segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Histórias do Billi J. – Joguei o jogo de jogar


Embarcou no ônibus rumo à Porto Alegre. Apresentaria uma proposta aos donos da empresa onde trabalhava. Coisa boa, bem trabalhada, fundamentada e qualificada. Afinal, Billi J. era inteligente, dedicado e voluntarioso, ou seja, qualquer boa idéia que surgia era logo transformada em algo a ser feito.

Sentou no ônibus e de cara deparou-se com uma daquelas escandalosas, porém normais, situações de quem viaja de ônibus: uma mulher histérica porque alguém sentara na ‘sua cadeira’. Como em todos os casos, a falta de bom senso das pessoas que dizem que a marcação deveria ser cumprida, largando uma indireta irritante a quem, talvez por descuido(ou porque alguém sentou na cadeira que seria ‘a sua’), estava sentado no ‘seu’ lugar. No fim, as pessoas que estão sentadas no lugar ‘errado’ levantam-se, geralmente perplexos pela falta de bom senso.

E dessa vez não foi diferente.

O Billi J. agradeceu aos céus pela cadeira, ou poltrona que seja, com o número que estava na sua passagem estar livre. Sentou-se e logo depois sentou ao seu lado uma loira. E que loira. O Billi J. reparou bem nela enquanto a mesma colocava sua mala no... (como chama aquilo?) lugar para as malas que fica acima da cabeça de quem senta na poltrona da janela. Mas nada demais, ela era bonita mas não era incomparável à sua exuberante Renata.

Pois então. Saiu o ônibus e o Billi J., seguindo o conselho do seu antigo psiquiatra, resolveu conversar com aquela loira, apenas para conversar. Perguntou de onde ela era, o que fazia na cidade já que nunca havia visto-a por lá, enfim, coisas simples que não são intromissões nem desrespeito. E não é que ele foi mal entendido pela loira. Ela respondeu algo como:

-Estava passando o final de semana com o MEU MARIDO. Porque o MEU MARIDO tem parentes aqui e achei bom visitar eles. O MEU MARIDO é bombeiro e voltou para Porto Alegre ontem, e eu estou voltando hoje para lá, onde moramos e somos felizes.

Os substantivos escritas todas em maiúsculo não são mera coincidência. Idem para os pronomes possessivos. Ela explicitou que tinha um marido três vezes em três frases. Era como se o Billi J. tivesse dito algo como ‘quando chegarmos você quer sair comigo?’ ou ‘gatinha, rola?’(em uma linguagem bem chula que plaiboizinhos usam). Mas ele sequer havia pensado naquela possibilidade.

Então voltou-se para a janela e ficou pensando. Logo veio a idéia de que se ele fosse um daqueles personagens de filme hollywoodiano, aqueles caras que recebem uma resposta dessa e, com a intenção entendida pela mulher, falam algo do tipo:

- Pelo visto você é casada, e fiel ao seu marido, mas não se preocupe, não estou interessado nele. Nem em você.

Ou:

-Três pronomes possessivos em três frases, muito bem, você é paranóica e tem medo que eu te agarre.

Ou ainda:
- Insistindo no 'meu marido', você está insegura e tem medo de não conseguir negar que sentiu-se atraída por mim.

Ou então qualquer outra frase de efeito dita em filme que faria uma análise das palavras ditas por ela, como se o cara fosse inteligente, ou querendo fingir-se um. Ele, com ou sem a intenção pensada por ela, sairia como se fosse o poderoso, o senhor de tudo. Ridículo sim, por isso o Billi J. resolveu responder:


- Que legal, meu sonho de criança era ser bombeiro. Eu até havia começado a preparação mas a MINHA NAMORADA não quis. A MINHA NAMORADA achou perigoso e temia que ficasse ferido. Mas ainda ajudo os bombeiros quando posso, menos em caso de incêndio, já que a MINHA NAMORADA não quer que eu carregue qualquer mulher que seja no colo, mesmo que seja para salvá-la.


E mesmo que não fosse verdade, ainda completou:


- O bom é que vou encontrar a MINHA NAMORADA quando chegar ao meu apartamento em Porto Alegre. Ela vai ficar feliz em ver-me.


Envergonhada, a loira trocou de banco na parada seguinte, alegando que sentar nos bancos da frente estava lhe fazendo mal. Foi até o último banco e ficou lá, calada, como quem diz ‘que grande merda que eu fiz’.


Billi J. sentiu-se satisfeito pelo que dissera. Mesmo que inventara toda a história do sonho de criança, da casa em Porto Alegre, enfim.


E nunca mais a viu. Lá, aqui ou acolá.

5 comentários:

Érica Ferro disse...

Hahahahaha.
Uma ótima resposta a do Billi J.!
Calou a loira; adorei!

Beijo.

P.s: Só pra tu saber: adoro as histórias do B.J.

Anônimo disse...

Kkkkk...
Que patada bem dada na loira convencida...
Amei!!!

Bjs

Jééh disse...

kkkkkkkkkkkkk
esse último jeito com cereteza era o mais eficaz dentro os três, e eu adorei muito a história, ocê sabe como nos fazer ri ^^

Anônimo disse...

Venha das uma espiadinha no meu blog!
Sexo saudável e sem preconceito é comigo mesmo!
Não se preocupe quanto a sacanagem, por isso existe o anonimato nos blogs, venha tirar suas dúvidas, pergunte, não tenha vergonha, critique, informe.
Afinal, quem não gosta de falar sobre sexo?

Taw disse...

rsrs... como é difícil esse mundo... rsrs


culpa da vaidade! xD

rsrs