quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O fracasso de um paraíso afundado

Pode ser que os governantes sejam os culpados. Pode ser que a falta de dinheiro seja a culpada. Pode ser que os ricos sejam os culpados. Pode ser que a mesmice seja a culpada. Pode ser que a falta de auto-confiança seja a culpada. Pode ser que o sistema global seja o culpado. Pode ser que a falta de tempo e de paciência seja a culpada. Pode ser que tudo seja o culpado. Como pode ser que nada disso seja o culpado.

Ninguém sabe ou entende como um país "em pleno crescimento e desenvolvimento" pode ter um resultado tão pífio assim em uma competição grande como as Olimpíadas. Porque no Pan americano do rio, no ano passado, ficamos atrás apenas dos EUA. Sim. Tiago Pereira reinou nas piscinas. Sim. O futebol ganhou tudo. Sim. Só que não dá pra levar em conta uma competição regional como o Pan americano. Porque os melhores não vêm pra cá. Nem os dos outros continentes e muito menos os estadunidenses. Um torneio regional, e mesmo assim, ficamos em segundo lugar, contra os reservas estadunidenses.

Há valor nas conquistas do ano passado? Para o brasileiro há. E a explicação é que ele, o povo brasileiro, se contenta com pouco. E obviamente os atletas também se contentam com pouco. Um oitavo lugar entre os 10 melhores é um grande resultado. Bobagem. Todo esporte precisa dos ruins para que os bons tenham de quem ganhar. Mas 8° lugar não é honroso coisa alguma. É falta de querer algo melhor. E com esse comodismo, não há esforço para que se chegue à um lugar melhor. O futebol, masculino e feminino, amarelou, e feio. O grande nadador do Pan do ano passado afundou mais rápido do que o Titanic e não levou um bronze sequer.

E os esportes vão sendo listados e as decepções também. Falta investimento? Concordo. Mas não adianta investir em perdedores, em atletas que pensaam pequeno, que se contentam com marcas nacionais e com superação de metas como "ser o primeiro brasileiro a chegar na final de tal esporte". Se houvesse uma gana maior, uma ambição maior em ganhar medalhas, mesmo, certamente novos investimentos seriam feitos. O vôlei é uma das poucas coisas que ainda pode trazer alguma medalha significativa. Se não amarelar denovo, como aconteceu contra a Rússia em Atenas.

Com menos desvios de verba sobrará mais dinheiro para investimentos, em estruturas, em viagens e em novas oportunidades. Mas ficar se contentando com oitavos lugares dentre 10 participantes é apelação. Quem sonha com pouco, quem quer pouco, quem se faz de coitadinho dentre os mais bem afortunados, obviamente não vai conseguir nunca superar posições medíocres e ser apenas mais um a "participar".

Isso sem contar nas amareladas típicas de atletas brasileiros nos momentos decisivos...

Um comentário:

Miguel Scapin disse...

esportistas que ganham um salário mínimo só no Brasil mesmo
e ainda eles têm que aguentar a corneta dos brasileiros