segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ano

Depois de tanto 'fim de ciclo', 'fim do mundo' e 'fim de ano', com os mais diversos - e alienados - discursos, só me resta escrever também sobre essa coisa, dita ano, que insistem em colocar como algo que existe, de fato, fisicamente, e não como o que é, apenas uma delimitação temporal.

Falando sério, qual a diferença, prática, entre o dia 31 de Dezembro e o 1 de Janeiro? Tirando que o segundo é feriado, mundial, não há diferença. O clima de marasmo, de folga, de nada, é o mesmo. E continua até... a volta ao trabalho sério, à rotina.

É preciso muita vontade para fazer uma análise de doze meses como um todo. Há períodos bons, ruins, ótimos e péssimos. Boas e más histórias para contar. Sorrisos e lágrimas, para lembrar e esquecer. E, se tudo isso for equilibrado em uma mesma análise, o bom e o ruim deixam de existir para haver um meio termo que, convenhamos, é irreal e não condiz com o que aconteceu. Nem para o bem, tampouco para o mal.

Então por que insistir em reflexões de final de ano, encerramento de ciclos e previsões para mais um ano. Ninguém percebeu, ainda, que isso não passa de uma grande ilusão? E nem ao menos consigo compreender a que essa ilusão leva.

Todo ano é ano de despedidas. De encerramentos. De começos e recomeços. De alegrias. De novas pessoas, ideias, sonhos. Todo ano tem tudo isso. Não há exceção pois o tempo é inconstante e, se num mesmo dia pode-se ir da depressão ao êxtase, como poderia haver uma constância em uma lista de trezentos e sessenta e cinco dias?

Não faz sentido continuar com isso. Com esse pensamento que exclui grande parte - aquela parte diária que ignoramos por dar pouco valor ao que é pequeno, simples e camuflado - deixamos grande parte de nós, selecionando o que nos convém. Pelo amor e pelo ódio.

Sem promessas de ano novo, retrospectiva de ano velho, fim de ciclo e começo de outro.

Isso precisa, e deve, ser diário. Ou pelo menos acontecer quando necessário. Seja no dia 10, 20 ou 30.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Sem

Estaria mentindo se colocasse como sinceras as palavras que trazem à tona um sentimento de alegria pela decisão, ao menos aparentemente, convicta de cortar o quase nada que ainda existia, tão somente por formalidade. Nem mesmo por ver que o tempo de indecisão passou e a convicção tornou-se uma virtude.

Se há alegria por isso, é insignificante diante da tristeza oriunda de todas as lembranças. Não há nada que possa ser pensado por outras pessoas. Nada aconteceu para que hoje alguém possa imaginar e fazer jorrar de si um sentimento que não passa de paranoia.

É só isso.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (67)



Frente ao impalpável, toda ansiedade é natural. Aquilo que parece ser diferente de tudo o que já foi e, portanto, exagera em sensatez e tranquilidade, provavelmente é a melhor possibilidade – ao menos até hoje. Tudo o que possa vir a ser contratempo – temporal e espacial – não passa de mero formalismo do acaso, uma vez que nada pode ser, de fato, simples, fácil e, portanto, perfeito – como muitos imaginam em um mundo onde é buscado o ideal mas contenta-se com apenas o casual.

Quem dera fosse tão simples, sair daqui e ir para aí, simplesmente porque parece ser a melhor de todas as decisões. Aceito isso, todo e qualquer sacrifício feito para concretizar, dia após dia, essa decisão não é, de fato, um sacrifício que venha a exigir mais do que se pode – e há muito tempo se quer – dar. Porque não há nada que consiga convencer que, por razões e sensações – e por também, muito provavelmente um dia, sentimentos – definir agora pode revelar-se um erro, num futuro incontável.

Por falta de explicação clara, e breve, fica evidente a ausência completa de noção quanto a todo o contexto que envolve o, dito anteriormente, impalpável, ainda mais em se tratando de algo que vem contrapor, por possível consequência, o que até há pouco era a única forma visível – e muito visível – de encontrar uma resolução para toda essa problemática procura.

Tem-se então que, por hora, a sinceridade leva a não dizer nada além do que as sensações promovem. Não por não haver nada além e sim por questão de respeito – o que, portanto, demonstra zelo por algo que nem ainda concreto é – e, então, vê-se facilmente uma frente de caráter que torna, ainda mais interessante e tranquila, a vontade e escolha, nessa ordem – obviamente em potencial – que não tem como origem a mesma escolha, decisão e vontade – que por ora, insisto, ainda não passam de sensações por não deverem fazê-lo – que partem de mim.

Fica claro, também, que todas as possibilidades, hoje, são conduzidas por mãos que visam a segurança e tudo aquilo que, no fim, sempre foi o alvo – embora nunca – salvo uma exceção duradoura e, logicamente, não concreta – tenha sido levado em conta por ter deixado sensação transformar-se em sentimento antes mesmo da razão ter compreendido que era, de fato, a decisão certa.

É preciso ter consciência, e levar em conta não só o que se pode receber como também o que se pode oferecer, mesmo para pular de um precipício. A sensação da queda não pode ser sentida sem que o corpo esteja em movimento livre pela ação da gravidade e a consequência disso, inevitável, não deve ser relevada antes do passo ao nada ter sido dado. Onde entram os outros, aqui?

Simples, eles não entram. A sensação como primária antes da razão – e sua imutável condição que o impedem de transformar-se em algo maior, como um sentimento – subjuga tudo o que vem em torno por ação do egoísmo. É como se nada fosse oferecido a alguém não por não ter o que oferecer, porém por preferir ter algo para si antes mesmo de dar algo a alguém.

E esse sempre foi o erro.

Talvez para chegar até aqui, pois se antes fosse descoberto, toda história aqui não existiria. Certamente por não ter ainda consciência de tudo o que está em volta. Mesmo porque, pulando do precipício ainda posso esmagar algum animal que lá no fundo esteja passando. E o que está a minha volta, então, terá sido prejudicado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

É só um som

Tão somente um som ao fundo.

E nada mais parecia existir.

Nem o que os olhos viam.

A pele sentia.

E o nariz aspirava.

Nem mesmo o que a mente poderia criar, transformar.

Nada disso existia, de fato.

Além daquele som, é claro.

A poesia que outrora surgia, não vinha.

Teria morrido ou estava só escondida?

Tanto fazia, ia, nada dizia tampouco esquecia.

Daquele som.

Acordes simples, sem rimas musicais ou verbais.

Só uma melodia.

Som.

E tudo o que mais havia, não havia.

Tristes lembranças, sonhos alegres, desejos sinceros.

Nada disso.

Apenas um soneto.

Um singelo momento em que curtos e longos acordes misturavam-se.

Como poesia.

Sem letra.

Nem forma.

Apenas som.

Era tudo o que tinha, ali.

Naquele instante.

Apenas o som.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (66)

As pessoas, em sua maioria absoluta - exclui-se aqui, apenas, os deprimidos e autoflagelados por gosto - detestam e, sempre que possível, tornam suas decepções, sejam quais forem, a pior coisa do mundo. Também porque é mania entre seres dessa sociedade rotular tudo - e aqui é difícil achar uma exceção - como 'o melhor' ou 'o pior'. Deixando, então, fora de cogitação o meio termo, o equilíbrio e coisas antiquadas como sensatez, ponderação e... já pode ser entendido.

Chamem a mim de maluco - e o nome do blog dá o devido embasamento para tal - mas, sem receio ou autodepreciação, tenho de dizer que gosto dessa coisa de decepção. Talvez grande parte disso venha por já ter passado por tantas, de magnitudes tão amplas, que acaba sendo até divertido lembrar de algumas e passar por outras que lembram as de outrora. Sejam quais forem, por quais motivos ou etc.

Acho engraçado esse processo de decepção, lamentação, perdão - porque sem ele o processo não é completo e, portanto, não há grande valor em si - , pensamentos longínquos e mais lamentação, aceitação e tristeza, lembrança nostálgica até o recomeço como se nada tivesse acontecido. É longo, demorado e, muitas vezes, não acrescenta nada porque, além do perdão, falta um desejo sincero de seguir em frente. Porém é necessário para crescimento, inevitável por sermos humanos sentimentalistas - excluam desse grupo, por favor, os banais - e engraçado, sim, porque algum tempo depois sempre há o 'como posso ter ficado tão mal com tamanha bobagem ( ou por determinada pessoa)'.

É fato, pato. Eu acho graça nisso.

Não gosto do sofrimento, gosto do processo num todo, isso é bem diferente. Gostar do sofrimento é repetir escolhas erradas, a cada dia, julgando ser, ainda assim, o melhor para si. É menosprezar o próprio valor, deixando de lado uma vida toda para manter algo que não possui. 

Exatamente assim. Isso sempre tem um fim, triste, doloroso, ainda mais quando repetido várias vezes por escolha própria. Cada vez pior mais porém sempre acaba havendo uma nova chance pelo desejo insano de que 'dessa vez' seja diferente. 'E vai ser'. Hahaha.

Chega.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (65)

Todas as minhas palavras tem sido pesadas, tristes, grandes e, em certo ponto, profundas lamentações. No final, não passam de consequências das inúmeras tempestades que vem caindo sobre a minha cabeça - e, consequentemente, sobre todo o resto de mim. Difícil tem sido suportar tudo isso de cabeça erguida, e Deus sabe que tenho tentado deixar de lado, na maior - em absoluto - parte das vezes, a minha vontade para fazer o que está de acordo com Sua sabedoria.

E então? Tem dado certo.

Toda tempestade é consequência de extremismos climáticos. A física, através da meteorologia ou algo assim, explica bem isso e, portanto, não cabe a mim palavras mais profundas do que essas. Esse poço raso usado para falar de clima - uma vez que tempo é o estado em momento específico e blá blá de nerd - cai bem como oposto para aquilo que tem vindo após as tempestades. Essas, vem e voltam. Aqueles poços aparecem, cada vez em menor número e, portanto, pode-se concluir que o calor fez evaporar toda essa água - que não é muita, mas permite a existência de barro, e nós sabemos o que o barro faz com roupas e corpo - ou, na pior das hipóteses, eles tem rareado por conta do uso do terreno.

Não é a mesma coisa jogar em um campo de terra e em um campo de grama. Tanto em dias chuvosos como em dias secos, se é que você, que provavelmente não gosta de futebol, conseguiu entender a analogia.

A dificuldade que a tempestade traz é momentânea porém não é esse estado passageiro - que nem sempre é rápido aos olhos - que tira a necessidade de uma melhor preparação do campo de jogo. Plantar grama, nesse caso, é um cuidado requerido para quem quer ter condições de jogar um melhor futebol e poder jogá-lo mesmo com chuva - pois a formação de poças d'água é dificultada pela drenagem e mais blá blá técnico/teórico.

Os últimos dias tem sido de intensas, mesmo que breves, tempestades.

Entretanto hoje está calmo. Não vejo poças d'água que remetem às tempestades. O céu é azul, os pássaros voam (e cantam) e os meus pensamentos conseguiram trazer de volta algo que é dado como perdido, por mim, há tempos.

Confiança.

Não de que tudo está certo, não há mais chances de tempestades e blá blá blá's atrapalharem tudo - e tem atrapalhado tudo mesmo. A certeza quanto à preparação é motivo de tranquilidade para pensar, refletir e, quem sabe, decidir.

Quanto ao que foge das minhas mãos, às escolhas que dependem de palavras não-minhas, estou tranquilo. Quanto às ações que dependem exclusivamente de mim, também.

Ninguém confia em quem não inspira confiança. Poucos confiam em pessoas, ou situações, que não passam tranquilidade. Somente os ingênuos confiam em quem já lhes decepcionou profundamente - e por motivos estúpidos e egoístas.

A cada dia aprendo, mais, a confiar na Verdade. Na Justiça. No Amor.

Estou tranquilo porque confio Naquele que jamais decepcionou.

No Deus que jamais decepciona.

"...No dia em que o Senhor enfaixar 
as feridas do seu povo e lhe curar as chagas, 
a Lua vai brilhar como o Sol, 
e o brilho do Sol será sete vezes maior, 
como o brilho de sete dias reunidos"

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (64)


Disse-me alguém, em um dia que tentarei esquecer depois disso, que "você pode colocar um jaleco em um jumento que ele nunca será um médico, ou enfermeiro, ou dentista. Será sempre um jumento". À princípio, levado pelo impulso de sensos nobres, inocentes, puros, coloquei-me contra isso, para situações reais que originaram essa analogia. É claro que não acho que um jumento vestindo jaleco algum dia será um médico, que isso fique bem explícito, também. A frase veio para figurar algo que... ah, se veio figurar é óbvio que era algo real.

No entanto, a frase não foi bem essa. Embora o dia eu comece a querer esquecer, sim.

A frase, entretanto, torna-se verdadeira para uma enormidade de coisas. De situações. E, claro, de pessoas. Jamais será regra - e Deus é muito bom por impedir que isso torne-se regra - apesar de já ser quase maioria.

Enquanto alguns poucos, como eu, tentam encontrar a novidade à partir do reencontro com a essência, outros insistem em mudar o bar, mas não a bebida. Mudar o desenho da roupa e não o que ela representa. Mudar as escolhas, sempre escolhendo a mesma coisa.

Só que em tempo diferente. Por razões diferentes. Acreditando que a diferença no ponteiro do relógio vai fazer alguma diferença na escolha em si, que é sempre a mesma.

Agora você entende por que o jaleco no burro, certo?

É sempre a mesma escolha, sempre uma nova esperança de que tudo mude por novos - supostos - motivos que, no final das contas, são sempre a mesma maçã, podre de tanto ser apalpada pela mesma pessoa na feira. Ou... chega de exemplos.

Você pode tentar mil vezes atirar uma pedra para cima e esperar que ela não desça. Ela sempre descerá. É lei da existência física dos corpos. Nada vai mudar isso.

Ou você pode fazer uma nova escolha, sem levar em conta as gotas doce do café amargo que, volta e meia - quase sempre - fazem-lhe beber sempre a mesma porcaria de café amargo, frio e que só te dá dor de barriga.

Por gotas de adoçante você beberia um café amargo, horrível? Vale tanto a pena assim essa sensação, curta e momentânea, de que é o melhor café do mundo, quando bem sabemos - sim, todos sabemos - que essa sensação não é nada se comparada com todo o resto, que por si só é uma porcaria?

Vale mesmo?

Eu acho que não. E não sou burro ao ponto de tomar sempre a mesma porcaria só por achar bom o gosto das três ou quatro gotas de adoçante daquele troço amargo e frio que você insiste em chamar de bom café.

Adoçante no café amargo, jaleco no burro, enfim, não dá para ser mais claro do que isso.

Certas coisas não mudam mas, quando são escolhas, são livres. Porque há liberdade para todos aqueles que querem deixar de lado o vício e recomeçar.

Apesar de não acreditar muito, ao menos não com tanto quanto antes, em abandono de vícios e mesmos erros, ainda insisto em pensar que é possível, sim, voltar-se à Verdade, buscar a essência e encontrar a si, pura e simplesmente.

É preciso querer. Ter coragem. E lutar.

Sem recair nas gotas de adoçante.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Histórias do Bandiolo - A visão do saber

- Eu sei que ele sabe.

- Ele sabe?

- Sim!

- O que?

- Que eu sei?

- E o que você sabe?

- Que ele sabe.

- Não, o que você sabe que ele sabe que você sabe?

- Ãhn, repete.

- Você disse que ele sabe que você sabe alguma coisa, o que você sabe?

- Além de que eu sei que ele sabe?

- Sim.

- Eu sei.

- Como?

- Porque ele me olhou, e isso confirmou. Tentou disfarçar mas sabe que eu sei.

- O que?

- Que ele sabe que eu sei.

- Por que você sabe?

- Porque eu sei.

- Como?

- Eu vi.

- Viu?

- Sim, eu vi.

- Então você sabe mesmo.

- Sim, eu sei.

- O que?

- Que ele sabe que eu sei.

- O que?

- Eu vi. Ele viu. Só você não viu. Você e o tiozinho do espetinho.

- Então eu não sei mesmo?

- Se você não viu, você não sabe.

- Então não sei o que você sabe.

- Não sabe mesmo o que eu sei.

- Então conta, o que você sabe?

- Que aquele carinha tentou disfarçar o chute que deu no meio-fio quando tentou subir a calçada.

- SÓ isso?

- E precisava mais? Ele sabia que eu sabia. Tentou disfarçar, fingir que nada tinha acontecido mas... ele me viu. Ele sabia que eu sabia.

- E que você tinha visto.

- Exato.

- Pois é.

- Simples assim.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O vazio de viver e só (34)


Até quando será assim? Pode me dizer? Dia sim e outro também, essa coisa que vem e vai. Mais vem do que vai. Diariamente. Sabe quando isso termina? Ou pelo menos quando se transforma em algo que permite-me fazer coisa qualquer sem qualquer hesitação por falta de tudo?

Não sabe quando vou conseguir ser capaz o suficiente para sequer pensar no que isso, de fato, é?

Todas as respostas são negativas quando, por qualquer motivo, não existem respostas. O consentimento, nesse caso, deixa tudo comodamente inerte, sem qualquer perspectiva de tornar-se algo diferente do que é. E, pelo fato de não ser, declaradamente, coisa qualquer, o nada não pode transformar-se. Porque, em si, ele não existe, é ausência completa de, enfim, você não está no jardim de infância.

Sinto como se estivesse a ponto de, sei lá, mudar tudo isso que está acontecendo. Aí lembro daquela história do nada, da inércia e, comodamente, volto para o meu transtorno diário.

Opa, uma palavra que ajuda a definir: transtorno.

O dicionário diga o que quiser sobre, porque isso é, sem dúvida, um transtorno que tira a paciência, impede que a tranquilidade exista naquele negócio chamado mente, que o sorriso se manifeste e que o coração - coitado desse - pulse em paz.

É pesado, é cansativo, é desgastante, é irritante, perturbador. E muito mais.

Qualquer tristeza, aqui, não é coincidência, redundância ou novidade. A diferença é que nunca, nunca mesmo, fez tanta diferença estar parado, cansado, triste e sei lá mais o que.

Todo o resto desaba junto. A reconstrução que estava sendo feita voltou à estaca zero.

E ninguém sabe como, quando, onde, por que.

Ninguém sabe qualquer resposta.

*e isso tudo é deprimente

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (63)


Há um limite, sempre há um limite. Para o que quer que você faça, queira, sonhe, para tudo o que possa vir de encontro. Há limite para uma amizade, para uma dor, para a paciência - sendo que esse limite poucos consideram, uma vez que vivem como se o superassem a cada instante -, tolerância, entendimento. O infinito é muito bonito - e inútil - na matemática, talvez na física. Infinitas vezes você mistura água com um tang e infinitas vezes terá um suco, doce, artificial. A falta de limites, aqui, existe por ser impossível contrariar a lógica, sensata ou não, da existência como um todo. O tempo, por si só, pode fazer com que limites que fogem desse contexto meramente palpável e visível sejam superados, aumentados ou, na pior das hipóteses, reduzidos. Quanto mais se tem, menos se tem, já diria um filósofo sobre queijo suíço. A questão é que, para algumas coisas, o limite inexiste quando há, por trás de pontos específicos, algo que, quando limitado, perde o valor. O amor, por si só, é limitado e traz consigo complicações inúmeras. Porém, somente quando é limitado. O amor, e o ato de amar, devem sempre superar qualquer limite. Porque, afinal de contas, em algum lugar da história, o Filho superou todos - em absoluto - os limites. E só o fez para que não houvesse mais limitação alguma entre nós e o Amor. Se não há limite para o amor que desce sobre mim, por que haveria limite para o amor que eu sinto?

domingo, 2 de dezembro de 2012

São só palavras estúpidas.

Tanto faz se algum dos envolvidos na história chegar - por algum acaso do inacreditável e inconstante "ser", criado por homens, chamado destino - a ler isso aqui. Estou tão preocupado com isso quanto uma criança está preocupada com a saúde financeira dos pais nos dias que antecedem o seu aniversário.

O engraçado acaba sendo que as noites mal dormidas pouco poder tem de influenciar quaisquer palavras. Não é por estar bêbado, drogado ou com MUITO sono que estou aqui, escrevendo. Não preciso de nada disso e daquilo para ser sincero. E também não faz diferença citar nomes. Afinal de contas, ninguém está mesmo preocupado em ter feito parte disso ou não. A curiosidade, aqui, fica como brinde pela perda de tempo que... deixa pra lá.

Lembro-me de, anos atrás, ter ouvido quatro pessoas dizerem a seguinte frase, dois pontos, espaço, abre aspas

Ah, eu não tenho dúvidas de que quero fazer faculdade de medicina (ponto, espaço, etc)

Naquele tempo a revolta era grande e a raiva maior ainda. É provável que qualquer ambição futura fosse levar minha mente a pensar "malditos fracassados, vão apodrecer...". O final da frase é um tanto quanto preconceituoso, então deixa pra lá, haverá sempre um politicamente correto moralista e hipócrita para tecer alguma crítica, ponto.

O que acontece é que essas quatro pessoas, além de medíocres e miseráveis rascunhos ilegíveis, eram pseudo estudantes, sem hífen por vontade própria. Sabe aquele tipo de gente que passa anos com você no mesmo lugar e, quando você percebe que nunca mais verá, pensa algo como "hum, e?".

Indiferença, era isso que existia - por motivos diversos - e não existe mais por falta de necessidade e crescimento pessoal, propriamente dito. Tanto faz, ainda, porém agora sem indiferença.

Duvido que alguém tenha levado esse projeto em frente. Eram fracassados e serão sempre fracassados - exceto por uma mudança drástica de... TUDO. Veja bem, não estou, sobre hipótese alguma, querendo dizer que sou um vencedor e tal. Pode ser até que venham a receber salários maiores e obtenham, com alguma surpresa ABSURDA desse troço chamado 'vida', um grande sucesso profissional mas... nunca, quer saber, deixa pra lá.

Eles queriam o que não tinham capacidade de ter. Tenho certeza de que você conhece pessoas iguais, que não sabem fazer multiplicação de dois dígitos mentalmente mas querem acertar 85% de uma prova de vestibular em alguma grande universidade bem conceituada.

É obra do acaso que algum consiga. Geralmente não conseguem, voltam para o conforto de seus lares, casas luxuosas sustentadas por pais trabalhadores que não tem consciência dos pequenos, na verdade gigantes, pesos inúteis para a sociedade que carregam.

Há rancor em todas essas palavras. Há raiva. Mas não há mais mágoa. E a história do crescimento pessoal, do perdão e da caridade existe sim, de fato. O que não impede, de modo algum, que tenha uma recaída e use de uma sinceridade escrota para dizer que, onde quer que estejam, não são nada do que um dia sonharam ser.

Por falta de capacidade, de vontade, não sei.

O que não faltou - e por isso agradeço - foi justiça.

Essa não falha.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Retratos de uma sociedade patética (11)

Em primeiro lugar, que não apareça algum falso moralista por aqui porque não há motivos para moralismo. A ironia é uma forma de expressar algum tipo de indignação e não de preconceito. Logo, se quer encontrar algo para incomodar-se, vá até um gramado e coce as costas com um pedaço de urtiga. Dito isso, segue.

Depois de muito ouvir, ler e, claro, vomitar sobre a tal da 'não orientação' infantil, resolvi manifestar minha opinião do meu jeito. Sincero e irônico, uma vez que não devo satisfações a nenhum ser meramente mundano. Não sou, de forma alguma, um preconceituoso de qualquer tipo, racista, homofóbico ou social. Minto, sou um preconceituoso contra a modinha estúpida do politicamente correto, que é uma afronta ao respeito e ao bom senso. De qualquer forma, os elementos desse grupo são desprezíveis por todas as infantilidades egocêntricas e sensacionalistas. Quem já foi alvo de seus tiros infundados certamente detesta, como eu, esse tipo. Entretanto, não é um grupo consolidado, que faz passeatas, tem cotas em universidades, etc. Logo, é um grupo desprezível nesse caso. E você que está lendo, provavelmente, não faz parte dele. Você é mais inteligente do que isso.

Voltando ao assunto da não orientação, fui além da minha capacidade imaginativa e pensei anos a frente. Com meus filhos em idades diferentes.

Atestam alguns, membros desse grupo sensacionalista autoritário que parece - e exclusivamente parece - defensor dos direitos de alguma coisa, e diz que 'é preciso deixar a criança livre para ser o que quiser.

Esquecendo detalhes que, aqui, não fazem qualquer diferença, vou chegar para meus filhos e dizer algo como:

"Vocês não precisam ser menino ou menina." - Poderia ter, claro, um "Não precisam ser descendentes de descendentes de italianos(como eu) e, se quiserem, não precisam ser nem meus filhos ou pensar, ou comer ou, sei lá, abrir os olhos", mas isso é o de menos.

A linha de raciocínio que a tal liberdade desse povinho prega é por aí, embora pareça - e mais uma vez apenas pareça - estar concentrada apenas na orientação sexual.

Essa gente não pensou - e se pensou não admite que o fez - na possibilidade dos seus filhos ouvirem isso. E, se pensaram, não se deram conta que não há liberdade alguma em dizer 'NÃO precisa ser tá tá tá'. Indução maior do que essa só se encontra naquele terrorismo psicológico do 'então coloca a mão na água fervendo para ver o que acontece'. Se a criança não sabe que algo fervendo queima, independentemente da forma que possa ter aprendido, ela enfia a mão ali por curiosidade e porque - isso aquele povinho não quer admitir ou não é capaz de concluir - foi induzida, diretamente, a isso. Criança alguma conhece ironia, sarcasmo ou hipérbole.

Você diz que é o Homem Aranha e ela vai vigiar-lhe o dia inteiro para vê-lo em ação.

Por que, então, coloca a negação antes da sua natureza não seria uma indução? A psicologia não quer admitir, mas é um atentado indireto dizer 'NÃO precisa ser isso'. Nesse caso, é a mesma coisa que dizer 'não SEJA isso'. E você sabe bem que crianças entendem o mundo literalmente - e por isso são criaturas adoráveis e irritantes simultaneamente.

Grite para uma porta 'seja uma janela' e nada acontecerá. Diga para uma criança 'você não deve comer com as mãos sujas' e ela nada fará enquanto não passar muito mal e lhe explicarem que foi por aquilo que isso aconteceu. Embora ela vá repetir o processo algumas vezes até assimilar bem, mas isso não vem ao caso.

"Filho, você não precisa ser menino como todos os meninos que parecem com você são(mais uma contradição). Você pode ser o que quiser, eu lhe dou liberdade para isso".

Pense bem, você acha mesmo que a criança não é capaz de dizer: "Então quero ser um peixinho colorido!"

Será que não?

O que essa gente fará quando ouvir essa frase de um filho? Irá jogar ele no aquário e alimentar ele com pedacinhos de pão?

Ah, façam-me um favor e acertem suas cabeças em uma porta, porém com força. Quem sabe assim as ideias voltem para o lugar. 

Ou tenhamos uma cabeça oca a menos no mundo.