quarta-feira, 8 de junho de 2011

Reflexões de um maluco(16)


Enquanto esse eterno dia tempestuoso, que parece estar sendo a minha vida nessas últimas semanas, não acaba, continuo com aquela sensação de que tudo estaria melhor hoje se eu não tivesse a péssima ideia de levantar da cama e dizer para o mundo um 'ei, aí vou eu' sem vontade ou motivação alguma. Tudo empurrado com a barriga e, como tudo que é feito assim, uma consequente tragédia, com proporções perceptíveis, chegou antes mesmo do que geralmente chega. Se ao menos tivesse ficado apenas no meu pensamento, no meu dia-a-dia, enfim, no meu mundinho, hoje poderia cantar um 'shalalalala' à Beatles e sorrir como se nada tivesse acontecido. Embora, óbvio, a ideia de não levantar da cama por dias não pareça mais ser absurda e idiota. 

Há uma grande ironia nisso tudo que é, quanto mais aprendo e vivo, mais acabo me expondo ao ridículo erro primário de pensar por pensar, de agir por agir e de errar por errar. Insisto, se isso afetasse e trouxesse apenas para mim coisas chatas, como tristeza e decepção, ou terríveis, como dias de desatenção e conformismo, tudo bem. O grande problema é ter invadido um mundinho alheio por duas janelas verdes e ter sido, imagino que mais do que nunca, como um piá de rua que quebra a janela da vizinha. Um dia passa, claro, mas você pode perder a bola, pode levar uma surra da sua mãe por ter feito isso ou ainda ser humilhado pela vizinha no seu ambiente, a rua como campo de futebol. Tudo isso é ridículo e a vida ensina que as risadas do ridículo perdem a graça quando você percebe que não são os outros, mas sim você, que é o ridículo sem fundamento. Porque se é para ser ridículo, que seja com alguma causa, por algum motivo. Ser por ser, seja ridículo, inteligente ou a melhor pessoa do mundo, não tem valor. Como agir por agir e viver por viver. Um dia a aparência inteligente ou bonita disso tudo desaparece e nada sobra, nada fica, nada continua a existir porque nada existiu.

Eu sinto muito e meus dias são cada vez mais difíceis quando me dou conta de que entrei nesse círculo vicioso daqueles que erram por errar e, "caramba, que ridículo eu sou", acabam desculpando-se consigo por tudo que fizeram e pode ser motivo de orgulho. Amenizar a minha culpa e  os erros de todos esses dias, para uma vizinha em si ou para todo um bairro, não me dá paz, não tranquiliza e muito menos compensa. Tomar uma atitude mais enérgica para comigo mesmo, isso sim, pode compensar por ações futuras. Sem imediatismo.

Não vejo hoje motivo algum para me orgulhar, de dias ou anos passados. Então acabam-se as desculpas para mim, acaba a minha margem de erro. Estive cansado de andar no limite da cobrança pelos acertos mas quando decidi dar-me uma folga, deu no que deu. Pois é, descansei por descansar e, como tudo o que já disse, isso perdeu o sentido e me trouxe dois dos dias de maior auto-decepção. Porque não depende de mim o desculpar ou perdoar, não está nas minhas mãos a boa relação com aquela vizinha de linhas atrás.

Consegui ser franco o suficiente, acho que depois de algum tempo, apesar das falsas metáforas e analogias, fiz-me entender. Não há como ser mais claro. Eis aqui mais um motivo para, além da sinceridade e da espontaneidade, resgatar aquela cobrança rigorosa pelo que é certo, em que o cobrador e o cobrado são a mesma pessoa. Que, óbvio, é eu.

2 comentários:

Rebeca Postigo disse...

Reanimarmos é uma missão quase impossível...
Ainda estou tentando...
Gostei da tua reflexão confusa...

Bjs

# DESVENTURAS de Uma Descabelada εïз disse...

Ei, teu texto é um pouco confuso. Mais compreendo, é confuso como nossos pensamentos, nossos pensamentos são como aves eles voam, e quando vemos estamos mais longe do que imaginava-mos. Me identifiquei com seu blog. Parabéns, está muito bom!