sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A vida do Jaimão(parte 2)


Quando voltou para casa, fedendo a suor e fumaça de caminhoneiro fumante, ela deitou na cama e aquele era o momento. Inteligente que só, decidiu filmar aquele momento. Em primeira pessoa, amarrando a câmera do filho emo mais velho no braço esquerdo, uma vez que ele era destro. Certo? Não, ele era burro e amarrou no direito, segurando então a arma com o braço esquerdo. Três apertadas no gatinho e nada. Estava sem balas. Desconsolado, saiu do quarto apertando o gatinho ainda, até que um estouro acordou os filhos emo. A única bala da arma acertou seu pé. E ele estava filmando tudo ainda.

Sua esposa levantou da cama e disse:

- Idiota, nem me matar você sabe.

E nem pensou ou falou coisa alguma a mais, fazendo sua cabeça cair e voltando a dormir imediatamente. "Ela não leva fé no meu instinto assassino", supôs o agora ferido Jaimão. Eram 11 horas da noite, não havia curativo, água oxigenada ou mesmo uma fita durex para que ele prendesse no pé um pano. Hospitais caros e postos de saúde que só abrem de manhã ajudavam-no nesse momento. Ele, Jaimão, do alto dos seus 60 centímetros acima de metro, ou algo próximo, estaria mal na fita se fosse um mano paulista ou estaria se afogando nas ondas se fosse... um surfista fracassado. Piorando sua situação, seus filhos emos choravam pela sua morte futura(o que acabaria por ocorrer uns 30 anos depois dessa história devido ao revide de um grupo de gays lutadores de jiu-jitsu que não gostou de uma brincadeira dele), pela pausa na carreira do Justin Biba e pela nova música do 50 cent.

Depois das bordoadas na raiz do ouvido daquelas bixinhas que ele não queria mais chamar de filhos, pegou a faca mais afiada da cozinha e foi até o quarto, meio que mancando pelo tiro inesperado.

(continua)

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