sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Histórias de uma vida não vivida(17)


*Um ladrão, um grande ladrão. Um bobão, um grande bobão. Mau e bom, intenções escondidas, planos previstos e nada a fazer. Fui roubado. Tudo que tinha foi roubado. Só me resta a mente, o coração e os sonhos... bom, os sonhos esse ladrão está vivendo, então não tenho mais sonhos.

Quando eu falava que era tudo intencional da parte dele, me chamavam de paranóico. Diziam que era bobagem, coisa da minha cabeça. Idiotas. Faziam parte do plano inicial, me diziam intencionalmente tudo aquilo na tentativa (vã) de acalmar ou foram ludibriados pelo que de pior pode existir em ser humano.

Ele é gentil, especial, único, bem humorado, calmo, prestativo, inteligente, bonito. Perfeito. Ele é perfeito, só pode ser isso. Por esse motivo todos que ao meu lado estavam agora estão ao lado dele. Não que eu seja quase perfeito para ser superado apenas por alguém perfeito, mas é que ele só pode ser perfeito. E eu um grande cego, porque vejo o contrário.

Sempre foi mal educado, gritava e xingava tudo e todos. Radicalista e extremista. Teimoso. Vadio. E estupidamente burro. Se o perguntassem o que era raiz quadrada ou quem foi o último ganhador do Oscar de melhor ator ele não saberia. E também não sabia nada sobre as pessoas. Mas era ganancioso, invejoso. Invejava a minha vida.

Desgraçado. Pode até parecer história de filme americano mas não é. Porque no fim eu não desmascaro ele. Eu não volto a ter a minha vida ou encontro novos amigos, verdadeiros amigos. Não. Nada disso acontece. Ele fica com o bem bom, com as melhores pessoas do mundo(começo a refletir sobre o adjetivo melhores aqui, mas enfim), com a fama de ser o melhor, em tudo. E eu fico sem nada. Apenas com a certeza de que estive certo sempre, de que não sou paranóico e de que, no final das contas, não sou vingativo nem guardo mágoas.

Não vou matá-lo ou tentar desmascará-lo. Algum dia ele mesmo cairá sobre suas mentiras, sobre sua farsa, sobre seu eu que existe apenas nos olhos dos outros. E esse bando de idiotas pensará que não existe mais boa pessoa no mundo. Não vou lutar contra ele, provar o quanto esse cara tirou de mim.

Acho que a minha mãe prefere ele a eu. Meu pai já o contratou e o promoveu a vice-presidente da empresa em menos de seis meses. Começo a achar que o sujeito tem um pacto com o capeta. Só pode, porque ninguém consegue tanto em tão pouco tempo mesmo sendo ruim em tudo. Sendo a ruindade.

Ele ganha. Eu perco. Ele sorri. Eu lamento. Ele é alegre. Eu sou estressado. Ele é bom. Eu sou mal. Inversão completa de tudo o que é verdadeiro.

Verdade que começa a ser relativa, já que a história é escrita pelos vencedores. Então a minha história será escrita por ele, já que ele venceu. Ele ganhou meus amigos, minha família, o amor da minha vida, o emprego do meu futuro, a minha alegria, a minha felicidade, o meu caráter e, para o inferno, meus sonhos.

E tudo começou quando o apresentei ao pessoal do futebol. Ele tinha pouco. Deixou esse pouco para ter o meu tudo. E eu fiquei com o nada.

Dizem que boas ações fazem boas pessoas. De que adianta ser boa pessoa se eu não tenho a minha vida?

Vou embora para Pasárgada , já que aqui no mundo real eu não tenho mais chance.

2 comentários:

Rebeca Postigo disse...

Eita!!!
Mas existe algo que esse ladrão não pode roubar...
Espero que ele descubra antes de ir embora do mundo real...

Bjs

ThiagoManfio disse...

Ta loco vini , que texto ''show de bola '' . Daonde tu tira essas palavras ?!?