terça-feira, 3 de maio de 2011

Pedaços de um pensamento (16)

(sem música, como em todas as manhãs desanimadoras)

- ...

- Não gosto disso mas isso não vem ao caso, eu não tenho que gostar ou não.

- E daí, no final, era só uma brincadeira para...

- É, cada vez gosto menos.

- Por que?

- Pelo que é óbvio.

- E o que é óbvio?

- A intenção. Brincadeira assim só com segunda intenção.

- Disso que você não gosta?

- Também. Ele é, também, um idiota.

Sem querer ser partidário, permaneci o resto do tempo calado. Qualquer palavra dita depois de idiota seria um grito no silêncio. A agonia de anos naquele momento desaparecia e o medo de que toda uma história voltasse a ser escrita da mesma maneira, com o mesmo enredo, clímax e final, sendo diferente apenas na personagem principal. Sim, medo que faz calar. Receio de jogar para fora tudo de uma vez.

*Ao acordar a lembrança disso. 
Não que tudo esteja longe ou perto. 
Não que o longe possa ser, em contrapartida, insignificante como tudo parece então ser. 
Prefiro o vago disso do que do oculto de alguns instantes anteriores. 
Lembrar do que sonhei antes seria pior.

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