domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pedaços de um pensamento(4)


A espera pelas lágrimas do céu foi em vão. Passos lentos e rápidos, alternadamente, alongaram-na mas, não havia como aguentar mais. Agora que o céu, sombrio e sonolento, começa a chorar, meus passos não são lentos, tampouco rápidos. Meus passos não são mais passos. O que poderia ser culpa não passa de constatação do que é óbvio: quando precisei, quis e esperei, não choveu, agora, que estou prestes a dormir, começou a chover. Tão simples e ao mesmo tempo tão bobo. Se não explicasse, poucos talvez fossem entender, principalmente por estarem buscando muito mais do que podem encontrar. Estranho, essa frase poderia definir muita coisa. Conturbado, muito ou pouco, é aquilo que não segue um padrão, uma lógica, aquilo que muitas vezes não é coerente, com nada. Como passos dados à espera da chuva é estranho tentar ver além do horizonte, da montanha ou mesmo da própria vontade. Algumas vezes você consegue. Pessoas passam a te chamar de diferenciado, o que muitas vezes apenas quer dizer que você não passa de um retardado sortudo. Nada além de bobagem. Como caminhar e correr esperando por chuva. Como buscar mais do que se pode encontrar. Como tentar ver a verdade que difere do que você realmente quer, e com um pouco de inocência e muita incoerência, espera ver. Há certos padrões que indicam coerência. Novelas e filmes acabam com um final feliz, com raras exceções. Não importando se é para o vilão, a mocinha ou o cachorro. Também levando em conta que a morte, em um mundo como o que vivemos, não deixa de ser um final feliz. Coerente é ter, quase sem exceções, finais felizes em histórias que não existem. Iludem as pessoas para que pensem que terão sim, na maioria absoluta de suas histórias, finais felizes. Ninguém consegue definir direito o que é um final, até porque, deveria ser fácil compreender que o final de uma coisa indica o começo de outra. É a lógica da compensação. Regra que, no fundo, não é tão lógica. Nada de mais, de menos. Queria que o céu chorasse enquanto estive na rua, pensando em histórias e seus finais. É bobo tentar entender porque uma história tem um ponto final mas não tem um ponto inicial. Como também é bobo tentar encontrar o ponto final dessa história. Ou novela.

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