sábado, 18 de agosto de 2012

Pedaços de um pensamento (54)


A natureza contorceu-se em inacreditável beleza. Quem poderia dizer que, tudo a nossa volta, poderia tornar-se indescritível em questão de segundos? Até mesmo os prédios e toda escuridão do asfalto parecia complementar, positivamente, aquela paisagem. Como se pássaros viajantes parassem por um instante para entrarem na eternidade de uma foto. Aquilo era inimaginável antes de mais nada. A beleza da Criação quadruplicava sem precedentes diante dos meus olhos. Por mais que mil lentes, com a melhor das tecnologias, pudessem registar até os nanométricos pingos de água que caiam de uma sacada em processo de limpeza, não conseguiriam descrever aquilo tudo que meus olhos viam. Cada detalhe, como se pudesse ver muito mais do que a minha humanidade permitia.

Busquei entender, quando aquilo passou. Sim, porque a eternidade ficou guardada em uma fotografia que, até hoje, traz-me um pedaço vivo daquela sensação. É natural que não consegui, num todo, assimilar tudo Aquilo. Estava, e sempre estará, distante da minha razão pois, além de sensações, envolve toda uma história escrita por Mãos não vistas a olho nu. Tudo que está por trás de cada pedaço de beleza, seja sua criação Direta ou capacitada, foge dos olhos, dos ouvidos e até mesmo da pele, daquelas sensações estranhas, e deliciosamente, boas. Ou mais do que isso. A simples possibilidade, real, de beirar o sublime, com 'tão pouco', pode não parecer atraente diante de tantas belezas conceituais.

Porém, a fuga dos padrões levou a uma das maiores experiências que já pude ter. A sensação, o sentimento e as razões débeis não conseguiram preencher todas as lacunas deixadas por Aquilo. Quem me dera ter a capacidade de torná-las possíveis ao menos na imaginação entretanto, não sendo capaz, apenas fracasso nessa tentativa de buscar palavras, as mais diversas possíveis, que possam aproximar isso aqui Daquilo.

Tornou-se vago tudo isso. Jamais deixará a eternidade aquilo.

Estando intimamente ligado ao que meus olhos viram, minha pele sentiu e fez pulsar insanamente meu coração, não posso deixar de dizer que pequenos pedaços verdes conseguiriam, sim, fazer todo o resto ser mero detalhe naquilo que foi, sem dúvida, uma verdadeira Arte. Precisei ter calma para lembrar de todo o resto. Não consegui compreender como pude, naquele momento, deixar passar tantos pedaços daquele sublime. Em verdade, o sublime não estava no todo. Nunca esteve, embora seja um tudo digno de atenção completa.

Sublime eram os pedaços verdes, não menos partes indescritíveis da Criação. Não menos humanos.

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