sexta-feira, 3 de julho de 2009

Histórias do Billi J. - Um encontro, uma lembrança, nada

Engenheiros do Hawaii - Ouça o que eu digo, não ouça ninguém
(não, o texto não foi feito baseado na música, mas é legal ouvir ela enquanto lê-se o texto)

Estava o Billi J. a voltar da casa de uma amiga. Ele caminhava calmamente, como sempre fizera. Limpou os óculos, olhou o celular para ver se alguma coisa havia acontecido por lá, pensou na sua amiga, lembrou do tempo em que eram colegas e eles pouco se falavam, enfim, coisas e mais coisas fazia o Billi J. enquanto voltava para casa.

Parou numa esquina, esperando a oportunidade de atravessar a rua para seguir seu caminho até que sentiu uma dor no calcanhar. Caramba, alguma coisa o havia mordido. Mas tudo bem, não fez escândalo, não falou nenhum palavrão, sequer se virou. Apenas continuou parado, com os punhos cerrados, em claro sinal de dor. Foi quando ouviu um:

- Não Bilu, não faz isso não. Esse homem não te fez nada.

Aquela voz lhe era familiar. Se fosse algum de seus antigos colegas, a maioria dos quais detestava, não deveria virar-se. Mas se fosse alguém que lhe trouxesse boas lembranças? E se fosse a... a sua antiga paixão/amor/delírio/sonho Renata... não, ela o avisaria se viesse ao Brasil... a menos que... bom, ela odiava cachorros.

Descartada a 'melhor pessoa do mundo' para o Billi J., resolveu ser curioso uma vez na vida e virou-se. Para o seu espanto, a doce voz que dizia para o cachorro não mordê-lo mais vinha de uma ex-colega. 'Caramba, eu não devia ter voltado-me para ela mesmo...".

- Ei, eu te conheço... você é o bobão do Billi J. né?!
- Sim, Gabriela.

Sim, Gabriela. Uma das mais belas vozes que ele já ouvira, dois dos mais belos olhos que já cruzaram olhar com os seus olhos e a maior petulância arrogante que ele já teve por perto. Gabriela. Defendia todas as suas colegas com muito vigor, sem saber o que elas faziam contra o Billi J..

- E aí bobão, continua sendo o mesmo otário de sempre? O mesmo tongo adorador de tubos de ensaio, tabelas periódicas e raízes de plantas? A mesma nulidade em qualquer tipo de esporte? Hahahah, como você era engraçado por ser tão bobão...
- Sim sim, continuo o mesmo otário de sempre. Me formei em Engenharia Química, fiz mestrado e tudo. Continuo sendo o bobão de sempre. E vejo que tu continuas linda, e claro, arrogante.
- Eu só sou arrogante porque você sempre falava mal e era grosso com as minhas amigas.
- Elas ainda são tuas amigas?
- Não, nunca mais conversei com ela.
- Claro, depois que colocaram-te contra mim, inventando coisas que jamais fiz ou disse contra/para elas, elas não acharam mais utilidade em tê-la por perto.
- Bobão. Sempre vendo teorias conspiratórias.
- E não é verdade?
- E faz diferença?
- Claro que não. Só ficaste achando que eu sou alguém que não sou, aliás, não era.
- E você não era um bobão mal educado?
- Eu malemal falei contigo nos 4 anos em que fomos colegas. Por que me acusas de ser mal educado, se não me lembro sequer de uma conversa racional entre nós?
- ...
- Além do mais, não faz diferença agora não é? Então, por que não me provas que eu era mal educado? Porque não há o que dizer. Eu era tido como mal educado porque não respondia provocações com respostinhas bestas e manjadas como os outros idiotas que eram nosso colegas faziam. Eu nunca aguentei aquelas piadias bestas, as seguidas tentativas de me humilhar em público, o menosprezo que vocês tinham para comigo. Eu não me esqueço de toda raiva que acumulei contra vocês. Mas sabe do que mais? Tenho pena de ti. Porque foste marionete de mentes que só não são malignas porque não sabem o que significa a palavra maligno.
- Não sei o que te dizer.
- Claro que não sabe. Nunca disseste-me nada que partisse da tua própria cabeça. Te transformaram em alguém arrogante aproveitando da tua coragem. Te transformaram em uma guria mesquinha pela tua sinceridade e pelo teu 'espírito de justiça'. Justiça? Tu não sabias o que era justo, e elas te faziam crer que elas eram as justas. Olha, quem ouve isso vai achar que eu relato aqui uma novela feita pro povão, onde um grita "aquela malvada..." e o outro "e aquela outra lá, é pior ainda". Pensem o que quiserem bando de gente metida que sempre quer saber da vida dos outros e não cuida da sua. Cansei daquelas piadinhas e me irritei. Chega, não quero mais falar sobre isso. Tchau.
- Mas Billi...
- Nem um mas. Ah, meu dia estava bom até esse cachorro me morder. Maldito cachorro!

Virou-se para Gabriela e saiu. Os que estavam por perto fingiram não ter prestado em nenhuma palavra dita, com raiva ou arrependimento.

O Billi J. conseguiu livrar-se de mais um trauma, aliviou sua antiga raiva, esclareceu o que acontecia nos tempos de escola e ainda por cima conseguiu me dar um motivo para escrever.

Grande Billi J.!

Um comentário:

Cammy S. disse...

As vezes as pessoas não nos dão tempo pra mostrar quem somos de verdade,aquela velha injustiça e as vezes guardamos isso..ainda bem que o Billi pode colocou tudo pra fora!bjbj