domingo, 24 de agosto de 2008

Histórias do Billi J. - se eu contar ninguém acredita...(2)

(continuando...)

Quando abriu os olhos e viu que um boi o estava cutucando, levantou-se depressa e saiu correndo. Quando se deu conta que o boi queria comer a grama onde o Billi J. estava sentado, sentiu-se aliviado. Via algumas pessoas na rua. Tímido, decidiu se aproximar aos poucos. Se aproximou dele uma loira. Mas daquelas bem alemoas. Branca, olhos azuis, corpo que chamou a atenção do Billi J. Só que ela estava com cara de poucos amigos. Billi J. lhe desejou um bom dia, e ela, furiosa, gritou: "Isso aqui não é fim de mundo seu colono do quinto dos inferno que não sabe nem escrever direito".

O Billi J., figuramente falando, se cagou de medo daquela alemoa furiosa. Virou as costas e quando ia começar a correr, trombou com um alemãozão, mas daqueles de dois metros de altura e uns duzentos e cinqüenta quilos, caiu e esmagou o pacote de bolacha que guardava na mochila. O alemãozão perguntou à alemoa o que havia acontecido e essa, repentinamente, mandou-o ler o aviso que estava colado no peito de Billi J.. Percebendo isso, antes que o demônio daquele alemão pudesse ler, o Billi J. amassou o papel e guardou no bolso.

Depois do ocorrido, aproximaram-se outras pessoas. O dia ainda era escuro e não havia um poste de luz sequer naquele fim de, digo, naquele vilarejo. E pensar, imaginava o Billi J., que aquele fim de mundo era cidade emancipada. As pessoas queriam matar o Billi J.. Puxaram foices, facões e aqueles garfos gigantes usados pra mexer pasto. Tinha até um velho com uma espingarda. E todos eram uns demônios de uns alemães. "Eles vão me matar e depois dominar o mundo", enlouqueceu o Billi J.. Tentou fugir, mas o agarraram. Colocaram pedaços de madeira no chão. Logo trouxeram uma grande caldeira, daquelas que as bruxas usam em desenhos e filmes.

Colocaram o Billi J. para dentro daquela coisa. Jogaram água. Começaram a cortar cenouras e alfaces e colocar, tudo bem cortadinho, dentro da caldeira onde estava o Billi J.. Eram canibais. Malditos alemães canibais. Certamente depois de comê-lo, teriam força o suficiente para dominar o mundo. Billi J. pensou em sua família. Jamais saberiam o que havia acontecido com ele. Ele seria comido, por alemães canibais. E eram gigantescos aqueles demônios, um guri, que tinha uns 8 anos, devia ter, pelo menos, um e noventa de altura. Sem contar o peso daquele demônio de calças curtas que carregava caixas e mais caixas de alguma coisa, sem descansar.

Quem diria que o Billi J. esqueceria da Amanda, da Renata, e de tudo o que o prendia, tão facilmente. Quem diria que a tentativa de esquecê-las o levaria à esquecer de tudo, e no caso, deixar de existir por completo. O grande Billi J., de tantas outras histórias, boas e ruins, legais e chatas, emotivas e radicais, estava perto da morte. E o que mais irritava o Billi J. é que ninguém falava nada. Se comunicavam através de olhares. Ah, mas depois de morrer, amaldiçoaria, de alguma maneira, aquele velho filho da mãe que sequer descansava o braço e continuava, intacto e, de tempos em tempos sem piscar, apontando aquela maldita espingarda para a cabeça do Billi J..

(continua...)

Um comentário:

Vini Manfio disse...

CAMPANHA: UM COMENTÁRIO POR POST!


bem louco