sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Um fracasso, em tempo

Frações de segundo duram uma eternidade. Breves momentos que parecem durar muito mais do que os relógios dizem que duram. A Física, a Química ou mesmo os professores arrogantes que acham que sabem tudo conseguem explicar isso. A minutos ou horas em segundos. Rios transbordam em apenas um pensamento. Senhor do mundo. De tudo. Da sua vida. Você. Eu. Qualquer um.

Não há problema nisso. Em ter o seu tempo parado, congelado ou mesmo reduzido.Não há problema algum. O tempo é seu, a vida é sua, as horas, minutos e segundos também. Quem manda é você. Quem escolhe é você. Quem quer seguir o relógio, a natureza ou mesmo a Física ignora isso, finge não ser possível viver horas em apenas alguns segundos. Quem quer viver ignora tudo isso.

Lamentável como há uma insistência em seguir caminhos, padrões impostos. Parece que tudo tem que ser como está sendo. Não é questão de conservadorismo. É questão de comodismo. E em algum ponto, vagabundagem. Conservar é manter o necessário, o lado bom, o que dá certo, o que faz bem. Comodismo é a conservação de tudo, bom e ruim. É lembrar sempre do prato quebrado e não do churrasco que você comeu nele antes de alguém bater com o cotovelo e derrubá-lo. Por que não inovar com os erros, seguindo um caminho diferente do que todos seguem, ou seja, fazendo diferente do que os outros fazem? Por que não tentar mudar?

A vida é diversão, estudo, trabalho, dinheiro, profissão, sucesso, sexo e, quem sabe, herdeiros. A vida não é só isso. A vida nunca tem um só. Apenas. Um 'é isso' no final da frase. A vida não é só lembranças. Porque o que é ruim deve ser esquecido. As dores devem ser lembradas apenas até entendermos o que aconteceu.

Esperar pelo tempo, seja ele uma fração ou uma eternidade é esperar pelo ônibus embaixo da árvore e não na parada. Ele passa e você acaba nem vendo. Você perde ele. E, correr atrás é difícil, então o que fazer? Dar um tiro no motorista é enfiar um punhal no coração, acabar com tudo de uma vez.

Minutos e horas em segundos, ou mesmo frações desses. Por que não frações de segundo em horas também? Quem sabe dá tempo de alcançar o ônibus, sem ter que correr. Depende de mim, ou de quem quer que seja o dono do tempo. Porque a vida é minha, e o meu tempo, eu já disse, é meu.


Fracassei hoje, 
aqui, mas tentei, 
se é que isso vale alguma coisa.
(e o título veio depois dessa frase)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Hoje foi mais fácil superar

Não sou bom o suficiente. E é provável que nunca tenha sido sequer bom. Mas tenho vontade, disposição, fé, desejo de melhorar, de crescer, de evoluir. Muita coisa falta, mas o pouco que tenho já basta para ver que vale à pena. Que valeu. Que valerá.

Hoje uma terrível sensação de medo pairou sobre uma cabeça já preocupada e apavorada com tantos outros fatores. Um medo natural, simples e descritivo. Um medo que já pairou sobre muitos, provavelmente sobre a maioria. Medo do fracasso. Fracasso que impede uma progressão maior, uma evolução maior. Medo. Com raiva, ira e decepção.

E a cabeça ficou tomada. Os gestos ficaram tomados. Foi-se parte da espontaneidade, da sinceridade, da diferença. O já raro riso deu lugar à seriedade e ao cansaço. A disposição, a busca, a  vontade de não ter mais vontade. Vontade de mandar tudo para os infernos. De deixar de lado toda essa porcaria inútil. Coisas que não me são úteis, que nunca foram, mais ainda agora. Coisas que tiram o meu tempo, a minha vontade, o meu viver.

Necessidade sim. Infelizmente.

Mas alguma coisa mudou de três horas para cá. Parece que todo aquele cansaço foi esgoto abaixo. Desceu como uma gota d'água numa calha. E tudo ficou pra trás. Toda raiva, tristeza, o medo do futuro, a ira, a decepção, a falta de vontade. Tudo isso sumiu. Desapareceu. Evaporou ou simplesmente foi jogado na lata do lixo. Foi tudo para algum lugar que eu não sei onde fica. E não quero saber também.


Que fique onde foi parar. E não volte mais. Não preciso desse medo, desse receio, dessa tristeza. Já tenho coisas ruins demais para precisar disso. Ninguém precisa, por que eu precisaria? Vá e não volte mais. Não quero saber se é natural ou se todos já sentiram isso. Não quero saber. Quero distância. Porque eu tenho algo que dá força para continuar, para transformar esse obstáculo em um nada.

Fé e confiança. Passei por cima de mais essa pedra. E se alguém souber onde ela está agora, não fale. Eu peço.

Obrigado.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Histórias do Bandiolo - Um, dois, dez?

O pessoal foi chegando. Se amontoando. Entupindo, literalmente, sala, cozinha, quartos, banheiros e todo o redor da casa. O pessoal foi chegando. E chegando como se fossem donos. Da casa, dos quartos, da pasta de dente, de mim. Como se aquilo fosse a vida deles. Como se aquilo fosse algo deles. Mas não era. Nada era.

Parecia até festa de jovem bêbado de filme de jovens americanos. O cara popular empresta a casa para a festa, todos bebem, divertem-se, há o tradicional sexo no banheiro, nos quartos, em cima do sofá, do tapete persa que a mãe dele recém comprara, atrás do matagal, do lado da macieira. É aquela putaria toda. Aquela sujeira toda. Aquele vômito todo. Aquela diversão... diversão?

Hei, essa casa é minha. Eu não sou popular. Não conheço vocês. O que vocês estão fazendo aqui? Saiam já. E não finjam que não me ouviram. Saiam daqui. Estou... porra, seu idiota, derrubou cerveja na minha camisa, na minha calça... que droga, até a cueca ficou molhada de cerveja. Mas que porcaria vocês estão fazendo? Ei, em cima desse sofá... não...

Estúpidos, quem convidou vocês? Isso aqui, insisto, não é filme americano. Não estamos nos Estados Unidos, muito menos no cinema. O quê? Quebraram a televisão com uma latada de cerveja? Ãhrrrrrrrr. Que droga. De onde vocês saíram? Não, por favor, nãaaaaaaaaaaaaaoooooo joga... Por que você tinha que jogar esse vidro de whisky pela janela? Podia ter aberto a janela pelo menos...

Que bagunça. A polícia chegou. O QUÊ? A polícia chegou? Caramba. Quero ver o que vai acontecer com o dono da casa... Ei, eu sou o dono da casa. Não, não seu policial, eu não sou responsável por isso. Tá, a casa é minha mas... o quê? Bebida alcoólica para menores de 18? Que hipocrisia. O que eu disse? Nada não, mas eu não comprei essa cerveja. Não. Nem o whisky, nem a vodka, nem o absi... absinto? O que é isso? Ah... Não, eu também não sou... plantador de maconha? Traficante? Ãh? Acharam uma plantação de maconha lá no fundo do quintal? Como? Heroína e ecstasy tudo no meu nome? Armaram para mim, eu não sou trafi... quem denunciou disse que eu sou, também, dono de um prostíbulo? Mas seu... ah não... eles tavam fazendo isso em cima do piano francês do século XII da minha avó... Não... Mas eu não... Como? Sério, repete. Ãh??? Aquela vaga... aquela mulher disse que eu contatei ela para animar os ... convidados? Mas eu não convidei ninguém.

Tudo no meu nome? Quem é que... Peraí. Repete o nome. Ah ta, não sou eu. Desculpa. Não sou mais o dono dessa casa, me mudei daqui há dias... Esse que vocês procuram é aquele ali.

Obrigado seu policial, quase que um erro foi cometido. Não, não precisa agradecer. Não não, eu não quero pegar uma vagabunda, pode ir lá terminar o servi... tá. Não hoje, mas obrigado pelo convite, mesmo. Não não, muito menos em cima do piano da minha... digo, da vó dele. Se é que é da avó dele.Talvez seja pirateado. Não mesmo, vou embora, boa noite.

Sério, ainda não entendi como eu vim parar aqui. Ah ta, esqueci. Me mudei dessa casa há dois dias. Hahaha. E pensar que o cara já teve tempo de plantar maconha e montar um... Bom, preciso me despedir melhor da casa, e daquele piano, mesmo que não seja o da minha avó. Já volto.

*qualquer semelhança com a realidade,
ou com a ficção é sim,
mera coincidência.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Coisas que eu não poderia morrer sem fazer (5)

322 - Ser amigo de alguém importante. De um bispo.

323 - Sair para comer pizza com um bispo.

324 - Ter o blog comentado pelo mesmo senhor citado acima.

325 - Deixar alguém irritado sem saber por que e ainda assim rir. Na cara da pessoa. Sem maldade, mas com muita vontade.

382 - Jogar tudo para o alto e depois que tudo cair no chão perceber que um saco com papel picado não é a melhor escolha para fazer isso.

domingo, 18 de outubro de 2009

É um erro? Então eu vou errar.

Remo contra a maré. Não, eu não tenho um barco. Não estou em um rio digitando um texto sem me mexer muito para que o barco não vire. E o texto só começa assim porque remar contra a maré é a mais simples frase que define hoje. Ontem. Alguns dias. Muitos dias.

É uma atitude. Uma decisão. Um propósito, com uma intenção. É uma vontade, um desejo, um sonho. E tudo vai contra. E você é chamado de louco, de burro, de idiota. E você é criticado e cansa de ouvir tantos poréns, tantas queixas, tantas dúvidas de pessoas que querem o teu bem, achando que sabem qual é esse bem. E talvez estejam certos. Mas você não acredita, porque algo te faz voltar ao barco e continuar remando. Sem direção, sem sentido. Remando. Como se fosse a única coisa que você soubesse fazer na vida. Como se remar contra a maré fosse algo que o seu instinto de leva a fazer.

Remar contra a maré. Uma gota d'água no deserto. A luz no fim do túnel. O centavo achado no chão. É um nada, mas um nada tão grande que se torna algo tão grande que você não se importa se ele é um nada tão nada. Porque pra você esse nada, que é tão nada, representa muito.

Lembrei de Some might say, do Oasis. Tem um trecho que diz algo como 'alguns vão dizer que não acreditam no paraíso... vai lá e diga isso para o cara que mora no inferno'. Algo que não adianta, algo que não vai ter eficácia nenhuma, algo que não vai fazer diferença nenhuma. Mas que é um paraíso para quem acredita que aquilo faz diferença sim. Que aquilo adianta. Que vale a pena lutar.

Sempre julguei-me um teimoso por natureza. Um inconformado. Um teimoso inconformado. Nunca desisti. Achei que era por isso. Me descobri, mais uma vez. Sou mais do que um inconformado. Mais do que um teimoso inconformado.

Sou um ser humano. Um ser humano teimoso e inconformado. Movido pelo que há de mais sincero em sentimento. Que rema contra a maré usando as palavras mais sinceras que possam sair de uma boca, ou serem digitadas por dedos cansados e exaustos. Que tem com uma única gota d'água a sede saciada. Que tem em um sonho o paraíso. Uma esperança. Aquilo que move, ou deveria mover, o mundo. Um desejo. Um sonho. E um sonho sincero.

Indo contra muitos. Remando contra a maré. O que talvez só traga destruição ao meu barco. E daí. Quando morrer não vou levar o barco comigo. No paraíso deve haver rios, lagos, oceanos. Mas lá eu não vou me afogar, porque vou conseguir caminhar sobre as águas ao lado do meu Mestre.

Talvez eu também não leve a concretização desse sonho. Dessa sinceridade. Dessa espontaneidade. Dessa... coisa, que me faz o maior e o menor dos homens. Talvez. Mas certamente, no fim da minha vida, vou levar comigo a sensação de que tudo foi tentado. De que todas as possibilidades foram esgotadas. De que eu não tive medo do fim. Não tive MEDO de tentar, de lutar, de querer, de remar contra a maré, de fazer o mais difícil, o mais complicado, o mais impossível. De passar por cima do que já me fez mal. De esquecer mágoas e lágrimas. De deixar de lado o cansaço, a tristeza, todos os sentimentos ruins. Não, não tenho e não terei medo.

Um ser humano teimoso e inconformado, mas fascinado pelo improvável, pelo impossível e pelo intocável. O que vier, virá. E, preparado ou não, enfrentarei de cabeça erguida. E assim continuarei.

Me critiquem, me chamem de burro. Eu mereço. Mas não tenho culpa. Eu sou estranho, diferente. Sou aquilo que eu quero ser. Sofrer está tão próximo de sorrir. O fim está tão distante do começo mas tão próximo do recomeço.

Sejam elas boas ou ruins, para mim ou para vocês. Sejam elas limpas ou sujas, claras ou escuras. Sejam elas as melhores ou as piores, as justas ou as injustas. Sejam elas as certas ou as erradas. Sejam elas o que forem, elas são sinceras. Sinceras, espontâneas, improváveis ou impossíveis.

Mas são as páginas da minha vida. Os lemes do meu barco.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Frases do dia:

Meu passado, meu presente, meu futuro...





...meus amigos, minha família...



...Minha vida...


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Malditas terceirizações

Em um mundo globalizado, terceirização é o canal. Ninguém mais faz nada, só terceiriza. Manda pra outro. Assim como atendentes de telemarketing. Ao invés de resolver o problema logo e ajudar a salvar o planeta, não, eles mandam para o cara do lado, que faz o mesmo, e os bobos que precisam ter um problema resolvido ficam na mão.

Em tudo é assim. Terceirização. Eu não faço, pago para alguém fazer porque, afinal de contas, eu ganharei o suficiente para fazer com que alguém trabalhe por mim.

Mas não é essa a questão. Agora não. Para mim não. Cada um faz o que quiser com seu dinheiro, seu trabalho, sua vontade. Até porque, a terceirização que eu vou criticar, com um desabafo, não tem muito a ver com essa.

Essa é do tipo desvio. Trocar o foco por necessidade. Raiva. Raiva terceirizada. Ter raiva de alguém por esse alguém ter terceirizado um serviço. Acabado com o contrato de alguém que sequer é da sua família. Ou, mesmo que fosse. Alguém que mete-se naquilo que não é da sua conta apenas para terceirizar o que os invejosos tanto desejam.

Alguém que dá opiniões do tipo 'não vale', 'sai' ou 'esquece' por ter feito assim e alcançado a infelicidade. É a história do 'infeliz até vai, mas não sozinho'. Coisas do tipo 'não dá', 'é melhor' ou generalizações por traumas(estúpidos) passados.

Terceirizei minha raiva. Para uma pessoa terceirizada. Para opiniões terceirizadas. Raiva.

Assim como tantos já sentiram raiva de opiniões de pessoas estúpidas que nada tinham a acrescentar e que, por algum motivo pessoal, seja inveja ou simples solidão no buraco que elas próprias cavaram, estragaram histórias, que poderiam ser muito mais do que histórias, mas que não passaram de frases.

Sons, ruídos, olhares, mentiras sem nada de verdade. Raiva. Terceirizar isso ameniza os palavrões. Ameniza a própria raiva. Ameniza as consequências dela. Mas não ameniza a culpa dos malditos terceirizadores de trabalhos patéticos que julgam-se sábios e amigos. Claro, os melhores amigos são aqueles que ajudam a levantar. Não os que propiciam a queda.

Não. Não ficou muito claro. Eu sei. Mas preciso voltar ao ritmo antes de escrever como gostaria.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Eu não saio do fundo. Mas isso não me impede de ser feliz

Não posso reclamar. Não tenho do que reclamar.

A culpa não é minha, e também, não sei há culpa.

Toda a empolgação. A expectativa. A alegria por motivos pequenos, simples mas muito significativos.

Toda a ansiedade. O cansaço. A dedicação.

Toda lágrima. Abraços não recebidos por motivos desconhecidos.

Sem rima. Sem texto. Sem escolha.

Mudança que tornará a mudar.

Histórias que não virão.

E que não virão também.

Uma foto. Duas, três, quatro. Mais do que isso.

Vida. Viver.

Mas nada disso tira a agonia.

A decepção.

Infelizmente.

Repito, infelizmente.

Nada disso diminui a profundidade do poço d'água.

Da minha vida.

Feito por mim.

Sem querer.

Com lágrimas.


*mais uma triste história. 
Merecidamente escrita. 
Imerecidamente vivida.
Obrigado a todos que fazem da minha vida um grande livro.
Um grande aprendizado.
Uma grande história.
Triste sim.
Mas muito mais FELIZ.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma nova história. Um velho personagem. Mais um ano.

Pequenas coisas mudaram. Meu endereço, quem faz o meu almoço, a minha rotina, quem limpa o meu quarto, o banheiro, a cozinha. Mudou o tempo de sair de casa. Mudou o ritmo de estudo. Mudou os vizinhos. Mudou os colegas. Mudou o que faço no fim de semana. Mudou a cidade. Mudou o jeito de ser visto caminhando na rua. Mudou o mercado. Mudou quem paga as contas. Mudou todas essas e tantas outras pequenas coisas que não consigo me recordar agora.

E só. Coisas superficiais, ou nem tanto por causa da faculdade. Mas eu não mudei.

Talvez o aprendizado tenha alterado alguns pontos de vista. Aprimorado o jeito de enxergar algumas coisas. Algumas partes da vida. Da minha vida também.

O que antes era indispensável agora é mais indispensável ainda. Pois a distância aumenta e extrapola sentimentos que por algum motivo estavam guardados, esquecidos ou desaparecidos. O que mudou foi o tratamento de alguns, talvez por causa da faculdade, incrementando no sentimento um respeito. Respeito como se faculdade e emprego sério fosse a única coisa que torna alguém responsável.

Não recebo mais recadinhos bestas, ofertas esdrúxulas ou convites rejeitados de antemão. Não recebo mais recadinhos hipócritas e nem falsos cumprimentos. Amanhã seria o dia deles, mas não vejo alguém que possa me mandar um recado puramente hipócrita. Essas pessoas já não estão no meu convívio, nem virtual, então sequer saberão que amanhã completo meus 18 anos. Maioridade esperada apenas para poder ter internet em casa.

Lembrar de mim do nada é uma coisa que não acontece. Poucos sentem a minha falta. E isso é importante para mim. Não sou, nunca fui e duvido que algum dia venha a ser popular. Não quero isso. Pessoas populares, para manterem isso, precisam ser efusivas e, eu já devo ter escrito que para ser efusivo a pessoa deve saber ser muito hipócrita. E saber ser é a mesma coisa que ser.

Não estou mais na visão de muita gente. Não sou mais um alvo direto. A hipocrisia já não me atinge mais porque, além de saber lidar com ela em todas as formas que ela aparece, e apareceu para mim várias vezes, eu  não estou mais lutando por algo que vale a pena. Não estou mais querendo mudar o que está errado. E que deve estar errado ainda. Não há mais uma luta incisiva contra a maldita hipocrisia deles. Por isso não sou mais alvo de mentiras e de cumprimentos hipócritas e frases terceirizadas com intuito único de desmoralizar e abalar uma confiança, em ideias claras e  sonhos sinceros.

Muita coisa mudou. Eu não mudei. Alguns sentimentos evoluíram, voltaram e continuam sendo intensos igualmente. Novas pessoas fazem parte da minha vida. Mas elas JAMAIS vão conseguir tomar o lugar daquelas que, há meses, ou anos, fazem parte da minha vida. Daquelas que SÃO a minha vida.

Um ano mais de vida.
08/10/1991 - ???

Ninguém sabe. E não será eu quem vai substituir essas interrogações pelo ponto final da minha vida. E da minha história.

domingo, 4 de outubro de 2009

Estranho. E real.

Para não dizerem que a minha vida mudou por completo desde que mudei de cidade, afirmo que, assim como nos últimos mais de três anos, tenho vivido experiências fantásticas. Certo, continuo sendo o mesmo, de um jeito diferente mas o mesmo. Mas algumas experiências têm sido mesmo interessantíssimas.

Depois do meu lado humano ter sido ratificado como característica e desse sentimento de proximidade com Deus, hoje, de madrugada, tive mais uma experiência, que não aconteceu fisicamente, mas que, estranho, aconteceu de fato.

Como tudo que é estranho, sentir o vento, frio ou não, é uma coisa estranha. Porque ninguém, ou quase ninguém sente o vento apenas. Eu faço. E o fiz hoje. E foi tão... estranho.

Aquela história de dois corações batendo ao mesmo tempo, de duas pessoas que imaginam-se num abraço carinhoso, com aquela trilha sonora que pode ser Love Hurts, Wrote a song for everyone, Time after time ou mesmo My girl. Não, não era cena de filme, não foi cena de filme, mas para facilitar o entendimento, foi. (E as trilhas sonoras seriam fantásticas.)

Um abraço desejado, um abraço enviado. Não fisicamente. Então? Pelo vento, por onde mais seria? Aí é que entra o estranho em sentir o vento. Aí que entra a experiência (quase) nova. Aí que entra o fantástico da vida.(pode até parecer exagero, mas pra mim, isso é uma coisa fantástica)

Estranho sim, fantástico sim, real. Muito real. Porque afinal de contas, todo sentimento sincero se propaga pelo meio que for desejado. Esqueça paredes, distâncias, oceanos, buracos ou montanhas. Esqueça até a falta de vento.(se preciso, sopraria até ficar sem ar)

Porque sentimentos são... sentimentos. Não são pacotes de bolachas que você distribui apenas para os seus amigos, esperando que eles dividam as bolachas deles com as suas. Sentimentos são coisas tão estranhas quanto inexplicáveis, porque ninguém sabe explicar ao certo o que é o amor, a amizade, que faz com que duas pessoas sejam totalmente diferentes e ainda assim, se preciso, morram uma pela outra. Ninguém explica isso.

Assim com eu não consigo explicar o que eu senti.

Outro inesperado presente de aniversário. Obrigado, Senhor, mais uma vez.

sábado, 3 de outubro de 2009

Um presente às avessas. Uma lição.

Prestes a completar 18 anos, só existe um presente que ainda não ganhei. E é provável que demore muito a ganhar ainda. Não, não é a formatura, não é um notebook, não é um suprimento vitalício de bergamota ou Fruki. Nada disso. E também ninguém aqui vai saber além de mim. E do meu eu-lírico.

Ontem eu ganhei uma coisa que há tempos precisava. Uma lição de vida. Deus colocou no meu caminho alguém que precisava de atenção, porque sabia que eu, de alguma maneira, daria atenção àquela pessoa. Um mendigo bêbado, como ele mesmo descreveu-se. Que trazia consigo uma garrafa de cachaça, o motivo para ter largado mulher e filhos. Alguém que há anos dorme nas ruas e que até já foi quase morto por (malditos) plaiboizinhos que usam correntes de ouro e que colocaram fogo nele. A marca no seu braço direito mostrou-me que aquilo não era apenas história.

Aquele homem contou-me sua triste, deprimente, errada e violenta história. Alguém esquecido pelas pessoas que compram votos, por aqueles que acreditam que partido X ou Y vai resolver o problema. Esquecido por quem deveria ajudar. A todos, e não apenas aqueles que colocam um número na camisa e saem por aí fazendo campanha.

Esquecido por pessoas que dele ouvem, assim como eu ouvi, um "boa noite, e que Deus lhe abençõe". Eu prestei atenção nele, ele interrompeu o seu, e o meu caminho para conversar. Jamais havia visto-o. Dificilmente voltarei a vê-lo. Mas aqueles minutos foram um verdadeiro presente de Deus para mim.

E antes que eu pudesse dizer que não tinha dinheiro para comprar a pomada que a sua queimadura exigia, ele disse que para mim não pediria nada, pois aqueles minutos de conversa, aquela atenção humilde lhe era suficiente.

Conheci e conversei com alguém que passa pelo pior que uma pessoa pode passar. E mais até, porque fome, frio, um vício ou mesmo o fato de ser ignorado por todos, mesmo lhes desejando o melhor é o pior. Ou deve ser o pior. Agora ser quase queimado ultrapassa isso.

Tive pena daquele homem. Sério, eu disse para a Jah que, mesmo que ele fosse comprar cachaça depois, se eu tivesse dinheiro naquele momento, daria para ele comprar o remédio que precisava. Não me importaria se soubesse que ele não fora comprar o remédio, porque alguém naquela situação precisa de alguma coisa que a faça esquecer da própria situação por alguns instantes.

Como tenho a certeza de que ele esqueceu tudo de mal que tinha no momento que ganhou um olhar atento e ouvidos abertos direcionados a si.

Me sinto mais humano depois disso. Mais próximo da triste e deprimente realidade social. Curiosamente, me sinto mais próximo de Deus também. Mais maduro e pronto para entender o ser humano ainda mais.

Tenho que repetir.

Me sinto mais humano.

Obrigado, Deus. Esse foi o meu presente de aniversário antecipado.