sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mas que droga, literalmente

A cidade onde moro, Frederico Westphalen está certamente entre as cidades que mais consomem crack, por habitante, no Rio Grande do Sul, ficando à frente de grandes cidades, onde o problema deveria ser maior.

É ridículo isso. Como foi ridículo quando Vicente Dutra, cidade vizinha e o típico cu do fim do mundo, com seus 3 ou 4 mil habitantes figurou com a cidade mais violenta, quando em um ano umas 10 ou 12 pessoas foram assassinadas. Claro, essas médias são bem estranhas, mas o fato não deixa de ser fato por serem "apenas" 10 os assassinados como são apenas uns 350 que devem ser consumidores visíveis de crack por aqui.

Ridículo também é o tratamento que o crack ganha. Talvez seja a pior das drogas, porque vicie mais rápido e porque não dá prazer algum segundo pessoas do ramo das drogas, mas não é nem mais nem menos do que nenhuma outra droga como a cocaína e o álcool.

Ridículo também é ouvir que a sociedade moralista tem culpa nisso. Que o usuário não é culpado mas sim inocente. Ridículo. Usa drogas quem quer. Quem quer se ferrar, quem quer ser idiota, quem quer ser igual, entrar na moda. Afinal, o uso de drogas sempre foi incentivado na sociedade. Mulheres gostosas ou mesmo o cara que fumava em verdes campos. A maconha sempre é tratada em filmes como algo que só te deixa meio alto. A cocaína te deixa doidão. E por aí vai.

Ridículo ouvir que o ambiente provoca isso. Eu e tantos outros que perto de mim convivem, vivemos nessa cidade. Convivemos com ofertas de drogas, talvez não tão diretamente quanto outros, mas mesmo assim, entretanto não usamos nada. "A camada pobre da sociedade, os marginalizados". Bobagem. Tudo bobagem. Quem mais usa é playboizinho de merda que quer se interar com os já drogados. Quem trafica mais não é bandido de cadeia. Quem trafica mais é quem tem dinheiro pra financiar isso. Gente rica que depois sempre quer moralizar com palavras e com iniciativas que, se dependerem de si, jamais sairão da teoria.

Estúpidos são aqueles que jogam a culpa na Igreja ou nas escolas. Em Deus ou mesmo no analfabeto, incompetente, ladrão e mau caráter do presidente da república de nada chamada Brasil.

E o que fazer?

Dizer que ter consciência é a solução não adianta. Porque nem todos a tem. Nem todos a terão algum dia. Grades, cercas, carros blindados? Um dia a realidade aparece e acaba sendo refúgio de gente que por tanto tempo vive isolada e literalmente à margem da sociedade, de uma maneira rica e luxuosa.

Estou certo de que campanhas nada mudarão. Panfletos, palestras e frases feitas no rádio não vão mudar nada. Só se compra porque há a disposição? Não. Só há alguma coisa a disposição se há gente estúpida para comprar ou gente corrupta e sem caráter para financiar o tráfico e a venda.

Parem com campanhas e palavras moralistas. Dizer "não use drogas", "não use crack" não vai adiantar. Enquanto a gurizada sonhar com o copo de cerveja do pai, com o cigarro do tio ou com aquela poeira que o amigo do irmão do colega cheira, nada vai mudar. Acabar com o tráfico é impossível? Não sei. Mas acho que não.

Mas pra acabar com o tráfico é preciso prender, não só os traficantes mas sim quem realmente lucra com isso. E para isso é preciso acabar com a corrupção de policiais. E para isso é preciso acabar com a corrupção a nível superior, ou seja, nos governos. E para acabar com isso?

Acabar com a corrupção no nosso dia-a-dia seria uma boa. Mas demoraria muito para mudar.

Enquanto não surge uma outra alternativa, me apego a essa como solução para o problema dessas drogas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sem título nem ponto final

(Exagerado - versão do Biquíni Cavadão, ao vivo)

Não sei como, mas quarta-feira passada parece ter existido há muito mais tempo do que uma semana.

Que ridículo ou mesmo estranho é isso. Mas é verdade.

Nada aconteceu em especial. Nenhum momento marcante. Nenhuma lembrança maravilhosa. Nenhuma pessoa que já não tenha feito sua parte.

Essa estranheza é maior ainda porque é justamente quarta-feira que parece ser tão distante. Nem a terça anterior nem a quinta posterior. Nenhum dia da outra semana me parece tão distante quanto aquela quarta-feira.

E eu não posso dizer que estou ficando louco, porque o nome do blog seria uma hipocrisia que só.

Enfim. É estranho.

Assim como qualquer outra coisa que parece ser estranha para alguém.

É só

domingo, 24 de maio de 2009

Da série: Coisas que eu não poderia morrer sem fazer

Cidadão Quem - Um dia(acústica)

2 - Achar que o mundo pode ser melhor

16 - Tentar mostrar para a sociedade que é possível ter prazer, se divertir e aproveitar a vida sem bebidas alcoólicas, drogas ou mesmo qualquer tipo de aventura sexual

25 - Ser caroneiro de motoqueiro sem carteira e quase voar ao passar rápido por um quebra-mola

58 - Organizar uma boa gincana e ensinar alguma coisa a alguém

65 - Organizar uma boa gincana e ser sacaneado por um bando de babacas, tendo um prejuízo grande

148 - Roubar duas barras de giz de uma antiga escola e ainda contar para um dos funcionários da mesma

194 - Serrar um telefone

199 - Ir num show do Acústicos e Valvulados, saber cantar todas as músicas, gostar muito do show e mesmo assim reclamar de uma que não foi tocada

241 - Ter um blog, escrever bastante e gostar dos textos(ou "textos") mas por falta de visitas e comentários considerar esse blog um fracasso

351 - Ter sonhos impedidos por outras pessoas e me julgar um perdedor

412 - Trabalhar em uma beatificação com os pés encharcados, vendendo sanduíche, água e refri. Chegar em casa depois disso e não conseguir caminhar de tanta dor nos pés por causa das bolhas e mesmo assim ir à casa de um amigo assistir um filme

515 - Jogar bola descalço no calçamento, arrancar a "tampa" do dedo ao errar um chute e mesmo assim continuar jogando, até que a mãe chamasse para voltar para casa

657 - Driblar todo o time, o goleiro e, mesmo livre, chutar a bola na trave e depois chutar a trave e machucar o pé

700 - Ter um perfil no Twitter e achar que só 140 caracteres é algo bem interessante

741 - Ficar uma noite sem dormir, assistindo televisão e colocando a almofada na cara para não acordar ninguém com as risadas

995 - Ficar por algum tempo achando que tudo é relativo, inclusive a minha própria vida.

*por hora é isso

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Frase do dia

It's just another day...


ou em bom português, é apenas outro dia... apenas mais um dia.


Just another day - Oingo Boingo

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Deveria fazer sentido. E talvez faça. Claro, ou não.

Quantos já não se perguntaram o que se passa na cabeça de um quase-antissocial como eu?

Acho que vários. E por mais que eu tenha amigos, passe o boa parte do fim de semana fora de casa, eu tenho um lado antissocial muito forte. Não gosto de festas, não gosto de cumprimentar muita gente, mesmo querendo e, no fim das contas, sendo educado. Odeio gente efusiva, que se dá bem com todo mundo, que é sorriso pra todo mundo, educação, paparicação, babação de ovo e muita hipocrisia com todo mundo.

Gente que é só amor, que é só carinho, que é só beijo e abraço. Gente efusiva é gente hipócrita. Sem contar as exceções, porque cansei delas, por ser uma. Merda. Passei a odiar as exceções.

Então me odeio?

Bom, por certo ponto de vista sim. E com gosto ainda. Mas não posso odiar aquele que sou, pois odiaria ser o que sou, como sou e para o que sou. Se é que alguma dessas tentativas de frases afirmativas e definidoras possa ser chamada de frase, ou mesmo possa ser definidora de algo ou de alguma coisa.

Que droga.

Odeio gente efusiva também porque um dia fui assim. Malditos tempos de recaída à normalidade da qual, no fim das contas, felizmente nunca pertenci, embora já tenha afirmado em textos antigos que eu era um normal, embora tenha apenas fracassado ao não conseguir, FELIZMENTE, ser um deles. Dos "outros". Malditos.

Ainda bem.

Faz tempo que eu queria ter escrito isso. Odeio gente efusiva. Que legal. Acho que não tinha escrito isso antes. E se escrevi também, ninguém leu, ou se leu não vai lembrar.

E isso também não faz diferença.

Do que eu falava mesmo? Ah, do meu lado antissocial.

Bom, converse comigo que eu jamais negarei conversa. Embora não vá com a tua cara e queira fugir de um assunto do qual certamente eu não quero saber ou tenho(que coincidência...) raiva de quem sabe.

Acho que as pessoas que perdem seu lado "instintivo" antissocial(que essa droga de palavra seja escrita assim agora) se tornam pessoas muito... efusivas?! Ou não.

A questão toda é que, chegando ao fim de mais uma tentativa fracassada(parabéns seu perdedor babacão) de texto, só posso dizer que... bom.

O texto só está alinhado à direita porque eu nunca havia escrito um assim... e... 
acabou.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Frases de ontem, hoje

I feel so bad - Elvis Presley
 

Mais um domingo de sol. Frio ou calor, depende de onde estavas.

Mais um domingo fora de casa.

Mais um domingo rindo.

Mais um domingo preocupado.

Mais um domingo estranho. Pra bem e pra mal.

Mais um domingo.

Com um sol particular que não esquenta o corpo mas sim a alma.

Com um almoço bom pra caramba.

E até com sobremesa.

Mais um domingo.

Aprendendo, se divertindo, aproveitando.

A vida?

Talvez.

Muito mais o momento.

Mais um domingo valorizando a vida.

O momento.

Amigos.

E os que já são da família.

Mesmo que eu estivesse fora de casa.

E aprendendo a valorizar, se não as pessoas, mas o esforço.

A atitude.

O espírito.

E a atitude das mesmas.

Mais um domingo.

Cujo texto é escrito na segunda.

E cuja frase marcantemente tosca não me deixou parar de rir durante o resto do texto.

A do sol particular acabou comigo.

Como ele vem acabando com parte de mim.

Uhuialá... a coisa tá feia mesmo.

Mas isso é coisa de segunda-feira né?!

Pra mim não era.

Mas agora, como desculpa, é sim.

É coisa de segunda-feira.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Uma luta, um sonho(3)

David Bowie - Starman

Não sei se minha vida, minha cabeça, enfim, meu estado atual de viver, pensar e agir me permitem escrever algo como eu gostaria de escrever e, aliás, gostava de escrever quando conseguia há algum tempo atrás.

Não vou reclamar de nada.

Apenas quero dizer que venha quem vier com propostas sedutoras, tentadoras ou mesmo críticas destruídoras e terrivelmente reais e úteis, eu não vou desistir. Não é questão apenas de valorizar tudo o que já passou sem afetar uma escolha, um rumo dado a uma vida, que mesmo não tendo sido muito(muito) bem aproveitada nos últimos tempos tem sido, invariavelmente aproveitada.

Tenho pensado demais nisso, e seguindo o ritmo relativo do post abaixo(uma das coisas mais legais que já escrevi no meu perfil do orkut), sem chegar à conclusão alguma. Já passei por coisa pior e gosto de nesses momentos lembrar de que nenhum sentimento pessoal pode ser pior dos que já senti, dos que já me fizeram sentir.

Não sei de nada. Não sei o que fazer. O que pensar. O que quero. O que não quero mais. Não sei sobre o meu passado o que faz diferença e o que realmente ficou no passado.

Mas não vou desistir.

Tantos são os que me perguntam, indiretamente, se vale à pena. Isso ou aquilo. Lá ou acolá. Aqui e ali. Se vale à pena fazer o que faço. Se vale à pena continuar desse jeito, seguindo ideias e convicções que, embora consideradas atrasadas pela grande maioria, acabam sendo a única coisa certa que acredito ter em mim. Ideias e convicções que me prejudicam muitas vezes, me impedem moralmente de tomar certas atitudes e fazer coisas que qualquer pessoa normal faz.

O mundo é uma coisa normal. Patética. Monótona. Só que ultimamente não tenho mais visto isso. Mesmo sendo esse o grande motivo para fazer parte dos diferentes e não vendo isso mais com a mesma clareza de outrora, não vou desistir.

Não vou aceitar ter estado errado por tanto tempo porque sei o quanto aprendi, cresci, aproveitei, enfim, sei o quanto vivi sendo assim. Eu cansei, mas não vou desistir. A teimosia de outros acaba sendo sempre maior, mas não ao ponto de me convencer.

Sociedade hipócrita, com pessoas hipócritas. Raros são os que se salvam.

E é engraçado isso. Eu leio em todos os lugares, de todas as pessoas, que elas odeiam falsidade hipocrisia, que só tem amigos verdadeiros, que vivem, no sentido literal, que fazem tudo por uma justa causa.

Caramba, então, onde estão os hipócritas?

Não importa. Só sei que, por mais que continuem mostrando "o bom e o melhor", não vão me convencer. Embora a minha certeza já não esteja mais tão certa assim, ainda resta uma parte consciente em meio a um cérebro e um coração cheio de dúvidas insconscientes.

Ah.

"...Vejam! Para eles não há tormentos, 
e seu corpo é sadio e robusto.
A fadiga dos mortais não os atinge,
eles não são molestados como os outros.
Daí a soberba, que eles usam como colar,
e a violência que os envolve como veste.
O pecado lhes brota da gordura,
e seu coração trasnborda em maus projetos.


(...)


De fato, foi inútil conservar puro o meu coração
e lavar na inocência as minhas mãos!
(...)
Até que fui penetrando no mistério de Deus,
e então compreendi o destino deles.


De fato, tu os colocas em ladeiras,
tu os fazes cair em ruínas.
Vejam: num instante são reduzidos ao terror,
(...)
Se o meu coração se azedava
e eu espicaçava meus rins,
é porque eu era um imbecil e nada entendia...
- Salmos 73(72)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Palavras relativas de um coração não relativo

O tudo é relativo.
O nada também é relativo.
O sempre e o nunca também são relativos.
A minha tristeza é relativa.
A minha felicidade é relativa.
A minha vida é relativa.
Os meus problemas não deixam de ser relativos.
As minhas ideias não deixam de ser relativas.
E acho que só coisas como o egoísmo e a dor são coisas não-relativas.
Porque o egoísmo é o egoísmo e a dor, qualquer que seja ela, dói, machuca.
A minha vida, a minha família, os meus amigos, a minha fé, o meu amor, a minha sinceridade, as minhas ideias e convicções.
Tudo está relativo para mim.
Como eu disse lá no começo, o tudo é relativo, mas nesse caso, o relativo deixa de ser relativo para se tornar mais um adorno em uma mente fria e cansada de tanta relatividade em tudo, menos no egoísmo de outros e na dor do meu coração.

Cansei.

Frase do dia

Não me cobre sorrisos, olhares ou abraços.
Não me cobre nada.
Nem o que nunca fez alguma diferença, isso será passado.
=(




Que merda.

domingo, 10 de maio de 2009

Frase do dia(ou Frases do twitter que vieram parar no blog)

Como pode o sol brilhar no meio da madrugada?
Como ele consegue iluminar
o caminho de alguém
que ainda não sabe
nada sobre si?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Retratos de uma sociedade patética(5)

Dos grandes pré conceitos(e não me digam pra colocar uma porcaria de uma hífen lá) que atazanam e incomodam as minorias, o pré conceito por generalização é o mais estúpido, ridículo, tosco e aceitável. Exatamente. É o mais aceitável sim. Vamos aos fatos.

Enquanto todos riem, eu permaneço sério. Enquanto todos choram, eu permaneço indiferente. Enquanto todos estão conversando num grande grupo, eu estou só com meus pensamentos. Enquanto todos pedem o que precisam(ou não), eu agradeço pelo que tenho. Enquanto todos se alegram com todos, eu me entristeço comigo. Enquanto todos cantam em pé, eu fico sentado e de boca fechada. Enquanto todos aproveitam os prazeres da vida, eu faço apenas o que ME é certo. Enquanto todos buscam coisas novas todos os dias, eu me contento com velhos sonhos de coisas(ou pessoas) que talvez já não saiba mais porque sonhei com elas.

E não venham pensando nas diferenças que existem entre as pessoas porque eu já não acredito nisso. A sociedade oferece e a grande maioria adere ao generalismo por conveniência ou simples afunilamento por falta de uma cabeça própria para decidir o que é certo e o que, não (necessariamente) invariavelmente, é errado.

Não me venham também com frases como "deixe de ser radical, generalista, extremista, machista, gremista" dentre outras coisas. Eu não quero nem saber o que se passa na cabeça de quem, espantosamente, lerá esse emaranhado de frases.

A sociedade é preconceituosa por generalização sim e ninguém vai tirar essa ideia da minha cabeça.

Exemplificando isso, lembro-me da morte do tio de um meio-irmão de um conhecido meu. Mais da metade das pessoas que estavam na Igreja estavam chorando. Aliás, quase todas as pessoas na Igreja choravam. Mas muitos, como eu, sequer conheciam o indivíduo, o falecido. E dentre todos os que estavam sentados na mesma fileira de cadeiras onde eu estava, só eu não chorava. E daí? E daí que depois da missa falei com alguns desses indivíduos e eles não conheciam mesmo o falecido. Então para que choro? Por respeito? Para mostrar dedicação, sensibilidade ou mesmo solidariedade?

Não me venham com bobagens e chamem-me de insensível se assim for-lhes conveniente, mas eu não consigo chorar em situações como essa, por solidariedade, sensibilidade ou algo do tipo. Podem desabar milhares de pessoas chorando na minha frente que isso não vai mudar o meu sentimento. Se eu não tenho motivos, óbvio que não vou chorar.

E fazendo isso, sou duramente criticado por pessoas que aderem a esse efeito bola de neve. É. Um começa e os que estão por perto aderem por achar muito mais conveniente se mover como parte de uma bola de neve desgovernada do que ficar parado sendo parte de um imenso tapete de neve que cobre um terreno.

Por simplesmente agir segundo o meu EU, sou tido como insensível, sem graça, quer se fazer de diferente, se acha mais importante por isso não faz o mesmo que nós, acha que sabe mais, enfim, várias outras palavras e frases que não vêm, infelizmente, à memória.

Pré conceito e preconceito por generalização. Que coisa ridícula.

Mas como disse, aceitável. Afinal de contas, cada um faça o que quiser. Ou melhor, cada um faça o que o outro estiver fazendo, afinal de contas, o outro também está fazendo o que um outro ainda fez ou faz. E assim vai. Até que cheguemos ao começo a essa (quase) interminável bola de neve social...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Histórias do Billi J. - coisa de família

- Billi, liga pra Ana, ela precisa vir aqui hoje.
- Não, liga tu, eu não vou com a cara dela e tu sabes disso.
- Ah Billi... liga lá, eu tenho vergonha.
- O interesse nela é teu. Quem chama ela de linda é tu. Quem quer falar com ela é tu. É teu o convite pra ela vir assistir filme aqui em casa. Tu que ligues para ela.
- Ah Billi, bem de irmão, liga lá vai.
- Vai querer que eu namore com ela também?
- Claro que não.
- Então, liga lá.
- Mas é que eu tenho vergonha.
- Grande merda, eu também tinha.
- E o que você fez?
- Dei uma surra num cara bem maior do que eu, comprei de uns marginais o direito de passar por eles sem brigar com alguns vale-cerveja e corri feito um condenado, mesmo sem ter comido nada o dia inteiro.
- Mas isso muda o que? Na hora de falar...
- Eu falei. E pronto.
- Mas é diferente.
- Não é.
- É sim, eu não vejo ela todo dia.
- Não? Tu acordas cedo mesmo tendo aula só de tarde, só para ver ela caminhar com aquela jaqueta laranja, balançando aquele cabelo ruivo pra lá e pra cá só no leve embalo dos sensíveis e curtos passos dela.
- Você também anda olhando ela Billi?
- Hahaha bocó. De tanto ouvir-te dizendo isso, decorei.
- Ah... mas voltando ao assunto, liga lá e chama ela aqui...
- E eu digo o que?
- Diz que nós estamos convidando ela pra assistir o filme.
- Qual filme?
- Qual tu achas melhor para assistir com ela, Rambo 3 ou Uma linda mulher?

Nesse momento o Billi J. quis rir. Não era possível que aquele desmiolado tivesse cogitado a possibilidade de assistir a um filme do Rambo com uma guria. Mas tudo bem...

- Acho que Uma linda mulher. Eu já decorei as falas dos filmes do Rambo.
- Mas você não vai assistir Billi...
- Então porque somos nós, e não só tu, que estamos convidando ela?
- Porque é uma desculpa.

Em mais uma rápida reflexão, Billi J., sujeito gente boa que era, resolveu ajudar o irmão.

- Tá. Mas não vou ligar.
- Vai fazer o que então?

O Billi J. foi até a sala, abriu a porta, saiu de casa e, vendo Ana sentada na frente de sua casa, que era na frente da casa dele, tomando chimarrão com os pais, gritou:

- Anaaaaaaaaa, o meu irmão tá convidando-te para assistir um filme aqui em casa.

terça-feira, 5 de maio de 2009

As diferenças não fazem diferença, se é que existe diferença mesmo

A loucura e a insanidade andam juntas. Por vezes são uma só. Como a espontaneidade e a sinceridade. No fundo, as quatro se diferenciam somente por conceitos diferentes porque, no final das contas, o louco e o insano são pessoas semelhantes por terem essas características. Assim como o sincero e o espontâneo. E, sinceridade e espontaneidade são características que acabam diferenciando os normais dos loucos, dos insanos. A sinceridade indica insanidade. Porque só sendo insano, louco, maluco, débil mental é que se pode agir de maneira espontânea e sincera.

Entenderam?

Se não entenderam, beleza. Nem todo mundo deve ser capaz de entender um parágrafo tosco, porém espontâneo e sincero, da maneira correta. Se é que, nesse caso, haja apenas uma maneira correta de entender um emaranhado de frases curtas(ou não) e um pouco(mas só um pouco) relacionadas umas com as outras(ou não também).

A definição de cada uma dessas palavras, que são tanto substantivo próprio(de cada louco, maluco, insano, sincero ou espontâneo) quanto adjetivo(pessoal, impessoal, sem pessoa ou muito mal acompanhado) é feita apenas no momento em que se quer explicitar a (talvez pequena) diferença entre elas. Se bem que a classificação morfológica(ou sintática ou qualquer outra porcaria de classificação usada somente com o intuito de atrapalhar o raciocínio lógico(que no caso é o que mais importa) do aluno) não faz a menor diferença nesse e em qualquer caso quando trata-se de loucura, insanidade, sinceridade e/ou espontaneidade.

No final do texto, geralmente coloca-se uma conclusão mas, que conclusão posso colocar sobre isso? Não existe uma conclusão. Nem para o assunto, nem para a maneira como essas coisas, características ou coisas afim. Não existe conclusão quando se fala em algo que não é muito visto. Em algo ao qual apenas uns poucos aderem.

Porque esses poucos, como os que eu conheço, não se importam muito com conclusões, sejam elas precipitadas, pensadas ou apenas imaginadas. Esses poucos se preocupam com o que fazer com essas coisas, características ou afins. O que fazer, como fazer, por que e para que fazer.

E chega.


(Escrito em 01/02/09, às 23:20 pelo Vini Manfio no Tosco por ser Tosco)

sábado, 2 de maio de 2009

Frase do dia(com um "Reflexões de um maluco" embutido)

Engenheiros do Hawaii - Simples de coração

Dessa vez não foi meu vô quem disse, mas sim eu mesmo. E tive que parar de jantar naquele momento pois essa é a frase mais inteligente que eu disse nos últimos... sei lá, 18 dos 17 anos da minha existência nem sempre vivida neste mundo.

(Pois é...) Devemos aprender a buscar nas pessoas
não o que queremos,
mas sim o que elas podem oferecer.
Não é só questão de aprender a aceitar
o que nos é oferecido,
mas também de entender que nós
jamais
seremos tudo o que as outras pessoas
esperam que sejamos.


Dito isso, minha cabeça, dos neurônios aos dormentes fios de cabelo, mexeu-se como se ao invés de uma frase eu tivesse proferido as palavras que salvariam a humanidade de toda essa hipocrisia superficial e materialista que a maioria acaba aderindo por achar o mais fácil. Mas isso não vem ao caso agora.

E o contexto dessa frase foi uma conversa bem simples sobre as vidas, vividas ou não, daqueles dois seres humanos, um deles sendo eu, que estavam sentados naquelas cadeiras não muito confortáveis, à espera de uma bebida doce e gaseificada, que muitos chamam de refrigerante.

Pensando na frase, que é quase um parágrafo, agora pra valer, acho que não considero isso , talvez, a coisa mais inteligente que disse em minha vida. Até porque a minha memória não ajuda. Mas enfim.

São tantos e tantas que passam horas, dias, meses e até anos repetindo um erro que, talvez, todas as gerações cerebradas e realmente viventes que já pisaram no planeta, cometeram. O erro de procurar nos outros aquilo que não se tem. Aquilo que se precisa. Aquilo que lhe faz falta. E em vez de apenas fazer como o Chaves, que dizia que "cada um pensa naquilo que lhe faz falta", esses tantos e tantas perdiam-se e tornavam-se meras marionetes de seus desejos oriundos de uma ausência de auto-estima(com hífen?) e até de personalidade.

Difícil julgar quem não se conhece. Imprudente julgar quem se conhece. Ausente é o julgamento próprio. A tal da autorreflexão(?) não deve servir como uma limitadora de objetivos, desejos e nem como objeto de uma transformação que leva muitos ao caminho das drogas, tipo Nx0 e Fresno.

A não aceitação do eu leva a uma consequente não aceitação de qualquer outra pessoa. Porque o que falta para mim certamente faltará para a maioria das outras pessoas. E eu não conseguirei nunca enxergar que não são só os outros que não possuem tal característica, que eu também não a possuo.

Isso ficou profundo demais para mim.

Paro por hoje.