sábado, 13 de dezembro de 2008

Histórias do Bandiolo - o amor é uma dor... então vamos acabar com ela

Estava o sujeito, mais uma vez sem nome, lá, no banco da praça, com a sua bela, inteligente(algo fundamental nos dias de hoje) e amada namorada. Estavam eles... namorando, eu acho. O fato é que ele amava aquela guria. Mas amava de amar mesmo. Mais do que paixão. Mais do que carinho. Talvez mais do que amor. Ela era para ele o que o gol é para o atacante. Tudo. Vida. Felicidade. Tudo. E mais um pouco.

E isso aumentou ainda mais quando ela disse que daria a sua vida por ele. Aí ele foi a loucura. Ela daria a vida por mim... pensava todo dia nisso. Um sorriso gigantesco se abria cada vez que ele pensava nela, e naquela frase dela.

A cidade inteira conhecia eles. Eram o casal mais conhecido da cidade inteira. Cidade que, mais uma vez, não era grande. Cidade de interior. Todo mundo conhece quase todo mundo. O que torna qualquer relacionamento particular algo muito público. E o que deixava mais feliz ainda aquele cara, já que a mais bela e inteligente de todas estava ao seu lado.

Só que um dia, por algum motivo, ela o traiu. Na praça. No banco onde os dois sentavam. O traiu sem precedentes, sem razões ou explicações. O traiu com o vendedor de sorvete do carrinho de sorvete mais imundo da cidade, talvez do mundo. Aquele maldito vendedor de sorvete era sujo, fedido, não sabia sequer falar o português direito, não sabia contar, não sabia nada. E tinha um bafo de nabo frito que ninguém agüentava. Por algum motivo ela, a amada do personagem principal dessa história, passou a agüentar.

O cara lá percebeu que tudo aquilo que ela lhe falara era bobagem. Daria a vida por mim e agora trocava beijos com o fedorento com bafo de nabo frito. Maldita.

Os dias foram passando e ela acabou contando para ele que só o queria como amigo. Mas precisava traí-lo daquela maneira? Não, não precisava. E ele, indignado, xingou-a. Como se fosse fácil depois de tudo o que vivemos(há que se colocar que esse tudo pode muito bem ter sido exagerado por ele, já que pouca coisa foi relatada) nos tornarmos apenas amigos.

Ele estava mal. Não conseguia parar de pensar nela, por mais que tentasse pensar em outra coisa como... futebol. Ela era o seu futebol, e esse tipo de pensamento só piorou o moral dele.

Mais alguns dias depois, já não agüentando(aproveitando antes que eu tenha que parar de usar a trema) mais o sofrimento, em um ato desesperado*, esticou seu braço direito para frente e rapidamente colocou sua mão em alta velocidade contra seu peito. Quem viu disse que não acreditou na velocidade da mão e no que aconteceria depois que a mão chegasse ao peito.

Querendo acabar com suas dores, arrancou seu coração. Um golpe. Ninguém entende como conseguiu arrancar o coração com um golpe só. Parecia um filme de tão inacreditável que tinha se tornado.

Já com o coração na mão, o olhou bem e jogou-o no chão. Pisou em cima. Cavou um buraco e jogou-o lá dentro. Tapou o buraco. Pisou em cima novamente. Pronto, sua dor por causa de sua namorada havia acabado. Não sofreria mais por amor.

Só que já era tarde. Percebeu, alguns segundos depois, que sem o seu coração, por mais que ele lhe trouxesse infelicidade, tristeza e lembranças de algo que não aconteceria mais, não conseguiria viver. Foi ao chão. Sem coração. Sem vida. Sem nada.

Estava morto. Porque não agüentou a dor de perder a amada. Pior ainda, para um vendedor de sorvete com bafo de nabo frito.



Alguns meses depois, ao fim do ano, sua morte foi considerada uma das 10 mais bizarras do planeta.



*como quase todos os personagens das minhas histórias

Um comentário:

Wanderson Mota disse...

Depois de muito tempo apareço como raio e sumo igual a um!!!...Ainda lembra d emim!...Me afastei na net por um tempo e voltei!!!...Gostei deste post seu e peguei frequinho,neh?...Boa tarde!

Wanderson Mota