sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Histórias do Bandiolo - porque nem toda história precisa seguir um padrão lógico(última parte)

Essa história termina...

O Peugeot 206 parou. A loirinha parou. Aquela loirinha linda finalmente havia parado de procurar o que estava procurando. Não havia percebido nada mesmo, pois durante horas ficou inalterada ao volante, andando com seu carro branco devagar e olhando bastante para os lados. O bocó, digo, o guri, parou também. Cansado, exausto, acabado. Mais suado que gordo correndo os 100 metros rasos. Mas como ele estava participando, mesmo que sem querer, de um reality show, foram lá secá-lo, perfumá-lo, transformaram-no em gente. O bocó, digo, o guri, estava elegante, bem cheiroso à base de perfume e até recebeu um baita de um buquê de rosas vermelhas, fantásticamente recém tiradas, e uma caixa de bombons importados da Suíça, em forma de coração, claro. Seu novo sonho estava próximo de ser realizado. Ele conquistaria-a apenas por todo o seu esforço. O mundo* parou na frente da televisão para ver o final do reality show mais idiota de todos os tempos. Ele iria conquistá-la. Chegando perto, e com uns 3 microfones na roupa, para que todos pudessem ouvir sua declaração**, ouviu um celular tocar. Era o dela. Chegou mais perto, quando então, ele e o mundo, ouviram a loirinha dizer: "Tá tudo bem amor?". O mundo acabou naquele momento. Foram até o bocó, digo, o guri, e tiraram roupa nova, buquê, bombons e até o perfume que haviam colocado nele***. Os policiais foram embora também, helicópteros e câmeras, obviamente que também foram embora. Ficou só ele. Parado. Olhando para ela. Linda mesmo. Agora, de perto, via que essa loirinha era linda mesmo. E ela falando no celular. E ele olhando para ela. Ela nem o notou. Quando ele ouviu um "amiga, estou há horas procurando a tua casa e ainda não achei...". Ele foi a loucura, então ainda tinha chances com ela.

E o bocó... que agora eu chamo de bocó mesmo, ficou parado feito um bocó, no meio da rua, vendo a loirinha bonita dizer "ah, é na outra quadra... e eu procurando nessa aqui", e acelerando o Peugeot 206**** e dobrando a direita. E ele ficou lá... até que se lembrou que tinha que ir para algum lugar não especificado para fazer alguma coisa não especificada. Porém, olhou o relógio e decidiu mesmo voltar para casa e encomendar uma pizza.*****



Algumas pessoas afirmam que isso é uma lenda urbana. Outros dizem ter escrito um dos cartazes ou visto de perto os helicópteros filmando a cena. Mas eu, do alto da minha pequenez, digo que isso é apenas uma história do Bandiolo. E, de fato, é apenas uma história do Bandiolo.

*exagerar é uma boa forma de enaltecer e elevar situações toscas e inexistentes
**vivemos em um mundo em que as banalizações ocorrem das formas mais toscas, por isso, mesmo sem sequer tê-la visto cara-a-cara, ele pode se declarar sem medo de ser ridículo ou um fanático
***nunca duvide do que as pessoas que trabalham na televisão podem fazer
****a intenção jamais foi fazer propaganda, até porque, não recebo um tostão para escrever
*****nem toda história precisa ter um final feliz, ou triste. Aliás, nem toda história precisa ter um final mesmo. O título do texto avisa tudo isso...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!

E olha, nã duvido nada destas histórias. Televisão é algo imprevisível...

Beijos