quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Depois de meses, entendimento


 Eu precisei ficar longe de tudo e de todos, sentir um vazio gigantesco e talvez perder a melhor chance de ser feliz para poder entender quanta diferença Deus faz na minha vida. Eu precisei deixar de acreditar em muitas coisas para perceber o quanto acreditar nelas era importante para mim. As coisas demoraram mas aconteceram, mesmo que em partes. Teriam sido diferentes se eu tivesse pensado um pouco mais, refletido um pouco mais, sentido mais, muito mais. Talvez seja tarde, talvez não exista um fio de ligação, mas não importa.

Eu não preciso de possibilidade alguma para sonhar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Histórias de uma vida não vivida(17)


*Um ladrão, um grande ladrão. Um bobão, um grande bobão. Mau e bom, intenções escondidas, planos previstos e nada a fazer. Fui roubado. Tudo que tinha foi roubado. Só me resta a mente, o coração e os sonhos... bom, os sonhos esse ladrão está vivendo, então não tenho mais sonhos.

Quando eu falava que era tudo intencional da parte dele, me chamavam de paranóico. Diziam que era bobagem, coisa da minha cabeça. Idiotas. Faziam parte do plano inicial, me diziam intencionalmente tudo aquilo na tentativa (vã) de acalmar ou foram ludibriados pelo que de pior pode existir em ser humano.

Ele é gentil, especial, único, bem humorado, calmo, prestativo, inteligente, bonito. Perfeito. Ele é perfeito, só pode ser isso. Por esse motivo todos que ao meu lado estavam agora estão ao lado dele. Não que eu seja quase perfeito para ser superado apenas por alguém perfeito, mas é que ele só pode ser perfeito. E eu um grande cego, porque vejo o contrário.

Sempre foi mal educado, gritava e xingava tudo e todos. Radicalista e extremista. Teimoso. Vadio. E estupidamente burro. Se o perguntassem o que era raiz quadrada ou quem foi o último ganhador do Oscar de melhor ator ele não saberia. E também não sabia nada sobre as pessoas. Mas era ganancioso, invejoso. Invejava a minha vida.

Desgraçado. Pode até parecer história de filme americano mas não é. Porque no fim eu não desmascaro ele. Eu não volto a ter a minha vida ou encontro novos amigos, verdadeiros amigos. Não. Nada disso acontece. Ele fica com o bem bom, com as melhores pessoas do mundo(começo a refletir sobre o adjetivo melhores aqui, mas enfim), com a fama de ser o melhor, em tudo. E eu fico sem nada. Apenas com a certeza de que estive certo sempre, de que não sou paranóico e de que, no final das contas, não sou vingativo nem guardo mágoas.

Não vou matá-lo ou tentar desmascará-lo. Algum dia ele mesmo cairá sobre suas mentiras, sobre sua farsa, sobre seu eu que existe apenas nos olhos dos outros. E esse bando de idiotas pensará que não existe mais boa pessoa no mundo. Não vou lutar contra ele, provar o quanto esse cara tirou de mim.

Acho que a minha mãe prefere ele a eu. Meu pai já o contratou e o promoveu a vice-presidente da empresa em menos de seis meses. Começo a achar que o sujeito tem um pacto com o capeta. Só pode, porque ninguém consegue tanto em tão pouco tempo mesmo sendo ruim em tudo. Sendo a ruindade.

Ele ganha. Eu perco. Ele sorri. Eu lamento. Ele é alegre. Eu sou estressado. Ele é bom. Eu sou mal. Inversão completa de tudo o que é verdadeiro.

Verdade que começa a ser relativa, já que a história é escrita pelos vencedores. Então a minha história será escrita por ele, já que ele venceu. Ele ganhou meus amigos, minha família, o amor da minha vida, o emprego do meu futuro, a minha alegria, a minha felicidade, o meu caráter e, para o inferno, meus sonhos.

E tudo começou quando o apresentei ao pessoal do futebol. Ele tinha pouco. Deixou esse pouco para ter o meu tudo. E eu fiquei com o nada.

Dizem que boas ações fazem boas pessoas. De que adianta ser boa pessoa se eu não tenho a minha vida?

Vou embora para Pasárgada , já que aqui no mundo real eu não tenho mais chance.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Histórias do Bandiolo - Muito mais do que parece, muito menos do que é

Como se nada tivesse, saiu voando para lugar algum. Suas asas batiam o ar sem o menor respeito, com força. Tinha raiva de tudo que o cercava. Tinha raiva daquele vento inútil que ele cortava sem piedade. Tinha raiva de suas asas, pequenas demais para suas ambições de vôos maiores. Tinha raiva. Muita raiva.

Era pequeno, mas suas ambições, sonhos, o que fossem de verdade, eram grandes. Enormes. Voar alto, chegar onde nenhum outro semelhante seu chegou. Mas não podia fazer isso. Não podia fazer isso pois sua natureza não lhe permitia.

Então, cheio de raiva, remorso, tristeza e tudo aquilo que junto forma a decepção, voava pelas imundas ruas daquela cidade patética. Era grande demais para ser percorrida em um só dia, mas pequena demais para quem queria voar alto, ser ainda mais diferente.

Vivia sozinho, longe dos seus semelhantes e também dos diferentes de si. Não gostava da companhia, eram todos patéticos, com ambições pequenas, simplesmente patéticas. Contentavam-se com restos de pipoca e sementes que as pessoas deixavam no chão. Contentavam-se em ficar vivos quando recebiam rajadas de pedras dos xebas(moleques de rua). Tudo era bom, tudo estava bom. Ridículo. Todos eram patéticos e isso era motivo para sua solidão.

Não aceitava aquele mundo chato, aquela cidade imunda, aqueles pássaros idiotas como parte de sua vida. Queria inovar, mudar, lutar por algo diferente. Atacava os que lhe atiravam pedras, defecava nas cabeças das pessoas que tentavam lhe atrair com pipoca e sementes duras e sem gosto. Tinha raiva das pessoas daquele mundo imundo. Para ele, ninguém prestava.

Comia frutas em pés apenas porque precisava comer. Bebia água das calhas, onde nenhum outro pássaro bebia, para permanecer só. Idiota era ele, mas julgava-se um soberano entre os pássaros, uma entidade maior. Estúpido arrogante. Um simples pássaro, e arrogante.

Viveu essa vida de solidão, com raiva de tudo, de todos, com raiva da sua própria vida, de si próprio.

O que queria, não conseguiu. O que tinha, não quis. O que conseguiu... bom, ele não conseguiu nada.

E quando morreu, seu corpo apodreceu no meio do asfalto, pois todos acabaram tendo raiva de suas atitudes arrogantes, sem qualquer resquício de bondade.

Foi apenas mais um idiota. E para piorar, um pássaro idiota.



*Pouco importa se o que é da minha natureza é pouco demais para o que quero. 
Pouco importa se ser quem sou não ajuda na minha diária luta por coisas relacionadas à sinceridade. 
Pouco importa se essa agonia de hoje que por várias vezes prejudicou a minha respiração permaneça amanhã. 
Pouco importa qualquer coisa, pouco importa tudo, pouco importa nada. 
É apenas mais um grito de quem precisa de alguma coisa, mas não pode fazer nada por não saber o que vai conseguir lhe tirar disso. 
Seja lá o que isso for.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Em um céu de estrelas, apenas o fundo escuro. Onde estão as estrelas?


Estranho que em alguns meses uma foto impressa, que eu segurava em minhas mãos várias vezes por semana, ou mesmo por dia, tenha me trazido tantos bons sentimentos. Paz, calma, tranquilidade e força para continuar. Longe, mas sentindo perto. Sentimento puro.

De nada adiantou. Ou muita coisa adiantou, já que ainda estou aqui. Mas hoje revi essa foto num dos meus álbuns de fotos(online). Antes de lembrar do dia da foto, da pessoa da foto, lembrei do que aquela foto, a que segurava em minhas mãos, fez por mim. E um vazio enorme veio em mim ressurgiu.

Não há como evitar.

Eu perdi toda e qualquer palavra que escreveria. Num instante de pensamento, cantei o trecho inicial da música desse texto em voz alta. Sem intenção alguma. E as minhas palavras sumiram, sem qualquer indício do lugar onde estão agora. Talvez tenham desaparecido completamente. Talvez.

Sem palavras, não há texto. Assim como sem sinceridade não deve haver palavras. Como sem vento não há energia eólica e como não há lembrança sem passado.

Hesito em escrever algo mais. Eu já nem sei o que quero escrever. E eu nem preciso escrever mais nada. O que sinto continua. O que penso continua. Talvez tudo tenha desabado, apenas destroços restaram, mas eu continuo aqui.

Mais uma vez, sem comentários. 
Qualquer coisa, 
mande-me um email, 
recado no orkut ou via twitter. 
Quem quiser comentar o que escrevi, 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Na festa mais popular, eu sou antissocial


Época de carnaval, o período mais improdutivo e inútil do ano social brasileiro. Hora de vadiar, de beber, de fumar, de gritar, fazer escândalo, aproveitar oportunidades e gastar os órgãos sexuais de tanto usá-los e depois gabar-se para amigos e amigas, enfim, aproveitar os prazeres, todos fúteis. São dias de diversão, de fazer o que na maior parte do resto do ano não se pode fazer. Pelo menos não em lugares onde a maioria está fazendo o mesmo.

E o carnaval acaba sendo uma grande orgia, hetero ou homossexual. Tem gosto para tudo, opções para tudo. Prazeres de todos os tipos, para diferentes ausências de personalidade própria. O popular é o que importa. O todos é fundamental aqui. Todos vão fazer isso? Então eu vou, e quem está comigo também. Não há mais como colocar a palavra 'valores' e citar esses valores em um texto que fala de toda essa podridão que as pessoas chamam de carnaval.

Não tem mais graça criticar. Eu já expus a merda que essa festa popular é. E toda a falta de qualquer coisa boa que nela existe. Alguns dirão alegria mas, alegria momentânea, em sua maioria por futilidades patéticas, vale mesmo?

Sabe, quem quiser fazer parte dessa grande orgia, que faça. Para o inferno. Só sei que dentre as minhas convicções está participar do carnaval apenas quando ele não for mais essa merda toda, essa grande orgia na qual milhões participam em milhões de lugares.

Acho que nunca mais participarei. Sim, há dois anos participei, não me arrependo, mas percebo que isso não fez diferença alguma na minha vida. Maus exemplos eu posso ter, ver e até fazer parte em qualquer lugar, em qualquer dia. Não preciso participar do carnaval para tê-los.

Lembrando que existem pessoas que seguem caminhos certos, que dão bons exemplos, que tem personalidades e caráter próprios, enfim, que fazem isso pela sincera diversão, felicidade, e não pela futilidade, promiscuidade, enfim, os motivos da maioria. Exceções existem sim, e por isso são citadas aqui.

Cada vez mais distante do popular, do que a grande maioria gosta. Na lista das exceções. Um pouco mais antissocial.

Ainda mais agora, que os dias estão passando sem raios de sol, sem nuvens brancas, sem vontade e sem perspectiva de melhora, de sentimento pleno.

Triste, mas jamais desesperado ao ponto de mudar as minhas escolhas, os meus conceitos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dia. Dia?


Há uma semana, ou oito dias, não sei ao certo, parece que a falta é mais importante do que a presença.

Fraqueza que aumenta. Como se fosse algo que me deixasse embaixo permanentemente. Embora eu consiga escapar desse buraco eventualmente.

Mãos atadas, mente fechada, boca, olhos e ouvidos intactos, sem qualquer vestígio de movimento, de intenção e sem força para agir, para mudar.

Tanto estranho mais por ser algo até previsível, que um dia ou outro aconteceria. Nada que eu quisesse, mas tinha a noção de possibilidade de acontecimento.

E não há beleza nas palavras. Não há alívio, não há mágoa, não há dor, muito menos alegria. Não há nada em palavra alguma.

Há apenas agonia aqui, coisa que mundo algum, que pessoa alguma e que tentativa qualquer poderia explicar. Sem entendimento.

(...)

Escrever apenas que a agonia é grande, que a ausência, a tristeza e tantas outras coisas semelhantes só aumentam, em número e tamanho.

'...um girassol sem sol...', sem um único raio de sol. E assim será por algum tempo.


(não haverá comentários nessa postagem)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Frase do dia

Aquilo que é feito por ser vantajoso 
é feito para ter um fim.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Histórias de uma vida não vivida (16)


*Como se o vento tivesse levado embora uma certeza que eu tinha. Ele, que pouco influencia a vida das pessoas, influenciou a minha diretamente. Só pode ter sido o vento. A certeza de que aquela ideia era apenas uma grande bobagem foi embora. Agora há a dúvida, com grande possibilidade de ser real o que hoje penso. Uma certeza sumiu. Uma dúvida emergiu. Isso deveria encaminhar um final feliz. Mas não adiantou dizer, provar que a minha dúvida era sincera. O fim, de alguma coisa, chegou. Fim? Sozinho, triste, à espera de um outro vento que me traga conforto, sabedoria e as boas lembranças que jamais serão apagadas, porém infelizmente no momento estão sem muito sentido. A mágoa não existe e, à partir da dúvida e daquilo que todos dizem para eu deixar como algo que nunca existiu, quem sabe um dia recomeçarei, mas não sozinho, a escrever essa história.



*eu sempre escrevo um parágrafo introdutório e depois o texto nessas histórias. Mas esse parágrafo já diz tudo. O que eu achei que iria escrever não ficaria tão bom quanto isso. E ficou bom, pelo menos eu achei. Diz muito do que sinto hoje. Do que penso hoje. Só não deixo claro qual a certeza de outrora que hoje é dúvida, quase certeza contrária à inicial. E ninguém precisa saber. Até porque, quem precisava saber, não achou que fosse importante, que fizesse sentido, ou achou uma grande bobagem. Mas não é bobagem. É verdade.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A cada dia um recomeço(7) - Quando você percebe que aprendeu por um ano em uma noite


Incrível como as mais diferentes coisas possíveis de aprendizado aparecem volta e meia nas nossas vidas. Incrível mesmo. Eu não buscava aprender e definir nada ontem. Era só uma conversa. Apenas mais uma discussão. Apenas palavras. Com raiva, mágoa, enfim, palavras. Mas aprendi tanta coisa nessa conversa raivosa e magoada, sobre o passado, que você não faz ideia.

E a grande prova de que aprendi é que provei, para mim mesmo antes de qualquer coisa, que eu não guardo mágoas. Que eu não fico remoendo tristezas passadas, dores passadas. Que eu não fico colocando as cabeçadas que dei na parede(literalmente) como coisas a serem cobradas algum dia. Algum dia como ontem à noite.

Eu só não sabia que era tão fácil.

Um dia um amigo escreveu uma pergunta e eu resolvi respondê-la. Era algo como 'por que a escuridão é sempre mais fácil de ser vista do que a luz?'. Eu respondi. E hoje a minha resposta, cujas exatas palavras a minha mente de maluco não deixa lembrar, faz muito mais sentido.

Eu sei, pois apesar de tudo também sou humano, que é muito mais fácil ver a escuridão. Ver os erros. As lágrimas. A dor. Relembrar tudo isso ao invés de priorizar e dar valor real aos bons momentos, aos sorrisos, abraços, tudo aquilo que foi bonito mesmo. Eu sei que a escuridão é a primeira coisa a surgir na mente. Eu sei.

Só que também sei que é mais cômodo ficar pensando no preto do que no branco. No escuro do que no claro. Na dor do que na alegria. É mais cômodo porque isso te dá o direito de reclamar, da vida, de Deus, do mundo, das outras pessoas. Da outra pessoa.

Eu me livrei disso. Definitivamente ontem, livrei-me disso. De mágoas, de dor, das lembranças ruins, das lágrimas, do vazio, da agonia. Livrei-me de todas essas lembranças porque isso não me afeta mais. Porque nenhum sentimento ruim é despertado quando lembro disso. Porque tudo o que me fez bem vem antes. Porque o que me fez bem é o que realmente importa. É esse o passado que eu preciso, e quero, lembrar.

Não posso fazer com que alguém se livre disso. Com que alguém passe a dar valor ao pingo de luz no meio da escuridão, mesmo que ele seja só um pingo. Pingo de luz que só os corajosos, aqueles que sentem sinceramente, conseguem reunir forças para ver, para sentir, para transformar toda a escuridão em luz à partir daquele mísero pingo.

Eu sei que é possível. Porque eu recomecei, mais uma vez, uma parte da minha história. Alguém que já não guardava mágoas consegue sorrir espontaneamente, mesmo em meio às mágoas, às dores, às lembranças de um passado que deve ficar apenas no passado.

Porque, se as más lembranças continuarem sendo prioridade, as boas lembranças devem ser esquecidas, de vez.

Se não há vontade em mudança, em crescimento, em percepção de que nada, nem ninguém, é perfeito, não há motivo para lembrar das coisas boas, daquilo que realmente foi vida.

Sinto-me melhor. Livre de mágoas, de uma vez por todas. Embora o sorriso não seja completo, a minha parte eu fiz, definitivamente. Por amor. E rezo para que as mágoas relacionadas a mim também sejam esquecidas, para que não exista a necessidade de apagar tudo o que de bom aconteceu.

Eu ainda vou enfrentar problemas, vou sofrer, vou chorar demais para ficar relembrando dores, lágrimas, mágoas passadas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Saída sem despedida. Uma nova vida. Muita coisa ficou conosco.

A tempestade e o sol - Catedral 


Um dia esse nosso sofrimento de hoje será de outros. Quando partirmos, alguém sofrerá como hoje sofremos por quem já deixou o convívio com um buraco que não pode ser tapado. Só que não importa como será com alguém, algum dia. Importa é que hoje sofremos pela perda de um amigo, um companheiro, de futebol, de convivência, de conversas, de planos, de sonhos.

Alguém que merece os mais sinceros e belos elogios. Alguém que fazia muito mas não espalhava pelo mundo todos os seus feitos. Humildade sem hesitação. Um exemplo, de fidelidade, dedicação e doação. Um amigo.

Felizmente as lembranças das nossas histórias, e daquilo que vivemos, jamais serão apagados. Pois tudo o que é vivido com intensidade e sincero sentimento torna-se eterno, apenas pelo fato de fazer parte de um tempo que, até segunda ordem de Deus, será infinito.

Lembranças que, vivas dentro de nós, nos dão força para continuar, coragem para lutar e capacidade de sonhar com dias melhores, na luta por objetivos que talvez nem sejam mais nossos. A vida é uma grande luta e só aqueles que a vivem sem importar-se com o dia da sua despedida dela é que conseguem ser vencedores.

Você não esperava ir tão cedo. Entretanto é certo que fez todo o possível, e conseguiu concretizar grande parte dessas possibilidades, para que esse presente que Deus lhe deu fosse mais do que bem aproveitado.

Você viveu. Você fez parte da nossa vida. E do nosso viver.

Amor de amigo, de irmão. Saudade de quem sente não ter aproveitado mais a sua presença, as suas risadas, a sua conversa, o seu talento.

Que a tua alma, do mais alto céu, possa nos guiar para que um dia possamos nos reencontrar, assim que cumprirmos aquilo para o qual fomos designados aqui.

E quando tivermos alcançado o mesmo patamar de viver que você alcançou, poderemos então aproveitar a eternidade que o seguimento do caminho de Deus aqui nos proporcionará no dia em que começarmos esse novo caminho, essa nova vida.

Também por você, não iremos desistir. A luta continuará, mesmo que sem motivos racionais ou práticos, mesmo que não haja uma real possibilidade de vitória. Lutaremos por sonhos, causas improváveis e impossíveis, assim como você também fazia.

Inimaginável para olhos, ouvidos, boca e mente. Mas possível para quem tem fé.

Deus está contigo, Maiquel Donin Sponchiado.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Histórias do Bandiolo - Não se pode ter tudo, ou ser tudo


Um dia a Lua, em uma típica crise de existência, resolve fazer algumas perguntas para Deus.

- Ei, Senhor do universo, por que eu não posso brilhar tanto quanto o Sol, e assim iluminar tudo e todos a todo momento, transformando todas as horas do dia em momentos de luz, claridade?

E Deus, na sua indiscutível e infinita sabedoria, respondeu à Lua:

- Eu quis que fosse assim, que os dias tivessem manhãs e tardes regidas pelo Sol, e as noites e madrugadas regidas por você. Simples.

- Mas Deus, não me conformo.

- Veja bem. Se os dias fossem todos claros, os homens não teriam um momento propício para dormir, e acabariam com suas vidas mais cedo, pela falta de descanso.

- Não quero saber dos homens. - respondeu a já inconformada Lua.

- Está bem. Eu sabia que as minhas respostas não seriam suficientes. Mas está nos homens a principal razão de você não transformar as noites em dia.

- Eu já disse que...

- Me deixe terminar, acalme-se. Se você iluminasse tanto quanto o Sol, os homens acreditariam ser possível sim, alcançar a totalidade de produtividade, e esqueceriam-se de suas vidas. Também sem noites, os homens sofreriam muito mais até aprender que após cada noite, cada madrugada, cada escuridão, sempre há um Sol que nasce para iluminar seus caminhos. Desconhecendo a escuridão, eles ficariam cada vez mais cegos, achando que tudo pode ser luz, claridade, calor, quando você sabe que não é verdade. Por isso você existe Lua, e por isso rege a noite, a escuridão.

- Mas Deus, eu não poderia iluminar um pouco mais? Eu bem que poderia...

- Contente-se com o seu brilho, a sua luz, eles são fundamentais para a existência física e emocional dos homens. E deixe de ser boba, Lua, você recebe muito mais elogios do que o Sol. Porque você 'está linda', 'o seu luar é lindo', 'essa Lua está fantástica', 'esse luar é muito romântico, enfim, você sabe do que estou falando.

- Mas o Sol nasce e se põe, e ganha elogios também.

- Entretanto, o verdadeiro calor humano só é sentido à noite, quando não há mais calor do Sol para atrapalhar essa percepção. Abraços ternos, cheios de amor, são muito mais sentidos quando há a percepção do calor da outra pessoa. E ainda por cima, você, mesmo que menos do que o Sol, guia muitas pessoas durante a noite, iluminando seus caminhos para que cheguem aos seus destinos mais tranquilamente. Você faz os homens pensar, pois é durante a madrugada que eles podem ter uma paz que de dia não conseguem, e é você que os ilumina, mesmo que sem grande intensidade, nesses momentos.

- Deus!

- Diga...

- Por que os homens pensam que sou feita de queijo?

*eu sei que alguém certamente vai rir. 
Não tem problema, mas não é para ser engraçado