quarta-feira, 21 de julho de 2010

O vazio de viver e só(5)


Sendo circulado pelo vento, olhado pelas pessoas que, assim como eu, pouco importavam-se com a temperatura, parecendo apenas mais um idiota com atitude suspeita, um vagabundo sem noção que senta no banco da praça, sozinho, com fones no ouvido e um olhar impaciente para onde quer que olhe. Sendo, estando, parecendo. Nada mais do que um tom diferente do quadro pintado com as próprias mãos, aquele que alguns chamam de vida. Era como se eu quisesse chamar a atenção de alguém, como se precisasse de atenção. Mas, mesmo precisando, não tinha intenção de ser olhado, percebido por pessoas que sequer conheço. Atenção que me falta e cujo local de origem que pudesse significar-me era apenas um, aquele único que atenção alguma me daria hoje. Um arrepio que sai de lugar qualquer e atinge braços, pernas, peito e cabeça com a mesma intensidade. Intenso, como sempre, estranho, como sempre, distante, como sempre, beirando o impossível, como sempre. Céus, o que preciso fazer para conseguir mudar ao menos as duas últimas descrições? A resposta para o que é preciso talvez não exista, o que existe é a resposta para o que eu posso fazer, essa é um grande e seco nada, não para diminuir o peso que carrego, apenas por ser a verdade. Nada. Negação de vazio, de ausência. Negação, como sempre, também. E risos ecoam no vazio da mente, preenchido por tempo tão pequeno que poderia ser desconsiderado se não tivesse sido... como é mesmo... ah sim, intenso. Cansei da intensidade momentânea, cansei das negações, cansei do maldito nada. Cansei, sério, de ficar aprendendo as mesmas coisas. Digam o que quiserem dizer, não vai adiantar, meus ouvidos podem até deixar entrar essas palavras mas o vazio da mente sabe o que elas dizem e, ele também está cansado de não escolher essas palavras como verdade. Continuo no silêncio, como se estivesse, assim como no começo do texto, sentado em uma praça, cercado por jovens felizes, fumantes e/ou beberrões, jovens que me olham como se eu fosse a maior lamentação já surgida em suas visões. E, pelo menos dessa vez, não vou complementar com um "e talvez seja mesmo". Eu não preciso disso.

*há duas semanas nos rascunhos, 
eu precisava terminar e publicar, 
até porque parte disso condiz mesmo 
com a realidade duradoura que vai até... 
bom, se eu soubesse não estaria escrevendo.

2 comentários:

Jeniffer Yara disse...

Já me senti incomodada com o vazio e no momento que passei por isso,nenhuma palavra me conformava,nenhuma atitude alheia também.Hoje quero um pouco do vazio misturado com a intensidade..Não sei,é complicado,e acho que não têm muito á ver esse meu comentário com seu texto,rs

Ah valeu pela visita lá no blog.
Beijos.

Taw disse...

Quando se vive só e se tem consciência que existe outra forma de viver... talvez esse vazio sempre exista... ora deve gritar, ora deve emudecer, suspeito...