sexta-feira, 6 de junho de 2008

Histórias do Bandiolo - O Eu e o Nós - (enfim, voltei, bom, pelo menos por enquanto) - parte 1

Ele era o Eu. Quem não conhece o Eu? Todos conhecem o Eu sim, é só pensar um pouco, porque o Eu tem um pouco de cada um que lê agora esse texto. O Eu, era solitário. Caminhava sozinho(sem o complemento tradicional dessa vez)(e porque não?) pelas ruas das esquinas de qualquer lugar. Caminhava contra o vento, sem lenço e sem documento. Todo dia, toda hora, na batida da evolução. Não. Eu não evoluía, porque ele era apenas, o Eu.

O Eu se vestia muito bem. Cortava o cabelo regularmente, passava gel, ficava realmente muito elegante, só vestia roupas de marca, e de preferência que combinassem com suas caríssimas calças jeans e com os seus, mais caros ainda, tênis de multinacional. O Eu era bonito, diziam as outras pessoas. Nunca reparei muito nele, por isso não coloco minha opinião. Mas que os outros achavam o Eu muito bonito, ah, isso achavam. Até os homens julgavam a sua aparência como interessante. Tinham inveja do Eu.

O Eu pensava pouco, fazia menos ainda. O Eu só queria mesmo era aparecer para o mundo, não como os mortos-vivos que ressurgem em festas cristãs, nem como os outros mortos vivos que surgem diariamente em nossas vidas, buscando algo que lhes favoreça. O Eu queria aparecer apenas pelo fato de ser o Eu. Ele não queria ser reconhecido por nada, só queria ser lembrado. Pensava aquela máxima do "bem ou mal, mas falem de mim". E achava-se no direito de exigir que as pessoas lembrassem do Eu.

O Eu nunca ajudou ninguém. Mas nunca alguma outra pessoa ficou sabendo disso. Porque o Eu guardava tudo o que ele não fazia para si, escondendo dentro do seu bolso da jaqueta, de coro, importada da Itália, da grife de um famoso designer, se é que para o Eu importava o designer, sendo cara, bonita, e chamativa, ele comprava a roupa. Mas o Eu nunca usou rosa pink com amarelo limão, só para constar.

O Eu nunca pensava ou refletia sobre outra pessoa. A menos que o nome dele fosse falado por determinada pessoa, aí ele pensava nessa pessoa, e dizia consigo mesmo(para os seus próprios neurônios("Esse cara lembrou de mim, falou bem de mim, gente boa ele"). O Eu era muito idiota. Nunca tentou pensar em ajudar alguém, ou sequer em conhecer alguém. O Eu não conhecia ninguém. Nem ele mesmo.

O Eu era um idiota. Principalmente porque pegava no pé, e enchia o saco do Nós. Esse sim, era um cara prestativo, fazia de tudo para melhorar a situação. Limpava ruas, ajudava velhinhas a atravessar a rua, trabalhava feito condenado cortando a grama da casa de senhores de idade, e no inverno, tirava a neve da rua onde morava, e de todas as ruas próximas a sua. O Nós era gente boa.

(continua...)

Um comentário:

Vini Manfio disse...

CAMPANHA: UM COMENTÁRIO POR POST!

essa história ficou muito legal