domingo, 3 de agosto de 2008

E a estrada é longa mesmo...

No começo era uma linha reta. Ele estava no meio do nada, perdido no entre a multidão, que por incrível que pareça, não o via. Ele tentava acertar em alguém para chamar a atenção, mas nada conseguia, a não ser a continuação de seu caminho em linha reta. Não havia obstáculos, pois parecia que ele não existia. Tentava achar alguma coisa que pudesse lhe ajudar, mas nada. Era tudo nada para ele, tudo não, tudo 0, tudo ausência.

Então pensou em desistir. Em dizer adeus. Em abandonar a estrada, antes mesmo da primeira curva. Pois estava demorando bastante aquela reta. Não havia uma curva sequer em seu caminho. E não fazia a menor idéia de quão longo seria o caminho até a primeira curva, o primeiro objetivo, a primeira oportunidade, o primeiro reconhecimento.

Era um caminho longo. A idéia de desistir lhe convinha, mas insistia, apenas por teimosia. Cada dia que passava, e aquela reta não parecia ter fim, mas ele dizia "só mais um dia, só mais um dia". Até que esse só mais um dia trouxe-lhe algo. E a motivação veio. Com a primeira curva, novas idéias, imagens, pensamentos, pessoas, desejos, sonhos.

Curvas parecem dificuldades, mas para ele não. Era oportunidade. Algumas retas vieram, mas agora ele se via cercado, por poucos, mas já eram pessoa que o viam, que o reconheciam. Não como alguém importante, bonito, inteligente ou algo do tipo. Apenas o reconheciam. Bem ou mal, mas reconheciam. Não que ele quisesse ser visto, mas sabia que todos os grandes e importantes já haviam sido pequenos e desimportantes, ou desconhecidos.

E ele foi subindo o morro. Depois descia o morro, mesmo querendo ficar lá mais algum tempo. E vieram montanhas, depressões, planaltos e planícies. Até retas surgiram, mas não as de outrora. Ele já não se sentia tão bem quanto no começo dessa estrada cheia de curvas, que só foram encontradas após muito tempo andando em linha reta no meio do nada. Nem sempre foi ele mesmo, mas nunca roubou nada de alguém.

Então, mesmo não sendo mais aquele mero viajante do passado, pensou em desistir, pois, tolamente, pensou que já havia dado o máximo de si ao mundo. Pensou não ser mais útil aquela estrada, que tanto o fizera pensar e descobrir novas maneiras, novos lugares, novos caminhos, novas idéias.

Quis desistir, mas aquela estrada, agora longa demais para ser ignorada, o chamava. Então olhou para o lado, e viu alguém caminhando. Foi de relance. Por pouco não havia visto-a. E, de alguma maneira, sentiu-se motivado. Apertou o passo e seguiu pela estrada, longa estrada. Que cada vez parece mais longa.

Não há mais aquela empolgação de outros tempos. Muito menos a necessidade de subir ainda mais e ser cercado por mais pessoas ainda. Mas há apenas a estrada. E pelo simples fato de ter caminhado tanto, já se motiva para chegar à um objetivo. Que não será tão cedo quanto parecia, mas não será tão tarde quanto poderia ser, se em algum momento, tivesse desistido.


Blog do Maluco, do ViNícULa, 595 postagens.

*fica difícil a compreensão do que seria a estrada, mas é só tentar imaginar que fica fácil...
**deveria postar isso quando chegasse aos 600, mas esse blog nunca foi uma coisa muito coerente com números...
***não há asteriscos no texto, antes que alguém volte e procure

3 comentários:

*Raíssa disse...

A vida é uma estrada cheia de curvas, obstáculos, morros, depressões e poucas retas. Cabe a nós saber desviar dos caminhos ruins e seguir em frente, vivendo!

Beijos

Camila disse...

qUE TEXTO MAIS PERFEITO!
Mas é ruim andar sozinho numa estrada sem nada, só a estrada e voce!

BEIJOS

Robs disse...

Nossa, que texto maravilhoso.

Achei mto interessante quando se fala em desistir pq acha q ja cumpriu a tarefa.

Creio que sempre temos varias tarefas a serem cumpridas, não estamos nesse mundo a toa, não somos inuteis.

Parabens pelo texto, esta mto bem escrito e nos faz tirar grandes lições.

Bjos!