sábado, 1 de março de 2008

Apenas mais um momento

Não havia nada para fazer. Meia noite. Já era outro dia. Então, percebo que a chuva começara há algum tempo. E era uma chuva persistente, não muito forte. Mas aquele ar gelado tomou o ambiente, porque uma janela estava aberta. E com aquele ar gelado, veio aquela vontade de sair de casa. Como eu não tinha pra onde ir, resolvi sair pela porta dos fundos.

E o guarda-chuva era um mero detalhe. Até porque eu esqueci ele no colégio. Mas eu não o usaria, mesmo se o tivesse em mãos. Estava mesmo é com vontade de fazer algo diferente. Então tirei a camisa, para não molhar e fui para a chuva. Gelada a princípio, mas acostumei, como todo tipo de água que encosta em um corpo, mais frio ou, nesse caso, mais quente. De fato a temperatura da água estava próxima dos 18.5°C, imagino eu, segundo uma análise baseada em estudos do meu cérebro naquele momento.

O que se passa na cabeça de alguém que sai do calor de sua casa, de suas roupas secas, e vai para fora de casa apenas para se molhar. Não tomei banho de chuva. Claro que não. Eu não tinha sabonete nas mãos. Então apenas me molhei na chuva.

As galinhas no galinheiro estavam quietas. As galinhas no terreno do vizinho estavam quietas. Enfim, todas as galinhas da cidade, exceto as que talvez estavam sendo roubadas, estavam quietas. E isso não tem nada a ver com a chuva, mas é uma constatação incoerentemente ruim. Mas enfim, não quero fazer nada que preste mesmo, pelo menos não agora.

O barulho da chuva faz alguns dormirem melhor, mais calmos. O barulho da chuva nos faz pensar. Olhar a chuva cair nos faz pensar. Mas isso quando vemos a chuva. Estava tudo escuro, eu não via nada. Também não ouvia nada além do barulho das folhas do velho e produtivo limoeiro. E o cansativo barulho da água batendo em um balde vazio que o meu vizinho acabara de colocar em baixo de uma goteira.

Não havia motivos para me concentrar e pensar em algo específico. Mas uma sensação de liberdade, mesmo com as paredes, o galinheiro, o limoeiro e principalmente as grades, veio no instante em que percebi que ninguém poderia me ver. Tudo o que eu fizesse seria invisível a olho nú. Se bem que mesmo quando querem ver, eu não me importo e faço. Mas é uma sensação de independência sem um pingo(???) de independência realmente relacionada. E no momento em que voltei para casa, peguei a toalha e me sequei, vi que aquilo tinha sido bom. Mesmo com a possibilidade de uma forte gripe bater o meu organismo no dia, ou nas horas seguintes, estava eu a pensar que por um momento, parei de pensar.

Diferentemente do que diz um comercial que ouvi(porque estava lendo revista na frente da tv) esses dias, eu posso parar de pensar. Nós podemos para de pensar. Chamem-me de louco, ou melhor, de maluco, mas percebi isso. Dá pra parar de pensar e simplesmente contemplar a maravilha da natureza, como bem disse o Mestre dos Magos hoje, que é a criação de DEUS. É possível. Talvez algo não muito motivacional, mas enfim, não quero ajudar ninguém com os meus textos, apenas tento me ajudar, sem ser egoísta.

Uma sensação de liberdade, de contemplação, mesmo que 6 passos a frente, eu bateria com a cara na grade. Enfim... apenas mais um momento.

Tão tá!

Um comentário:

GrazieWecker disse...

tu é um cara de sorte
sexta feira eu tava toda feliz que tava chovendo e eu provavelmente teria que andar na chuva.
mas não aconteceu, parou de chover antes que eu pudesse me molhar