sábado, 7 de fevereiro de 2009

Pelas próprias pernas, pela própria vontade

(relacionado ao texto "Eu vou, mas de escada", publicado em 12/01/09)

Cheguei. Ao nono de dez andares, o meu objetivo. Cheguei subindo de escadas, sem mãos amigas nem elevador. Sem sequer um par de tênis que me ajudasse no caminhar. Duros degraus. Altos e baixos. Com vigor e cansado. Subi. Caminhei. Acelerei e tive que descansar um pouco em alguns momentos. Loucura total. Viagem total. Cansaço total. Tudo porque a dedicação foi total.

Nunca pensei que fosse assim. Nunca quis que fosse assim. Certamente preferia algo mais direto, algo mais rápido, algo bem mais simples. Porque afinal, sempre gostei do simples. Preferia algo que não me fizesse tão mal no final das contas.

Sim, me fez mal. Me senti um perdedor por ter chegado ao nono andar e ter que voltar ao começo apenas porque outros eram melhores do que eu. Eles tiveram mãos amigas e tênis mais confortáveis e propícios para a longa jornada. Estavam unidos, embora cada um quisesse sozinho o seu objetivo. Eu estava só de todas as maneiras.

Era até idiota pensar que chegaria lá. Cheguei. Ao oitavo. Muito mais do que imaginei. Muito mais do que, talvez, minhas pernas aguentassem. Mas queria mais, sabia que poderia ter ido mais longe. Não por fatos, mas pela vontade que tive. Queria ter ido mais longe.

Porém o que talvez fosse inacreditável virou realidade. Fui ao nono andar. Nem acreditei quando descobri que estava lá. Chegar ao décimo pode ser questão de tempo. O que importa mesmo é que cheguei a um lugar onde não sabia que chegaria. Queria e tentei, mas não acreditava muito, pelos já citados motivos.

Loucura saber que todo o meu esforço não foi em vão. Que não sou um fracassado. Que a minha vida não precisa de um novo recomeço. Loucura saber que uma simples nota, um simples 9(.1) fez tanta diferença. O andar não importa mais. Ter tirado 9.1 em uma redação de vestibular numa universidade federal foi algo que me fez gritar, literalmente, de felicidade.

Saber que escrever aqui não é um passatempo inútil como meu pai diz é bom demais. 9° suplente sim, mas com um 9.1 na redação, certamente uma das notas mais altas, foi talvez a coisa mais significativa que já consegui na minha vida.

Vou em busca de outra. Muito mais importante, muito mais difícil, muito mais distante, embora perto. Mas superei um andar, teria fortes motivos para não superar um obstáculo em linha reta? O tipo, o nível de dificuldade e qualquer outro argumento que jogue no time dos poréns do que quero, tudo isso e mais o que não lembro de escrever agora, é pouco.

Me sinto forte. Como escrevi ontem, me sinto vivo. Não preciso da plena felicidade, insisto nisso. Não preciso da perfeição. Não preciso de muito. Só de saber que a minha dedicação, as minhas horas, os meus sonos fazendo contas de matemática, não foram em vão. Só de saber que consegui com minhas mãos, meus livros e sem professor algum. Só de saber que me orgulho de algo que fiz... só de saber que me orgulho de mim...

Sei que poderia ter chegado mais longe, mas isso não faz mais diferença.

Acho que nunca tinha sentido orgulho de algo que havia feito.

Talvez nem consiga cursar o curso que queria(ou não). Já não faz mais diferença. Descobri que posso me dar ao luxo de sentir orgulho de algo que fiz. Nota 9.1. E é verdade...

Chega de escrever. Não vou conseguir retratar em palavras o sentimento que se passa em meu coração hoje.



4 comentários:

Anônimo disse...

da-lhe maluco, belo texto

Aline disse...

Parabéns! E com esse texto do post viria um 10 fácil! ;)

Julia Wartha disse...

Quase chorei de emoção! *-* Haha :)

Belo texto, e parabéns pela nota!

Anônimo disse...

hehhe adorei o texto!! beijos e ate a proxima