, geralmente, em uma ode que possa superar a boa - e, no meu caso, velha - sinceridade.

Por mais que esteja brincando, mesmo, quando elevo quem sou a um patamar indiscutível - lembrando que essas palavras são sempre seguidas por uma verdade que torna todo o resto uma ironia e, portanto, uma grande piada - não há como deixar de perceber que há confiança onde antes havia autoflagelo, abastecido por uma torrente de pensamentos miseráveis e masoquistas. Além da confiança, há também uma tranquilidade que existe não só pelo compromisso em si mas, da mesma forma, e principalmente, por acreditar inteiramente que não existe pessoa que possa causar essa mesma... esse mesmo tudo.

Porque tranquilidade, confiança e as ainda não citadas alegria, espontaneidade, vontade de sonhar e de acreditar, e a preocupação gigante, e diferente de todas as outras, para com alguém - o que, para alguém que sempre sentiu felicidade por poder ajudar ou, de alguma forma, cuidar, é algo maravilhoso - são parte de um tudo que é, sem exagero, uma mudança notável e perceptível em alguém que parecia - e os textos escritos tempos atrás são prova clara e manifesta disso - não ter mais capacidade, força e vontade, de crescer e voltar a viver com intensidade.

Isso é um fato. Faltava vontade, desejo, sede de mudança, de crescimento, de viver, de achar intensidade nos detalhes, nos gostos e, evidentemente, nos sorrisos, abraços e palavras. É bom deixar claro que Alguém tentou, com teimosia inacreditável, durante esses quase dois anos de profunda inércia, de todas as formas fazer com que voltasse a ter um coração de carne - deixando de lado a pedra inútil e sedimentar em que havia transformado-se. Em Sua infinita bondade, persistiu e, por fim, achou um jeito de dar vida ao que agonizava. De dar alegria, vontade, desejo e verdade ao que parecia ser um poço sem fim de indiferença. Essa crescia e diminuía porém continuava, de certa forma, sendo uma constante dominadora que impedia toda e qualquer mudança - para melhor.

Então Ele colocou você, definitivamente. Não é por gratidão, uma vez que o sentimento que originou essa renovação em mim surgiu, foi crescendo e existe por você. A gratidão está embutida, apenas, em coisas maiores. Quando cansado, exausto, irritado ou mesmo orgulhoso - com isso os piores dias vem - encontro em palavras, imagem, e agora também lembranças, força para não desistir. Hesitei tantas vezes por não querer estragar tudo, sufocando com minha insegurança e amassando com minha ansiedade. Retirei-me diversas vezes por perceber que não conseguiria superar as limitações naquele momento.

Seu sorriso, sua voz, seu toque, as lembranças que você deixou em mim. E que continua deixando. Me preocupo com você mais do que comigo mesmo. Tanto que o sono tornou-se detalhe. Minhas palavras, mesmo que ainda escassas, são suas porque meu sentimento é seu. Passei a acreditar, humanamente também, em algo muito mais profundo do que simplesmente a burocracia de papeis exercidos em sonhos rasos e vagos. Tento, de todas as formas, controlar minha insegurança que ainda insiste em dizer que sou um fracasso e estou estragando o que existe.

Não espero, de forma alguma, uma resposta. Não tenho pressa em ouvir o que já sinto vontade de dizer todos os dias. Tampouco me falta maturidade para acreditar que uma empolgação já é a melhor coisa do mundo. Porque, estranhamente, não estou empolgado porque... não estou ansiando nada.

O que desejei é presente. Você é um presente melhor do que poderia imaginar. Não há porque me empolgar com uma possibilidade pois ela é real. É a minha realidade. Você faz parte do meu presente e estou seguro para dizer que fará parte de todo meu futuro. Por tantos lugares passei e tantos sentimentos brotaram, morreram, existiram, foram alimentados ou envenenados. Nada parecido com isso. Por mais que pareça ser pouco tempo, por mais que pareça ser precipitado, não há exagero ou ansiedade motivando minhas palavras.

Quando canto, desafinadamente, que você salvou minha vida, não existe banalização alguma. Tampouco quando declaro o que sinto. Não existe explicação sensata para isso. Para o tempo, o espaço, os motivos que levaram, o que originou. Nada disso é racional, nada disso é sensato porque o Criador, em sua infinita inteligência, nos fez seres de emoção, dotados de um senso moral que, no fundo, não passa daquilo que vem Dele e que, com razão, nos difere de todos os outros seres: humanidade. Sentimentos são a prova de que seres humanos são diferenciados de todo o resto por sua humanidade, pelo amor em suas mais diversas formas.

Você é simpática, inteligente, engraçada, espontânea, linda e, acima disso, única. E a única coisa que penso poder oferecer, além de tudo o que meu papel me faz dever e querer oferecer, é uma verdade, espontânea, real, presente.

Há anos acredito que o que há de melhor em mim é a sinceridade então, com toda sinceridade que existe em meu coração, e em minha mente, eu te amo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pedaços de um pensamento (74)


Quis, por muito tempo, voltar a um estado onde qualquer sentimento era transformado em palavra, qualquer imagem era transformada em frase e qualquer sentimento originava um parágrafo, ou mesmo um texto. Quis, de verdade, voltar a transcrever com sinceridade e espontaneidade tudo o que estava acontecendo embora, reconhecendo a mudança de situação momentânea para uma completamente diferente, aceitasse o fato de não conseguir mais ter parte de mim tão presente, pois dava a esse pedaço de papel virtual - e consequentemente ao verbo escrever - uma importância significativa em uma personalidade ainda indefinida.

O que era, ficou. Deixei de querer voltar àqueles fragmentos, por vezes surtados, de espontaneidade e sinceridade - essa, vista hoje, um tanto superficial (embora verdadeira) - por perceber que isso morreu, esse hábito, essa prática, esse gosto e, enfim, essa coisa toda de trazer a realidade, de forma inconclusiva e confusa - na maioria das vezes - faz parte do passado. O gosto pelo verbo escrever continua, com uma alteração significativa no produto final: profundidade.

Dizer que não foi nada é, de alguma forma, cuspir em um prato no qual saboreei uma deliciosa lasanha. Acontece que, e isso explica o porquê de ter chamado de rasa a sinceridade no parágrafo anterior, o passado fica gravado na memória, faz parte da história mas quando é assim, o certo a fazer é deixá-lo morrer. Assim como a origem de boa parte dos meus escritos espontâneos - e, confesso, bonitos - o transcrever toda realidade e imaginação para cá também é passado. Agonizante passado.

Que precisa descansar em paz na história, no ontem, e penso que há algumas semanas o tenho deixado apodrecer embaixo da terra. Deixar morrer não é renegar o que aconteceu ou insinuar que, nesse caso, trazer a vida e a imaginação para cá sempre fora um erro. Jamais. Acontece que isso passou. Esse hábito precisa morrer para que novidades surjam e, quem sabe, até mesmo consiga levar minhas palavras a um nível mais significativo aos olhos dos outros - uma vez que considero que apenas os meus conseguem ver algum sentido nisso tudo.

Deixar aquela ideia de voltar ao passado, no escrever, é deixar também - e definitivamente - a origem de grande parte disso. De maneira alguma é sensato pensar que, desde aquele tempo, tudo gira em torno do passado e que ele ainda faz parte do presente. Não. A lamentação pela ausência de palavras espontâneas leva, invariavelmente, ao que gerava-as no passado. E isso não é ruim, apenas um erro infantil pois aquele passado não faz parte do presente há um enorme tempo.

Sentimentos surgem, paixões diversas aparecem e, assim como amizades, são transitórias. A vida é passageira pois o tempo é linear e não perdoa descuidos. Ele passa. A história foi escrita e estará sempre gravada entretanto só é permitido continuar escrevendo-a, acrescentando capítulos e novos personagens, quando capítulos anteriores são encerrados e personagens antigos - e fora de todo o contexto do presente da história - deixam de ser arrastados, agonizantes, para frente.

Estou feliz por, finalmente, ter deixado de querer escrever como em tempos atrás. Aqueles capítulos passavam, as semelhanças não passam de meras coincidências e...

... bom mesmo é saber que não preciso de mais tempo para ter certeza de tudo o que quero, e preciso, escrever nesse capítulo.

Capítulo que promete ser o mais difícil dessa história. Mais responsabilidades, exigências, preocupações. Mas também será o melhor porque o pouco tempo, até agora, já foi o suficiente para saber que a sinceridade não é rasa.

Assim como a espontaneidade, embora ainda pouca, não existe por si só. O motivo é diferente, o amor é diferente, a alegria é diferente. Amor mais intenso, que requer mais de mim.

Amor que requer, e merece, palavras melhores. Um eu melhor.

Obrigado ao Amor pelo amor que me fez voltar a sorrir... espontaneamente ao longo dos dias.