terça-feira, 17 de agosto de 2010

A vida do Jaimão(parte 4)


(continuando - sério?)

Aquilo subiu a sua cabeça e pesou tanto quanto seu par imaginário, quase real, de chifres. Sua masculinidade estava posta em prova. Seu instinto assassino e sua capacidade humana também. A cada passo superava o limite da burrice humana, uma vez que não pisava só com o pé são. Pisava, salteando, apenas com o pé machucado, afinal de contas, não poderia machucar o outro. Pobre Jaimão, arma não, faca não. Ah sim, a serra elétrica do vovô.

Antes de continuar, faz-se necessário dizer que a serra do avô do Jaimão, um ex-combatente de guerra que certamente estava naquele momento se revirando no túmulo pela incapacidade do neto, estava na família há quase um século. Sim, século. É provável que aquela tenha sido a quarta ou quinta serra elétrica, ou motosserra, como preferirem, fabricada no planeta Terra. Deveria ser de se esperar que não funcionasse. Diz isso para o Jaimão, tomado pela raiva, pelo ódio, pelo ômega da obcessão alfa da raiva de gregos, de Athenas ou Sparta.

Indo buscar a motosserra, pisou em um prego e não sentiu dor, já que tinha um buraco no pé. O pior é que o prego enganchou no pé e ele caiu. De boca no chão. Também é de se esperar que ele, Jaimão, não fosse cair na grama. Sim, tinha uma pedra no meio do caminho. E do meio do caminho ela foi parar no meio da boca do Jaimão. Ou o contrário. Agora sem alguns dentes frontais, ele, ainda pulando no pé machucado, pegou a motosserra e voltou para casa. Não sem antes beber um gole gole ou uma garrafa de cachaça barata que os filhos mais novos do vizinho, esses sim 'filhos de verdade', lhe ofereceram.

Entrou em casa e tentou ligar a motosserra. Pois é. Tentou. E puxou a cordinha, apertou o botão, girou a manivela, colocou gasolina e até no microondas. Porém, ela não funcionou. Seu filho mais novo, um desses eminhos estúpidos, colocou uma mão em seu ombro e disse 'eu te ajudo, paizão'. O fim da história dele como pai. Furioso com aquele afeminado que dizem ser seu filho, tentou acertar a motosserra que não havia funcionado nele. E acertou... a televisão de plasma nova. O que, uma televisão a mais ou a menos não iria mudar.

O que mais deixava o Jaimão irritado era que sua mulher ainda estava viva, rindo dele mesmo enquanto dormia, podre de bêbada. E ria alto aquela... aquela mulher, ou coisa derivada. O telefone tocou.

(continua)

**sempre tem um telefone nessas histórias.

2 comentários:

Jééh disse...

Jaimão deveria ser benzer antes mais nada.

Unknown disse...

Ah, Vini...
Não diz que vai acabar.

Não entendi qual a vantagem em acabar com o Blog do Maluco.