quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Beirando a insanidade(2) (ou mergulhando nela)

Uma raiva incontrolável, uma decepção indescritível e um cansaço físico que quase me fez parar.

Uma palavra quase final, como se fosse um atestado de desistência. Várias e várias palavras que tanta verdade continham mas que, no fundo, eram indesejadas.

A distância do coração e a ausência nova, agora de um cérebro.

De certa forma, uma redenção, um alívio. Uma música, cantada, uma foto vista com os olhos fechados, uma lembrança pensada, um sentimento humano.

Vida.

E nem interessa se há viver nisso. Tantos detalhes, tantos motivos para dizer 'chega, desisto', a tal da maré jogando para baixo. Pedras sendo atiradas e eu sem meus escudos, sem minhas espadas, sem a minha força. Indefeso, sozinho.

E ainda assim, vivo.

A cada dia caminho mais tempo junto com a insanidade. Aquela coisa que no fundo ninguém explica porque ninguém sabe o que é, mas quem sabe o que é só o sabe porque acaba vivendo um pouco dessa insanidade, ou com um pouco dela, ou em parte dela. Difícil explicar o que é, como é. Viva isso, um dia você me entende. Se é que já não está entendendo.

A distância entre o real e o irreal, entre a fraqueza e a força, a solidão e a companhia. Tudo isso é mínimo, se é que existe distância. Os olhos não vêem aquilo que deveriam ver, mas sim aquilo que alguma coisa os manda ver. Alguma coisa maior, também sem explicação. Dizem que isso é fé, que isso é amor, que isso é saudade, que isso é apenas um sentimento, qualquer que seja ele.

Dizem e digo. É alguma coisa. Alguma coisa espontânea, alguma coisa sincera, que transforma uma possibilidade de pior dos dias em um dia de vida, um dia de percepção, de fortalecimento daquilo que nunca enfraqueceu.

O esquecido que foi lembrado sem intenção. A espontaneidade mental que prova que ainda há um cérebro, ainda existem neurônios, mesmo que eles não sejam muitos  não façam grandes coisas. Um sentimento, dois sentimentos, vários sentimentos. Com o adjetivo da sinceridade por perto. Sinceridade que prova serem reais.

Real e imaginário, o que se vê e o que se imagina, sentir plenamente ou apenas da boca para fora. Insanidade.

Cantar, lembrar, pensar, sonhar, sentir. Sem sair da mesma cadeira onde antes tudo parecia tão difícil, onde antes o dia parecia ter sido terrível. Onde antes o cansaço prendia, fixava, como se houvessem colado-a em ti.

Insanidade.

Talvez não haja ainda viver da maneira que havia, e que um dia haverá. Mas há vida. Há um coração, um cérebro, há uma alma.

Há a sinceridade, as lembranças, o amor.

E as palavras.

4 comentários:

Taw disse...

Seu texto me fez lembrar um poema que li certa vez... pode parecer incoerente... mas não sei se é tanto... não sei se você já ouviu falar no poema da Madre Tereza de Calcutá... Seja Você Mesmo...


Pergunto-me o que realmente importa?

:-P

Saúde!

:-P

Érica Ferro disse...

E se há vida, tudo pode existir dentro disso.

Um abraço forte.

Anônimo disse...

Não desistir da vida significa muito...

Bjs

Jééh disse...

sei lá acho que a insanidade es vezes um ingrediente indispensável nas nossas vida, loucura no momento da reconsiliação, é quase suficinente pra esquecer o que tempo que passaram distantes.

texto muito bom, como vc disse viver a margem não facil, mais é reconfortante ^^ bjs inté mais ;*