sexta-feira, 31 de julho de 2009

O meu tempo não tem asas

(In a world without love - The Beatles)

Pouco importa onde eu tenha escrito, para quem ou por quê. Pouco importa também se esse por que esteja errado. Pouco importa que a frase não faça sentido. Pouco importa se ela fizer sentido para alguém. Pouco importa o fato de tudo isso não fazer diferença alguma.

O tempo voa. Dizem alguns. Alguns muitos. Alguns que talvez sejam a maioria. Mas a maioria está certa né?! Pra mim não, mas enfim.

O meu tempo não voa.

E é óbvio que não voa por que não tem asas. Não vamos entrar na questão dos voos mentais e sonhadores daqueles que não se contentam em acreditar e pensar no concreto e buscam uma maneira de fugir do mundo, de achar o que está escondido, de procurar o que não se tem, ou mesmo não se precisa, ou de ainda tentar fazer no sonho, na mente, ou em algum lugar meramente imaginário o que não pode fazer com dois braços e duas pernas.

O meu tempo não voa e pronto. A culpa não é minha. A culpa não é de Deus. E a culpa não é de ninguém. Ou pelo menos eu não quero culpar ninguém. Porque ninguém é culpado pelo meu tempo não ter asas. Pode até haver uma razão para o meu tempo ser pobre e ter de andar a pé. Pode até ser culpa daquele que faz o meu tempo acabar sendo o meu tempo e não um nada no meio de um universo de tudo.

O meu tempo não voa. Não quer voar. Eu não quero voar. Aliás, não posso voar. Querer e poder são dois verbos bem diferentes. E por não poder voar, não quero que meu tempo voe. Ele que ande à pé, descalço, e com bolhas na sola do pé. Tem que aprender sofrendo. Assim como eu aprendi.

Não quero que o meu tempo voe para que eu sempre tenha ele sob controle. Para que ele não fuja de mim. Das minhas mãos e olhos. Para que nunca fuja da minha vida, dos meus sonhos e da minha vontade.

Não, não cortei as asas do meu tempo. Mas nada fiz quando percebi que ele tinha perdido elas. Perdido. Melhor do que dizer outra coisa. Melhor do que acusar alguém que é a razão, mas não tem culpa. Odeio injustiça.

Injusto sou eu com o meu tempo. Ele não voa mas ainda faz parte de mim. Ele está bem próximo de mim e talvez seja por isso que eu reclame tanto dele.

O meu tempo não tem asas. Ele é anormal. Assim como eu. Anormal, diferente, estranho. Uma rosa no deserto. Uma bergamota num restaurante de comida japonesa. Um raio de sol no fundo do poço.

O meu tempo é assim como ela.

5 comentários:

Natascha Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natascha Oliveira disse...

Nossa... quanto tempo eu não te vejo escrever assim (tá faz um tempo que eu não tenho tempo de ler blogs).
E falando desse tal tempo... eu quis tanto que meu tempo fosse igual ao seu.. tanto quis que consegui, e o que eu fiz com ele? Amarrei no pé da cadeira do computador e fiquei lendo vários livros.
Agora eu quero que ele voe de novo, mas que voe baixo, para que eu possa controlá-lo.

Beijoss!!!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
... disse...

hoje eu estava atrás de algo que me
ajudasse a comprieender o porquê de tudo*
achei seu blogg.

e me senti como que você me conhcesse mais do que eu mesma.
stranho, e sei. mas não pude conter,

meus parabéns.

Maurício disse...

Só pra constar: Foi comigo que essa frase foi dita.