sexta-feira, 31 de julho de 2009

O meu tempo não tem asas

(In a world without love - The Beatles)

Pouco importa onde eu tenha escrito, para quem ou por quê. Pouco importa também se esse por que esteja errado. Pouco importa que a frase não faça sentido. Pouco importa se ela fizer sentido para alguém. Pouco importa o fato de tudo isso não fazer diferença alguma.

O tempo voa. Dizem alguns. Alguns muitos. Alguns que talvez sejam a maioria. Mas a maioria está certa né?! Pra mim não, mas enfim.

O meu tempo não voa.

E é óbvio que não voa por que não tem asas. Não vamos entrar na questão dos voos mentais e sonhadores daqueles que não se contentam em acreditar e pensar no concreto e buscam uma maneira de fugir do mundo, de achar o que está escondido, de procurar o que não se tem, ou mesmo não se precisa, ou de ainda tentar fazer no sonho, na mente, ou em algum lugar meramente imaginário o que não pode fazer com dois braços e duas pernas.

O meu tempo não voa e pronto. A culpa não é minha. A culpa não é de Deus. E a culpa não é de ninguém. Ou pelo menos eu não quero culpar ninguém. Porque ninguém é culpado pelo meu tempo não ter asas. Pode até haver uma razão para o meu tempo ser pobre e ter de andar a pé. Pode até ser culpa daquele que faz o meu tempo acabar sendo o meu tempo e não um nada no meio de um universo de tudo.

O meu tempo não voa. Não quer voar. Eu não quero voar. Aliás, não posso voar. Querer e poder são dois verbos bem diferentes. E por não poder voar, não quero que meu tempo voe. Ele que ande à pé, descalço, e com bolhas na sola do pé. Tem que aprender sofrendo. Assim como eu aprendi.

Não quero que o meu tempo voe para que eu sempre tenha ele sob controle. Para que ele não fuja de mim. Das minhas mãos e olhos. Para que nunca fuja da minha vida, dos meus sonhos e da minha vontade.

Não, não cortei as asas do meu tempo. Mas nada fiz quando percebi que ele tinha perdido elas. Perdido. Melhor do que dizer outra coisa. Melhor do que acusar alguém que é a razão, mas não tem culpa. Odeio injustiça.

Injusto sou eu com o meu tempo. Ele não voa mas ainda faz parte de mim. Ele está bem próximo de mim e talvez seja por isso que eu reclame tanto dele.

O meu tempo não tem asas. Ele é anormal. Assim como eu. Anormal, diferente, estranho. Uma rosa no deserto. Uma bergamota num restaurante de comida japonesa. Um raio de sol no fundo do poço.

O meu tempo é assim como ela.

A vida é como o futebol e as bonecas de cristal são como os mercenários? Quem sabe...

Europe - The final countdown

O sangue ferveu. A cabeça esquentou. Os punhos se fecharam. As sombrancelhas transformaram uma cara feia em uma cara de um assassino. Ou quem sabe de um justiceiro. Ou ainda de alguém que apenas está com raiva. Com muita raiva. E quando a raiva toma conta de um ser, os olhos não enxergam direito, os ouvidos não ouvem e a boca não fala coisas sensatas.

Não que justiça precisasse ser feita, mas as coisas precisavam ser emparelhadas. Não dá para seguir sempre os conselhos do mestre e "quando te acertarem uma face, não revida, oferece a outra". Não dá. O sangue quente, a raiva, aquela adrenalina que toma conta do corpo não deixa. Que Deus me perdoe, mas eu precisava revidar.

E acertei. Algumas vezes. Mas não chegava. Não era o suficiente. Faltava muito. Faltava alguém ali que começasse o que parecia ser inevitável. Jogar futebol contra bonequinhas de cristal que trazem escondidas consigo varas de condão mais duras que liga metálica e que as usam sem razão alguma, não é fácil. Você não pode chegar perto delas mas elas podem chegar perto de você.

Assim é a vida. Assim são os hipócritas e os mercenários. Você não pode ofendê-los, mas eles podem. Você não pode oferecer dinheiro a eles porque eles tem que oferecer-se para receber. Você não pode tirar uma máscara que outras virão, ou seja, o esforço é, com a raiva de um infeliz trocadilho, vão.

Dizem que quem com ferro fere, com ferro será ferido. Quem cospe pra cima ganha um punhado de saliva na cara. Os humilhados serão exaltados. E por aí vai. Ditados e frases não faltam. Mas não consegui entender por que sobrou para mim a sina de apanhar e, mesmo tentando, não conseguir revidar à altura.

Não vou prometer retaliação. Não vou prometer quebrar um ou dois na próxima vez. Só vou prometer, mesmo que eu não prometa nada, ganhar. E ganhar lutando, pela bola, pelo gol. Porque a vida é como o futebol.

Bom, pensando bem, não é bem assim também.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Coisas que eu não poderia morrer sem fazer (4)

701 - Comer xis por dois dias seguidos, não aguentar comer xis e mesmo assim, no terceiro dia, comer mais um. Mesmo que só metade.

702 - Criar um perfil em uma rede social para um blog. (www.twitter.com/tosco_tosco)

703 - Assistir a um clipe tosco, mas muito, muito, muito TOSCO mesmo e acabar cantando um trecho do refrão. #tosco



*só de passagem mesmo

terça-feira, 28 de julho de 2009

O que será que vem depois?

Wander Wildner - No ritmo da vida


Estranho esse sentimento. Não de fim. Mas de interrupção. Momentânea. Estranho. Como um carro que não pode seguir viagem por uma cratera aberta na pista. E você não ganha compensação do idiota que colocou uma dinamite no meio da estrada e acabou com a sua viagem.

Mas você não pode culpar o idiota da dinamite, porque teria que culpar o cara que paga o salário dele, pois sem dinheiro ele não compraria nada. E teria que culpar os pais dele, por gerarem um filho assim. E teria que culpar o idiota que vendeu a dinamite pra ele. E o cara que fabricou a dinamite. E o dono da fábrica de dinamite.

Teria que culpar meio mundo e umas 20 gerações do mesmo. E teria que culpar as 20 gerações anteriores a essas. Enfim, teria que culpar a história da humanidade. A sua mulher, que iria com você nessa viagem. Ela que insistira tanto na ideia de viajar, de respirar um ar puro, pra te afastar dos teus problemas rotineiros. E teria que culpar a pessoa que deu a ideia a ela. E as outras que estavam na conversa.

Teria que culpar Deus, por permitir que tudo isso acontecesse com você, e o diabo, por ter dado um empurrãozinho para que você fosse o prejudicado. Teria que culpar o dia, o sol, o pavil, o fósforo e as fábricas dos mesmos. Teria que culpar o Henry Ford por ter inventado um carro, o Santos Dummond pelo avião não ser algo particular para algumas pessoas, e a revolução inglesa pelo capitalismo. Tudo.

E adiantaria alguma coisa?

Não, porque o lugar onde você iria, teria vários problemas. Teria muito barulho, ou nenhum barulho. Muitos aparelhos tecnológicos ou nenhum. Teria uma recepcionista gostosa que você não poderia nem olhar direito. Teria um cara chato que não te serviria as refeições direito, e ainda te chamaria de idiota pelas costas.

Então, o que fazer?

Matar o cara, pedir divórcio para a esposa, processa a fábrica de dinamites, o governo, a polícia e nunca mais entrar numa igreja e rezar.

Acho que não, né?!

Sentimento de interrupção. Abandonar um projeto. Um caminho.

Mas quem sabe um dia voltar a passar pelo mesmo lugar, nem que seja para ver se já consertaram. E aquela curiosidade de 'como será depois daqui?' certamente vai ficar na mente... mas esse será um outro texto. Ou não.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Histórias de uma vida não vivida(10)

*Nunca pensei que viveria isso. Um mundo que não era o meu, dentro da minha própria casa. Uma vida que não era a minha, dentro de mim. Um sonho que era o meu, distante de tudo aquilo que é propriamente meu. O que é e o que não é meu confundem-se num emaranhado de repostas, sendo que o sim e o não desaparecem misteriosamente neste instante.

Aquele som, aquele ruído, parecia familiar. Mas vinha de tão longe que eu não consegui identificar de onde, ou mesmo o que, era. Era apenas um ruído. Familiar e estranho. Tosco. Sempre consegui identificar o que era cada ruído que eu ouvía. Mas o sempre não existe mais para mim.

Maldito som que vem. De longe. Ou mesmo de perto. Porque seu som aumenta. Parece que ele se aproxima, até porque, eu continuo parado. Olhando ao meu redor. Tentando decifrar de onde vem para depois descobrir o que é aquele ruído.

Sim, ele é um ruído, mas o que o emite é o motivo da minha curiosidade. Parece que ele vem de todos os lugares, pois viro meus ouvidos para um lado e para outro mas nada de identificar a origem do mesmo.

Que droga. O tempo passou e eu continuei parado. Ou melhor, girando. Tentando decifrar aquele ruído. Aquele maldito, irritante, triste e deprimente ruído. Mas nada. Não conseguia ter ideia de onde ele vinha, por que vinha, quem o gerava. Nada. Nada. Nada.

Comecei a ficar irritado. Nunca gostei de jogos de adivinhação. De charadas. Dessas coisas onde você ouve um começo, ou ganha uma dica, ou algo do tipo, e tem que adivinhar o que é no fim. E aquele ruído não parava. Não era sequencial. Eu o ouvia. E ele parava um tempo. Alguns instantes depois, voltava a ouvi-lo. Mais alguns instantes não.

E era estranho.

Parecia um bip, um alarme ou um telefone.

CARAMBA!

Acordei desesperado porque estava 1 hora atrasado para um compromisso. E aquele ruído era o novo despertador que eu havia comprado.

CARAMBA.

Caramba.

Legião Urbana - Quando o sol bater na janela do teu quarto

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O 18 e o 20 de julho no meu livro

Escrevi a última página de um dos livros da minha vida. O livro que conta o começo do meu viver. Não da minha vida, do meu viver. Posso escrever uma continuação desse livro algum dia, mas nem o tempo, nem eu, nem ninguém, tem ou quer mesmo ter certeza disso. As pessoas fazem tantos planos e eu quero ser diferente, não quero mais fazer planos.

Não, não é aquela bobagem de 'viver um dia de cada vez'. Porque se fazemos algo hoje é para poder fazer algo amanhã. E sim, você estuda para amanhã ser alguma coisa, come para amanhã estar vivo, joga futebol para ter saúde, toma remédio para viver mais, enfim, tudo pensando no amanhã. Até porque, o hoje não existe.

Sábado foi o dia do capítulo final. Queria que hoje fosse sábado, teria mais um motivo para argumentar com meus amigos a presença deles lá. Onde? Não importa. Queria que eles, que não estavam comigo, estivessem lá, embora as fotos tenham me lembrado muita coisa.

Hoje eu também queria ter meus amigos por perto. Mas não dá. Natural, afinal, cada um tem sua vida, sua própria história, seu próprio livro com seus próprios capítulos para escrever. A vida é como um livro, definitivamente. E nós podemos, no máximo, ter alguma citação no livro dos outros, pois, o certo mesmo, é cada um escrever o seu. Individualista? Não, necessidade mesmo.

Hoje é dia do amigo. Parabenizo os meus. Agradeço-lhes pelas várias citações nos meus livros. Os livros da minha vida. Sem eles, eu teria terminado, mas seriam tão poucas páginas, que nem de rascunho poderia chamá-lo.

Obrigado.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Tão longe de tudo?

Barão Vermelho - Tão longe de tudo

Mas eu preciso escrever. Não, a música só veio à mente quando cheguei em casa e me dei conta de que precisava escrever.
Hoje fiquei pensando no dia em que disse que "nunca mais me estive sozinho, mesmo estando sozinho, porque consegui compreender quão importante é a solidão e que ela é apenas uma palavra quando sei que estou com Deus em todo lugar".
Fiquei pensando nisso. Muito. Olhei para o céu, nublado e garoando.
Fechei os olhos. Mas não parei de caminhar.
Eu podia ter caído, de cara no chão me sujado, mas pouco importei-me.
Eu avisei que não queria respostas, que não queria explicações ou mesmo iria reclamar.
Eu só pedi sabedoria. Para conseguir entender. A sensação, o sentimento de solidão.
O vazio.
Todos os meus pensamentos. Algumas coisas que achei serem erradas.
Queria, e quero entender.
Não quero respostas prontas. Não quero provas. Palavras. Gestos. Não quero nada disso.
Só quero poder entender. O porquê desse sentimento de solidão me incomoda tanto.
Passo o dia só. Eu comigo. Comigo mesmo. E, apenas quando estou, com os pés molhados, com a roupa molhada, tomando banho de chuva, caminhando sozinho de volta para casa é que me sinto só mesmo.
Quero apenas entender isso. Não perguntei por quê, não cobrei nada.
Só pedi sabedoria.
Também sei que provavelmente não mereço essa sabedoria.
Mas como todo inconformado, pedi algo que me ajudasse a entender.
Para conseguir me entender. Há tempos devia ter feito isso.
Mas achei ser capaz de responder à pergunta que, no fim, só diz respeito a mim.
Não consegui.
Podia agravar minha 'síndrome de perdedor', mas não é esse o caso.
Quero entender.
Só isso.
Mesmo assim, obrigado pelo meu dia, e por todos que dele fizeram parte, Senhor.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O tempo, a vida e uma pergunta. E aí?

(a música é um complemento bem subjetivo do texto. Além de ser uma baita música, claro.)
Nenhum de Nós - Sobre o tempo

Sabe aqueles momentos da vida, de todos aqueles que muito mais do que possuir vida buscam viver(embora haja contradições pessoais nisso), em que há uma pausa, uma autorreflexão(?) breve e uma simples pergunta para si mesmo. Algo simples, como um "E aí?".

São duas 'palavras', três letras, um ponto de interrogação. Um significado muito maior implícito nisso tudo. Uma pergunta que pode destruir a mente de alguém despreparado para respondê-la ou pode, no mínimo, causar mais algum, talvez muito, transtorno de reflexão para e por consigo.

Responder o "e aí?" originário de uma reflexão psicológica sobre algo, provavelmente sobre a vida, o tempo e tudo aquilo que liga e que está entre os dois, é uma das piores reflexões pelas quais um ser humano pode passar. Se a vida, o tempo, ou ambos, não te ajudarem nesse pensamento todo (que, convenhamos, serve apenas para que o tempo mostre que é o tempo e para que percebamos que a vida é a vida, literalmente), não há o que fazer a não ser sentir-se decepcionado com a merda pela qual estamos passando aqui na Terra.

Se um dos dois, ou mesmo os dois, ajudar mesmo, a coisa não vai ficar tão ruim. Por que? Sempre há uma porcaria de um triste soneto mental ecoando pelas cabeças pensantes de todos aqueles que sabem que a vida não deve ser apenas a vida, mesmo que ela, a vida, e ele, o tempo, façam com que a vida seja apenas a vida e o tempo um agravante da dificuldade da mesma se transformar em verbo. No viver, claro.

Alguém já olhou(subjetivamente falando) e perguntou para si mesmo "E aí?". Não sei. Mas aconselho quem não o fez, ou quem já fez e conseguiu passar por isso sem muita dificuldade, a não fazer. Porque facilidade com essa pergunta é única. Se existir. E achar que a vida e o tempo são mais do que, invariavelmente, são, é a mesma coisa que achar que a vida vai te trazer alguma cosia se você for correto, que o tempo vai te trazer aquela pessoa pela qual tu dedicas sentimento mas não recebe nada em troca e que buscar alguma coisa vai ajudar nisso se um dos dois, a vida ou o tempo, não colaborarem.

Complexo?

Não. Simplesmente simples. Com o perdão da redundância.

Maldita vida, maldito tempo, maldito seja eu, que nunca consegui nada, esperando da vida ou do tempo, ou mesmo buscando. Não.

Maldito seja aquela porcaria de pergunta que fiz a mim mesm: E aí?

(Faltou um: "Maldito livre-arbítrio", para que eu pudesse rir)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Histórias do Billi J. - Um encontro, uma lembrança, nada

Engenheiros do Hawaii - Ouça o que eu digo, não ouça ninguém
(não, o texto não foi feito baseado na música, mas é legal ouvir ela enquanto lê-se o texto)

Estava o Billi J. a voltar da casa de uma amiga. Ele caminhava calmamente, como sempre fizera. Limpou os óculos, olhou o celular para ver se alguma coisa havia acontecido por lá, pensou na sua amiga, lembrou do tempo em que eram colegas e eles pouco se falavam, enfim, coisas e mais coisas fazia o Billi J. enquanto voltava para casa.

Parou numa esquina, esperando a oportunidade de atravessar a rua para seguir seu caminho até que sentiu uma dor no calcanhar. Caramba, alguma coisa o havia mordido. Mas tudo bem, não fez escândalo, não falou nenhum palavrão, sequer se virou. Apenas continuou parado, com os punhos cerrados, em claro sinal de dor. Foi quando ouviu um:

- Não Bilu, não faz isso não. Esse homem não te fez nada.

Aquela voz lhe era familiar. Se fosse algum de seus antigos colegas, a maioria dos quais detestava, não deveria virar-se. Mas se fosse alguém que lhe trouxesse boas lembranças? E se fosse a... a sua antiga paixão/amor/delírio/sonho Renata... não, ela o avisaria se viesse ao Brasil... a menos que... bom, ela odiava cachorros.

Descartada a 'melhor pessoa do mundo' para o Billi J., resolveu ser curioso uma vez na vida e virou-se. Para o seu espanto, a doce voz que dizia para o cachorro não mordê-lo mais vinha de uma ex-colega. 'Caramba, eu não devia ter voltado-me para ela mesmo...".

- Ei, eu te conheço... você é o bobão do Billi J. né?!
- Sim, Gabriela.

Sim, Gabriela. Uma das mais belas vozes que ele já ouvira, dois dos mais belos olhos que já cruzaram olhar com os seus olhos e a maior petulância arrogante que ele já teve por perto. Gabriela. Defendia todas as suas colegas com muito vigor, sem saber o que elas faziam contra o Billi J..

- E aí bobão, continua sendo o mesmo otário de sempre? O mesmo tongo adorador de tubos de ensaio, tabelas periódicas e raízes de plantas? A mesma nulidade em qualquer tipo de esporte? Hahahah, como você era engraçado por ser tão bobão...
- Sim sim, continuo o mesmo otário de sempre. Me formei em Engenharia Química, fiz mestrado e tudo. Continuo sendo o bobão de sempre. E vejo que tu continuas linda, e claro, arrogante.
- Eu só sou arrogante porque você sempre falava mal e era grosso com as minhas amigas.
- Elas ainda são tuas amigas?
- Não, nunca mais conversei com ela.
- Claro, depois que colocaram-te contra mim, inventando coisas que jamais fiz ou disse contra/para elas, elas não acharam mais utilidade em tê-la por perto.
- Bobão. Sempre vendo teorias conspiratórias.
- E não é verdade?
- E faz diferença?
- Claro que não. Só ficaste achando que eu sou alguém que não sou, aliás, não era.
- E você não era um bobão mal educado?
- Eu malemal falei contigo nos 4 anos em que fomos colegas. Por que me acusas de ser mal educado, se não me lembro sequer de uma conversa racional entre nós?
- ...
- Além do mais, não faz diferença agora não é? Então, por que não me provas que eu era mal educado? Porque não há o que dizer. Eu era tido como mal educado porque não respondia provocações com respostinhas bestas e manjadas como os outros idiotas que eram nosso colegas faziam. Eu nunca aguentei aquelas piadias bestas, as seguidas tentativas de me humilhar em público, o menosprezo que vocês tinham para comigo. Eu não me esqueço de toda raiva que acumulei contra vocês. Mas sabe do que mais? Tenho pena de ti. Porque foste marionete de mentes que só não são malignas porque não sabem o que significa a palavra maligno.
- Não sei o que te dizer.
- Claro que não sabe. Nunca disseste-me nada que partisse da tua própria cabeça. Te transformaram em alguém arrogante aproveitando da tua coragem. Te transformaram em uma guria mesquinha pela tua sinceridade e pelo teu 'espírito de justiça'. Justiça? Tu não sabias o que era justo, e elas te faziam crer que elas eram as justas. Olha, quem ouve isso vai achar que eu relato aqui uma novela feita pro povão, onde um grita "aquela malvada..." e o outro "e aquela outra lá, é pior ainda". Pensem o que quiserem bando de gente metida que sempre quer saber da vida dos outros e não cuida da sua. Cansei daquelas piadinhas e me irritei. Chega, não quero mais falar sobre isso. Tchau.
- Mas Billi...
- Nem um mas. Ah, meu dia estava bom até esse cachorro me morder. Maldito cachorro!

Virou-se para Gabriela e saiu. Os que estavam por perto fingiram não ter prestado em nenhuma palavra dita, com raiva ou arrependimento.

O Billi J. conseguiu livrar-se de mais um trauma, aliviou sua antiga raiva, esclareceu o que acontecia nos tempos de escola e ainda por cima conseguiu me dar um motivo para escrever.

Grande Billi J.!

Frases e mais frases. Palavras e mais palavras. Sentido? Nem implícito...

Nasi - Onde os anjos não ousam pisar


Olhando alguns textos através dos marcadores(na coluna ao lado, bem embaixo), percebi que ultimamente eu gostei muito de escrever apenas frases. No caso, textos são feitos de frases. Então especifico dizendo que ultimamente tenho gostado de escrever frases soltas. Interligadas por algo bem mental. Ou não, óbvio. A questão toda entre escrever frases ligadas apenas mentalmente ou escrever frases interligadas literal e coerentemente, não fica bem esclarecida, mesmo que eu tentasse ser muito mais racional, esclarecido, e tentasse não escrever como eu ultimamente tenho escrito.

Acho que é muito mente adverbial ou substantivado(que a minha ex-professora de português não leve em conta isso na hora de me 'criticar' via e-mail) para pouca mente literal e... tá, eu sei que não vou explicar muita coisa, então vou escrever e pronto.

O tudo nunca é tudo e o nada nunca é nada.

Assim como o sempre nunca será sempre.

E o nunca, nunca será nunca.

Confuso?

Não, simples.

Como dizer que laranjas apodrecem.

E bergamotas têm sementes.

Ou não.

Tudo é relativo.

Mas se o tudo nunca é tudo.

O tudo pode ser nada.

Então nem tudo é relativo.

E nem nada é relativo.

Confuso? Ainda não.

Eu sei que seria mais fácil dizer:
"Para toda regra há uma exceção".

Mas teria também que dizer que essa mesma, estúpida, regra, também possui uma exceção.

Com cedilha e não dois esses.

Bem explicado.

Simples então?

Nem tanto.

Porque a vida pode ser cheia de regras.

De tudo's.

E de nada's, claro.

Mas é óbvio, que sempre...

...digo...

...quase sempre, haverá uma exceção.

Um asterisco.

Ou mesmo uma contradição.

Até porque, provar que uma coisa não é sempre, nem nunca, uma outra coisa, é mais fácil que provar que textos assim, com frases desconexas, são textos inúteis.

Para todos.

Mas  se o tudo nunca é tudo, todos nunca serão todos.

Talvez alguém entenda o que eu quis dizer.

Se é que todas essas palavras, ou frases, possam dizer algo.

Mesmo que sempre, ou nunca, ou melhor, quase para os dois, haja alguma lição a ser tirada de uma situação*.

O que prova que a vida não deve ser feita de regras.

Porque a vida, ou melhor, a mente daqueles que julgam-se possuidores de uma, não pode ter uma lista a mais de coisas.

Já chega o português, a matemática e a física com listas, fórmulas e regras.

E asteriscos de exceções.

A vida precisa ser apenas a vida, isso quando o ser que a possui, ou diz possuí-la, sabe que a vida em si não é vida, mas que a vida só é vida quando existe o viver.

Eu já escrevi sobre vida e viver em algum lugar. Acho que não foi aqui.

Bom.

Sem regras? Também não.

Mas é melhor deixá-las para textos como esse.

Ou não.

Porque...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Histórias do Bandiolo - os incomodados que se virem

Ela ficou sentada à beira do rio o dia inteiro. O que antes era sombra agora passou a ser a sua sombra. Mas ela não quis sair dali.

Que imagem mais bela. Perfeição da natureza. O pôr-do-sol mais bonito que já vira.

Mas os raios de sol refletidos na água do rio a incomodavam. Estava vendo pouca coisa, mas não queria perder a mais bela prova da existência de Deus que já havia sido-lhe oportunizada.

Aquilo só podia ser coisa de Deus. Para ela. Mas o reflexo na água a incomodava. Via pouco, mas era o suficiente. Ficaria ali por muito tempo, se conseguisse ver alguma coisa. Não adiantava ir para trás, porque se o fizesse, não teria o reflexo no olho, mas também não veria o pôr-do-sol.

Aquele reflexo todo a incomodava, mas ela não quis sair dali. Insistiu. E aproveitou toda aquela beleza que Deus lhe deu. Naquele momento, mesmo sem ver muita coisa, sentiu-se privilegiada.

Muitos veriam o mesmo pôr-do-sol, mas nenhum deles veria AQUELE pôr-do-sol.

Lindo.

Fantástico.

E ela, teimosa do jeito que era, dali não sairía.

E não saiu.

Se alguém perguntar "Valeu à pena?", eu direi apenas uma coisa:

Pergunte àquela menina...