sábado, 10 de julho de 2010

O vazio de viver e só(3)


Não posso fugir do meu eu para conseguir entender plenamente um eu que não o meu. Não posso e, mesmo que pudesse, tenho sérias dúvidas se o faria ou não. Negação não por negar, mas por ser injusto. Injustiça tão grande seria adentrar e romper um livre-arbítrio assim como julgar razões e explicações escondidas e inatingíveis.  Com mais uma negação digo que nada pode, em contrapartida, impedir-me de esconder o riso fácil, o sonho insanamente simples e a ideia de que o céu é logo aqui em cima da minha cabeça. Continuo negando, dizendo ninguém entende o que acontece ou deixa de acontecer no eu, meu e não meu, sendo tanto quanto melhor assim por não ter vontade de compartilhar o que é, por direito, apenas meu. Meu, do meu eu e, negando novamente, de mais ninguém. Negando de uma maneira diferente, sem querer até, aceitar é questão fora de cogitação tanto quanto mera e sofrível lamentação, sendo essa digna de pessoas inundadas por aquela velha metáfora do oceano de lágrimas. Eu já enchi um poço, um oceano seria improvável sem exagero. Negação. Aqui, lá e em quase todas as frases dessas frases, que nada são, outra negação, além disso. Positivismo infeliz e inútil seria a solução mais fácil e acessível, porém a mais tola quando não há porque pensar que sim, está como deveria estar. Esqueçam palavras, mensagens, frases e qualquer coisa do tipo. Esqueçam razões ou entendimento. Não, nego mais uma vez que seja qualquer coisa se não, com ão, decepção. Ainda que considere que não exista um fim, negando uma última vez, não agora ao menos.