Frente ao impalpável, toda ansiedade é natural. Aquilo que
parece ser diferente de tudo o que já foi e, portanto, exagera em sensatez e
tranquilidade, provavelmente é a melhor possibilidade – ao menos até hoje. Tudo
o que possa vir a ser contratempo – temporal e espacial – não passa de mero
formalismo do acaso, uma vez que nada pode ser, de fato, simples, fácil e,
portanto, perfeito – como muitos imaginam em um mundo onde é buscado o ideal
mas contenta-se com apenas o casual.
Quem dera fosse tão simples, sair daqui e ir para aí,
simplesmente porque parece ser a melhor de todas as decisões. Aceito isso, todo
e qualquer sacrifício feito para concretizar, dia após dia, essa decisão não é,
de fato, um sacrifício que venha a exigir mais do que se pode – e há muito
tempo se quer – dar. Porque não há nada que consiga convencer que, por razões e
sensações – e por também, muito provavelmente um dia, sentimentos – definir
agora pode revelar-se um erro, num futuro incontável.
Por falta de explicação clara, e breve, fica evidente a
ausência completa de noção quanto a todo o contexto que envolve o, dito
anteriormente, impalpável, ainda mais em se tratando de algo que vem contrapor,
por possível consequência, o que até há pouco era a única forma visível – e
muito visível – de encontrar uma resolução para toda essa problemática procura.
Tem-se então que, por hora, a sinceridade leva a não dizer
nada além do que as sensações promovem. Não por não haver nada além e sim por
questão de respeito – o que, portanto, demonstra zelo por algo que nem ainda
concreto é – e, então, vê-se facilmente uma frente de caráter que torna, ainda
mais interessante e tranquila, a vontade e escolha, nessa ordem – obviamente em
potencial – que não tem como origem a mesma escolha, decisão e vontade – que
por ora, insisto, ainda não passam de sensações por não deverem fazê-lo – que
partem de mim.
Fica claro, também, que todas as possibilidades, hoje, são
conduzidas por mãos que visam a segurança e tudo aquilo que, no fim, sempre foi
o alvo – embora nunca – salvo uma exceção duradoura e, logicamente, não
concreta – tenha sido levado em conta por ter deixado sensação transformar-se
em sentimento antes mesmo da razão ter compreendido que era, de fato, a decisão
certa.
É preciso ter consciência, e levar em conta não só o que se
pode receber como também o que se pode oferecer, mesmo para pular de um
precipício. A sensação da queda não pode ser sentida sem que o corpo esteja em
movimento livre pela ação da gravidade e a consequência disso, inevitável, não
deve ser relevada antes do passo ao nada ter sido dado. Onde entram os outros,
aqui?
Simples, eles não entram. A sensação como primária antes da
razão – e sua imutável condição que o impedem de transformar-se em algo maior,
como um sentimento – subjuga tudo o que vem em torno por ação do egoísmo. É
como se nada fosse oferecido a alguém não por não ter o que oferecer, porém por
preferir ter algo para si antes mesmo de dar algo a alguém.
E esse sempre foi o erro.
Talvez para chegar até aqui, pois se antes fosse descoberto,
toda história aqui não existiria. Certamente por não ter ainda consciência de
tudo o que está em volta. Mesmo porque, pulando do precipício ainda posso
esmagar algum animal que lá no fundo esteja passando. E o que está a minha
volta, então, terá sido prejudicado.
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