sábado, 18 de fevereiro de 2012

O vazio de viver e só (25)


Esqueci, em algum lugar, a volatilidade para escrever. Liberdade que fluía na hora de escrever, de transformar pensamentos, geralmente desconexos, em uma sequência, se não boa, ao menos coerente de frases. O querer, com finalidade, não entra na lista de razões para as palavras que surgiam, assim como desapareciam, do nada. Entre tantas coisas vagas, entre espaços ocupados tão somente por melodias desgastantes, conseguia, tempos atrás, encontrar na fluidez de letras embaralhadas algum sentido para toda e qualquer decisão. Enquanto o tempo passa e nada volta a encaixar-se, resta-me simplesmente confiar que tudo isso, assim como toda intolerância e irritabilidade excessiva, irá passar sem deixar possibilidade de ser lembrado em algum futuro, próximo ou distante. Esperar que algo não seja lembrado é o primeiro passo para lembrá-lo algum dia, mesmo que sem querer - e muitas vezes sem o efeito imaginado de outrora. Cansa não conseguir emplacar nada que não seja fruto do acaso, e esse cansaço, notoriamente, traz a sensação de fracasso, não por falta de conquistas e sim por falta de desenvolvimento, de projetos concretos. Falta de sonhos. 

Quem não sonha não tem perspectivas, disse alguém bem mais inteligente do que eu, décadas - ou talvez séculos - atrás. Me encontro sem perspectiva. Inclusive para escrever.

Nenhum comentário: