quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pedaços de um pensamento (20)


As coisas não vem de uma só vez então... por que não começam a vir logo? Aprendi a esperar e é por isso que não sinto mais algo ruim quando percebo que, depois de tanto tempo, ainda não construí alguma coisa, ainda não realizei algo, ainda não concretizei qualquer sonho. Não é impaciência, é inconformismo. Depender de condicionais, alheios em pessoa ou natureza, é a mais difícil das esperas. A luta contra o desânimo é incessante mas, pela mudança da possibilidade do sonho sincero para a realidade contrária a ele num todo em curto espaço temporal, fica difícil fechar os olhos e imaginar parte de vida que saia do marasmo. Uso menos dedos que possuo em uma mão para contar os dias, dentre os últimos 30, que não foram provas de mesmice, de conformismo, de puro e simples viver somente por estar vivo. O prolongamento disso me preocupa.

Preciso, e quero, mais. Entretanto, de que adianta ter a maior das verdades e ver que isso não passa de um simples pulsar? Não sei como, por tanto tempo, acreditei.

E, contrariando a lógica, não consigo entender como ainda acredito.

*talvez o pensamento que bateu em minha racionalidade
e disse que não preciso entender tudo seja 
explicação suficiente para algo que foge de qualquer razão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Histórias de uma vida não vivida (36)



*Enquanto eu aqui, caminho olhando para meus pés, perco de vista o Sol que tenta me aquecer nesta tarde de 4º no termômetro e, com um mísero vento, sensação muito abaixo disso. Não há muito o que possa ver nesse chão, nessas pedras, nessa grama. Não há muito a ver também se olhar para frente. Esbarrar em alguém e ter, por educação, de pedir desculpas não traz preocupação. Enquanto o mundo gira, os dias passam e o Sol, longe daqui, tenta se mostrar presente, depois de dias tão nublados quanto meus pensamentos, eu continuo caminhando olhando para meus pés. O tênis preto disfarça a sujeira e a minha expressão de poucos amigos indica que meu ânimo está tão sujo quanto. Dias tão próximos e tão bons não conseguem mais reverter uma sequência que, agora, admito ser inevitável. Pequenos nadas, pequenas ausências, pequenos deixares de palavras, quem sabe algo mais. Desculpe-me, calor, estou frio demais.

Quando todos que estavam ao meu lado naquele círculo fecharam os olhos e concentraram-se apenas na música, senti que era a minha hora de sair dali. Não conseguiria prender por muito mais tempo essa agonia que tomou conta dos meus pensamentos. Difícil lembrar e entender qual ideia em si provocou tudo isso. Se fosse o passado, estaria rindo agora. O problema é que isso vem de agora, vem do presente, do hoje e de alguns ontens não muito distantes. Felizmente estava apenas com as meias nos pés então, quando levantei, ninguém me ouviu. A música era linda, incrível, os pensamentos de todos deveriam estar sobrevoando os céus de seus sonhos, de seus amores, de toda a vida, não havia como repararem nos mínimos ruídos de estalos dos meus tornozelos.

Caminhei até o fundo da sala, a garganta parecia estar inchada, como se estivesse sufocando com alguma bola de isopor ou coisa semelhante. Por mais que voltasse a ouvir, mentalmente, a música, não conseguia tirar dos pensamentos flutuantes aquilo que era o principal motivo de minha angústia, dessa agonia irritante, insensível ao momento alheio. O que eu fiz? Por que pareço não merecer mais nada daquilo que algum dia já tive? Sou eu, apenas eu? Que culpa poderia ter por apenas... não há razão para tentar explicar para minha própria mente, ela não entenderia.

Porque eu não entendo.

Chegando ao fundo da sala, encostei-me com calma na parede e fui escorregando até o chão enquanto olhava para as outras pessoas. Repito, a música é incrível mas...

Dobrei meus joelhos e os trouxe contra meu peito. Os segurei com força com meus braços inexplicavelmente trêmulos. Uma última olhada para ter certeza de que ninguém havia notado-me e então pude sentir algum alívio quando encostei minha cabeça em meus joelhos, fechando meus olhos para o que minha mente não cansava de me mostrar.

E desse jeito permaneci.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Histórias do Bandiolo - Até os malucos vão ao psicólogo


- O senhor pode começar.

- Por onde?

- Bem, por onde quiser.

- Eu não quero falar nada, mas me disseram que o senhor poderia me ajudar.

- Qual o seu problema?

- Assim, direto?

- Pode ser, com o passar dos minutos, acabará me falando o que eu preciso saber para lhe explicar o que está acontecendo com você.

- Se é pelas minhas palavras, eu já sei o que acontece.

- Então, por que me procurou?

- Simples, eu não sei como entender por que isso está acontecendo me ajuda a...

- ...sentir-se melhor?

- Isso, o senhor até que é bom nisso.

- Bom, você está perdendo tempo, comece a falar o que está acontecendo.

- Está bem. Acabei percebendo que...

- Não, você não deve me dizer o que percebe, o que pensa ou o que entende, a menos que eu lhe pergunte. Você deve apenas contar o que está acontecendo, entendeu?

- Hum, tá bom. Nesses últimos dois anos, a minha vida tem andado sem um rumo certo. Eu mesmo não tenho certeza com relação a muitas coisas.

- Que coisas?

- Sabe aquela história de dom, para música, artes, oratória, escrita ou mesmo algum talento esportivo ou intelectual? Pois é, não tenho nada disso. Meu futuro profissional, portanto, depende muito do que me agrada e...

- ...você ainda não descobriu com o que quer trabalhar pelo resto da vida.

- Mais ou menos isso. A questão não é descobrir o que quero, mas sim o que preciso.

- Por que, ao invés de buscar o que acha que precisa você não busca o que quer?

- Porque eu também não sei o que eu quero.

- Do que você gosta?

- Não desvie do foco, não é de um teste psicológico ou daqueles testes vocacionais que preciso.

- Então continue a falar sobre o que você quer falar.

- Muito bem. Da mesma forma que não consigo sequer começar o encaminhamento da minha vida dentro de um trabalho, não consigo resolver problemas emocionais e, não me chame de débil, mentais.

- Problemas emocionais todos temos.

- O senhor é casado?

- Quem é o paciente?

- Você venceu. Então, se o senhor já viu Chaves, sabe o que é amor platônico.

- Dona Florinda e Professor Girafales.

- Isso. Pois é, sinto como se estivesse em uma situação parecida.

- Você a vê...

- ... não me interrompa! Eu a vejo, fico com cara de bobo, gaguejo, não consigo manter um assunto razoável com qualquer outra pessoa quando ela está por perto. A conheço e sei que não há em nenhum reinado desse mundo coração tão bom. Conversamos à distância...

- ...internet?

- Eu já disse, não me interrompa senão eu saio sem pagar a consulta. Sim, pela internet. Horas e horas mas quando estou perto dela não consigo conversar.

- I...

- Shhhh. O problema é que não importa o que eu diga ou o quanto demostre o que acontece comigo por causa dela, para ela, está tudo bem como está e isso talvez me incomode. É uma companhia adorável, uma pessoa simples e Deus bem sabe como pessoas simples me encantam. Só que...

- ...

- É, isso aí. Penso nela todos os dias, doutor. É como se o sol brilhasse mais a cada pensamento que me lembra aquele rosto, aquela voz e todos os momentos que passei perto dela. Eu sou um grande bobo, não sei o que fazer, tenho quase certeza de que nada posso fazer mas ainda assim isso...

- ... lhe desanima, lhe tira as forças, a motivação e consequentemente os sorrisos.

- Exato, essa foi uma boa interrupção.

- Obrigado, estou aprendendo.

- Não se empolgue.

- Bom, eu vejo que..

- Eu disse que terminei? Assim, os meus pensamentos, quando não direcionados para o que eu sinto, para a saudade da família, dos amigos e dela, bom, esses pensamentos tem me feito pensar que aquela crise dos 25 anos chegou cedo demais em mim, pois não tenho nem 20 anos.

- A tal crise existencial?

- Não devia tê-lo elogiado. Bom, é essa crise existencial, sim, ou algo próximo. É terrível pensar que, hoje, poucos são ideais que me motivam a continuar seguindo-os. É como se muito do que eu acreditasse tivesse transformado-se em...

- ...nada.

- Isso! Nada! Todo o tempo que passei amadurecendo em mim tudo aquilo que sempre vi como correto, justo e sincero, parece estar fraco. Por muito tempo busquei esse crescimento e hoje eu me pergunto 'para que tudo isso?'. É cansativo ter de aprender e mudar à partir do que se aprende, do que passa a ser o melhor.

- Há algo tomando o lugar desses ideais?

- Bom, não. E isso incomoda mais ainda. É como se estivesse me esvaziando e me tornando um pastel de ar, sem carne, frango ou qualquer outro recheio. É muita massa para pouco interior. Me sinto vazio, cheio de nada, sem rumo a seguir, sem saber como sair disso e estar sozinho...

- ... potencializa isso.

- Na trigésima potência. Bom, não vou falar de números, sei que o seu forte são as palavras audíveis.

- Obrigado pela consideração.

- ...

- Mais alguma coisa?

- Sim, estou com fome.

- Você entendeu.

- Sim, entendi. Bom, o senhor não é a primeira pessoa que me ouve e tenta entender o que está acontecendo comigo. Doutor, tem sido difícil encontrar motivação. O final de parte do meu caminho não parece ser suficiente para o que estou passando. A curto prazo algumas coisas funcionam mas... eu não consigo me concentrar, não consigo escrever, não consigo criar nada, não consigo sequer cantar sem uma letra na frente para me guiar. É como se eu tivesse um microfone e, no show mais importante da minha carreira, tivesse um ataque de pânico e desmaiasse na frente de 80 mil pessoas.

- No Maracanã?

- Não, em Wembley.

- Deve gostar de Beatles.

- Não vem ao caso. Qualquer vestígio de concentração desaparece quado percebo que posso estar começando a concentrar-me. Estudar é uma guerra contra a minha vontade, mente e corpo. Não me vejo engajado em nada e essa nulidade me enerva. Durmo mal, não consigo lembrar de qualquer sonho e, acordado, sonhar racionalmente com desejos realizados está sendo tão difícil quanto perceber que perdi muito tempo me preparando para chegar até aqui e ver que de nada adianta estar preparado no lugar errado. E sim, gosto de Beatles.

- Você está no lugar errado, então?

- Talvez esteja, talvez seja só uma fase.... E TALVEZ O SENHOR POSSA ME AJUDAR.

- Gosto do seu bom humor.

- Odeio a sua ironia, o seu sarcasmo e suas frases curtas e sem qualquer pingo de direcionamento para a resolução dos meus problemas.

- Você é um banana, um covarde.

- O senhor é um idiota arrogante que acha que, por ter estudado durante anos, sabe tudo sobre todos, generalizando casos e esquecendo que eu SOU ÚNICO! E que ninguém vive as mesmas coisas que eu.

- Você está sendo arrogante ao achar que só você passa por situação semelhante.

- Mas a maneira com que eu reajo a tudo isso deve ser única.

- Claro, você tem medo do futuro e se prende ao passado para justificar o que está acontecendo.

- Eu não mencionei meu passado.

- Não? "Tudo o que eu pensava e achava certo' - isso não é passado?

- Mas...

- E tem mais:...

- Não tem mais nada, continue com a teoria do medo do futuro.

- Bom, não há muito o que dizer. Há uma grande insegurança em você por não ter nada encaminhado, nem no campo profissional e muito menos no afetivo. Você queria ter na faculdade uma certeza de trabalho para o resto da vida e ao seu lado um pessoa com quem, pelo sentimento e por aqueles ideais sinceros que mencionou ter, gostaria de constituir família. O problema é que nada disso está sob o seu controle e isso lhe deixa inseguro, pois não é apenas pela sua vontade que passam todas essas certezas.
- Isso é passageiro, então?

- Claro, a insegurança vem com...

- ... a maturidade.

- É, e não faz diferença se você tem uma mentalidade bem avançada para a sua idade, ninguém se importa com isso e talvez sequer você ache isso uma grande coisa quando percebe que essa segurança pelo crescimento não lhe garante segurança no futuro. Você se incomoda com algum defeito ou mania que tem?

- Sou ansioso, talvez isso explique a insegurança.

- Muito bom, você já pode ir embora.

- Meus problemas não acabaram só por tê-lo ouvido falar de um ponto de vista diferente do meu sobre alguns dos problemas que considero ter.

- Não, não acabaram.

- Então?

- Sua consulta acabou.

- Ah.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Reflexões de um maluco(16)


Enquanto esse eterno dia tempestuoso, que parece estar sendo a minha vida nessas últimas semanas, não acaba, continuo com aquela sensação de que tudo estaria melhor hoje se eu não tivesse a péssima ideia de levantar da cama e dizer para o mundo um 'ei, aí vou eu' sem vontade ou motivação alguma. Tudo empurrado com a barriga e, como tudo que é feito assim, uma consequente tragédia, com proporções perceptíveis, chegou antes mesmo do que geralmente chega. Se ao menos tivesse ficado apenas no meu pensamento, no meu dia-a-dia, enfim, no meu mundinho, hoje poderia cantar um 'shalalalala' à Beatles e sorrir como se nada tivesse acontecido. Embora, óbvio, a ideia de não levantar da cama por dias não pareça mais ser absurda e idiota. 

Há uma grande ironia nisso tudo que é, quanto mais aprendo e vivo, mais acabo me expondo ao ridículo erro primário de pensar por pensar, de agir por agir e de errar por errar. Insisto, se isso afetasse e trouxesse apenas para mim coisas chatas, como tristeza e decepção, ou terríveis, como dias de desatenção e conformismo, tudo bem. O grande problema é ter invadido um mundinho alheio por duas janelas verdes e ter sido, imagino que mais do que nunca, como um piá de rua que quebra a janela da vizinha. Um dia passa, claro, mas você pode perder a bola, pode levar uma surra da sua mãe por ter feito isso ou ainda ser humilhado pela vizinha no seu ambiente, a rua como campo de futebol. Tudo isso é ridículo e a vida ensina que as risadas do ridículo perdem a graça quando você percebe que não são os outros, mas sim você, que é o ridículo sem fundamento. Porque se é para ser ridículo, que seja com alguma causa, por algum motivo. Ser por ser, seja ridículo, inteligente ou a melhor pessoa do mundo, não tem valor. Como agir por agir e viver por viver. Um dia a aparência inteligente ou bonita disso tudo desaparece e nada sobra, nada fica, nada continua a existir porque nada existiu.

Eu sinto muito e meus dias são cada vez mais difíceis quando me dou conta de que entrei nesse círculo vicioso daqueles que erram por errar e, "caramba, que ridículo eu sou", acabam desculpando-se consigo por tudo que fizeram e pode ser motivo de orgulho. Amenizar a minha culpa e  os erros de todos esses dias, para uma vizinha em si ou para todo um bairro, não me dá paz, não tranquiliza e muito menos compensa. Tomar uma atitude mais enérgica para comigo mesmo, isso sim, pode compensar por ações futuras. Sem imediatismo.

Não vejo hoje motivo algum para me orgulhar, de dias ou anos passados. Então acabam-se as desculpas para mim, acaba a minha margem de erro. Estive cansado de andar no limite da cobrança pelos acertos mas quando decidi dar-me uma folga, deu no que deu. Pois é, descansei por descansar e, como tudo o que já disse, isso perdeu o sentido e me trouxe dois dos dias de maior auto-decepção. Porque não depende de mim o desculpar ou perdoar, não está nas minhas mãos a boa relação com aquela vizinha de linhas atrás.

Consegui ser franco o suficiente, acho que depois de algum tempo, apesar das falsas metáforas e analogias, fiz-me entender. Não há como ser mais claro. Eis aqui mais um motivo para, além da sinceridade e da espontaneidade, resgatar aquela cobrança rigorosa pelo que é certo, em que o cobrador e o cobrado são a mesma pessoa. Que, óbvio, é eu.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Reflexões de um maluco(15)


Prometo, para qualquer um ler, a mim que essa será a última vez que passo meus dias dessa maneira. Não que amanhã tudo será diferente, minha vida será sorrisos e pulos de felicidade. Não tenho pressa para sentir-me melhor do que hoje, para entender-me melhor do que hoje e para concluir, ao contrário de hoje, que tudo isso é desnecessário e uma completa idiotice. Assumo-me como ser extremamente limitado, preso às próprias vontades e cercado por alguma coisa mais potencialmente perigosa que arame farpado. Tudo isso no plano mental, naquela grande baboseira chamada 'consciência' ou, indo mais além com alguma ironia, 'inteligencia racional'. Porque toda razão é burra, é radical e cega. Toda razão leva aquilo que tantos, inclusive eu, dizem ser necessário, a tal da 'autorreflexão'. Quanta bobagem planejada e idealizada por mentes inertes e insossas. É uma vergonha para mim perceber que tudo isso não passa de uma tentativa, invariavelmente fracassada, de encontrar respostas para perguntas não feitas e caminhos em lugares inóspitos. A certeza de que é uma fase pode até confortar mas não ameniza qualquer decepção com a própria ideia, talvez até coerente, de seguir uma razão, uma ideia, um plano 'inteligente' de dar passos para frente, subir escadas e alcançar um nível acima do qual se está. 

Aquela bobagem toda de crescer, amadurecer, evoluir como ser racional e, sejamos idiotas ao acreditar que a consequência disso é crescer também como ser emocional. Porque afinal de contas, sempre induz-se que uma sabedoria vem do conhecimento, que vem da inteligência que, desde criança nos ensinam, vem do ler, escrever, ouvir, aprender, estudar. E isso vem da razão. Contudo, estou mais do que enojado com essa fase 'vamos entender tudo o que se passa para que isso não se repita'. Se houver repetência, algum problema? A vida é de quem, minha ou daqueles que vão, como todos os falsos profetas, dizer 'eu avisei'. Esqueçam disso tudo, o que se faz baseado no que se pensa tem um começo extasiante, um meio vazio e um final... bom, não há um final para tudo que começa por um pensamento. Ideais e convicções só tem valores quando partem de sonhos, com um mundo melhor, com uma sociedade mais justa, com uma convivência mais amena e relacionamentos mais amorosos. E nada disso vem da razão, nada disso vem do pensar. A consciência de acertar com isso é a única que tem algum valor concreto.

Atirem as palavras e critiquem, tanto faz, eu não aguento mais aprender, pensar, entender, raciocinar e tornar razão tudo o que está acontecendo, nada do que está acontecendo ou se está acontecendo alguma coisa. Chega dessa estupidez de 'eu penso que vai ser bom' ou 'é real a possibilidade de você ser alguém melhor com isso'. Não que alguém tenha dito isso, mas certamente em algum lugar um conselho parte desse preceito e daquele que, arrogantemente, diz ao 'bom amigo' que 'eu sei o que estou dizendo a você, confie em mim, eu já passei por isso'. Sabedoria falsa, vivência exclusiva e intransponível. Tudo isso cansa, tudo isso me cansa.

Tanto quanto me cansa correr por muitos e sequer receber um passe em condições de marcar um gol. Eu jogo pela equipe, corro pela equipe, marco pela equipe e na hora de fazer gols pela equipe, não recebo assistências, ninguém é solidário para comigo. Por que razão, estúpida ou aceitável, eu continuo aceitando quando alguém me diz que 'é preciso jogar pela equipe' ou 'é preciso marcar pela equipe' ou ainda o pior 'é preciso ser uma equipe'. Que equipe é essa onde ajudo e sou induzido a pensar, e aqui entra mais algumas gotas de nojo, que eu é que sou individualista e nada faço pela tal equipe.

Isso não existe, essa razão é egocêntrica e não sou eu o centro dela. Ainda bem que, além de perceber, começo a assimilar isso para minhas atitudes. As reclamações que vem de fora, com muitas cobranças e pouca boa ação como exemplo, estão destruindo parte da minha tolerância. Exaustivo é continuar assim, para todos os lados sendo equipe e, sozinho em minha mente, perceber que não há equipe também por mim.

Espero estar quase no fim de mais essa etapa inepta. Não sei por quanto tempo isso ainda vai durar porém, escrevi na primeira frase, prometo a mim que será a última vez que qualquer razão vinda do senso comum do aprendizado irá prejudicar-me tanto. 

Última vez em que tantas insignificantes coisas fazem um estrago desproporcional no meu viver.