sexta-feira, 4 de julho de 2008

Nem que seja por uma bolacha

(Para mostrar a mobilidade que esse blog possui, um texto, recém postado no Futebolista? Porque vive descendo lenha, será postado aqui também. Talvez de noite venha algo diferente.)

É praticamente impossível e está descartada a hipótese de que haja algum ser humano, mas especificamente alguém que vive em um país onde o primeiro esporte é o futebol, e o segundo e terceiros também sejam o futebol, apenas por nenhum esporte ser capaz de elevar e aguçar tanto os nossos melhores, e piores, sentimentos.

E no brasil não se fala em outro esporte que não seja o futebol. Digam vôlei, basquete, corrida de carro(que para mim não é esporte), mas não há uma discussão concreta, a menos que seja com um especialista ou fanático. O povo gosta mesmo de futebol. E creio que seja melhor assistir um jogo de futebol do que uma novela. Não porque o futebol incentive o esporte. Que é isso. Ele incentiva o ócio também, mas pelo menos mata menos neurônios do que as mesmas histórias, nos mesmos contextos, nas mesmas putarias que as novelas mostram.

O futebol deixa alguém feliz e triste no mesmo jogo. Em poucos minutos, às vezes, segundos. São gols, faltas, expulsões que incitam e aumentam sentimentos por vezes ocultos. Ninguém imagina que aquele grandalhão com cara de Silvester Stalone e força daquele cara de pedra do Quarteto Fantástico(existe um cara de pedra no quarteto fantástico ou eu errei o filme?) possa algum dia chorar porque o time dele, possivelmente um time de marombeiros, como o Corinthians, foi rebaixado.

Assim como em outras situações, como morte daquela avó que fazia aquele bolo de laranja que nenhuma outra pessoa no mundo fazia, ou naquele dia em que levamos a primeira bolada no membro masculino, mostramos como realmente somos. Humanos. No segundo caso homens também. Mas humanos, porque choramos, xingamos, reclamamos, ficamos tristes, somos nós, só nós mesmos, e aquela dor que não quer passar.

E por mais que queiramos, tudo é muito pouco.

Só que não ficamos triste pelo futebol. Mas sim pelo nosso time, ou pela nossa seleção. Mais pelo nosso time. Porque se tem uma coisa que é complicada de se explicar é porque torcemos para uma entidade que não nos dá dinheiro nenhum. Só para tirar com a cara do filho da puta que torce para o time rival quando o mesmo toma 5×0 em casa? Só para dizer que torcemos para algum? Só porque fomos obrigados pelos nosso pais? Torcemos, ou passamos a torcer, para ganhar uma bolacha do pai, que insiste em fazer esse tipo de chantagem?

Cada um com seu motivo, mas a escolha do time define como a pessoa será. E como essa escolha é feita, se é que não há uma pressão absoluta e repressão no caso de negativa, também definirá como a pessoa é. E isso poderá ter conseqüências inimagináveis para a pessoa. Certos times trazem certas escolhas que a pessoa precisa fazer. É ou vai ou racha. E para alguns, é racha de uma vez, porque não tem como ir.

Eis que surge a característica do time. Time peleador, com estilo, depende dos jogadores, mas acima disso, o torcedor tem que ver se o time tem alma. Se não tem, será ele, torcedor, sofredor para sempre.

Time sem alma não ganha Libertadores. Eu disse e repito.

Sem querer cornetear, mas o Fluminense, assim como Botafogo e outros clubes, não tem alma. Serão apenas motivo de chacota, mesmo que ganhem um título nacional aqui ou ali. Nada mais.

2 comentários:

JLM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JLM disse...
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