sábado, 23 de agosto de 2008

Histórias do Billi J. - se eu contar ninguém acredita...

Alguns dias depois da noite da enfarada de bolacha com creme de baunilha, o Billi J. ainda se sentia mal. Aquele maldito creme devia estar vencido. Também, o idiota do seu irmão não olha a data de validade antes de comprar essas coisas de comer. Só que além dos problemas físicos causados pelo creme de baunilha, o cheiro de baunilha da Amanda também não lhe saía da cabeça. Conversou com Renata a respeito disso, e essa, chorando(o que era visto pela webcam), lhe disse que era bom que ele tivesse encontrado alguém, e que deveria lutar por ela(até eu já estou de saco cheio dessa enrolação toda do Billi J.).

O Billi J., sentindo ter errado com Renata, e com Amanda, decidiu que por alguns dias, fugiria do mundo. Estava em férias, por isso não perdeu muita coisa da aula. Seu irmão dizia a quem lhe ligava, que era das duas uma, sua mãe ou Amanda, que o ele havia viajado para um lugar desconhecido. Billi J. havia arrumado uma mochila, colocado umas roupas, um pacote de bolacha(mas com creme de morango e não de baunilha) e uma lanterna(nunca se sabe onde e quando vamos precisar de uma luz...) e partiu sem rumo. Bom, sem rumo definido após a chegada a rodoviária, que fique bem claro.

Escolheu a menor cidade para onde partiam ônibus. Não era bem aquela, mas a atendente da rodoviária havia lhe sugerido-a dizendo que era uma cidade bem pequena, e conseqüentemente, calma. E foi. Decidiu esquecer Amanda e Renata, a Engenharia Química, sua família e seu irmão, enfim, todos que lhe cercavam. Decidiu que não pensaria nisso. Ligou o mp3(ganho em uma rifa) e estava só. Os fones de ouvido abafavam todo e qualquer barulho, e nem a estrada de chão totalmente esburacada o atrapalhou. Estava só também, porque era o único no ônibus, além é claro, do motorista.

Chegando na cidade, decidido a se isolar, foi procurar um hotel. Mas a cidade era tão pequena que não havia um hotel sequer. Nem pousada, nem pensão. Só casas, e poucas, de família. Eram duas da madrugada. Onde dormiria? O motorista já havia voltado, claro, sem levar passageiro algum. Não sabia onde iria dormir. Resolveu ir até a igreja da cidade. Mas não havia igreja em lugar algum. A praça foi tentada, mas não havia também praça. Não tinha um lugar sequer para se refugiar. Começou a correr e menos de dois minutos depois disso, percebeu que a cidade era tão pequena que ele havia atravessado-a naquela pequena corrida.

O que faria o Billi J., sem teto, com pouco dinheiro, às duas da madrugada em uma cidade que não tinha igreja, nem praça, e deu-se conta depois, que não havia nem um boteco sequer. Eram apenas casas de família. Pensou em sua mãe e na mijada que iria levar por ter ido para aquele fim de mundo. Sim, aquilo era um fim de mundo. Ou um começo, porque tinha a certeza, o Billi J., de que o começo também era um nada. Então ele estava no começo e no fim do mundo. E por mais ruim que poderia parecer aquela situação, ele não se abalou. Decidiu achar uma árvore e por lá, ia dormir, pois estava com sono.

Antes de dormir, puxou o caderno, fez algumas anotações e depois escreveu em uma folha a seguinte frase: "não sou um bêbado, só durmo aqui porque esse fim de mundo não tem hotel". Grudou a folha com esse aviso no seu peito. Encostou a cabeça na árvore, e mesmo demorando umas duas horas, dormiu. Pouco depois de ter dormindo, sentiu um cutucão. Não queria abrir os olhos ainda, pois havia descansado pouco. Mas aquela coisa pontuda, que, de olhos fechados, o Billi J. imaginara ser um pedaço de pau ou um facão, era na verdade, um chifre.

Mas como poderiam lhe cutucar com um chifre?

(continua...)

Um comentário:

Vini Manfio disse...

CAMPANHA: UM COMENTÁRIO POR POST!

bem louco