sábado, 3 de janeiro de 2009

Histórias de uma vida não vivida (3)

*Da periferia mental, do subúrbio imaginário do meu cérebro, surgiram histórias, vividas e inventadas, imaginadas e pensadas, programadas e inesperadas, que fazem parte de um contexto global ou apenas mental. O tudo e o nada existem imaginariamente, se é que isso é existir. O que era sonho é realidade. O que foi não é. O que é, não foi. O que não foi, será. Ou não.

-Fala Rodrigo!
-Daêee véio.
-Firme?
-Tamo aí, mais firme que braço de atirador de metralhadora.
-Bah, então tamo bem.
-É.
-E os negócio, continua com a produção?
-Não, parei.
-Mas por que?
-O dólar subiu.
-Maldita crise. Até gente boa que nem nós é afetado por aqueles americano de merda*.
-E tu?
-Tô firme ainda, os russos são compradores fiéis, na alta ou na baixa eu tenho cliente.
-Mas e só pros russos?
-Tu sempre foi ruim de Geografia né, os russo não plantam nada lá. É tudo coberto de gelo...
-Ah é...
-E daí eles me mandam munição de volta, como parte do pagamento...
-Aí tu se protege...
-Isso aí.
-É... tem que se cuidar... tem muito pilantra safado por aí.
-Mas nem te conto, acabei com um esses dias.
-Sério?
-Claro, eu nunca minto sobre isso. Ele me sacaneou nuns negócio aí, então eu tive que dar um fim nele.
-Que merda...
-É cara, a coisa tá feia, gente decente tu não vê todo dia.
-É, mas nem te conto então o que aconteceu esses dias comigo...
-Mas conte.
-O fato é que eu tava no mercado né, comprando pão, queijo, salame, maçã...
-Não importa o que tu tava comprando cara, fala logo.
-Tá. Eu tava lá, e quando fui pagar, um cara disse que o meu dinheiro era falso.
-Sacana filho da puta*.
-Pois é. Daí a mulher analisou, olhou, olhou...
-E?
-Ela me perguntou se eram novas as notas de 70 reais.
-Puts, mas inventar nota é foda...
-Eu sei, por isso é mais divertido. Aí eu enganei ela dizendo que eram novas. Que tinham sido lançadas naquela semana.
-E ela acreditou?
-Era uma daquelas loiras oxigenadas, e desesperada por dinheiro... claro que aceitou.
-Puts, que burra. E o sacana lá?
-Quando ele saiu do mercado, fui tirar satisfação com ele.
-E?
-Ele se cagou*.
-E o que tu fez?
-Deixei ele ir embora, o cara se cagou* literalmente. E eu não ia ficar conversando com um cara que tava com cheiro de merda*...
-Puts...
-É.
-Mas então, em que negócio tu se meteu agora?
-Só lido com presidiário agora.
-Carcereiro?
-Onde já se viu alguém como eu trabalhar regularmente? Eu acordo quando quero e trabalho quando quero, esqueceu?
-Pois é, mas então qual o teu negócio?
-Tô só traficando celular, comida, bebida e porcarias de tudo que é tipo pros presos...
-Mas nós tamo em cidade pequena, não tem muito preso naquela merda de presídio...
-E os homem casado que são controlado pelas mulher... também são preso cara. As mulher controlam a vida dos cara. Não deixam toma uma Polar, comer um xis, um hamburguer, joga uma corrida no video game...
-Pois é. Tem gente que começa a namorar, acha que a guria é isso e quando casa vira um cachorro atado. Aí levam chute e, como cachorros que são, dão uma volta mas depois já tão lambendo o pé do dono depois.
-Complicado mesmo. Mas vou indo.
-Tá certo... gente ocupada é outra coisa.
-Nem é por ocupado, é que a mulher tá mandando eu ir comer.
-Mulher? Não sabia que tu tinha casado.
-Daí sim cara. A mulher que eu tô falando é a minha mãe, a única que eu obedeço.
-Verdade, mãe é mãe né!
-É.
-Tão tá, abraço!
-Falôoo!



*o moderador está de férias.

3 comentários:

GrazieWecker disse...

hahaha boa história
e manda o moderadorvoltar, porque esses palavrões aí.. nanana hahahaha

Camilla disse...

Loiras oxigenas não são todas burras haha

Eu não sou! =P

Beijos

Cammy S. disse...

kkkkkkkkkk
adoreii!
toda morena(pelo menos a maioria) quando vê testo que tem loira bura se diverte,mas claro que não são todas!
adorei o final..mãe é mãe ninguém mais manda em mim..só a minha mãe!