quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

É só um som

Tão somente um som ao fundo.

E nada mais parecia existir.

Nem o que os olhos viam.

A pele sentia.

E o nariz aspirava.

Nem mesmo o que a mente poderia criar, transformar.

Nada disso existia, de fato.

Além daquele som, é claro.

A poesia que outrora surgia, não vinha.

Teria morrido ou estava só escondida?

Tanto fazia, ia, nada dizia tampouco esquecia.

Daquele som.

Acordes simples, sem rimas musicais ou verbais.

Só uma melodia.

Som.

E tudo o que mais havia, não havia.

Tristes lembranças, sonhos alegres, desejos sinceros.

Nada disso.

Apenas um soneto.

Um singelo momento em que curtos e longos acordes misturavam-se.

Como poesia.

Sem letra.

Nem forma.

Apenas som.

Era tudo o que tinha, ali.

Naquele instante.

Apenas o som.

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