segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Pedaços de um pensamento (67)



Frente ao impalpável, toda ansiedade é natural. Aquilo que parece ser diferente de tudo o que já foi e, portanto, exagera em sensatez e tranquilidade, provavelmente é a melhor possibilidade – ao menos até hoje. Tudo o que possa vir a ser contratempo – temporal e espacial – não passa de mero formalismo do acaso, uma vez que nada pode ser, de fato, simples, fácil e, portanto, perfeito – como muitos imaginam em um mundo onde é buscado o ideal mas contenta-se com apenas o casual.

Quem dera fosse tão simples, sair daqui e ir para aí, simplesmente porque parece ser a melhor de todas as decisões. Aceito isso, todo e qualquer sacrifício feito para concretizar, dia após dia, essa decisão não é, de fato, um sacrifício que venha a exigir mais do que se pode – e há muito tempo se quer – dar. Porque não há nada que consiga convencer que, por razões e sensações – e por também, muito provavelmente um dia, sentimentos – definir agora pode revelar-se um erro, num futuro incontável.

Por falta de explicação clara, e breve, fica evidente a ausência completa de noção quanto a todo o contexto que envolve o, dito anteriormente, impalpável, ainda mais em se tratando de algo que vem contrapor, por possível consequência, o que até há pouco era a única forma visível – e muito visível – de encontrar uma resolução para toda essa problemática procura.

Tem-se então que, por hora, a sinceridade leva a não dizer nada além do que as sensações promovem. Não por não haver nada além e sim por questão de respeito – o que, portanto, demonstra zelo por algo que nem ainda concreto é – e, então, vê-se facilmente uma frente de caráter que torna, ainda mais interessante e tranquila, a vontade e escolha, nessa ordem – obviamente em potencial – que não tem como origem a mesma escolha, decisão e vontade – que por ora, insisto, ainda não passam de sensações por não deverem fazê-lo – que partem de mim.

Fica claro, também, que todas as possibilidades, hoje, são conduzidas por mãos que visam a segurança e tudo aquilo que, no fim, sempre foi o alvo – embora nunca – salvo uma exceção duradoura e, logicamente, não concreta – tenha sido levado em conta por ter deixado sensação transformar-se em sentimento antes mesmo da razão ter compreendido que era, de fato, a decisão certa.

É preciso ter consciência, e levar em conta não só o que se pode receber como também o que se pode oferecer, mesmo para pular de um precipício. A sensação da queda não pode ser sentida sem que o corpo esteja em movimento livre pela ação da gravidade e a consequência disso, inevitável, não deve ser relevada antes do passo ao nada ter sido dado. Onde entram os outros, aqui?

Simples, eles não entram. A sensação como primária antes da razão – e sua imutável condição que o impedem de transformar-se em algo maior, como um sentimento – subjuga tudo o que vem em torno por ação do egoísmo. É como se nada fosse oferecido a alguém não por não ter o que oferecer, porém por preferir ter algo para si antes mesmo de dar algo a alguém.

E esse sempre foi o erro.

Talvez para chegar até aqui, pois se antes fosse descoberto, toda história aqui não existiria. Certamente por não ter ainda consciência de tudo o que está em volta. Mesmo porque, pulando do precipício ainda posso esmagar algum animal que lá no fundo esteja passando. E o que está a minha volta, então, terá sido prejudicado.

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