(sem música, como em todas as manhãs desanimadoras)
- ...
- Não gosto disso mas isso não vem ao caso, eu não tenho que gostar ou não.
- E daí, no final, era só uma brincadeira para...
- É, cada vez gosto menos.
- Por que?
- Pelo que é óbvio.
- E o que é óbvio?
- A intenção. Brincadeira assim só com segunda intenção.
- Disso que você não gosta?
- Também. Ele é, também, um idiota.
Sem querer ser partidário, permaneci o resto do tempo calado. Qualquer palavra dita depois de idiota seria um grito no silêncio. A agonia de anos naquele momento desaparecia e o medo de que toda uma história voltasse a ser escrita da mesma maneira, com o mesmo enredo, clímax e final, sendo diferente apenas na personagem principal. Sim, medo que faz calar. Receio de jogar para fora tudo de uma vez.
*Ao acordar a lembrança disso.
Não que tudo esteja longe ou perto.
Não que o longe possa ser, em contrapartida, insignificante como tudo parece então ser.
Prefiro o vago disso do que do oculto de alguns instantes anteriores.
Lembrar do que sonhei antes seria pior.
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