domingo, 18 de janeiro de 2009

Histórias do Billi J. - mas é uma criança mesmo

De tanta coisa que o Billi J. já viveu, não sei mais em que lugar cronológico da vida dele essa história aconteceu. Mas aconteceu.

O Billi J. tinha um amigo chamado J... Januário, vulgo Aquário*. O fato é que os dois eram amigos, mas tão amigos que pareciam irmãos, como tantos outros dois amigos quase irmãos, eram conhecidos por "dupla", "par", "inseparáveis", dentre outros.

Eles gostavam do mesmo rock, subiam nas mesmas árvores, usavam o mesmo tênis só para não discutir qual era o mais bonito, matavam pombas juntos a tiros de bodoque, pescavam e claro, comiam bergamota. Juntos. Onde um estava, o outro estava também.

Era legal o Janu... digo, o Aquário. Gente boa ele. O Billi J. respeitava-o muito, principalmente por ele tê-lo ajudado diversas vezes a trocar o pneu de sua bicicleta e a carregar bergamotas para sua casa.

Só que um dia o Aquário não cumprimentou o Billi J., sequer olhou para sua cara. Do nada, de repente, inesperadamente, imprevisivelmente. Sem razão aparente. O Billi J. bem que tentou descobri o motivo da birra, daquela raiva, daquele provável fim de um companheirismo antigo já.

O Aquário não falou uma palavra sequer. Apenas passou pelo Billi J. sem fazer qualquer menção de dizer ou fazer algo contra, ou a favor, desse. O Aquário então continuou seu caminho, dobrou para a direita e seguiu seu rumo, tentando começar a esquecer que algum dia fora amigo do Billi J.. O Billi J. seguiu seu rumo, dobrou à direita, chutou a lata do lixo, pegou uma pedra e quebrou uma garrafa de cerveja que o bêbado da rua havia deixado ao lado do poste, arrancou o galho de uma árvore e bateu no gato preto da mulher que por ali morava.

Estava revoltado. Não sabia o que tinha feito para o Aquário o ignorar. "Aquele idiota sequer me disse uma palavra, idiota". O Billi J. então pôs fim a uma amizade de tempos por não agüentar tal atitude do idiota do Aquário. "Que idiota mesmo, por nada esse idiota não fala mais comigo, então não falo mais com ele".

O Aquário decidiu então pensar no que havia feito. "Bah, e eu pensei que ele fosse meu amigo...". Seguiu caminhando, sem chutar nada, sem pegar nenhuma pedra na mão, sem matar nenhuma pomba... "Ele não devia ter feito isso comigo"... sem bater em nenhum gato. Caminhava com as mãos no bolso, mostrando que nada pode fazer para alterar aquela situação.

"E tudo porque ele não me avisou que ia comprar um tênis novo..."

Dois dias depois, estavam jogando futebol juntos, como de costume.


É... criança é assim mesmo.



*não faço a menor idéia da razão do apelido