quinta-feira, 10 de julho de 2008

Da série: Histórias do Bandiolo... "Inacreditável"

Um sítio. Uma fazenda. Um rancho. Tanto faz. Porque aquele era um lugar afastado do mundo. Da sociedade. Da violência urbana. Roubo só se fosse de perna de salame do idiota do José Pato. E mesmo assim, só quando ele ia visitar a filha dele na capital e deixava a tonta da Jacozinha cuidando da casa. E era uma guria bem bocaberta aquela lá. Tonga que dói. Era só dizer que o dono da casa tinha mandado buscar uma perna de salame, que ela deixava pegar quantos quisesse.

Só que a tonga e o idiota do José Pato não entram na história. Bom, não participam mais. Nem eu, o contador desse causo. Nem o dono do sítio onde ocorreram os fatos. Se é que os fatos podem mesmo ser contados aqui. Enfim, como sou contra qualquer tipo de censura, vamos, ou melhor, vou à história.

Ele era jovem. No auge da idade. Talvez tivesse o mundo a seus pés. Porque ele, além de forte, era inteligente. Bom, não muito, porque nessa história há aquele paradigma de que força e inteligência são coisas que só se pode possuir uma. Assim como beleza e inteligência. Ou você é um, ou é outro. Então. Ele queria mais era aproveitar a vida. Correr por aí, livre. Já que morar no meio do nada, sem qualquer tipo primitivo de civilização, por si só, já dá uma grande, talvez imensa, liberdade.

Sempre arrastara a asa para a fêmea do sítio vizinho, aquele sítio do idiota do José Pato. Sempre arrastou uma asa para aquela fêmea linda, estonteante, mais bela do que a própria beleza de uma cachoeira que derramava a sua água ali perto. Seu sonho era levá-la para ver o pôr-do-sol no alto daquela cachoeira. Seus amigos que já haviam feito tal feito, com outras fêmeas, é claro, diziam que era o que de melhor poderia ser feito para que ela caísse aos seus pés. Ficaria louca por ele.

E ele, todo se achando, o fez. Lutou e tentou convencê-la de que ele não era mais um. Trabalhou para ajudar a família dela. Conseguiu comida. Acabou com uma série de pequenos furtos que aconteciam no galpão da família dela. Nem olhava para qualquer outra fêmea enquanto estivesse com ela, por mais que a fêmea fosse uma baita de uma beleza de fêmea. Não era mais o garanhão de outras épocas.

No final de tudo, o esforço valeu à pena. Levou-a até o alto da cachoeira e dois meses depois ela já estava grávida dos seus primeiros filhos. Só que um imprevisto aconteceu. Começou uma epidemia. Que matou todos os machos da região. Menos ele, o nosso forte e disposto protagonista. Ninguém conseguia explicar como apenas ele, e só os machos, haviam morrido.

Mas como a espécie seria procriada? Depois de todas as outras fêmeas insistirem, a esposa do nosso "herói" permitiu que ele fosse objeto de uso de todas as outras fêmeas, para o bem da espécie. E, aproveitando a deixa, o nosso protagonista entrou no espírito e foi a caça. Era uma atrás da outra. E não parava. De um lado para o outro, do outro para o um e do um para o outro, o nosso "herói" ia fertilizando todas as fêmeas da região(isso não é uma bobagem, leiam o final e entenderão).

Chegava no final dos dias exausto. Sim, para todas aquelas fêmeas eram necessários vários dias. Porque havia uma época, depois no resto do ano, elas ficariam apenas comendo milho e cuidando das crias. Tudo pelo bem da espécie. Os dias foram passando e o nosso herói já não sabia quem faltava. Supunha que estavam se aproveitando dele. Decidiu então ir para a horta e se enforcar num pé de cebola. Pensou em sua esposa. Ela se aproximou dele(tudo muito rápido, eu sei), e simplesmente, deu-lhe uma bofetada na raiz do ouvido. Como poderia deixá-la criando o filho deles sozinha?

Mas ele teria que sustentar todos os outros filhos. Decidiram e fugiram. Esqueceram os problemas. Fugiram como covardes. Como galinhas. Será porque era mesmo, galinha e galo? Sim. Também por isso. Mas o nosso "herói", que agora foi revelado ser um galo mesmo, teria que alimentar todos aqueles bicos. E já não agüentava ser usado como objeto de satisfação daquelas galinhas que só pensavam nas melhores espigas e nos melhores enfeites para se usar durante a botação dos ovos.

Fugiu dos problemas. Como uma galinha. Mas ninguém ia saber daquilo mesmo.

Então bicou o último milho da espiga, subiu na cerca e dormiu no pau da cerca.

No sítio, nunca mais tiveram notícia do galo. Nem precisava, porque a raça foi extinta. Não havia mais galinhas lá no sítio, e na região inteira. O galo era estéril...

E essa, é mais uma das histórias, que o povo conta... ou pelo menos começará a contar a partir de hoje...


Que bobagem einhô Batista?!


Tão tá!

Um comentário:

Anônimo disse...

josé pato
kkk