domingo, 6 de março de 2011

Histórias de bergamota (15)


A relação entre o que acontece, sendo esse já passado e o que irá acontecer, que no caso está acontecendo agora e, caramba, logo vira passado, não é tão levada em conta quando falamos da vida alheia. As melhores aparências passam, o que fica são as sementes deixadas, que fazem surgir um novo pé. Esse pé servirá como sombra, sendo como lembranças que voltam e aliviam o calor, ajudam no descanso, permitem tranquilidade antes que novos passos sejam dados sobre o sol. Que analogia bem boba essa. Porém, pior seria se continuasse falando de tempo e espaço. Todos os dias surgem plantas que podem deixar sementes para as tais futuras árvores. Ou não. A escolha não é apenas de quem fica, não é apenas de quem vai. Francamente, não há uma escolha. Há alguma coisa que motive o tal fruto a deixar alguma semente para que o futuro-logo-presente-logo-passado possa ser de fato, deixando a simples e irritante possibilidade qualquer. Como frutos que surgem de uma maneira explicada pela biologia, como árvores que nascem através de cuidados da agronomia ou as que são cortadas por engenheiros florestais, assim são pessoas que dia pós dia (sem qualquer hífen entre esses dias) passam e deixam, ou não, uma futura lembrança. A culpa se novas lembranças, ou sementes no caso da bergamota, não são deixadas não é apenas de quem não deixa sementes, mas também de quem, por vezes, não faz a menor questão de deixar que essas sementes sejam futuro-logo-presente-logo-passado. Diriam os apegados à analogias piores do que esta que tudo passa, até a uva passa. Piadista sem graça quem começou com essa história.

No final das palavras, se uvas fossem importantes, escreveria 'histórias de uva' e não de bergamota.

*tão somente nada

Um comentário:

Rebeca Postigo disse...

Ou tão somente tudo...
=]

Bjs