segunda-feira, 14 de março de 2011

Histórias do Bandiolo - Ah sim, você( Ato I )


(há uma grande história fantasiosa pela frente, qualquer falta de coerência não é coincidência, não é rima, não é nada além de... mais um motivo para dizer que não!, não faz sentido. Para quem nunca leu Shakespeare, entenda como o roteiro de uma peça de teatro)

Ato I

(o menino de rua, com pelo menos 16 anos, entra com uma bergamota na mão, caminha lentamente para a frente do palco, as luzes se acendem, ele começa a exclamar)

- Oh, bela manhã, como podes ser tão singela e, com o perdão da minha infantil rima, tão bela? Teu sol que nasce e sobe ao mais alto ponto de minha visão é esplêndido! Teu céu, ah, que lindo céu, cada vez mais azul claro, como aqueles olhos que outro dia por mim passaram. Tuas nuvens, brancas como os cabelos de minha falecida avó, sim, tuas nuvens são alento para quem vive de um passado tentando se encontrar nesse presente imenso, que parece cada vez mais longe. Bela manhã, como podes me explicar isso?

(simula-se o vento, o chapéu do menino voa, ele corre para alcançá-lo e acaba trombando com um jovem, mais ou menos 20 anos)

- Que pensas fazer, menino de rua imundo? Não vês que vou encontrar com minha dama e preciso estar com as aparências muito boas? Que dirias à tua, de rua como tu, se aparecesses na frente daqueles olhos, cheios de branco e esperança, sem aparentar o que sempre aparentas?

- Jovem cavalheiro, devo-lhe desculpas, corria atrás do chapéu que o vento vindo do céu levou para longe. Porém preciso dizer-te que não tenho senhora, em rua ou casa, bem ou mal vestida. Tampouco preocupo-me em algum dia mostrar uma aparência que não a minha, pois como o jovem bem sabe, sou um imundo menino de rua, abandonado pelos pais e sozinho desde a morte da avó. Não tenho chances neste mundo cruel e mais sujo que meus pés descalços quando tocam o barro. No mais, tentarei pensar mais no que me disseste tão logo encontre o meu chapéu.

- Que á de tão especial nesse chapéu, imundo menino?

- O passado que não me pertence mais. As raras belezas de minha vida estão no passado, e este está naquele chapéu velho e indigno de tocar sua cabeça, sequer ser levado por um vento que não indica caminho, apenas faz distanciar as lembranças do hoje.

- Por que vives no passado, há uma vida toda em tua frente!

- És otimista, jovem, pois tens planos para o futuro. Tens família para suporte, dinheiro para transporte e mais importante, neste momento em que vives, tens uma jovem capaz de te tornar senhor do impossível. Tendes compaixão, dê a mim dispensa de sua atenção!

- Vá atrás de seu passado então.
(saem do palco)
(fim do Ato I)

2 comentários:

Ministério disse...

Assista ao vídeo da campanha #saúdenãotempreço por dias melhores para todos os brasileiros: http://bit.ly/igYNoj.

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Obrigado,
Ministério da Saúde

Rebeca Postigo disse...

Ah...
Como gosto das tuas narrativas...
Sempre dizendo mais do que as palavras falam...
Adorei!!!
Esperando o Ato II...

Bjs