quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mais um texto com o marcador "desabafo"

Não nego que até fevereiro meu "sonho" era passar no vestibular e tirar seis meses de férias, começando a estudar apenas na metade do ano na segunda turma. Não vou negar. Mas era só "sonho" mesmo. Porque hoje, quatro meses após o início do ano, me vejo entediado ao extremo.

Aquela ideia de descanso, férias mesmo, por um longo período sempre parece atraente aos olhos de quem não desfruta disso. E se você ainda não entendeu, estou reclamando por não ter responsabilidade alguma. É. Não tenho para para fazer e tenho todo o tempo do meu dia para "descansar".

Uma vida tão boa, mas que de tão boa é ruim. E por mais fácil que possa parecer passar esses dias, digo-lhes que não há coisa mais entediante do que o próprio tédio de saber que ainda restam alguns meses até que a minha vida volte a ter algum sentido prático e útil.

É bem fácil dizer que queriam estar no meu lugar. Mas o que ninguém consegue entender é que, pelo menos para mim, aguentar muito tempo sem fazer nada é uma tarefa tão árdua quanto o próprio trabalho. Tenho tempo para descansar a cabeça mas não o faço porque não consigo em meio à tanta coisa inútil que cerca, ronda e que faz com que meus neurônios sejam os únicos que tenham trabalho. Mesmo que seja um trabalho inútil.

O blog reflete isso. Sem disposição para pensar, sem disposição para escrever. Entediado. E não me venham com "você pode acabar com o seu tédio" porque isso é mentira. Só resposabilidades podem acabar com o tédio. E eu preciso de responsabilidades que me façam pensar e agir integralmente.

Minha mãe tem um livro, o "Socorro! Preciso de motivação", o qual não lerei por ser um livro de auto-ajuda(duas vogais juntas, coloca hífen - eu acho). Mas é isso. Mesmo que não tenha nada para fazer e que é certo que em agosto terei pouco tempo para escrever aqui, no Tosco e no Futebolista, não consigo ficar contente por poder descansar o dia inteiro de ter ficado o dia inteiro anterior sem fazer praticamente nada.

E não me venham também dizer que estou reclamando sem motivo. Pode ser que alguém aguente. Que alguém goste. Que alguém ache a melhor coisa do mundo. Eu também dizia isso. E queria isso. Mas não há nada pior do que essa nulidade física e mental pela qual tenho passado e pela qual passarei um bom tempo ainda.

Aos que ficam, aos que vão, nada mais a dizer.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Histórias de bergamota(9)

Olhou para o céu e quis voar.

Quem nunca fez isso? Quem nunca quis poder voar por aí, sem responsabilidade ou direção definida? Sem rumo certo. Quem nunca quis essa liberdade que os pássaros possuem?

Olhou para as árvores e quis ser uma árvore.

Sim, ser admirada por todos que por ali passavam. Florida, cheia de cor, cheia de vida. Animal e vegetal, claro. Embelezava o local e ainda servia de moradia para vários insetos, e em seus galhos mais altos os livres pássaros faziam seus ninhos.

Olhou para o lago e quis ser uma gota d'água.

Tão pequena, tão necessária, tão simples...

Olhou para aquela menina que corria, despreocupada, no parquinho.

Quis voltar à sua infância...

Mas não sabia mais por que...

Então viu aquela bergamota. E quis ser como ela.

E percebeu que todos os seus desejos seriam realizados se ela fosse uma bergamota.

Poderia ser natureza, lar de insetos, ser livre e brincar* por aí. Tudo se fosse uma bergamota.


E ainda por cima, seria laranjada...


*não me perguntem como uma bergamota pode brincar

domingo, 26 de abril de 2009

Uma foto

Queria que muitos mais estivessem presentes. E mesmo que a cabeça continuasse longe, algo me fazia voltar volta e meia à realidade. Esquecendo-me do que talvez ainda não tenha passado e indo ao encontro do que talvez um dia venha, agradeço a estes, e a tantos outros que, de alguma maneira, fazem parte da minha vida. O meu muito obrigado seria muito pouco perante o que vocês merecem.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Nada além do necessário

Creedence Clearwater Revival - Lookin' for a reason

Não consigo entender a estranha, comum e muito complexa mania que pessoas, inteligentes ou não, têm de limpeza. É uma quase obsessão compulsiva e familiarmente corrosiva que faz com que pessoas como a minha mãe busquem de todas as formas a limpeza completa de seus lugares, de viver, comer, dormir, trabalhar ou mesmo estudar.

Esse esforço todo, esse trabalho todo é inútil. É comprovado na prática que nem mesmo o melhor dos desinfetantes mata todas as bactérias existentes no local, sejam elas boas ou ruins para os que ali vivem ou passam. Não há como deixar algo 100% limpo. E não é por isso que sou contra essa limpeza toda.

É muito tempo gasto, comprando, aprendendo a usar, usando e depois reclamando de quem volta a sujar, mesmo que inconscientemente. Não há o que fazer, a sujeira vai voltar, aliás, ela nunca sai dali. Não acredito que viver em um ambiente total e completamente arrumado e limpo traga alguma vantagem a qualquer que seja o alguém que habite, trabalhe ou estude no local.

São horas, que somadas transformam-se em dias por ano, de limpeza e da busca para que novas sujeiras não sejam acrescentadas ao local que aparentemente está livre de qualquer sujeira. São mentes compulsivas, sem exageros, que fazem com que gente desorganizada como eu tenha que ouvir muita coisa apenas por caminhar comendo um pão e espalhando meia dúzia de migalhas por um chão, já sujo, que invariavelmente acabariam sendo carregadas por esfomeadas e perigosas formigas que certamente agradeceriam muito pela oportunidade daquele verdadeiro pão de cada dia.

Acho que as pessoas deveriam se preocupar mais em sujar do que no trabalho que vai dar para limpar. Evita-se fazer muita coisa apenas por temer o árduo trabalho de recuperação de um estado aparentemente limpo. Evita-se comer muita coisa por não querer sujar algum objeto, seja uma faca ou um prato. Evita-se, dadas as proporções, viver, para evitar desgostosas e incômodas palavras vindas de terceiros(as) que estão sempre atrás dessa (mal)dita limpeza.

Não vivo em meio à sujeira. Nem quero. Mas só limpo o necessário. É mais fácil. Mais prático. É apenas o necessário. Até porque, por viverem em locais muito limpos, crianças da nova geração(com seus 5, 6 anos) estão tendo mais problemas de saúde por não conviverem com essa sujeira, que não faz diferença, que não atrapalha e que só incomoda aquelas que buscam o auge da limpeza doméstica, escolar ou tra... não sei como completar essa palavra.

Bom, era isso.

Pelo menos mexendo com blogs a única preocupação de limpeza é com o layout, que mais uma vez é novo e não possui qualquer exagero.

Exceto o próprio exagero do autor.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Histórias de uma vida não vivida(9)

Acústicos e Valvulados - Imaginação

*Olhos que não veem. Ouvidos que não ouvem. Boca que não fala. Coração que não sente. Mãos atadas sem corda ou barbante. Pés enterrados mas que ainda conseguem caminhar. Mente trancada para tudo e para todos. O hoje que seria amanhã já é ontem e nada do que seria futuro virou presente e sequer passado.


Seus últimos muitos anos, que são quase todos os seus anos, foram feitos por uma rotina. Seguida à risca. Dia que outro algo acontece de extraordinário nessa rotina, mas muito normal se comparado a algo extraordinário de fato. Suas horas eram contadas, suas ações eram contadas. Contadas, vistas, feitas, refeitas e repetidas, mental e oralmente.

Os dias demoravam a passar. Seus sonhos se foram. Desiludido. Desesperado. Deprimente. Depressivo. Uma pessoa que se sente só passaria vergonha ao perceber a solidão deste, cujo coração só serve para bombear sangue para o corpo. Sentimentos não possui mais. Nada de amigos, nada de amor, nada de sequer alegria. Seus sorrisos eram parciais, sem profundidade sentimental alguma. Suas comemorações eram por motivos bobos, por coisas da rotina. Mas tudo indica que só comemorava para ironizar sua própria vida, e assim, ter um motivo para sair da sua tediosa rotina facial.

Pássaros voam, galos cantam, galinhas comem milho e vacas dão leite. Carros soltam fumaça, fazem poeira e ninguém existia além dele no mundo. Não pagava contas, não depositava dinheiro no banco, não entrava em contato com as pessoas. Nunca amou. Nunca teve a oportunidade de amar. Mas não fora somente aquela decepção que o fizera fugir de um mundo que jamais o quis.

Sozinho. Ele e a natureza em suas mais diversificadas formas, vegetais, minerais e animais. Sozinho ele sequer pensava no mundo. Nas pessoas. Nas coisas da vida. Em algo. Pensava na sua rotina. No seu dia. Nos seus afazeres. Que variavam conforme os meses do ano, mas sempre seguindo uma rotina anual. Nada fugia do contexto. Para alguns seria bom entretanto, para ele, era terrível. Tinha medo de mudar, de sair por aí e fazer o que queria.

Talvez porque não quisesse mais nada além de ficar no seu canto, sozinho, para o resto da sua vida. Uma vida que ele sabia nunca ter existido.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Quando os bons(?) erram(?)

O que se pode esperar de alguém com certa experiência em alguma ação? Que vá lá e faça corretamente o que tem que fazer. Não precisa ser extraordinário ou perfeito mas são os experientes que fazem com que as pessoas que os designaram fiquem tranquilas quanto às devidas ações.

Só que fica constatado que experiência só quer dizer para diferenciar os que podem instruir dos que tem de ser instruídos. Experiência alguma garante sucesso. Não garante sequer um trabalho bem feito, o mínimo que seja. Até porque, erros são humanos e não devem ser muito considerados, embora quando a experiência não faz diferença, alguma coisa está errada.

Até acho que algum dia escrevi algo do tipo em uma frase do dia. Acho que era algo como "quando a cabeça não ajuda até os melhores erram", ou algo semelhante. No caso, não quero pensar na qualidade, mas sim na experiência, ou o TS do FGTS. O tempo de serviço. A experiência. O que já foi feito. Naqueles que pegam uma caneta e já sabem o que escrever. Que tomam a palavra por terem o mínimo de ideia do que dizer. Aqueles em quem os mais novos podem se aconselhar, pedir dicas ou mesmo passar a tarefa quando estiverem com medo ou algum tipo de receio para executar a (in)determinada tarefa.

Escrevo isso porque mesmo EU tendo certa experiência em determinada ação, cometi um erro bem infantil, de principiante, de imaturo, de novato mesmo. Não que tenha feito diferença ou prejudicado alguém, não que alguém tenha criticado ou sequer percebido mas...

Não sei. Não gostei. Eu sei que errei. E feio. Ninguém me disse. Ninguém criticou. Ninguém fez sequer menção de algo desse tipo. Não sei se ignoraram por ser alguém já criticado. Não sei sequer se perceberam. Mas o silêncio prevaleceu.

Isso o que importa?

Errado. Eu sei que errei(2). E mesmo aceitando meu erro, não me conformei num todo. Não precisava ter errado. Desatenção. Pensamento distante. Ou nem tão distante assim. Mas foi algo bem bobo mesmo.

Mas aprendi. Não que errar é humano. Aprendi a desconsiderar de fato essa experiência. Pelos outros eu desconsiderava, porque sempre fui o sem experiência. Mas não era por inveja ou algo do tipo. Era por ver que isso não era necessário, embora ajudasse em determinados momentos.

Foi legal aprender um pouco mais. Ter uma consciência maior. Embora já não faça mais aquilo com o frio na barriga que sempre me motivou, ainda gosto. Ainda quero fazer. Foi legal tentar levar com a barriga, mesmo que sem tempo para fazê-lo diferente, e errar feio.

Gosto dos meus erros. Mas não me conformo com eles, felizmente.

sábado, 18 de abril de 2009

Frase do dia e mais um pouco

"Quem sabe muito sabe pouco"


Grande frase proferida ocasionalmente pelo grande Carlos Manfio, meu avô, num intuito de ensinar-me, e a todos que ouvem essa frase, uma lição, que pode não ser uma coisa que vá me ajudar na minha vida inteira diretamente, mas será algo que me motivará em alguns momentos, disso tenho certeza.

Essa frase, que coloco como frase de hoje mas deveria ter colocado como frase de hoje ontem, a princípio é só mais uma frase dita por alguém que aparentemente não sabe de nada. Porque além de muito contraditória ela também é curta e talvez incorreta gramaticalmente.

Mas bom, significativamente, essa frase nos faz pensar e talvez um dia concluir que aqueles que sabem muito, muitas vezes, acham isso necessário e se fecham para novos conhecimentos ou se limitam a determinado assunto apenas porque sabem bastante sobre o mesmo. Essa limitação nos leva a dizer que a pessoa, mesmo sabendo muito, sabe pouco.

Simples né?!

Sim, nem tanto, porque afinal de contas não é fácil explicar um ditado do seu Carlos mas, eu tentei.

E acho que se mais pessoas ouvissem seus avôs e avós, como eu me orgulho de dizer que ouço, o mundo seria um pouco menos burro, porque afinal de contas, como também diz o seu Carlos, "é falta de agricultura".

Mas essa frase fica pra outro dia.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Histórias de uma vida não vivida(8)

*Não são palavras que saem da mente de alguém que possui um coração rompido. São sussurros, gemidos, lágrimas, angústias e dor, muita dor. O rompimento não se dá pela perda de um grande amor, mas pela decepção com pequenos amores. Hoje, essa pessoa só existe. O que seria muito pouco, pois o importante é viver e não apenas existir, acaba sendo muito, pois essa é a existência de alguém que já não sabe mais quem é.

Sentado no parque, pensativo, olhava para as folhas secas que o vento levava de um lado para outro. Teve a impressão de fazer parte de um filme naquele momento. Era tudo tão... simples, tudo tão belo, tão... natural. Pássaros faziam seus ninhos nas árvores, no alto de postes altos, e em lugares que ele nem sabia onde ficavam. Mas sabia que existiam. Porque pássaros fazem ninhos nessa época, e parques cheios de árvores, postes e lugares escondidos são locais bastante escolhidos por essas aves, que vão de pombas a todos os outros tipos de pássaros.

Sentado no parque, pensativo, olhava para o céu, azul, sem qualquer nuvem branca para trazer imagens comparativas à imaginação. Era um dia ensolarado, como poucas vezes havia visto em sua vida. Ah, sua vida... anos e anos viveu como um cego, vendo apenas preto, cinza e um branco que outro nas folhas de ofício. E aquele céu azul... trazia a lembrança do seu tempo de plantador de laranjas, no interior. Como era difícil e trabalhoso, mas como era prazeiroso e legal.

Sentado no parque, pensativo, olhava para as crianças de 3,4 ou mesmo 10 anos que corriam de um lado para o outro. E como suas mães olhavam à distância para elas, sempre atentas a qualquer tombo ou atitude "incorreta" que elas poderiam ter. Aquelas crianças não importavam-se com a terra, a areia ou qualquer outra coisa que pudesse sujá-las. Queriam apenas correr.

Sentado no parque, pensativo, olhou para as pessoas dos outros bancos. Eram senhores de idade conversando ou jogando xadrez nas mesinhas. Ou eram homens requintados, cheios de pose, terno e gravata, com jornais gigantescos, onde deveriam procurar o valor das ações de suas grandes empresas, afinal, chefes não precisam trabalhar muito depois que são chefes. Ou ainda eram senhoras de idade, que comiam um lanche antes de continuar seu passeio pelo parque. Ou mesmo casais, jovens ou velhos, que aproveitavam toda aquela natureza para deixar que seu amor aflorasse.

Sentado no parque, pensativo, lembrou de si. Seu sorriso foi substituído por uma cara séria, mas não séria ao ponto de apavorar uma criança que eventualmente passaria na sua frente e olharia-o de cima a baixo. Lembrou de si quando lembrou que aquela era sua última tarde. Seus últimos momentos de vida. Pensou em algo que ainda poderia fazer mas nada lhe parecia realmente necessário. Não que uma pessoa deva fazer somente coisas necessárias quando estiver perto da morte mas enfim... . Nenhuma pessoa lhe veio à mente. Nenhum momento marcante de sua vida veio à mente. Nem seus já falecidos pais. Nem sua já falecida esposa. Nem seu já falecido cachorro. Nem seus já falecidos filhos.

Nada. Ninguém. Sozinho no mundo. Sozinho na vida. E sozinho naquele belo parque. E nem aqueles que amou vinham a sua mente. Nem a liberdade. Nem as laranjas. Nem mesmo o seu utópico sonho de um mundo melhor. Nada daquilo lhe veio à mente. Nunca imaginou como seria chegar ao fim de sua vida. Mas nunca pensou que não pensaria em nada, em ninguém. Nunca pensou que seus últimos momentos seriam feitos de pensamentos no pensar.

Nem o céu azul, nem os pássaros, nem as folhas secas, nem o vento, nem as alegres crianças, nem as suas preocupadas mães, nem o xadrez, nem os bancos, os casais, os lanches das senhoras, nada. Nada daquilo era o que ele queria ter nos seus últimos momentos. E, naquele momento, percebeu que mesmo que quisesse, não conseguiria. Nenhum de seus planos finais havia dado certo. E agora, sem plano algum, só olhava para tudo o que o cercava.

Estava num vazio quase completo. E cada vez conseguia raciocinar menos. Até que seus olhos fecharam e ele... dormiu.

Talvez para sempre.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Histórias do Billi J. - é sempre bom conhecer velhinhas que trabalham catando lixo

The Beatles - I'm a loser

Por tanto tempo o Billi J. correu atrás do que queria sem sequer saber como. Amou, apaixonou-se, quis, sentiu vontade e tantos outros sentimentos que não me vem à cabeça. Mas o Billi J. sempre foi um injustiçado pela sociedade.

Porque ele era, e é, diferente.

O Billi J. sempre fez as coisas do jeito certo, sem magoar, machucar ou mesmo tentar prejudicar alguém o mínimo que fosse. Jamais ignorou a vontade e a vida alheia em busca dos seus objetivos. Quando achava que não conseguiria ou que algo errado aconteceria, desistia. Abdicava da sua vontade para evitar que algo ruim acontecesse.

Perdera o medo de tentar mas ainda era receoso quando o assunto lhe pudesse atingir negativamente. Por várias vezes voltou para casa com um sentimento estranho, uma mágoa consigo mesmo. Aquele remorso, tanto dito hoje em dia.

O Billi J. queria que as coisas fossem diferentes. Queria ser um pouco que fosse diferente. Mas não conseguia. Porque tinha medo de ser apenas mais um.

Não merece ser chamado de idiota, pois tenho a certeza de que existem vários Billi's espalhados pelo mundo. Várias pessoas corretas, que mesmo sendo minoria, ainda lutam para que o certo seja o certo.

Mas o Billi J. aprendeu um dia, com uma sábia velhinha, enquanto ambos catavam lixo(ela para sobreviver e ele para ajudá-la e para ajudar na limpeza da cidade), que o seu erro não era achar que fazer o certo era o certo. Seu erro, aprendeu ele com aquela pobre velhinha, era julgar-se pequeno em um mundo de grandes.

Ora, aprendeu ele, o mundo não é feito por gente grande. É feito por gente pequena, que faz coisas pequenas com grandes repercussões. Infelizmente, negativas em sua maioria. Mas que pequenas atitudes positivas poderiam, e aqui fica bem expecificado que poderiam e não que iriam, trazer grandes boas repercussões.

O Billi J. perguntou perguntou-se como poderia tal velhinha dar-lhe um conselho tão bom. Não achando resposta, voltou para casa pensando no que faria. E, durante o caminho, fez tudo o que pensou que poderia fazer. Xingou um cara que havia jogado lixo no chão, elogiou a linda ruiva que por ele passou, cantou alto "I'm a loser - Beatles" no meio de uma reunião ao ar livre do GDL(grupo dos depressivos locais) e ainda por cima fez a piada do sorvete de abóbora com o vendedor da rua onde ele morava.

Sem saber ao certo como, sentia-se melhor. Não só por ter feito o que fez, que acaba não sendo grande coisa. Não só porque ele fez o que queria fazer no momento. Sentia-se mais capaz, mais habilitado. A fazer as coisas e a viver.

Descobriu então, em um blog, que aquilo que agora ele tinha era autoconfiança*.


*só se deve usar hífen em palavras cujo prefixo seja auto, contra e extra e as mesmas forem seguidas por palavras iniciadas por H, R ou S.

domingo, 12 de abril de 2009

Frase do dia

A mente humana desafia a lógica
e lembra detalhes que fotos jamais
conseguirão mostrar.

Em mente, finalmente

Jogue fora suas fotos. Rasgando-as, amassando-as, picotando-as ou até queimando-as.

Faça como quiser, mas acabe com elas.

Faça o mesmo com seus discos, cd's ou até pen drives.

Apague tudo. Destrua tudo. Jogue tudo fora.

Livros, jornais, revistas.

Mensagens em texto ou em qualquer lugar ou de qualquer tipo.

Suma. Despareça. Isole-se. Viva só em uma ilha deserta e afastada de tudo e de todos.

Feche os olhos. Tranque os ouvidos. Cale a boca.

Mesmo fazendo tudo isso, a tua mente conseguirá lembrar-te quem és e o que já viveste no mundo.

Até a tua morte, saberás quem é. Ou pelo menos acharás que sabe quem és.

A morte. Dramática ou não, poderá apagar a tua vida aqui.

Mas a história ficará.

Talvez não nos livros. Talvez não nas revistas. Talvez não em nomes de ruas, monumentos ou mesmo de cachorros.

A tua história ficará no coração e na mente daqueles que a vivenciaram contigo.

Até que eles morram também.

Entretanto, aquilo basta.

sábado, 11 de abril de 2009

Nem soneto nem nada

Entre o sorriso de hoje e a lágrmia de ontem.

Entre a raiva de ontem e a pureza de hoje.

Entre a realidade do ontem, a ilusão do hoje e o futuro passado do amanhã.

Entre o justo e o impróprio.

Entre tudo o que a minha cabeça recebeu nos últimos dias.

Entre tudo o que eu não consigo apagar.

Entre nada aqui, lá ou em qualquer outro canto, do planeta ou da cabeça.


Dentre tantas e tantas outras frases que surgiriam, que seriam criadas, relatadas ou afim, não consigo escolher o que dizer.

Porque ao mesmo tempo em que vou até o telhado da minha casa, vou ao fundo do poço d'água dos fundos da mesma.


Entretanto, já sei que é a minha mente que tenta me derrubar, para então sobressair-se sobre mim.

Os meus problemas continuam lá, e não há felicidade que me faça esquecê-los.

Porque, até certo ponto, o meu problema acaba fazendo parte dessa felicidade.

Um dos meus problemas, claro.



No fim, apenas mais frases.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Reflexões de um maluco(5) - no fim acaba nem sendo tão figurado

Eu voltei. Eu disse que ia voltar. Mas em virtude da encenação da Paixão de Cristo, na sexta-feira Santa, não tenho tido tempo para vir aqui. O que para a maioria, ou seja, os dois ou três que volta e meia se cansam de rabiscar uma folha ou ler uma revista antiga(símbolos do "não ter nada para fazer"), acabam por vir aqui ler as asneiras ou pseudo-intelectualidades desse que mais uma vez lhes enche de muita enrolação com pouco sentido teórico e legível, mas muito prático.

Hoje a questão que ronda minha mente gira entorno de uma maçã. Talvez figurativamente. É, figurtivamente.

A maçã que caiu na cabeça de Newton. A que os camponeses, amarrados, tinham colocada em suas cabeças para que um arqueiro, que não precisava ser necessariamente um bom atirador, tentasse acertá-la. A mesma que o Quico dava para o Professor Girafales. A mesma que foi casa do bichinho da maçã num dos livros infantis de maior sucesso na minha época infantil, de criança, não necessariamente de imaturo.

Há uma grande diferença entre todas essas maçãs. Seus usos, suas origens. Sua geografia terrestre. Seu tempo de existência, contexto global e por aí vai. Elas nem eram do mesmo pé! E isso não vem ao caso porque o mundo precisa dessas maçãs figurativas, desses objetos de pouco estudo, pouca compreensão mas muito pensar.

Maçãs figurativas são assim. Nos instigam pensamentos distantes, longínquos, ideais planejados em outra dimensão talvez. Porque no fundo, ninguém consegue transformar uma maçã figurativa numa maçã real. E considerando que a maçã figurativa não é uma maçã de fato, muitos(nota: o autor riu ao escrever esse muitos) agora vão para os comentários e dirão que não entederam bolhufas e que o hospício deve ser a minha próxima-futura casa.

Ninguém transforma a arma que surge em pensamento em um objeto que possa ser usado contra aquele idiota que acha que todo mundo é íntimo, que todo mundo é amigo e que todo mundo acaba sendo seu capacho para tiranias que, em novelas são profundas mas, na vida real dificilmente acabam passado do nível liminar, que seriam palavras e gritos, para o superliminar, que seriam as agressões.

Pelo menos para quem tentou ler, eu expliquei, mesmo não querendo, muito bem, a moral figurativa e não intencional ou passional de moral, desse emaranhado gigante de letras retas e sem graça.

E isso explica tudo. Mais uma vez

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mais algumas frases

Uma lágrima...

Uma lágrima corre de meu olho. Tanto faz o direito ou o esquerdo.

Ela corre, desce, atravessa meu rosto, passa pelo meu nariz e cai no chão.

Vida de lágrima não é fácil.

O caminho é curto, na maioria das vezes muito curto. A sua vida é curta.

Mas quanta coisa ela não pode trazer.

Prova de coisas inesquecíveis, para bem ou para mal.

Prova de palavras ou mesmo frases, boas ou ruins.

Prova de muita coisa. Boa e ruim. Legal e chata. Prazerosa ou dolorosa.

Acima de tudo, prova de que há um coração batendo no peito de quem sai essa lágrima.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

E vale o esforço?

Por tanto tempo acreditei que nenhum esforço como esse valia a pena. Então nada fazia desse tipo. Olhava, pensava, mas nunca procurava fazer algo assim, dessa espécie. E até achava engraçado quando via tantos e tantos fazerem algo e a chuva, o vento ou qualquer xebinha desgraçado ia lá estragar o trabalho oriundo de tanto esforço.

Quando entrei para o time dos que trabalham doando-se a uma causa maior, passei a pensar se esse trabalho, que eu agora faria, todo esse esforço, todo o tempo gasto nisso valia mesmo à pena. E logo de cara, até para mostrar para mim, dizia que sim, sem pensar em tudo o que era feito, por mim e por outros. Me enganava dizendo que tudo isso era bom, que a recompensa viria.

Pois pessoas boas(não é questão de modéstia, mas sim, auto-análise(com ou sem hífen?), o que prova que a exceção das minhas autocríticas(com ou sem hífen?(2) é um elogio) sentem-se felizes por fazer algo por alguém, por outrém, e indo mais... adiante(além), pessoas boas sabem, ou acham saber, que há uma recompensa para quem faz o bem. Imediatistas tornam-se os primeiros a deixar de lado tais ações, pois percebem que essa tal recompensa, que talvez não devesse vir mesmo(se é que virá) não chega logo.

E por algum tempo, deixei de responder, para os outros e para mim essa pergunta. Não me perguntava mais se valia a pena e não respondia quando indagado. Resolvi pensar realmente nisso. Perder horas, que somadas ultrapassam dias e dias de doação, de esforço, de trabalho social, moral ou espiritual. Perder tempo para diversão, para o blog, para conversar com amigos que moram longe e para ver o futebol. Cansar, dormir tarde, acordar cedo, comer mal, andar cansado. É. É dura a estrada, a jornada, o caminho é cheio de obstáculos e vazio de barraquinhas de cachorro-quente(com ou sem hífen?(3)).

A teoria utópica da busca por uma felicidade plena, do "amarás ao teu próximo como a ti mesmo" e de tantas outras que não querem dizer nada mais do que "faça algo por alguém que alguém fará algo por ti", essa teoria é bela, é muito legal mesmo. Mas sabemos que na prática isso não acontece. É bem diferente ver tanta gente injustiçada, tanto esforço vão por culpa de terceiros, por inveja ou qualquer outro sentimento tipicamente normal.

Mas há alguns dias, em meio às ideias pessimistas, percebi que a minha nova teoria de que a felicidade não existe, é verdadeira.

E o que isso tem a ver?

Muita coisa. No caminho do esforço, da doação, do trabalho voluntário, um motivo maior fez com que eu nunca estivesse sozinho. Isso quer dizer que o meu esforço, por alguém ou por ninguém(talvez alguém entenda, mas não foi trocadilho proposital ou tosco), me fez ter, hoje, na minha vida pessoas que eu jamais teria conhecido se não tivesse aceitado esse propósito.

Não importa-me más línguas, atos normais, pífios e patéticos de terceiros. Não importa-me mais um passado cheio de ódio e mágoas. Não importo-me mais com tudo o que gostava e deixei de fazer para executar ações das quais não possuía conhecimento e sequer tinha vontade plena de fazer.

Se alguém me perguntar se hoje vale à pena, mesmo com pessoas hipócritas, mesmo com o mundo e a sociedade corrompidos pelo egoísmo e pela esperança imediatista do ter, do poder(e claro, do prazer), eu digo que sim.

Vale à pena.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Um surto de vida no meio do maldito deserto

Primeiramente sinto-me obrigado a pedir desculpas aos raros e bravos guerreiros que perdiam, e talvez venham a perder ainda, tempo lendo o blog, pois nos últimos dias, bom, nas últimas semanas, não tenho feito nada de mais por aqui, com exceção do penúltimo texto, que eu acabei gostando. E aliás, não tenho lido blog algum nesse tempo pois, por algum motivo que ainda não consegui entender direito e, óbvio, ao certo, me afastei por problemas mentais. Não depressivos, mas deprimentes. Não estava deprimido, mas minha situação não deixava de sê-la(deprimente).

A questão toda é que, quase neste exato momento, há alguns minutos, senti uma vontade de voltar. É cedo demais para dizer se voltei, ou voltarei logo ao viver habitual, mas pelo menos senti vontade de ler outros blogs, de passar por aqui para deixar algo novo.

Não sei.

As estrelas não mudaram, elas não clareiam mais e sequer trazem alguma ideia ou razão de viver nova. O meu caminho tem sido só e acompanhado, por pessoas já conhecidas. Ou seja, não foi isso que me fez voltar a pensar produtivamente, talvez até motivacionalmente. Tampouco conheci alguém ou vivi algo que me fizesse voltar à loucura.

E, por mais curioso que possa parecer(nem que seja apenas para mim), senti raiva, mas raiva mesmo, de duas pessoas. De duas situações. De um passado recente e, sinceramente, inútil. Senti raiva e, mesmo que sozinho, xinguei. Ofendi. Aliviei a minha raiva, as malditas palavras ofensivas que, mesmo que merecessem ouvir, não foram direcionadas a ninguém. Mas também não é isso que me fez surtar, meio que, acordar durante a noite para beber um copo de água e perceber que algo está errado, seja no copo ou na água.

Não tenho feito nada de mais. Não tenho lido nada de mais. Não tenho escrito nada de mais(é...). Mas o que mais me faz ter um sentimento de indignação, de raiva comigo mesmo, é que não tenho sido nada de mais.

Porém, acabei pensando. Em nada importante. Em nada relativo. Em nada metafórico. Em nada de nada. Em casualidade. Em personalidade. Em jeito e forma.

E pensar que um único raio de sol pode ter feito isso. Um único raio de sol que foi direto no meu olho, o fez arder e motivar todo o resto do corpo a mudar, nem que fosse para virar o rosto para o lado ou buscar um lugar onde a sombra imperasse.

Sabem do que mais... gostei desse raio de sol.