sexta-feira, 23 de maio de 2008

Histórias do Billi J. - porque o tudo não passa de um nada disfarçado(parte 1)

Estava o Billi J., o grande Billi J., entediado em uma tarde de outono. Não havia maçã para comer no pé, não havia sequer um limão furado para fazer um suco. Estava tudo muito estranho. Em pleno outono e nem um limão sequer? Não era fácil de se acreditar, mas enfim, pensou o Billi J. que alguém havia roubado os limões, e para não ficar nessa depressão pela falta de limões, resolveu voltar para dentro de sua casa.

Mas ele não ouvia ruídos. Tudo estava em silêncio, a casa inteira em um silêncio apavorante. Porque geralmente seu irmão berrava alguma música do Tequila Baby pelos cantos ou a empregada cantava quase chorando algum hit do Guilherme e Santiago. Seu pai quase sempre estava lendo o jornal em silêncio, mas nem ele estava lá naquele momento. Sua mãe não estava na cozinha preparando o almoço. Já era quase meio dia e ela não estava lá.

Billi J. estava só. Percebera somente agora porque acordara há pouco. Ligou o rádio, sintonizou na emissora local. Tocava Forever Young do Alphaville. Um baita clássico da música, pensou consigo mesmo Billi J.. Mas não se conformava com a ausência das pessoas. Subiu para o segundo andar mas não achou ninguém. Pegou o celular e ligou para seu pai e para sua mãe, mas nenhum atendia. Depois o Billi J. foi perceber que eles haviam saído sem celular.

Não tinha fome. Não precisava de nada. Nem um pensamento sequer passava pela sua cabeça. Estava só, e isso era bom. Tinha um tempo para fazer o que os outros não gostavam. Colocou então o LP do The Kinks no rádio, volume máximo, e foi para a frente da sua casa, ver o movimento da rua. O LP tocava mas ninguém passava na rua. Olhou para os lados e não via sequer uma porta aberta. Ninguém em casa alguma. Ninguém na rua. Foram abduzidos pensou consigo. Logo riu de sua idéia sem fundamento. Completou com um “que bobagem de et o que...” e riu novamente.

Vestiu-se e decidiu procurar uma alma viva. Caminhou sozinho pelas ruas das esquinas de qualquer e todo lugar da cidade mas nada. Nem um cachorro passou por ele enquanto caminhava. Nem uma mosca para zumbir em seu ouvido. Nada. Voltou para casa. Percebeu que havia esquecido a porta aberta, mas nada disso fez diferença, porque não havia ninguém na cidade. Não que ele tenha procurado em TODA a cidade, mas ele caminhou um bocado e nada.

Chegando em casa, do nada, pensou ser capaz de criar alguém para lhe fazer companhia. “Vai que todos sumiram e a cidade está vazia mesmo”. Calculou com seus miolos, pegou todas as chapas de ferro que um vizinho tinha na frente de casa, desmontou um rádio, uma televisão, e cortou um bocado de tubos que estavam mais velhos que a própria Dercy Gonçalves.



(continua...)

Um comentário:

Vini Manfio disse...

CAMPANHA: UM COMENTÁRIO POR POST!

o Billi J. é bem louco