quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A tortura do tempo


Uma tortura causada por um tempo que parece não passar. Nada definido, nada parece sequer inclinado. No exato meio, no ponto central, em cima do muro, no fundo do poço. Em comum a falta de tendência, nenhuma indicação de onde ir, para onde andar, também porque, no fundo desse poço, subir não é uma escolha possível. Fosse jogada uma corda eu subiria mas, quem a jogará? O tempo trará, com o vento do Espírito que vem dos céus, alguém, uma alma viva que faça viver. Enquanto isso a espera. No poço, no muro, no meio. Fechar os olhos e dormir é plausível porém há de se ter consciência de que o tempo pode passar muito além do que deve e a estadia no centro, no meio do nada e do tudo, vira eternidade. Eterno é o que o tempo não afeta, não muda. O eterno pode durar segundos ou um tempo que foge das mãos humanas, dos relógios de pulso e das previsões do jornal. O eterno é aquilo que volta toda vez que a luz brilha, que o calor é recebido pelo corpo cansado, que a palavra é ouvida pelo ouvido da solidão. Ouvida, lida, apenas sentida por uma intuição que, caramba, pode não passar de simples vontade criada, expectativa gerada, fala inacabada... Tempo, no poço, em cima do muro, no ponto central, tanto faz, é cruel, ainda mais com a dúvida, com o receio, agrava o passado e muda um futuro que só existirá quando o arrependimento bater.

*um passo foi dado mas não sinto alívio algum. 
Continuo no centro, pensando e esperando. 
Sentindo cada raio de sol, 
cada partícula de ar em movimento, 
vento. 
Lembrando de cada brilho que o piscar de olhos emana.

3 comentários:

Rebeca Postigo disse...

Era tudo o que eu precisava ler...

Bjs

Macaco Pipi disse...

Não, não era pra ser engraçado

:)

Rívia Petermann disse...

Tempo...este dá mesmo a sensação de estar apenas sonhando.Mas só a sensação,ele sempre nos desperta de repente.

Feliz 2011 pra ti!

Beijos!